História Written in the Stars - Abandono

Gumi Megpoid - 1 de abril de 2016.

Eu definitivamente estava muito brava com a vagabunda da minha melhor amiga. Rin, sério, vai catar coquinho. E por que estou tendo esse ódio todo? Bem, ela me abandonou!

Ano passado, nós tínhamos iniciado uma tradição que tínhamos o plano de passar através das nossas gerações, nossos filhos dariam continuidade, nossos netos seguiriam, e até mesmo nossos bisnetos. Esse plano estava completamente definido na minha cabeça, ele era simplesmente perfeito e me fazia derramar lágrimas de alegria só de pensar nele, no entanto, graças àquela loira sem-graça, minha felicidade estava dissipada em pó.

Tudo bem, eu posso até estar exagerando um pouquinho, mas que aquela piranha vai receber muitos e muitos áudios meus xingando-a, pode apostar que vai. Estou brava, não é culpa minha.

Rin havia saído de fininho do colégio, isso alguns minutos antes da aula acabar. Ela tinha seus motivos, parece que tinha brigado mais uma vez com seu irmão-babaca e também tinha combinado com o namorado de ele ir visitá-la em sua casa. Então, embora estivesse chorando nos cantos pelo abandono, entendia o porquê de ela ter furado nosso compromisso. Mas, ainda sim, me sentia extrema e cruelmente chateada!

A aula tinha sido bem chata naquele dia, principalmente a palestra do diretor sobre os clubes, aquilo foi insuportável – Está bem, talvez eu estivesse pensando seriamente sobre entrar no clube de vôlei, Kasane Teto faz parte dele, e não sei se estou tendo um pensamento maldoso ou não, mas eu adoraria acertar umas bolinha na cabeça dela por acidente...

Era exatamente seis horas quando fomos liberados. Antes de ir para casa, respirei fundo e cutuquei as costas das minhas outras duas amigas, utilizando meu último resquício de esperança para levar aquela tradição em frente:

— Lily, Luka — Chamei-as, usando meu tom de voz fofinho, tentando parecer o mais simpática possível, na intenção de convencê-las a aceitar meu convite. — Então, vocês lembram daquele negócio que eu estava conversando com a Rin, hoje mais cedo?

As duas me encararam, não parecendo tão convencidas sobre o que se tratava.

— Eu vi vocês conversando — Afirmou Luka, passando as mãos pelo longo cabelo cor-de-rosa — Mas não prestei muita atenção no assunto.

Abri um sorriso amarelo, levando uma de minhas mãos até o topo da minha testa, agitando minha cabeça em negação, um tanto indignada.

— Vocês estavam falando algo sobre uma festa do pijama, não é? — Lily perguntou, levando o dedo indicador até o queixo, um pouco confusa.

— Obrigada por introduzir, Lily — Confirmei sorrindo, e me preparando para uma pausa dramática — MAS, não é uma simples festa do pijama, é nossa tradição pijamística.

Sorri e agitei minhas mãos animadamente na intenção de dar um tom mais mágico à conversa.

Tanto a Megurine quanto a Evans, não conseguiram deixar de escapar um pequeno riso abafado, franzi a testa confusa, elas estavam rindo da minha palavra nova? Pijamística é uma palavra com personalidade, não é para rirem da existência da coitada.

Tomei ar profundamente para continuar o assunto:

— Luka, você não se lembra da nossa tradição? Estou decepcionada com você, Barbie.

Mais uma vez Luka, riu do apelido que eu havia dado a ela a pouco tempo. Ela tem cabelo rosa e é inteligente, ela é praticamente uma Barbie, se bem que, a Barbie tem cabelo loiro... Bom, tanto faz, ela continua sendo a Barbie na minha cabeça!

— Eu realmente não faço ideia de que tradição você está falando, Gumi — Concluiu. — Mas, agora, minha mãe já chegou, meninas, parece que vamos buscar minha irmã na faculdade hoje, ela vai passar o fim de semana conosco.

— Você também vai me abandonar, sua malvada? — Perguntei com a voz chorosa, na tentativa de fazê-la sentir pena de mim.

