História X-men a série animada - Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima

A porta do quarto de Vampira foi aberta aos trancos. Ela nem se dignou a virar para encarar a Tempestade, continuou na cama enorme em posição fetal, como estava desde o dia em que haviam discutido, há exatas setenta e duas horas, vinte minutos e... hã... oito... nove... dez segundos. A Tempestade podia ser uma ótima pessoa, mas parece que esqueceu de entrar na fila da paciência quando Deus, ou sabe-se lá quem, estava distribuindo qualidades antes de enviá-la ao mundo.

Tempestade:- Chega, Anna Marie. – Rugiu, enquanto abria as cortinas com violência e deixava um sol escaldante fritá-la. – Você pode passar a vida inteira imersa em auto – piedade ou levantar para a vida, você escolhe.

Vampira:- Auto – piedade, por favor.

Maldita luz do sol, estava tão forte que nem o travesseiro em cima da cabeça dela fazia a sensação cegante ter fim.

Tempestade:- NÃO! – Berrou, puxando as cobertas. – Você não pode escolher droga nenhuma! Levanta dessa cama! – Mandou.

Vampira tirou o travesseiro do rosto para olhá-la, ela estava apontando o dedo em sua cara, para enfatizar que falava sério.

Tempestade:- Ou eu mesma tiro você daí.

Vampira:- Oh! – Fingiu estar boquiaberta. – Ororo Munroe ameaçando alguém?

Tempestade:- É melhor você não testar a minha paciência, garota!

A questão é que ela simplesmente não tinha nenhuma vontade de sair da cama tão cedo e estava pronta para entrar em confronto pelo poder do edredom, quando ouviu passos rápidos pelo corredor.

Joseph:- Tempestade por favor, deixe-a em paz.

Viva, Joseph! Quem conhecia aquela família de mutantes saberia muito bem que, se alguém se preocupa com ela ali, era o Joseph.

Tempestade:- Ela tem que reagir, Joseph. Ela não come ou participa das sessões há três dias! – Disse Tempestade, exasperada, para o Joseph. – Nós não a treinamos para virar uma covarde que tem pena de si mesma.

Joseph:- Gritar com ela não vai adiantar em nada, Tempestade. – E virando-se para Vampira: - Vampira, escute a Tempestade, sim? Você realmente está precisando se alimentar.

Vampira:- Só porque foi você que pediu, Joseph. – Vampira adorava provocar qualquer um que a magoasse. O rosto da Tempestade já estava cor de tomate maduro, massa brincadeira só terminava quando chegava ao estágio roxo berinjela. Ela se levantou, entrou no banheiro e ligou o chuveiro, mas não chegou a entrar debaixo da água. Joseph se retirou do quarto e Betsy entrou. Vampira queria ouvira conversa murmurada que as duas tinham pelas suas costas. Ela ficou bem quietinha e encostou o ouvido na porta.

Tempestade:- Ah, Betsy, você precisava ver o estado dela, não come, não dorme, não sai desse quarto. Eu a ouvir chorar todas as noites, a noite inteira, desde aquela nossa discussão.

Betsy:- Querida, isso vai passar. Acredite, já vi isso antes. – Ela riu. – Se lembra quando ela pegou o Gambit beijando outra naquela festa na casa da Emma? Ela passou dias chateada.

Tempestade:- Ah, Betsy, faça-me o favor, não é a mesma coisa. Vampira está magoada, e também nunca namorou sério, nunca se envolveu com ninguém. Foi deixada em uma cama de hospital em coma. Pelo amor de Deus, eu até entendo o motivo dela está chateada, mas outra pessoa no lugar dela teria pulado de um prédio.

Betsy:- Melhor você não dar essa ideia a ela, só por garantia. – Pelo som parecia que Betsy tinha começado a arrumar a cama. – Ela vai esquecer quando encontrar alguém que a mereça, ela só precisa dar tempo ao tempo.

Tempestade:- Quando isso vai acontecer, Betsy? Quando ela fugir de novo?

Não demorou nem 48 horas para ela sair do seu estado de torpor e começar a odiar o mundo. Que se danasse o Gambit. Ele queria ficar com aquela vadia? Bom proveito. Que se danasse a vadia. Ela queria a porcaria do Gambit? Vampira nem ligava, ela nem  se lembrava dele mesmo.

E dane-se, dane-se, dane-se todos os homens! Eles que fossem pra casa do car...

Logan:- Vampira. - Disse Logan, tirando das mãos dela delicadamente o vaso japonês que ela ia arremessar na parede. Era o segundo que iria para o saco só naquele dia. – Desse jeito a sala vai ficar sem nenhum vaso, guria.

Vampira lançou um olhar 43 de pura fúria na direção dele.

Logan:- Não vou deixar você se destruir. Tá me entendendo, Vampira? Você não come, não dorme, só chora e joga as coisas na parede. Por mais que seja seu jeito de lidar com tudo, não está adiantando.

