História X-Girls - Bless parte 3 (final)

Luna

-Onde eu estou?- Perguntei enquanto caminhava cautelosamente naquele ambiente novo, onde para qualquer lugar que eu olhasse eu via metal retorcido. A cada passo que dava sentia o chão gelado feito completamente de inox que espelhava minha imagem. Na minha frente estava ela em toda sua magnitude sentada em um trono de metal polido. Seus cabelos púrpuros balançavam levemente com uma brisa calma que se fazia presente no local. Seus olhos igualmente arroxeados me fitavam de forma penetrante enquanto eu era atraída em sua direção. A garota se levantou e pude notar a forma como se vestia. Mesmo se tratando de uma deusa ela trajava roupas da minha época. Usava calças jeans, tênis e camiseta, por cima de tudo estava um sobretudo de tecido leve que se agitava livremente com a brisa.

-Olá Luna, eu estava esperando por você. - ela disse com um sorriso calmo enquanto estendia o braço para o lado com a palma da mão apontada para baixo. O chão de metal antes liso começou a se mexer como se fosse liquido e foi tomando forma enquanto subia para a mão da garota, o metal ia se retorcendo e se solidificando ate formar uma espada de aço que reluzia com um brilho cruel, que agora também estava presente nos olhos dela. Ela girou a espada no ar e a apontou na minha direção com um sorriso maldoso no rosto.- E agora eu vou te testar.  

-Mas do que você está falan...-mal tive tempo de reagir quando ela se lançou contra mim brandindo a enorme espada. Rolei para o lado desviando do feroz ataque me preparei para o próximo. Toquei o chão puxando o metal para meus braços e os revestindo com o inox por completo.- Ragna pare com isso... quer me matar?

Ela não respondeu. Apenas descreveu um semicírculo com a espada e em um único impulso se jogou em minha direção. Fez um arco sobre a cabeça e a golpeou para baixo com toda a força. Cruzei os braços para me defender do golpe fazendo com que faíscas voassem devido ao choque. Ela continuava a forçar a espada em minha direção me fazendo ajoelhar para manter o equilíbrio. Eu tinha que pensar em alguma coisa ou ela me mataria. Puxei o metal do chão e revesti minhas pernas. Abri os braços de uma vez fazendo com que a espada fosse empurrada para cima e ela perdesse o equilíbrio, girei meu corpo fazendo com que minha perna direita passasse por baixo de seus pés e, antes que ela caísse no chão, dei um potente chute em seu estômago a lançando para longe. Levantei ofegante e a vi se levantar quase da mesma forma se apoiando na espada. Terminei de revestir meu corpo com o metal formando uma impenetrável armadura de aço reluzente e comecei a flutuar levemente. Ragna se levantou e sorriu.

-Você não me decepciona nem um pouco Luna. Mas ainda falta algo em você- ela também começou a flutuar levemente e fez a espada voltar a sua forma liquida e fez o mesmo dançar a seu redor enquanto me olhava. Fez duas espadas e as pegou no ar- Agressividade.

Ela se lançou mais uma vez na minha direção, só que dessa vez mais rápido. Eu não queria perder pra ela. E pra minha tristeza ela estava certa, eu era muito pacifista. Cerrei os punhos e a encarei enquanto se aproximava. Ela saltou e uniu as espadas de volta em uma só descendo em um golpe vertical perfeito que me mataria se eu não reagisse. Toquei o chão e sorrio levemente esperando o golpe. Ergui as mãos de súbito e segurei a lâmina antes que me atingisse deixando uma deusa perplexa a forçar a espada para baixo.

-Você tem razão, eu sou muito calma. Talvez seja a hora de eu ser um pouco mais agressiva.- A encarei séria e firmei as mãos fazendo a espada trincar devagar antes de se despedaçar a deixando apenas com o punho da espada em mãos. Ela deu impulso para trás e se afastou de mim alguns metros e me olhou sorrindo.

-Vai lutar a serio agora?- mais uma espada se formava do chão e repousava sobre as mãos pálidas dela. A apontou para mim.

-Pode apostar que vou-puxei o aço em minha direção e também fiz uma espada. A girei devagar nos dedos e avancei contra a deusa batendo lamina contra lamina. O aço se chocava e soltava faíscas a medida que a luta se aquecia. Ragna era com certeza mais experiente que eu em combate, mas minha vontade de não perder era igual. Meus braços já se recusavam a levantar depois de um tempo, as laminas das espadas estavam cheias de dentes e sem fio de corte. Paro ofegante olhando para minha oponente que também parecia cansada. O aço que cobria meu corpo já havia se desprendido em várias partes formando uma armadura inútil. Deixei a espada cair e me livrei daquele metal pesado que cobria meu corpo. Estava perdendo a consciência devido ao cansaço. Me levantei cambaleante e fiz a espada flutuar ate minha mão. Saltei em direção a ela que fez o mesmo gritando. Quando as espadas se chocaram elas se desfizeram em mil pedaços espalhando-se pelo chão. Cai no chão de bruços e ouvi a risada alta de Ragna ao meu lado.