— Sinto muito, Gumi, podemos fazer isso outro dia? Tenho mesmo que ir...

Vencida, triste e sem qualquer resquício de argumento, assenti. Tudo bem, eu nem queria essa festa do pijama mesmo...

— Te odeio — Disse grossa. — Vaca.

— Também te amo, amiga.

Luka se despediu de nós duas e saiu apressadamente para o carro de sua mãe. Eu estava brava, muito brava, e nem tinha muito o que fazer sobre aquela situação. Minhas duas amigas mais antigas daquele colégio tinham acabado de me abandonar. Inflei minhas bochechas e franzi meus lábios, em sinal de irritação.

— Brava estou — Afirmei para Lily. Achei que a americana ia vir com mais alguma desculpa, para completar a sequência de abandonos, porém, me surpreendi quando ela abriu um sorriso risonho, ergueu suas mãos aproximando-as do meu rosto, apertando minhas bochechas e expulsando o ar que estava contido ali.

Apertei meus olhos um pouco confusa.

— Não fique brava — Afirmou, tentando me consolar. — As garotas tinham seus compromissos, não é nada com você, eu sei que não sou sua amiga a tanto tempo como as duas, mas e se ainda tiver uma vaga pra essa sua festa do pijama, eu não tenho nada para fazer hoje. — Completou e eu abri um sorriso de orelha a orelha, naquele momento a raiva toda pareceu sair do meu corpo, sendo substituído por uma felicidade repentina.

Mano, eu adorava a Lily – está bem, eu não a conhecia a tanto tempo assim. Mas não sei, aquela garota era incrível. Podíamos conversar sobre várias coisas, e ela ainda era bem animada. A saída do colégio foi bem divertida, começamos a conversar sobre o que assistiríamos hoje, discutimos a possibilidade de uma maratona de My Little Pony, mas, por algum motivo ela não parecia ter gostado tanto da ideia. Também conversamos sobre as guloseimas que comeríamos em nossa tradição pijamística.

Saltitando em direção ao portão e com as mãos enganchadas encontramos um certo garoto com cabelo de banana, o irmão de Rin, Len que parecia meio agitado e inquieto na saída do colégio.

De repente, vi o loiro se aproximar de nós duas:

— Oi, Gumi — Cumprimentou-me. — Você sabe se Rin já foi para casa?

— Oi, Len! — Exclamei entre risos devido a minha conversa com Lily. — Eu acho que a loirinha já usou todo o estoque de pó de flu da escola, sinto muito. — Arregalei meus olhos e assenti com a cabeça rapidamente, em sinal de pena. Lily começou a rir e eu encarei-a, querendo brigar, mas por algum motivo não consegui e ri junto. Observei Len e o guri parecia muito confuso, senti até pena, mas só consegui continuar rindo.

Lily me deu uma cotovelada.

— Ela quis dizer que sua irmã já saiu faz um tempinho. — Explicou minha amiga, sorridente — Parece que ela não queria conversar com você, Len.

Len parecia ter ficado ainda mais borocochô depois da fala de Lily. Ele nos agradeceu e foi andando para casa.

— Acha que Rin foi dura com ele? — Perguntou, parecendo um pouco comovida com a situação do garoto.

— Humm — Parei para pensar uns segundos — Acho que não. — Entortei a cabeça, um pouco pensativa. — Ele vacilou com ela, hoje cedo, antes da aula, ela mandou mensagem para mim, desabafando um pouquinho. Deu dó.

— É, pelo visto não é uma situação tão legal pra nenhum dos dois.

— Verdade. — Concordei — Mas não quero falar sobre Rin, estou brava com ela. Aquela vaquinha me abandonou.

Lily riu mais uma vez da minha raiva repentina.

— Okay, estressadinha.

Eu franzi a testa, fingindo intensificar minha raiva por um segundo, mas não consegui manter a pose e soltei um riso abafado.

— Ei, o que acha de passarmos no shopping antes de irmos para a minha casa?

Lily sorriu, indicando que aquela era uma boa ideia. Iria ser divertido passar o dia com aquela garota.