Vampira:- Eu não sei o que fazer. – Soluçou.

Logan a sentou no sofá e depois se sentou ao lado dela.

Logan:- Eu sempre vou estar aqui para te ajudar. Isso vai passar, der tempo ao tempo. – Ele sorriu e se levantou para sair da sala, deixando-a sozinha.

Carol:- O que você vai fazer, Vampira? – Perguntou Carol entrando na sala.

Vampira:- Ainda não sei, Carol.

Carol:- Sabe... – Ela recomeçou aproximando-se. – Nesses casos sempre é bom a pessoa ir para outro lugar, de preferencia um lugar bem longe.

Vampira não tinha resposta para aquilo, porque era uma ideia que ela já havia descartado de sua cabeça. Seu silêncio foi tomado como uma confirmação, porque Carol lhe fez uma oferta.

Carol:- Se quiser partir pode ficar no meu apartamento. – Sugeriu ela, tentando sorrir. – Você pode se instalar no meu apartamento enquanto pensa no que fazer, pode ficar lá até as coisas se encaixarem melhor e depois decidir o que fazer. Quem sabe você gosta do lugar? Quem sabe você não decide ficar onde...

Betsy:- Isolada e longe de quem a ama? – Betsy terminou a frase por ela.

Carol:- NÃO! Não era isso que eu ia dizer, Betsy.

Betsy:- Aqui é o lugar dela, aqui foi onde nós a acolhemos quando ela precisou de ajuda e é aqui que ela vai ficar, nós vamos ajuda-la a passar por isso, não se preocupe. – Disse Betsy irritada.

Carol:- Me desculpe se você  interpretou mau minhas palavras, mas eu só quero o bem dela.

Betsy sabia que ninguém conseguiria segurara Vampira se ela enfiasse uma ideia na cabeça, e não sabia porque motivo, mas ela não gostava muito da Carol.

Betsy:- Vamos ver o que o Professor, Tempestade e Logan acham da sua proposta em querer mandar Vampira para longe. – Disse Betsy encarando-a com ar de poucos amigos.

Vampira:- Nem pense nisso! – Ralhou Vampira. – Ela não fez por mal Betsy e eu não tenho interesse em deixar a mansão. Muito obrigada Carol.

Carol sorriu para Vampira e se retirou da sala, Betsy a seguiu imediatamente.

No meio do corredor Betsy a segurou pelo braço e disse séria:

Betsy:- Cara de santa, mas saiba que não me engana não. Cuidado...

Carol:- Eu não sei do que você tá falando, Betsy. Onde quer chegar?

Betsy:- Fique longe da Vampira... estou quase certa de que você é a culpada de tudo que aconteceu. – Betsy saiu e deixou Carol pensativa.

Já era fim de tarde. Uma semana havia se passado desde que Betsy havia mandado uma mensagem para o Gambit, sem noticias até agora dele, e como ela previu... parece mesmo que ele desistiu. Provavelmente pensou que Vampira fosse complicada de mais para o seu mundo. Ele está com outra mulher e Betsy confessa que não esperava por isso.

Bom, ela tentou, e pelo visto, estava certa. Gambit não só desistiu como parece não querer voltar.

Sim, Betsy lembra que certa vez Vampira pediu um tempo e que ele respeitou esse tempo muito bem. Na verdade, Gambit passou tempo de mais longe e agora Vampira terá de seguir sua vida, será fácil porque ela não tem nenhuma lembrança dele.

VAMPIRA...

Betsy e os outros tem tentado me animar. – Pensa ela enquanto se deita na cama. – E eu estou tentando ser forte. O último resquício de esperança veio com os álbuns de fotografias e eu tentando recordar. Agora... tudo acabou.

Betsy disse que iria tentar especular sobre Gambit através do Banshee, eles eram grandes amigos, mas o Banshee não diz nada, diz apenas que nunca mais falou com ele desde que ele partiu. E a Carol diz sempre que ele teve que se afastar para conseguir ficar longe de mim. – Lágrimas brotam de seus olhos e ela nem sabe qual o motivo. – Ele, ao invés de lutar e provar que me ama, preferiu se afastar. Tenho que entender isso, já que Carol disse que foi um pedido meu por causa dos meus poderes. Embora eu não lembre, mas ela também disse que eu pedir atitude da parte dele. Sim, e a atitude que ele achou foi de sumir da minha vida enquanto eu permanecia em coma. – Ela enxugou as lágrimas. – É isso... melhor sofrer agora do que sofrer mais tarde. E o pior de tudo é que foi apagado da minha mente os últimos cinco anos em que convivi com ele... apesar de eu não me recordar dele, nem de nada, mesmo assim ainda parece que eu sofrerei mais por conta disso, pois não sei se tudo que me falam sobre ele é mesmo verdade.

                                  CONTINUA...