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História Wounds - Capítulo 13


Escrita por: elyciarules

Notas do Autor


🚨 leiam as notas finais por favor

Capítulo 13 - Capítulo 13


Ao amanhecer os primeiros resmungos invadiram aquele quarto, Lexa levou sua mão na cabeça, apertou os olhos tentando focar em tudo em sua frente. Levantou-se com dificuldade, a dor certeira em sua cabeça parecia iria explodir a qualquer momento, com a mão nos olhos para espantar a claridade que machucara sua visão. Arrastou seus pés descalços pelo piso gélido, o corredor parecia vazio e naquela hora da manhã Bellamy era o primeiro a estar acordado.

Algumas vozes perto da cozinha chamou sua atenção, Lexa apertou os olhos mais uma vez naquela manhã tentando não sentir a dor insuportável em sua cabeça. Fez uma leve careta ao sentir o bafo, ela teve consciência de toda bebedeira da noite anterior, mas não conseguia lembrar-se do por que ter um curativo em sua testa.

Bellamy e Raven estavam tomando seu café, Lexa franziu a testa se apoiando nas cadeiras. Bellamy fez a menção de levantar-se para ajudá-la mas a mesma não aceitou, Lexa tombou a cabeça para trás para aliviar um pouco o peso de sua mente a cada vontade de lembrar o que aconteceu mas sua cabeça doía.

– Tome isso! – Bellamy arrastou até ela uma xícara de café, e um comprimido para dor. – Irá aliviar sua dor.

Lexa agradeceu com um sorriso, porém seu olhar parou na latina ao lado de seu amigo, Raven bebia o café em silêncio também trocando olhares com ela. A agora chef de cozinha estava sentindo algo estranho, ela buscou tudo o que aconteceu na memória , mas nada surgiu nem mesmo flashes.

– Bebi muito. – comenta encostando sua testa na textura gélida da mesa. Bellamy trocou olhares com Raven, estava em uma luta interna de comentar o ocorrido da noite anterior. – Eu preciso ir para o restaurante.

– Você sabe que se precisar de qualquer coisa é só me ligar.

Lexa analisou confusa, Bellamy sempre fora protetor mas naquele momento ele parecia mais atencioso do que de costume. Virou-se se arrastando de volta para o quarto, tomou um banho longo e logo buscou sua roupa para o dia.

Antes de deixar a casa ela olhou para trás, encontrou Raven com uma xícara na mão e bebendo seu café, ela sentiu que o dia seria o mais estranho de todos.

Com mochila nas costas ela acenou para alguns dos funcionários do restaurante, com o passar dos dias ela ganhou o respeito daquelas pessoas. Andou até seu lugar de conforto, logo sorriu orgulhosa vendo os ajudantes da cozinha preparando os temperos. Luna questionou a morena sobre o corte na cabeça, Lexa não lhe detalhou tudo minimamente não saberia explicar de qualquer forma como adquiriu aquele machucado.

– Molho de alho com pimenta. – Chad um dos mais queridos ajudantes de Lexa, levou a colher na boca dela, acompanhado de um belo pedaço de torta salgada. – O que achou?

– Deveríamos adicionar salsinha. – o rapaz sorriu, a opinião dele contava muito. – Você pode adicionar mais temperos se preferir.

– Obrigado.

Durante a tarde ela preparava com requinte o jantar, a correria naquela cozinha deixava Nia ainda mais orgulhosa do trabalho que a morena estava fazendo, uma mulher fria que não dava o braço a torcer buscava na memória sua juventude, ela era como Lexa com suas cicatrizes. Seus olhos fecharam-se com a lembrança do momento em que abriu seu negócio, um sorriso feliz apareceu.

– Está sorrindo? – Luna estranhou aquele momento, Nia pigarreou ajeitando seu blazer.

– Não. – diz firme, encarando-a séria. – Faça seu serviço Luna.

