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História Xeque-Mate - Descontrole


Escrita por: ShewantsCamz

Notas do Autor


VOLTEI, MORES.

Eu sei, eu sei. Demorei uma vida, né? Mas acho que com os últimos acontecimentos é compreensível. Fora que acabei esquecendo meu notebook na casa da minha irmã, que fica em outra cidade, o que ajudou a atrasar mais a atualização. Mas enfim, aqui estou eu.

Quero responder a todo mundo que andou perguntando uma coisa; não, eu não vou desistir das fics por conta da saída da Camila do Fifth Harmony, uma coisa não influencia em nada a outra. Por isso, tudo vai continuar normalmente com as ficzinhas.



Agora, sem mais papos, vamos ao que interessa. Aproveitem.

Capítulo 25 - Descontrole


Silêncio. Era tudo que preenchia aquele cômodo. Eu não conseguia dormir, não depois do que aconteceu aquela noite. Minha cabeça trabalhava freneticamente sobre as imagens fornecidas; aqueles acontecimentos, tudo, jogando para longe toda e qualquer disposição para um bom descanso.

Assim que o vídeo chegou ao final, a tela escureceu, deixando-me enxergar apenas meu reflexo espantado no visor do notebook sobre a mesa. Pela primeira vez depois de anos eu havia ficado incrivelmente surpresa, aterrorizada. Ver aquelas imagens era bem diferente do que imaginá-las, agora eu tinha provas concentras de que minha teoria estava certa. Eu permaneci parada diante aquela tela apagada, enquanto minha cabeça parecia fervilhar. Sentia meu corpo inteiro reagir, como se meu sistema nervoso tivesse entrado em convulsão, mas por fora tudo estava normal. Era como explodir dentro de mim mesma. Um maldito nó se formou em minha garganta, meus olhos por conseqüência se encheram de lagrimas.

- Camila...

Ouvi a voz de Dinah soar ao fundo, quase imperceptível. Foi quando meu corpo pareceu reagir. Forcei meus dentes um contra o outro, trincando a mandíbula, enquanto forçava-me a engolir aquele maldito nó em minha garganta. Uma única lagrima caiu, mas logo desapareceu. Eu fechei minha mão ao redor da arma lentamente, porem com a força necessária para sentir meus dedos doerem. Eu poderia senti-las tremendo, e não só elas, meu corpo inteiro.

- Ele vai me pagar isso por isso, hoje. Maldito...maldito...

- Não, Camila. Você não pode perder a cabeça... – seu tom de voz carregava receio, medo.  – Fique calma...

- Isso não vai ficar assim... – levantei da cadeira devagar, deixando que outras lagrimas teimosas caíssem. – Isso não vai ficar assim!

Tinham sabor de raiva, ódio e rancor.

- Céus! Tenta ficar calma. Não podemos dar um passo errado agora. Você pode ir presa, ou até mesmo morrer.

- E você acha que eu me importo?! – exclamei alto. – Aquele homem maldito acabou com tudo, Dinah! Tudo! Ele...

- Eu sei! Eu sei! Mas nós já programamos como vamos nos vingar, não faça isso agora. – ela tocou em meus ombros lentamente.

- Isso é pouco demais para ele. Eu quero vê-lo completamente destruído, e eu serei a pessoa que vai fazer isso. – falei enquanto pressionava o cano de minha pistola sobre a mesa de ferro. – Eu vou mata-lo como sempre sonhei durante todos esses anos.

- Você nunca matou alguém, não pode fazer isso. Eu sei que você não é assim...

- Está tentando se convencer disso? – eu gritei completamente perdida. - Eu já não sou aquela pessoa de antes. Não consegue ver? Cansei, Dinah! Eu quero derrubar Christopher Collins, e eu vou fazer isso hoje!

- Você não vai fazer nada!”

 Pensei ter vivido momentos difíceis durante os últimos anos, ter visto coisas indesejáveis, mas nada se comparava com aquilo. Foi o ápice. Naquele momento, todos os motivos plausíveis para a realização de meu plano se multiplicaram. Se antes eu tinha sede em derrubar o rei, agora eu tinha vontade de destruí-lo com minhas próprias mãos.