-Vamos considerar isso um empate por enquanto. Você se provou digna- ela disse tirando o sobretudo que já estava aos fiapos e se levantou caminhando em minha direção. Ela tirou o colar que estava em seu pescoço e se ajoelhou a minha frente o mostrando para mim- Receba minha benção e se torne mais forte.

Ela jogou o pequeno colar na minha mão de forma com que seu pingente, que tinha a forma de duas espadas entrelaçadas, pousasse sobre o centro das costas da mesma. Quando senti o toque frio do metal ele pareceu se fundir com minha carne me fazendo soltar um grito de dor. A pequena corrente se enrolou por parte de meu antebraço me tatuando com seu grilhões. Quando a dor parou pude ouvir uma voz ao longe dizendo “Luna, acorde. Eu preciso de você aqui comigo”. Era Vic. Ragna sorriu ao me olhar e beijou minha testa.

-Volte pra ela. E não se esqueça, apenas se defender não fará com que vençam o Kaibur.-Abri os olhos e vi a loira sentada em meu colo a derramar lágrimas e um quarto todo bagunçado. Quando me viu, a loira me abraçou forte e selou meus lábios demoradamente enquanto acariciava meu rosto. Levantou novamente seu olhar e fixou-o no meu.

-Nunca mais faça isso- ela disse manhosa ao deitar a cabeça em meu ombro.

- Eu prometo.

Kangin/Skylar

O moreno estava sentado no meio da sala de treinamento usando um kimono branco. Estava em pose de lótus e respirava devagar como uma calmaria de verão. Seus cabelos começaram e ficar brancos e ele abriu um sorriso satisfeito. Ao abri os olhos um homem de aparência albina trajando roupas claras estava sentado a sua frente da mesma maneira.

- Ora, ora. Vejo que consegue se comunicar fora de sua cabeça.- Skylar disse em toda sua calma.

-Demorei um tempo pra aprender mas consegui. Busquei na meditação um meio para conversar com vocês. Mas não foi para isso que te invoquei.

Skylar riu. O rapaz estalou os dedos e um furioso tornado se formou em volta do rapaz de kimono e o lançou para cima fazendo com que suas costas batessem contra o teto. Skylar colocou as mãos nos bolsos da calça e voou ate o moreno, o pegou pela gola e o desceu ate o chão devagar o deitando.

-Por que você fez isso?- O moreno disse enquanto massageava a cabeça.

-Estava te abençoando Sr. Kim. Agora você está pronto para enfrentar o Kaibur. Ou quase.

O moreno olhou para o dorso de sua mão esquerda e viu um pequeno tornado delineado em sua pele. Olhou novamente para o Deus dos ventos e se levantou.

-Antes de ir quero que me responda algumas perguntas. Algum problema pra você?

-Nenhum problema. Mas antes de qualquer coisa a resposta é sim. Kaibur é o causador das Guerras Mundiais, assim como a Guerra fria, assim como todas as outras desavenças entre as nações. E como sua outra pergunta é se eu e os outros deuses observamos vocês desde seu nascimento a reposta também é sim. Vocês foram escolhidos perante milhões de pessoas por seus perfis que nos previmos desde antes de nascerem e, para nossa sorte, vocês se conhecem e se entrosam muito bem nos possibilitando maximizar suas habilidades. E para sua ultima pergunta eu digo que não. Essa luta não vai acabar se derrotarem Kaibur porque, assim como nós ele é imortal. Vocês só vão o prender por mais uma geração.

O moreno estava boquiaberto. Como ele sabia todas as perguntas? Mas ai ele se lembrou. Não dá para enganar um Deus. Kangin sorriu.

-Obrigado Skylar. Farei meu melhor para vencer.

-Vocês vão vencer-Skylar deu um sorriso e começou a desaparecer em meio a uma nevoa branca. Kangin estava novamente sozinho na sala de treinamento.

O moreno conseguia sentir que estava diferente, se sentia conectado com os ventos. Se sentia leve. Olhou para a marca em sua mão e dela irromperam ventos que o rodearam. Se lançou para cima voando pela sala de treinamento sem preocupação. Criou um pequeno tornado em sua mão e o fez dançar sobre seus dedos. Parou no ar e o lançou para baixo vendo ele se expandir e se tornar mais violento, logo um pequeno furacão se formara no meio da sala e, com um estalar de dedos, se dissipou. Kangin sabia que agora tinha poder para enfrentar Kaibur. Mas sabia também que as garotas não estavam preparadas e precisava de alguém para disciplina-las, e sabia a pessoa perfeita para o trabalho. Pegou o telefone que estava em cima da mesa e discou.

-Alô- a voz da morena se fez presente do outro lado da linha. - Kwon eu tenho uma proposta irrecusável pra você. Quer disciplinar umas garotas pra mim?

-Eu aceito-então o telefone foi desligado. Kangin sabia que ela estava sorrindo e que não demoraria a chegar.

-Nós venceremos!