Lexa amarra a touca na cabeça e se move até o fogão, por alguns minutos passou a transformar um simples molho em algo magnífico, escargot um prato que a morena nunca gostou de servir por tal motivo ela sempre optou por mostrar pratos variados, Nia nunca foi fã desse tipo de prato escargot não faz sua praia.

Sam entra no restaurante com a cabeça baixa, Luna nota que sua filha não parecia a mais feliz dos seres humanos, Sam olha para Luna e nega com a cabeça se aproximou da mãe e então deixa um papel amassado sobre a mesa. Luna apanha o pequeno papel amassado, ali estava escrito palavras de dor para Samantha, sua mãe soube a partir dali o por quê do olhar triste dos olhos baixos.

– Algo errado? – Lexa pergunta , limpando as mãos no pano.

– Digamos que George não poderá vir tão cedo.

Luna lamenta, para Sam seria importante a volta do pai. Seu herói, seu super homem estava muito longe e a esperança de sua volta a mantinha um pouco mais alegre, uma adolescente sem amigos de verdade estava esperando seu pai voltar de uma missão e assim poder passar um tempo com ela.

– Ela está triste? – Lexa indaga, Luna suspira levando as mãos no rosto. – Onde ela está?

– Subiu, ela fica admirando a cidade quando está triste.

Lexa tira seu avental, sobe as escadas em direção ao terraço. Seus olhos buscaram por Sam e lá estava a mesma de costas olhando a cidade ali de cima. Juntou-se a ela e cruzou os braços balançando as pernas como fazia.

– Ele não vem. – diz com a voz dura. – Na verdade ele nunca pensou em vir tão cedo.

– Ele lamentou na carta. – observa ela, Sam nega rindo. – Não vi seu rosto, mas me parece bem mal por não vir vê-la.

– Todas as crianças tinham um convívio com o pai. – seu rosto contorceu lembrando da sua infância. – Brincavam no parque, pulavam juntos. Eu queria andar de mãos dadas com ele assim como elas faziam.

Woods então abaixou a cabeça, ela fazia tudo isso com Laura. Mãos dadas, sorrisos, cosquinhas e rir até a barriga doer, mas tudo isso perdido.

– Você está pensando na Laura. – Lexa desperta com a voz mais alta de Sam. – Seus olhos brilharam, toda vez que fala ou pensa nela seus olhos brilham.

Lexa riu, essa era verdade. Sua filha sempre fora seu amor, seus olhos brilham como duas estrelinhas no céu quando ela lhe vem a mente.

– Seu pai voltará, vocês poderão ter um programa de pai e filha. – se arrasta mais pra perto dela. – E tenha certeza que ele deve estar lamentando não estar aqui contigo.

– Por que foi presa? – pergunta Sam, curiosa.

– Eu sob efeito de ira e drogas acabei fazendo uma besteira. – seu olhar prendeu na cidade, voou sobre as luzes enquanto aquele dia passou por sua cabeça mais uma vez. – Peguei uma arma e atirei, mas a bala era para o Finn e acabou acertando Clarke. Laura me odeia, por que ela testemunhou tudo.

Sam fica em silêncio, assim como Lexa ela olha para a cidade, por sua cabeça passava a besteira pela qual Lexa era julgada até hoje, aquela mulher ali que lhe ajuda com as matérias, que lhe dá companhia quase todos os dias não lhe parecia perigosa.

– Não tem amigos mesmo? – Woods pergunta, dessa vez olhando-a.

Sam suspira.

– Ninguém se aproxima pra conversar comigo, eu estava em uma banda mas o babaca me expulsou alegando que eu estava acabando com as músicas. – ri negando. – Mas era pelo ego dele, pela vontade de ser popular então eu vi que as pessoas que se aproximaram de mim naquela época eram interesseiras.

– Você vale a pena Sam. – aquilo a pegou de surpresa, Sam nunca ouvira algo assim. – Se alguém lhe disser o contrário é por que são idiotas.