Outras pessoas teriam se isolado, chorado, buscado ajuda, mas em uma vida onde você sempre teve que se manter firme sozinha, recuar não era a melhor saída. Eu não tinha forças para chorar, eu não tinha tempo para me sentir frágil. Eu não queria me sentir fraca, e eu não seria. Respirei fundo, deixando que o ar adentrasse minhas narinas bem devagar. Encarei o corpo de Christopher debruçado sobre a cama, completamente apagado. Quantas pessoas teriam sangue frio suficiente para se casar com o homem que você mais odeia na vida? Se juntar aquele que lhe provocava repulsa? Ah, não era uma tarefa fácil, nunca foi. Muitas vezes me senti mal, por achar que tudo não passava de um tremendo encontro de informações erradas, mas algo em mim dizia que eu deveria continuar, persistir, e foi exatamente o que eu fiz. Sexto sentido, nunca me falha. Não havia informações erradas, todas eram verídicas.  Aqueles olhos misteriosos ocultavam um passado sujo, repugnante e infernal. Para lidar com gente do tipo, nada mais pratico do que se tornar como ele.

- Seu tempo está acabando, Collins.

Eu poderia me sentir triste, magoada, devastada, mas algo em mim canalizava todos aqueles sentimentos para um único: raiva. Era o que me movia, me impulsionava até o final. Viver com um único objetivo, e um único sentimento foi o que me manteve focada. Eu seria direta, pelo menos foi o meu objetivo até Lauren aparecer. Maldita delegada, foi a única a conseguiu encontrar em mim o que eu sempre fiz questão de esconder. E quando deixei que visse, me mostrou sua falta de merecimento.

- Lauren...Lauren.. – sussurrei ao menear com a cabeça em um sinal negativo.

Ergui meu corpo da poltrona macia no canto da suíte, e caminhei em direção a janela de vidro extensa que dava visão para o jardim da mansão Collins. O sol estava nascendo, a temperatura era refrescante aquela manhã. Ajeitei o robe de seda preto em meu corpo, antes de caminhar com os pés descalços até a varanda. A brisa fria fez os pelos de meu corpo se arrepiarem por inteiro, trazendo-me as imagens de Lauren aos meus pensamentos. Aquele par de olhos verdes furiosos que me encararam na ultima vez que nos vimos ainda me fazia perder o ar. Se ela estava pensando que eu iria facilitar sua vida, estava extremamente enganada. Lauren não sabia o que eu poderia fazer.

- Camila?

  Olhei para o homem que tentava se manter sentado sobre a cama, enquanto colocava a mão sobre a cabeça, estava tonto. Nada mais justo depois da quantidade de calmante em seu suco. Fechei meu robe e coloquei o melhor sorriso em meu rosto antes de virar e caminhar em sua direção.

- Bom dia, querido.

- Bom dia... – sussurrou. – me sinto tão cansado, parece que fui dopado.

- Apenas cansaço da noite anterior.

- O que aconteceu?

- Como assim? Não faça essas brincadeiras. -

Ele me encarou confuso, mas nada falou. Desviou seus olhos dos meus, e olhou para seu próprio corpo, que estava coberto apenas por uma cueca box.

- É melhor descansar mais um pouco, ainda está muito cedo para se levantar.

Me sentei ao seu lado, acomodando-me embaixo do edredom. Christopher permaneceu em silencio, mas logo se deitou novamente, puxando-me para mais próximo de si. Deixei que o homem me envolvesse com seus braços, mesmo que eles não me fossem convidativos. Faltava pouco para mudar isso, bem pouco.

[...]

Acenei para o homem que me lançou um sorriso antes de adentrar em seu carro, ao lado de seus dois seguranças. Fiquei o observando pela janela da sala, até que seu carro estivesse saído pelos portões da mansão Collins. Assim que os portões se fecharam, me afastei da janela, e caminhei até o sofá da sala.

