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História Xeque-Mate - Flagrante


Escrita por: ShewantsCamz

Notas do Autor


SURPRESA!
VOLTAMOS OUTRA VEZ.
Esqueci de agradecer pelos vários comentários do capitulo 30! Xeque-Mate foi para os trends, e Camila Collins também. E FOI PARA OS MUNDIAIS AAAAA. Vocês são demais mesmo. Obrigada por tudo.
Esse capitulo está sendo dedicado pela Larissa, a uma galera que ela conheceu na fila do show da Dulce Maria, no Rio de Janeiro. Então.. Emily, Carla, Wendy, Luciana e Marciely, esse capitulo é de vocês!

Ahh! Estamos nos trends agora mesmo!

Capítulo 32 - Flagrante


Continuação do Flashback.

[...]

“Não deveria ficar tão abalada, Camila. Vocês não têm nenhum tipo de relacionamento sério. Você não pode querer que ela seja fiel, quando você é casada.”

“Eu só pensei que... – ela deu uma breve pausa – que ela gostava de mim. Ontem eu tinha certeza que ela iria dizer algo importante sobre seus sentimentos, mas eu impedi.”

Eu sabia a que momento ela se referia, e realmente, naquele instante eu cometeria o maior erro de minha vida. Camila e eu havíamos acabado de transar a beira de um riacho, estávamos aproveitando um dia tranquilo na presença uma da outra, e por alguma razão, senti que deveria expor meus sentimentos a ela, sentimentos que nutri no decorrer de nossa tão tumultuada relação. Por sorte, ou destino, ela me impediu. Talvez por culpa? Culpa por mentir, por me usar.

“Você queria que ela estivesse apaixonada? Assim como você está?”

Eu suspirei pesado, enquanto ouvia a conversa particular de ambas as mulheres. As escutas estavam funcionando perfeitamente bem, dando-me livre acesso para descobrir sobre todo e qualquer assunto discutido entre elas.

“Dinah...”

“Camila, por favor. Isso é loucura! Você é uma bandida, tem ideia? Você deixou isso ir longe demais. Eu sei que de início era apenas sexo, mas você está vendo que não é mais assim.”

“Eu sei... – sussurrou ela.”

“Então, aproveite isso para dar um fim. Sei que você não programou se apaixonar por aquela mulher, mas pode tentar reverter isso.”

“Eu estou apaixonada por ela, Dinah.”

Retirei meus fones rapidamente, jogando-os sobre o painel do carro com força. Eu estava em um estacionamento a uma quadra da galeria, não queria ficar longe o bastante, quando logo eu teria que encontrá-la.

- Está mentindo até para Dinah que é sua cúmplice. – murmurei desacreditada. – Nunca esteve apaixonada por mim, Camila. Não seja tão mentirosa! – gritei, como se ela pudesse me ouvir.

Um lado meu, por mais que eu não quisesse aceitar, lamentava tal situação. No fundo eu queria que Camila não fosse uma criminosa, queria que ela realmente estivesse apaixonada por mim e que nunca tivesse me usado para realizar seu plano ganancioso contra Christopher Collins. Mas as pessoas nunca são como imaginamos, ou como queremos. Claro, nem todas fazem parte de um roubo milionário, mas também nos machucam de alguma forma.

Expectativas demais nos frustram.

Olhei para os fones jogados sobre o painel do carro, ouvindo os murmúrios baixinhos pela distância. Os capturei de volta, enquanto tomava forças para continuar com aquilo. Não seria tão simples, mas eu teria que ter forças para chegar até o final.

“Nós temos que nos reunir.” – disse Dinah.

“Aconteceu alguma coisa?”

“Sim, eu recebi a encomenda de Heitor. Faltava entregar a última parte do pagamento. E como combinamos somente depois do que ele tinha para nos dar...”

“Você pegou?”

“Sim, um pendrive tem tudo que precisamos.”

“Você viu o que tinha nele?” – sussurrou Camila.

Dinah demorou alguns instantes, mas em seguida a respondeu.

“Um vídeo. O vídeo que vai dar o ponto final nessa história.”

“Que vídeo é esse?”

“É melhor você ver, eu prefiro não falar nada agora. Podemos nos reunir naquele lugar de sempre.”

“Claro, podemos sim. Eu preciso ver do que se trata esse vídeo.”

A conversa entre ambas se encerrou, deixando-me com um enorme ponto de interrogação. Existia um propósito por trás daqueles planos, que talvez não se resumissem somente em arrancar toda a fortuna do magnata do petróleo. Camila e Dinah pareciam querer algo a mais, algo muito mais importante que eu teria que descobrir.