– Inclusive sua filha? – arqueia sobrancelha, Lexa ri. – Bom, sua filha tá perdendo a ótima mãe que você é, eu acho impossível uma pessoa interssexual ter filhos.

– A porcentagem é grande, por isso sempre use proteção. – Sam revira os olhos. – A curtição é gostoso mas as consequências podem vir cedo.

– Parece a mamãe falando. – reclama bufando. – Obrigada, por tudo.

Já era fim de noite Lexa ajuda na louça gostando de tudo organizado, o clima na cozinha é de alegria entre gargalhadas altas dos funcionários. Assim que todos saem do local, Lexa apanha suas chaves de cima do balcão azul. Gira os calcanhares em direção a porta mas logo para assim que seus olhos desacreditados encaram a figura ali parada com um sorriso tímido, Lexa engole a seco e caminha hesitante em sua direção.

– Clarke! – a voz sai baixa, sufocada.

– Podemos conversar? – pergunta insegura.

Woods balança a cabeça apenas, do alto da escada do restaurante ela acena para Luna que sorri de volta.

Lexa seguiu Clarke pelo caminho, suas mãos no bolso e olhar preso nos pés uma caminhada silenciosa. Os carros passavam livremente pela rua, namorados de mãos dadas caminhavam sob a luz do luar na cidade. Lexa travou no lugar perto de um poste iluminando-a por completo, analisou Clarke continuando a caminhada até parar notando ausência da morena ao seu lado.

Flashes da noite passada invadiram sua cabeça que ainda doía, sua boca levemente abriu tentando formular alguma palavra mas não conseguia, Jasper Jordan o rapaz encrenqueiro lhe veio como vultos, a garrafa indo direto em sua cabeça depois disso ela não conseguiu recordar nada mais.

– A pracinha. – aponta para o banco marrom do lugar, Clarke se aproximou mais da morena. – Podemos conversar ali?

Ela não respondeu. Ocupou seu lado no banco, ainda tinha vontade de lembrar tudo o que aconteceu na noite anterior, seus olhos pararam nos de Clarke, ela estava esperando que a mesma começasse.

– Ontem algumas coisas aconteceram. – começa, ainda buscando palavras para descrever a noite passada. – Jasper acertou uma garrafa na sua cabeça.

– Até esse momento eu lembro, não consigo ir além disso. – olhou diretamente para os olhos, Lexa sempre os estudou se houvesse um resquício de mentira ela conseguiria deduzir. – Depois disso, o que aconteceu?

– Você nos mostrou suas cicatrizes. – ela abriu a boca surpresa, seus olhos ficaram perdidos.

– Eu fiz isso?

Era seu segredo, seu único segredo. Cada cicatriz tinha um por que, mas cada dor ela sentia que merecia, todas as vezes que era maltratada lhe vinha a mente o fatídico dia no qual perdeu mulher e filha por uma burrada.

– Lex.... – Clarke chama. Lexa começou a andar de um lado para o outro.

– Não podia fazer isso. – balança a cabeça negando. – Não podia mostrar isso, burra, burra.

– Por que? – Clarke indaga confusa.

– Porque não quero ser motivo de pena! – eleva a voz, assustando Clarke. – Não quero ninguém voltando a se aproximar por pena.

– Lex.... – os dedos finos da loira tocaram ombro dela, Woods abaixou a cabeça lamentando por ter bebido. – Isso nos mostrou o quão covarde fomos.

Lexa virou-se, seus olhos tomados pelas lágrimas fitaram os azuis temerosos.

– Elas me queimavam. – sua respiração acelera, sua frequência cardíaca está mais rápida. – Me batiam, eu merecia Clarke. Eram gritos, o choro da criança no fundo eu... eu merecia eu merecia Clarke....

A respiração da morena passou a ficar mais acelerada a emoção havia lhe deixado um pouco mais nervosa que o normal, Clarke em um ato rápido abraçou a morena infiltrando seus dedos entre os cabelos escuros, uma antiga tática para acalmar Lexa. Suas unhas levemente subiam e desciam a pele da nuca de Lexa, os lábios rosados da loira deixavam beijos suaves no pescoço da morena.