- Eliza!

- Sim, senhora? – a mulher se pôs ao meu lado.

- Conseguiu entrar em contato com a agente Jauregui?

Capturei uma das revistas sobre a mesa, folheando de forma lenta enquanto passava os olhos diante as matérias. Eliza pareceu hesitante, mas não tardou a se pronunciar.

- Eu não consegui, senhora. Liguei muitas vezes, mas só deu na caixa de mensagem. Quer que eu deixe algum recado?

- Ligou para a delegacia? – perguntei a fita-la.

- Sim, mas também não consegui informações. Disseram que ela não está disponível.

Eu franzi o cenho e assenti devagar.

- Certo.

- Quer que eu ligue para pedir outro segurança para lhe acompanhar?

- Não preciso, Eliza. Obrigada. – exclamei ao me levantar do sofá.  – Avise para Carlos preparar meu carro, eu vou sair.

- Como quiser, sra. Collins.

Lauren estava me evitando, mas não teria sucesso nisso. Nós tínhamos muita coisa para conversar, e se ela não estava disposta a vir até mim, eu iria até ela. Depois de um banho rápido, me vesti e segui em direção a delegacia de Nova Iorque. Parei com meu carro no estacionamento frontal, recebendo alguns olhares dos oficiais encostados em suas viaturas, eles se entreolharam e depois voltaram a olhar para mim, e em seguida para meu carro.

- Perderam alguma coisa? – perguntei ao encará-los.

Os três ficaram calados, e logo tomaram uma postura séria e imponente.

- Imaginei que não.

Subi a pequena escadaria e adentrei no prédio, vendo o movimento de policiais que circulavam em seu interior. Me aproximei do balcão onde um jovem rapaz fardado, anotava algo em pedaço de papel.

- Com licença.

- Bom dia, senhora.

- Bom dia, eu gostaria de falar com a agente Jauregui.

Ele franziu o cenho, e logo ergueu suas sobrancelhas como se tivesse lembrado de quem se tratava.

- Só um minuto.

O policial discou o numero que julguei ser o da sala de Lauren, e não demorou a ser atendido.

- A agente Jauregui se encontra? Tem uma senhora aqui querendo falar com ela. – murmurou ao me fitar um tanto receoso. – Certo, um instante.

Ele afastou o telefone e me encarou.

- Com licença, como a senhora se chama?

- Camila Collins.

Ele voltou ao telefone, informando meu nome, e logo desligou.

- Estão vindo falar com a senhora. – murmurou com um sorriso simpático.

- Muito obrigada.

Me afastei do balcão, e caminhei para o outro lado da sala, enquanto ajeitava o vestido em meu corpo. Fiquei alguns minutos observando as matérias noticiadas no jornal transmitido pela TV, quando senti um toque suave sobre meu ombro direito.

- Com licença. – murmurou uma voz feminina.

Respirei fundo, e virei em direção a jovem mulher próxima a mim. Keana arregalou os olhos em puro susto, mas não ousou pronunciar sequer uma palavra. Eu me mantive séria, sem demonstrar qualquer tipo de emoção. Confesso que diferente da primeira vez, a presença da mulher agora me irritava. Pude notar como ela havia ficado sem jeito ao me reencontrar, sua respiração foi lenta, quase parando.

- A senhora é Camila Collins?

- Sim, sou eu. – encarei seus olhos. – Lauren se encontra? Eu preciso falar com ela.

- Não será possível, senhora. A agente Jauregui não se encontra no momento.

- Sabe me informar onde ela se encontra?

- Não posso fornecer informações pessoais da agente. – disse ela com uma serenidade irritante.

Desviei meus olhos dos seus, e respirei fundo, deixando que um sorriso carregado de irritação repousasse sobre o canto de meus lábios.

- Então será que você pode chamar alguém que me forneça essa informação, já que você não pode?

- Ninguém poderá lhe ajudar. É uma informação pessoal, se quiser falar com ela, basta ligar. – eu sentia o cinismo escorrendo em sua voz.