- Por que está fazendo isso, Camila? Por quê?

Eu fiquei por mais alguns minutos ali, pensando sobre tudo que eu pretendia fazer agora. Entrar sozinha nesse jogo não era uma tarefa fácil, mas eu tinha a grande vantagem de saber para onde todas as peças iriam avançar. Naquele momento, eu tinha uma ampla visão do tabuleiro. Não demorou muito e tão logo voltei com meu carro para o estacionamento da galeria Cabello, precisava continuar cumprindo meu papel de segurança particular, e agora de uma forma muito mais eficaz.

- Posso entrar?

Camila estava sentada atrás de sua mesa, enquanto mantinha a atenção totalmente concentrada no aglomerado de papeis a sua frente. Ela estava linda, fodidamente linda, como sempre.

- Claro. – respondeu seca.

Eu cruzei a sala com um dos meus melhores sorrisos, mesmo quando por dentro minha vontade era de matá-la. Aproximei-me o suficiente para depositar um beijo rápido em seus lábios, agora pintados em uma cor clara.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntei ao notar sua postura séria. – eu vim aqui hoje mais cedo, mas você ainda não tinha chegado. Liguei para o seu celular e nada.

- Ele está sem bateria. – disse ao se levantar da cadeira.

Permiti-me fitá-la por alguns instantes, notando sua visível falta de humor. E se Camila tivesse descoberto as escutas? Seria o fim do jogo?

- Ok! Você pode me dizer o que houve?

Ela nem sequer me encarou, jogou algumas pastas no interior do armário e o fechou com força, deixando clara a sua irritação.

- Sua noite foi boa? Aproveitou o jantar com aquela vagabunda? – indagou furiosa.

Uma espécie de alívio tomou conta de mim. Camila não estava furiosa por ter descoberto minha investigação, estava furiosa porque estive com outra mulher. Como se ela se importasse o suficiente para isso.

Falsa.

Nós iniciamos uma breve troca de farpas, carregadas de raiva e cinismo. A latina se mostrava uma mulher ciumenta, como se tivesse sido traída por mim. Quem era ela para falar de traição, certo?

- Não me teste, Lauren. Você não sabe do que eu sou capaz. – ameaçou.

Encarei seus olhos castanhos flamejantes e dei um passo à frente, o suficiente para nos deixar a poucos centímetros uma da outra. Nossas respirações se confundiam ao mesmo tempo em que nossos olhares se conectavam. Minha raiva se exibia através de um sarcasmo exagerado que lhe rendia uma quantia a mais de fúria.

- E do que você é capaz, Karla?

Eu sabia do que ela era capaz, mas provocaria seus instintos até o último instante, eu queria que ela perdesse o controle, queria vê-la rendida diante das suas fraquezas.

- Quer mesmo saber?

Ela considerou nossos lados opostos, eu enxergava isso por trás daqueles olhos tão intensos. Sua pergunta veio como um enigma, que em sua cabeça ainda se encontrava oculto, mas na minha, não era tanto assim.

- Você não quer saber, não aguentaria. – zombou ao se afastar.

- Eu agüento qualquer coisa, Sra. Collins. – desafiei. – mostre-me do que é capaz.

Camila recuou alguns passos, antes de virar seu corpo em minha direção.

- Não tenha pressa, eu vou te mostrar. Você nunca vai se esquecer de mim, Lauren.

Suas palavras vieram carregadas de um duplo sentido. Camila não se referia a Keana, passava longe disso. Naquele momento, nossa conversa atingiu outro patamar. Nas entrelinhas, ela deixava as pequenas pontas soltas, mostrando-se como realmente era. Ela sempre o fez, mas eu nunca enxerguei. E agora, vendo tudo tão claramente, eu só conseguia sentir raiva. Raiva por gostar de alguém que mentia para mim tão friamente.

Nossa discussão se prolongou por mais alguns minutos, inflamando-se a cada frase dita de forma tão ríspida. Havia raiva entre nós, a diferença era que ambas eram provocadas por motivos extremamente distintos. Eu deixei a sala da latina e caminhei em passos largos até a saída. Eu estava furiosa, a ponto de explodir, e jogar contra ela tudo que sabia. Cruzei o estacionamento, enquanto uma respiração pesada tomava conta de mim. Encostei-me no carro, procurando forças para continuar.