Mais calma e com a respiração normal, Lexa tombou sua testa no seu ombro direito e chorou agarrada ao corpo da loira, a garganta dolorida liberando os soluços contidos. Suas mãos apertavam o tecido do casaco escuro da médica, enquanto seus olhos apertados queimavam por conta das lágrimas.

– Me perdoa. – Clarke pediu baixo, a voz que acalentava o coração de Lexa em meio às tempestades. – Por favor Lex, me perdoa.

Se afastou para poder observar a médica, a testa franzida em confusão se perguntando por quê daquele pedido, ela machucou Clarke bem mais do que imaginava. O tiro não só deixou ela ser presa como também a fez perder um filho que ela não fazia ideia que iria ter mas que seria fruto de um amor.

– É por pena? – indagou chorosa.

– Não! – afirma ficando mais perto dela. – É um pedido vindo daqui. – leva a mão da chef até seu coração, Lexa o sentiu mais agitado. – Um pedido de desculpas pelo mal que lhe fiz, que não quero voltar a repetir.

– Eu desculpo. – a resposta vinda do coração, com toda sinceridade nas palavras. – O que fiz eu....

Clarke leva o indicador aos lábios cheios da chef a calando rapidamente. Clarke mão quer voltar mais ao passado onde lhe rendeu tanta dor, ela quer viver o presente onde Lexa a perdoa pela rejeição, pelos anos que não foi visitá-la na cadeia.

– Vamos tentar esquecer o que aconteceu. – Clarke pede. – Focar no futuro próspero...

A morena concordou com um meio sorriso. Clarke encarou seu relógio assustando-se com o horário, deixou um beijo demorado no canto da boca da chef de cozinha.

– Boa noite Lex.

– Boa noite Clarke.

As orbes verdes acompanharam os movimentos da loira até seu carro estacionado perto de um poste, Lexa acenou sorrindo para Clarke. A chef de cozinha solta o ar dessa vez diferente, 5 anos caíram de suas costas. Um peso que carregou durante esses anos, ela vibra gargalhando pela rua e recebendo olhares assustados de alguns moradores.

– Desculpa por não ter te contado antes. – diz ela, olhando para Bellamy que se concentrava em uma cruzadinha. – As cicatrizes, os maltratos.

Ele suspira, tirando seus óculos ergue seu olhar para ela, Bellamy só sentiu a necessidade de saber sobre ocorrido na cadeia, ela voltou diferente mas pra ele saber sobre ocorrido durante os 5 anos era importante, ele poderia ter feito algo na época, poderia ter impedido cedo.

– Confesso não estar feliz com isso. – começa, deixando seu ponto de vista claro. – Mas você poderia ter me contado.

– Não contei pra você não se sentir culpado.

Ela o conhece bem, Bellamy ainda sente a culpa por não ter ajudado como pôde, por não ter agido antes. O rapaz levou as mãos na cintura e abaixou a cabeça, seu olhar perdido no piso demonstra a vontade de voltar no tempo e poder ter feito algo.

– Bell...

– Não consigo pensar. – ele nega. – Você sofrendo enquanto todos estavam aqui culpando-a. – sua voz sai mais alta. – Enquanto você sangrava, eles a culpavam...

– Hey! – abraça o amigo, apertado. – Acabou, eu saí da cadeia e Clarke já me deu seu perdão.

– Clarke perdôo você? – ela assentiu. Ele sorri mostrando os dentes brancos, em um ato feliz a abraça. – Seu rosto está mais leve e sereno.

Lexa respondeu com um sorriso largo sem nenhuma sombra.


Notas Finais


🚨 o motivo da demora chama-se internet de nível ruim. Sim, a internet me deixou na mão após o pessoal resolver fazer manutenção mas aí está o capítulo


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