- Se eu tivesse conseguido ligar para ela, com toda certeza não estaria parada dentro dessa delegacia a espera de uma informação.

- Eu sinto muito, sra. Collins. É no que eu posso te ajudar, sendo assim...

- Você não me ajudou em nada, querida.

Minhas expressões não se alteravam nem por um segundo, mas confesso que em meu interior tudo estava virando guerra. O sorrisinho cínico, e a serenidade na voz da garota me fazia estremecer, mas de raiva. Ela sabia onde Lauren estava, mas eu tinha certeza que não diria, não para mim.

- Espere ela voltar. Se foi e não avisou, deve ser por algum motivo. Ela deve voltar em menos de uma semana.

Quando pensei em responde-la, vi a amiga de Lauren se aproximar, Veronica Iglesias. Assim que ela notou minha presença ao lado de Keana, estagnou na passagem do corredor, mas logo se aproximou um tanto receosa.

- Pode deixar comigo, agente Marie.

Keana olhou para a mulher e sorriu.

- Claro, com licença, senhora Estrabao.

Naquele instante ela deixou claro que se lembrava de mim, e da noite em que passamos juntas. Talvez estivesse com certo rancor por ter sido deixada de lado no meio de um ménage, mas que culpa tinha eu se os olhos da delegada estavam voltados para mim? A mulher se afastou, deixando-me a sós com a melhor amiga de Lauren.

- Onde está Lauren?

Vero olhou para os lados e me encarou novamente.

- Ela pediu licença de alguns dias, foi visitar a família na casa nova em Miami. Soube que fizeram a mudança tem pouco tempo, e ela parecia muito irritada ontem, talvez tenha ido esfriar a cabeça.

- Entendo.

- Mandamos um agente para cuidar da sua segurança essa manhã, pelo menos por alguns dias.

- Agente Iglesias, não vamos fingir que se trata disso. Sei que é a melhor amiga de Lauren, e sabe exatamente o que se passa entre ela e eu.

- É, eu sei.

- Quando conseguir falar com ela, diga que tenho urgência para que ela entre em contato comigo.

- Pode deixar, eu vou passar o seu recado.

- Muito obrigada.

- Tenha um bom dia. – ela murmurou antes de eu me afastar.

Sai da delegacia ainda com aquele gostinho de insatisfação, agora incrementado com o de raiva. Lauren havia viajado de forma repentina depois da discussão que tivemos, e havia deixado aquela maldita garota em seu lugar? Ou era intrometida o suficiente para tomar conta de seus assuntos? Entrei em meu carro, deixando que minha cabeça processasse o que estava acontecendo. Aquilo era loucura, Lauren estava me deixando completamente louca.

- Filha da puta. Que escolhesse outro maldito momento para viajar, não agora. – exclamei ao bater com a mão no volante do carro.

Ela não poderia ter viajado, não agora. Mas eu sabia como fazê-la voltar, e rápido. Capturei meu celular, e disquei o numero de Dinah, que depois de alguns segundos atendeu.

 “O que aconteceu?”

“Vamos nos reunir hoje, eu quero colocar a primeira parte do nosso plano em pratica.”

“Mas assim tão rápido? O que aconteceu?”

“Mais tarde eu conto.”

 

[...]

 

Depois de ter deixado Christopher devidamente dopado em nossa cama, fiz o mesmo caminho da noite passada, seguindo em direção ao galpão abandonado. Nós nunca ficávamos no mesmo lugar, era uma espécie de precaução, e hoje seria nossa ultima noite antes de levar todo o equipamento para outro lugar, bem distante dali. Assim que parei diante o galpão, dei apenas um jogo de luz com os faróis de meu carro, e minutos depois as enormes portas de ferro se abriram para que eu adentrasse com o veiculo. Saí da Ferrari negra, e me deparei com Dinah que caminhou lentamente em minha direção.

- Onde está Normani?

- Seu bispo tem plantão essa noite, disse que não queria ter ido para delegacia, mas achou melhor ficar lá.

