-Então, eu sei que vocês curtem esse lance de comer gente, mas eu realmente não gostaria que isso acontecesse comigo então... - sacudo as minhas mãos na cadeira na tentativa de me soltar. -Dá pra me desamarrar, por favorzinho?
Me remexo mais uma vez na tentativa de afrouxar as cordas que me mantinham presa, mas aposto que tem magia nelas . Olho cada um dos Deuses. Odin, Ganesh, Baldur, Mercúrio, Baran Samedi, Zao Che e nossa querida, adorada e linda Kali. Que por acaso está vindo muito rápido na minha direção.
-Continua muito engraçada, maldito Arcanjo. - Meu rosto vira com o impacto do soco que ela me deu, cuspo um pouco de sangue antes de fuzilar ela com meus olhos. -Sugiro que fique quieta antes que vire o prato principal da noite.
Ela volta para a ponta da mesa e inicia uma conversa com os outros Deuses sobre o apocalipse. Fico vegetando até que escuto uma coisa que me deixou interessada. Mercúrio pergunta se não é melhor conversarmos com eles, mas ninguém escuta, bom, quase ninguém. Não estava com medo, se eles quisessem me matar já teriam feito. Apesar que morrer é bem melhor que voltar pra jaula com Miguel para me infernizar pela eternidade. Pelo que eu entendi, eles iriam usar Dean, Sam e eu como barganha para atrair Lucifer e Miguel. Por falar em Lúcifer, não o vejo desde que eu acordei aqui.
Fui tirada de meus pensamentos quando Ganesh Se levantou e saiu. Estranho, todos esperavam com atenção a volta dele.
-Os convidados de honra chegaram! - Ganesh trazia Sam e Dean que olhavam para todos abismados.
Seus olhares se cravaram em mim quando eu dei um aceno animado com a mão presa a cadeira. Ganesh os empurrou até as cadeiras vazias que estavam de frente para mim e visíveis para todos os Deuses.
Mercúrio voltou trazendo um carrinho de hotel com alguma coisa tampada.
-O jantar está servido. - Ele tira a tampa e tem uma cabeça humana cozida ali. Todos aplaudem ele.
-Que mau gosto... - Resmungo e Kali me escuta, ela usa seus poderes em mim e como eu estou fraca, eles funcionam por um momento e eu agonizo.
-Senhoras e senhores, obrigado por sua presença. - Baldur inicia um de seus discursos longos e dramáticos. -Em meus séculos de vida, nunca pensei que veria isso. Tantos deuses sobre o mesmo teto. E antes de começarmos a falar sobre o que realmente importa, alguma regras básicas: Não vale matar um ao outro, contenham sua ira. E fiquem longe das virgens do lugar, estamos tentando ser discretos aqui.
-Nós estamos muito ferrados, vocês sabem né? - Olho pelo canto do olho para Sam. -Gabriel disse como tira a coleira para vocês, acho que esse é o momento perfeito pra fazer isso.
-Nós sabemos porque estamos aqui. O apocalipse judaico-cristão pairo sobre nós. Tivemos nossas diferenças no passado, mas chegou a hora de esquecer tudo e pensar no futuro... - Todos os deuses olham para mim. Era só o que me faltava. -Se não o fizermos, não teremos um.
Todos ficaram em silêncio remoendo o que foi dito, a minha vontade e de mostrar meu dedo médio para todos esses malditos egocêntricos. Escória.
-Agora, voltando ao assunto principal. Temos aqui nossos três trunfos para fazer uma possível barganha. As cascas de Miguel e Lúcifer, e um de seus irmãos mais novos, Vênus. - Ele fala apontando para mim. -Agora a questão é: o que faremos com eles? - Ele da uma olhada em todos
O silêncio paira na sala por um momento.
-Nós os matamos! - Gritou Zao Che em chinês.
-Não gostei do tom dele... - Dean sussurrou para Sam.
-Matá-los? E para quê? Os arcanjos vão traze-los de volta mesmo, e matar a garota é trazer toda a ira deles direto para nós. - Pelo menos o Ganesh usa o cérebro de elefante dele direito.
-Não sei por que todo mundo está tão estressado. É apenas uma dupla de anjos caindo no tapa, não é o Armageddon. Todo mundo sabe que no fim do mundo, a grande serpente Jömmungadr vai aparecer e eu mesmo serei devorado por um lobo. - Odin disse e eu prendi uma risada.
O que eu disse sobre egocentrismo mesmo? Apesar que de todos eles, Odin sempre foi o mais legal.
-E lá vamos nós... - Zao Che deu um suspiro.
-Ah, é? Suas crenças são tão realistas. O mundo inteiro naos costas de uma tartaruga gigante. - Odin desdenha. -Dá um tempo.
Tenho um plano formado na mente, eu tenho quase a mesma força Miguel e Lúcifer, eu consigo pelo menos matar alguns deles e fugir daqui com os meninos, mas preciso tirar o selo. Olho de relance para Sam.
-Não zombe da minha tartaruga! - Zao Che e Odin entram numa briga, pode virar uma boa distração.
-E o que vai fazer a respeito? - Odin é segurado por Ganesh quando tenta partir para cima de Zao Che.
É agora!
-Sam, preciso que tire a coleira agora. - Ele desvia o olhar da briga e me olha temeroso. -Eu sou um arcanjo, sou bem mais forte que, não é uma opção deixar que eles nos usem de barganha para Miguel e Lúcifer e você sabe disso. - Ele parece pensar por um momento.
-Vou despachar você de volta para Valhalla! -
-Olha como fala comigo, garoto! - Odin se exalta ainda mais.
-Garoto? Sou mais velho que você! -
-Ninguém pode provar isso. -
Sam estica suas mãos em direção ao meu pescoço, quando ele está prestes a encostar na coleira, um lustre cai bem atrás de nós.
-Fiquem parados. -Kali se levanta, fudeu. Ela encara todos os deuses, e os que estavam em pé se sentam -Nós temos que lutar. Os arcanjos? A única coisa que eles entendem é a violência. Não tem jeito vai acabar em sangue. -
Mercúrio coça a garganta e todos encaram ele.
-Com sua licença, senhora. Mas... - Mercúrio pensou bem no que ia falar. -Nós nem tentamos conversar com eles.
Kali lança seu olhar fulgurante e ele agoniza ao ponto de sair sangue de seu nariz e ele quase deitar na mesa. Dei uma risadinha
-E quem pediu sua opinião? -
As portas se abrem num solavanco, e de lá sai Gabriel. Gabriel?
-Nós podemos nos entender? -Gabriel entra gritando pela sala.
-Gab... - Os meninos tentam falar mas ele os deixa mudos.
-Sam, Dean. Sempre no lugar errado e na hora errada não é mesmo? - Diz sorridente.
Baldur o chama de Loki, ok, não estou entendendo mais nada. Eles se encaram como se houvesse uma rivalidade mutua.
-Acho que meu convite extraviou no correio. Mas ao assunto principal. -
-O que faz aqui, Loki? - Baldur se levanta e pergunta.
-Eu vim para discutir sobre o elefante na sala! - Ganesh já se levanta furioso e "Loki" aponta para ele. -Você não. O apocalipse. Mas primeiro, vamos tirar as crianças da sala para os adultos conversarem sozinhos. - Ele se vira para nós e me lança uma piscadinha antes de nos teletransportar para outra sala.
Puta merda, onde eu fui amarrar meu cavalo!
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