História Wounds - Capítulo 4

Os verdes arregalados diante daquele momento ali onde sua filha e amada estavam olhando-a de modo confuso e carregado de mágoa. Lexa sentiu um aperto com aqueles olhares,sua vontade insana em abraçar aquelas duas lhe tomou conta ,mas também o desprezo seria um fator forte,elas com certeza diminuíram Lexa de alguma forte.

Gritos.

Choros.

Tudo o que ela teme acontecer poderia acontecer bem ali, Lexa soltou ar preso ela se quer notou que o segurara antes, Clarke e ela naquela luta de olhares, quando um filme passou por sua cabeça, cinco anos atrás.

Clarke caindo no chão ferida, Clarke machucada não só fisicamente como mentalmente. Clarke a mulher que amou e que não deixou de amar.

— Lexa quem.... — A pergunta de Bellamy morreu no momento que enxergou as duas paradas na porta,os olhares de Clarke e Laura pararam em Bellamy. — Oi, entrem.

— Eu acho melhor não. — A voz seca de Laura atingiu Lexa, ela sabia que isso aconteceria mas não mediu a dor. — Vamos embora mãe, mais tarde falo com você tio.

— Não faz isso. — Bellamy praticamente implorou, ele estava assistindo as duas pessoas mais importantes para Lexa, a desprezando. — Entrem, conversar é bom.

— Eu posso sair pra vocês conversarem. — Dessa vez Lexa se manifestou, com sua voz dura. — Eu saio, não tem problema quanto a isso.

Lexa se movimentou a caminho da porta, pronta para deixar as meninas com Bellamy, afinal ela não queria que elas contassem laços com o amigo, ele não merece desprezo como ela vem enfrentando. 

— Lexa....

— Eu estou atrasada para o quartel. — Vestiu a jaqueta, buscou por alguns documentos. — Bom apetite Bellamy. 

Lexa saiu as pressas, Bellamy lamentou internamente tal atitude, ele então observou Laura e Clarke que agora estavam na sala dele.

— Eu sabia que você estava ajudando-a, mas não adivinharia que a acolheu em sua casa.

— Qual o problema com isso? — Bellamy Indagou fitando Clarke. — Ela é uma ser humana, ela já pagou por tudo que fez.

— Nem tudo... — Laura murmurou.

— Cinco anos se passaram gente, ela está aqui para recomeçar precisamos....

— Mudar de assunto. — Clarke interrompe de forma ríspida. — Vamos conversar sobre qualquer outra coisa que não seja Lexa.

(...)

Pelo caminho para o quartel foram vários pensamentos sobre o encontro negativo, mas pode notar o quão lindas estão as duas, Clarke mais velha ficou ainda mais linda, Laura adolescente cheia de si e atitude. 

Lexa não deixou de sentir orgulho de si mesma por ter conseguido ter uma filha com Clarke e tão linda. 

Colocou suas luvas enquanto ouvia Kane dar algumas instruções sobre o uso de alguns daqueles acessórios de bombeiros, Lexa logo notou Raven encarar ela de modo duro.

Suspirou derrotada.

Aquilo aconteceria todos os dias de sua vida, as pessoas quando saem da cadeia a tendência é sorrir por se livrar daquilo, mas Lexa queria voltar pra lá se pudesse, ela até pensou em largar aquela ordem de servir o corpo de bombeiros e ser presa novamente.

— Fique longe de Clarke e Laura. — A voz grossa lhe chamou atenção, Lincoln estava parado atrás dela. — Já causou sofrimento a elas.

— Eu não vim causar sofrimento à elas.

— Não? — Indagou Raven, se aproximando dos dois. — Clarke se isolou do mundo por sua culpa, ela poderia ter seguido a vida com Finn, mas não conseguiu e por sua culpa, ela tem cicatrizes incuráveis.

Lexa também tinha cicatrizes, assim que chegou na penitenciária, algumas presas a prenderam em um local onde lá fizeram ela sentir dores físicas, cortes em seu corpo que demorou mais de duas semanas para começarem a ser curados, só que toda a dor de Lexa não era por cortes e sim por saber que Clarke sofria, enquanto algumas presas a cortavam, Lexa repetia "Eu mereço! Eu mereço!" Isso se repetiu por dias, ela nunca contou a Bellamy e nem pretende contar.

— Finn e ela não estão juntos? — Lexa perguntou, ela temia chegar na cidade e encontrá-los casados.

— Prometemos proteger elas. — Disse Raven entredentes. — Você vai ficar longe delas.

— E quem vai me impedir? — Lexa enfrentou Raven, ficando frente a frente com ela. — Você? Quantas vezes eu ajudei você? Tantas vezes não? 

— Do que ela está falando? — Perguntou Lincoln confuso.

— Nada. — Ela respondeu sem tirar os olhos de Lexa. — Nada.

— Algum problema aqui? — Kane apareceu encarando o trio. — Voltem as suas funções.

A tarde em Polis chegou, o céu fica tão bonito quando está prestes a escurecer de vez deixando o lugar com cheirinho de casa, Lexa colocou sua mochila sobre o ombro direito e agradeceu mentalmente por ganhá-la de Kane, caminhou um pouco admirando o entardecer de Polis. 

Girou a chave da casa de Bellamy, encontrou o rapaz cheiroso prestes a sair para seu dia no pub, ele iria passar quase que a noite inteira no trabalho que escolheu para ele.

— Tudo bem? — Indagou ele confuso. — Sobre hoje...

— Não precisa dizer nada. — Confortou o amigo com um sorriso. — Foi uma infeliz prova de que não irei conseguir me aproximar delas.

— Por lei você pode se aproximar de Laura, você é a outra mãe, seu sangue corre nas veias dela.

— Eu não sei o que fazer.

— Estou de saída, apareço pela madrugada, vá dormir um pouco. 

Pela manhã Lexa despertou com batidas na porta e logo em seguida conversas, Bellamy falava com alguém e ela logo levantou-se para checar também quem estava na porta. 

Um homem de gravata bem vestido, óculos e pasta conversava com Bellamy, ele assinou o papel e logo deixou um bom dia para Bellamy. 

— O que é isso? — Apontou para o papel na mão de Bellamy.

— Ação cautelar de afastamento. — Lexa negou rindo. — Sinto muito Lex.

— Elas foram rápidas. — Sorriu sentando-se no sofá.

— Na verdade não foi elas. — Bellamy leu franzindo a testa. — Albert Woods foi quem pediu essa ação de afastamento.

— Meu pai? — Lexa riu, de forma amarga. — Ele realmente me odeia ainda.

— Lex, você pode recorrer, tem direito de se aproximar da Laura pois ela é sua filha.

A chef de cozinha levou as mãos aos cabelos, sentindo o mundo despencar mais nas suas costas.

— Ontem Lincoln esteve no pub, ele falou sobre uma conversa estranha entre você e Rae, você ajudou ela em que?

Lexa observou o amigo curioso, apenas balançou a cabeça.

— Se ela não contou pra vocês até agora, não sou eu quem devo fazer isso.

— Você e Rae foram próximas demais, ela parecia grata a você sempre.

— Bell, quando ela quiser falar pra todos vocês ela fala, não posso falar nada.

— Sobre essa medida cautelar, fará o que?

— Eu vou me aproximar da minha filha sim, não cheguei até aqui para nada.