- Ela está certa, vai precisar deixar o rastro que eu quero que ela deixe.

Dinah franziu o cenho de forma confusa, e eu apenas dei de ombros antes de caminharmos para uma das salas no segundo andar daquele prédio. A loira se pôs próximo a porta, destrancando com cuidado, enquanto eu dei uma ultima olhada ao redor. Entramos na sala, e tudo estava como havíamos deixado na noite anterior. Desatei o nó de meu sobretudo preto, e o larguei sobre uma das poltronas.

- Camila, não acha que está se precipitando? – indagou a mais nova assim que sentamos em nossos lugares.

- Por quê?

Encarei seu olhar receoso, enquanto retirava minha pistola dourada de dentro da gaveta da mesa.

- Pensei que depois de ontem, deixaríamos isso um pouco de lado.

- Eu não posso deixar isso de lado, Dinah. Eu não agüento mais esse jogo, sinto que posso enlouquecer a qualquer instante. – fechei os olhos, e respirei fundo. – se é que já não estou louca...

- Eu sinto que depois de ter visto o vídeo, as coisas mudaram.

- Depois de ontem, tudo mudou. Não percebe?

Deslizei a ponta de meus dedos pelo contorno do cano da arma, sentindo o objeto liso sobre minha pele. A pistola era hipnotizante, seu brilho clamava por atenção que eu fazia questão de dar. Ergui a cabeça, e fitei Dinah do outro lado da mesa, encarando-me como se eu fosse uma psicopata.

- Não temos para onde correr, querida.

- Acho que não vai terminar como planejamos. – ela sussurrou, quase que em um tom tristonho.

- Não se preocupe, ok? Eu vou livrar você e Normani de qualquer responsabilidade. Confie em mim.

- Não me preocupo somente com isso, me preocupo com você também.

- Dinah, ninguém será mais feliz do que eu, quando Collins estiver derrubado. Eu não me importo de passar os últimos dias da minha atrás das grades, se ele estiver também.

- Você é louca, Cabello.

Um sorriso nasceu em meus lábios ao pensar naquela hipótese. Eu poderia não sair vitoriosa daquele jogo, mas antes dele terminar, eu tiraria Christopher da jogada, era uma questão de honra. Só deixaria uma única pessoa me derrubar, apenas uma.

- Entre em contato com a Normani, ela precisa ficar em alerta. Vamos entrar no sistema da Collins Enterprise.

- Lauren vai enlouquecer quando souber.

- Vai, ela vai enlouquecer. Mas vai voltar o mais rápido possível para Nova Iorque, e é disso que preciso. – deixei a arma sobre a mesa, e ergui meu corpo da poltrona. – Ela não quis voltar bem, vai voltar por mal.

- Essa mulher vai te odiar pelo resto da vida. Você vai dar um tiro de misericórdia na carreira dela. – a loira resmungou enquanto ligava os computadores.

Virei dois copos de vidro que estavam sobre a cômoda no canto da sala, e despejei uma pequena quantidade de whisky em cada um. Levei um até a loira, e outro ergui até meus lábios, deixando que o liquido de aroma forte, e sabor único molhasse minha língua.

- Por enquanto, apenas por enquanto. – murmurei antes de voltar ao meu lugar. - Ela vai recuar bons passos agora, mas eu vou jogá-la no topo mais tarde. Vou fazer de Lauren Jauregui a grande estrela desse caso.

Dinah que estava conectando os cabos de nosso eletrônicos, ergueu seu corpo, e me fitou curiosa.

- Como assim?

- Simples. Vou fazê-la mudar de foco, eu a quero concentrada em Christopher. Lauren será meu peão, Dinah. E o peão que joga bem, chega do outro lado do tabuleiro e se torna rainha.

- Você vai fazê-la rainha? Isso é perigoso.

- Eu sei como fazer isso, não se preocupe. – tomei mais um gole do whisky, sentindo minha garganta queimar. – Christopher será derrubado por mim, mas para todos de fora, será por Lauren. Eu não posso simplesmente denunciar meu “marido” em uma delegacia. Mas Lauren pode receber em anônimo as informações, e montar esse quebra-cabeça.

- Você deve ser superdotada, só isso explica. – disse ela me fazendo rir. – Como conseguiu pensar em tudo isso?

- Não sei, mas é um plano perfeito, não acha? Imagine como seria para mim? Pobre esposa, que viveu anos com um marido corrupto sem saber? Que pena de mim. E para Lauren, ganhará mérito pelo maior caso de sua carreira, quem sabe se tornando até mesmo comissário, já que Brandon será chutado.

- Você é o diabo, Camila.

- Eu sou a rainha, Dinah. Mas pode me chamar de demônio também. – soltei com um risinho baixo.

Organizamos tudo da melhor maneira possível. Dinah estava em seu computador, e eu prontamente no meu. Normani por sua vez estava em uma ligação com Dinah, enquanto desabilitava o programa instalado na delegacia para o roubo da Collins. Dessa vez, usaríamos de um método diferente, a passagem pelo sistema seria com o acesso total do chip utilizado por Christopher.

- Altere o rastro, deixe o sistema paralisado até que eu chegue em casa. – sussurrei para Normani que concordou.

- Como conseguiu o chip dele? Pensei ter dito que ele escondia.

Dei de ombros com um sorrisinho cínico, fazendo a loira menear com a cabeça em um sinal negativo. Christopher tinha a total certeza de que eu não sabia da existência de um cofre secreto atrás de um dos quadros de seu escritório, estava coberto por uma tampa amadeirada, coberta pelo mesmo papel de parede de toda a sala. Ele nunca falará, mas eu era esperta o suficiente para descobrir, e até mesmo desvendar sua senha pela mancha de seus dedos nos botões negros do pequeno cofre.

- Tenho meus métodos.

- Claro que tem, sempre tem.

- Vamos, meninas. Eu não tenho muito tempo.

Mantive minha atenção concentrada na tela do computador, onde o programa com o logotipo da Collins Enterprise estava aberto. Todos os outros meios para que não deixássemos rastros estava ativado. Tão logo adentrei na aba financeira da empresa, vendo os inúmeros relatórios e extratos bancários da conta. Era uma bela conta, diga-se de passagem. Encarei os números que indicavam o quão poderoso financeiramente, meu marido era.

- Eu estou abrindo a segunda conta na suíça. Vamos transferir o dinheiro para lá.

- Estão fazendo tudo certo? – indagou Normani pelo telefone.

- Sim, não se preocupe. – Dinah respondeu.

Olhei para a quantidade de dinheiro que entrava e saia daquela empresa diariamente, era assustador e ao mesmo tempo inacreditável. Eu não poderia negar que Collins era um bom empreendedor, mas nada daquilo inicialmente foi dele, nem sequer um misero dólar.

- Vamos, Camila. Transfira a quantia.

Eu respirei fundo, enquanto digitava as senhas solicitadas para ter acesso na movimentação da conta, enquanto isso, Dinah estava em um setor do sistema que permitia apagar qualquer movimentação. Ela organizava o sistema a sua maneira, apagando assim, o rastro deixado por mim.

- Estou na área de transferia. – sussurrei. – Uau, quantos zeros nessa conta. Apagou o relatório do meu login?

- Parcialmente, só vou poder apagar tudo depois que você sair do sistema. – a loira murmurou sem tirar os olhos do computador.

- Certo, eu vou ser breve.

Cliquei sobre o ícone que indicava transferência para conta, quando uma nova janela se abriu. Era incrível como a adrenalina tomava conta de meu corpo todas as vezes que fazíamos aquele tipo de coisa. Era alucinante a sensação de ter o poder nas mãos, e fazer dele o que bem entender.

“Insira a quantia a ser transferida.” – informou o sistema com letras reluzentes.

- Acho que está na hora do Christopher sentir realmente o que é ser roubado por mim.

- Do que está falando? – Dinah me encarou.

- Cansei de tirar tão pouco daquele cretino. Eu dei apenas o gostinho do que é ter seu patrimônio sendo invadido, e não poder fazer nada para impedir. Mas agora, eu vou arrancar realmente o que eu sempre planejei.

- Camila...

Sorri para Dinah, e voltei à atenção para tela do notebook. Cliquei sobre o espaço em branco e digitei a quantia necessária.

100 bilhões de dólares. Era como derrubar um pouco menos da metade de seu capital, levando em consideração que suas empresas hoje em dia tinham quase 300 bilhões de dólares em seu total.

- Você enlouqueceu? – Dinah exclamou assustada, com os olhos arregalados.

- Não, nunca estive tão sã em toda minha vida. Esse dinheiro nunca foi dele, Dinah. – sussurrei antes de clicar sobre o ícone que finalizava a transferência. – Esse dinheiro é meu, é nosso.

Vi a tarja verde sendo preenchida gradativamente, fazendo-me sentir aquele gostinho de vitoria em meu interior. O jogo estava acabando, só mais algumas casas e eu venceria. Eu havia decretado aquele como penúltimo roubo a Collins Enterprise. O tiro de misericórdia ainda seria dado, e eu queria poder assistir de camarote. Eu iria deixar sua conta redonda, com zeros bem pintados. Eu veria seus prédios monumentais cair por terra. Eu veria Christopher Collins completamente afundado na miséria.

“Transferência concluída com sucesso.”

A mensagem na tela do notebook me arrancou um sorriso satisfatório. Encarei Dinah, fazendo apenas um breve sinal que ela deveria continuar.

- Saia do login, Camila. – Normani sussurrou, e eu rapidamente o fiz.

Não demorou muito, e ambas as mulheres finalizaram o trabalho. Nesse exato instante, as estruturas financeiras da Collins Enterprise tiveram o maior rombo de sua historia. Com a quantia retirada, a produção de Collins cairia drasticamente, comprometendo sua rede de empresas, que não tardariam a falir. Era como um efeito dominó, logo, apenas a matriz estaria de pé.

- Ele vai ver tudo desmoronando. – soltei com um sorriso.

- Eu sinto que vou ter um infarto com tanto zeros em nossa conta.

A loira comentou entusiasmada, enquanto saía dos sistemas ativados.

- Você vai ter dinheiro pelo resto da sua vida, Dinah! – falei alegremente.

- Somos bilionárias. – ela exclamou assim que fechou seu notebook. Seus olhos tinham um brilho fora do comum.  – Ouviu isso, bispo? Somos bilionárias!

- Somos. E ainda seremos mais do que hoje, lembrem-se disso.

Ouvi Normani comemorar baixinho do outro lado da linha, ela não poderia demonstrar tanta alegria em seu ambiente de trabalho, mas sabíamos o quanto ela estava animada com sua nova condição financeira. Quem não ficaria, não é mesmo? Cem bilhões de dólares era como sair do inferno e pular direto para o céu. Mas não era o dinheiro que realmente me alegrava, para ser sincera, ele era o de menos agora. O que me mantinha em puro êxtase, era ver meus planos acontecendo como planejado. Eu sabia que meus atos teriam graves conseqüências, mas eu saberia lidar com elas. Eu as conduziria de acordo com minhas vontades.

- Quem não vai ficar nada feliz com isso, é sua delegada.

O tom irônico na voz de Dinah me fez sorrir. Ela estava certa. Minha pequena brincadeirinha traria Lauren de volta a Nova Iorque em menos de doze horas, disso eu tinha a total certeza. Se eu fechasse os olhos, poderia ver perfeitamente sua expressão furiosa ao saber do maior roubo da Collins Enterprise. Ela iria enlouquecer com tamanha raiva, mas eu saberia lhe acalmar, tinha bons métodos para aquilo.

- Ela vai pirar.

- Coitada dessa mulher, se meteu com uma perfeita mafiosa.

Me levantei da cadeira, enquanto degustava do restante da bebida alcoólica em meu copo. Segurei minha pistola dourada, deslizando sua ponta sobre a madeira da mesa.

- Ela vai aprender a lidar com isso.

- Ou vai por você atrás das grades.

- Não é uma hipótese a ser descartada. Pelo contrario, é a mais forte.

- Camila, isso é um jogo perigoso demais.

- Não tenho mais como sair, Dinah. Eu vou até onde eu conseguir. Quero testar todos meus limites.

- Você é completamente louca.

Um único sorriso deixou meus lábios com aquela afirmativa. Eu não poderia negar, certo? Havia sim um lado louco em mim, motivado pela coragem e raiva que era alimentada por Collins. Lauren foi apenas um desvio de caminho, apareceu na vida de uma pessoa errada, e teria que lidar com isso. Talvez fosse egoísta, mas eu já não era uma pessoa que poderia se importar com isso, ou poderia?

 

Lauren Jauregui’s point of view.

 

Eu não sei por quantas horas fiquei na frente daquele computador. Sentia minhas costas doerem pela mesma posição por tanto tempo, mas eu simplesmente não conseguia largar todo aquele material. Era como um labirinto, cheio de caminhos para chegar a um único ponto. Estava obcecada com aquilo, como se o caso Collins fosse uma droga viciosa. Maldita hora que encontrei aquela mulher, que me mudei para aquela cidade. Bufei de forma impaciente, enquanto capturava a xícara de café.

- Merda... – murmurei ao notar que estava vazia.

Antes mesmo de levantar para buscar mais café, ouvi algumas leves batidas na porta. Logo, Taylor adentrou o quarto, com uma expressão nada boa. Depois de muitos pedidos, e ligações insistentes, resolvi visitar minha família, que agora residia em uma casa em Miami. Depois de fechar negocio com um dos antigos clientes, Mike abriu seu próprio negocio em Miami, e até o presente momento estava indo bem.

- Você vai deixar esse quarto em algum momento? – resmungou.

- Taylor, por favor.

- Não, Lauren! Eu que digo, por favor, você veio para nos ver, certo? Para esquecer um pouco essa loucura do seu trabalho.

- Eu estou cheia de coisas para fazer. Eu só preciso de um lugar tranqüilo.

- Deixo você em paz, mas antes venha jantar conosco. Papai sente sua falta.

Encarei seus olhos, que me encaravam quase que em um pedido silencioso. Deixei que uma forte lufada de ar deixasse meus lábios e assenti.

- Eu já vou descer.

Um largo sorriso nasceu em seus lábios, seguido por um gritinho em comemoração.

- Vou descer para terminar nosso jantar. Te espero lá embaixo.

Eu assenti novamente, e minha irmã mais nova seguiu em direção a saída. Assim que a porta se fechou, eu tratei de desligar meu notebook, e arrumar toda a papelada em cima da mesa. Foi quando senti meu aparelho celular vibrar sobre o criado mudo. Caminhei até o mesmo, quando por fim o peguei, vendo o nome de Veronica no visor.

“Alô?”

“Oi, Lauren...”

“Aconteceu alguma coisa?”

Vero parecia respirar lentamente do outro lado da linha. O que me deixava um tanto preocupada.

“É melhor você voltar para Nova Iorque”

“O que aconteceu?”

“Eu prefiro falar pessoalmente.”

“Veronica, fala de uma vez!”

“A Collins Enterprise. Dessa vez eles não vieram brincar, Lauren. Metade do patrimônio do Collins foi roubado.”

“Não...” – sussurrei.

“Isso aqui está um caos, pegue o próximo vôo.”

“Eu vou o mais rapido que puder” – murmurei antes de desligar o celular.

- Isso não vai ficar assim, não mesmo!


Notas Finais


Bom, mores. Acho que Xeque-Mate está chegando em suas partes mais decisivas; então não está tão longe do fim. Claro, ainda falta alguns bons capítulos, mas estamos caminhando para a reta final. Aproveitem bastante, vamos começar a desenrolar isso tudo em breve. ;)


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