- Se acalme, Lauren. Se acalme. – eu disse a mim mesma.

Eu não podia perder o controle, não agora. Eu não poderia simplesmente deixar que meus sentimentos influenciassem naquela investigação. Tudo teria que acontecer como eu havia planejado.

[...]

Me remexi mais uma vez no banco do carro, enquanto tomava mais um gole do café quente no interior do copo térmico; aquilo precisava me manter acordada e atenta o suficiente aquela noite. Já passavam das duas horas da madrugada e eu estava aqui, a apenas alguns metros da mansão Collins. Depois de ouvir todas as conversas entre Dinah e Camila, me prontifiquei a vigiar a única saída daquele terreno. Camila havia combinado de se encontrar com Dinah e conhecendo-a relativamente bem, sabia de seus métodos para escapar, sem se preocupar com a possível intervenção do marido.

- Vamos, Camila. Cadê você?

Duas noites sem dormir, aquilo estava consumindo todas as minhas energias. A ansiedade por chegar até o fim daquele caso era tamanha, que dormir era uma opção descartada. Meu corpo se mantinha em movimento a base cafeína, e açúcar. Eu suspirei pesado, enquanto me debruçava sobre o volante do carro.

Eu estava exausta.

Por alguma razão, meus pensamentos se voltaram à latina, mas não em seu lado obscuro recém descoberto; naquele momento eu recriava em meus pensamentos a primeira vez que a vi sentada ao meu lado, enquanto degustava de uma dose de whisky. Lembro-me exatamente do quão fissurada estive somente por observá-la. Camila emanava de si uma sensualidade natural, ela não precisava se esforçar para chamar atenção, bastavam alguns olhares intensos, alguns sorrisosenvolventes e pronto,você estava presa a ela.

- Sai da minha cabeça! – resmunguei ao menear negativamente.

Quando voltei meus olhos para frente, avistei a claridade vinda do portão. Os faróis do carro iluminavam a passagem mais a frente. Camila demorou alguns pequenos minutos antes de deixar a mansão Collins em sua Ferrari negra.

- Agora eu pego você.

Eu deixei que ela se afastasse o suficiente para não notar que estava sendo seguida. As ruas de Nova Iorque nunca permaneciam sem movimento, sendo pouco ou muito, ainda tinham pessoas circulando por ali. A mulher praticamente cruzou a cidade, fazendo-me deduzir durante todo caminho, para onde ela iria. Não demorou muito, e tão logo adentramos uma área menos habitada. Estávamosna área dos galpões de embarcações marítimas, a apenas alguns metros do porto. Com a rua totalmente deserta, desliguei os faróis, e permiti que ela se afastasse cada vez mais, eu não queria colocar tudo a perder, todo cuidado agora era pouco. Depois de mais alguns metros percorridos, vi as luzes de freio da Ferrari se ascender. Camila guiou o automóvel para lateral de um dos galpões, sumindo do meu campo de visão. Segui com o carro até o galpão de número dezessete, apenas dois a menos de onde Camila havia entrado. Estacionei o carro em um lugar mais escuro, e em seguida capturei meu aparelho celular, seguido pela minha pistola. Verifiquei se o armamento estava devidamente carregado e após me certificar de todos os detalhes, deixei o veículo e segui rumo ao galpão de número dezenove.

Silêncio; era tudo o que se tinha.

O lugar era sombrio. Os galpões não tinham uma iluminação, os únicos indícios de luz eram emanados de um poste elétrico solitário do outro lado da rua, deixando seus arredores mergulhados em uma penumbra intensa. Segui com passos rápidos e silenciosos até a lateral da cerca divisória entre um e outro. Ao me aproximar do galpão de número dezenove, notei as frestas de luz em seu interior. Mantive-me atenta, com a pistola em punho, antes de me aproximar cada vez mais. Minha respiração era controlada, diferente do meu coração que palpitava frenético no peito. A cada passo dado em direção aquele lugar, era uma esperança a menos de que tudo fosse diferente do que realmente era. Gostar de Camila me fazia ansiar por sua inocência, mesmo quando isso se mostrava impossível.

Ela era culpada e isso não iria mudar.

Depois de analisar todo aquele barracão, enxerguei uma porta menor na lateral. Deduzi que Camila havia entrado pela principal, já que sua Ferrari não estava estacionada ao lado de fora. Aproximei-me da porta de ferro, tomando visão das correntes soltas que a mantinham fechada, e de forma cautelosa as retirei dos suportes, fazendo-a ranger baixinho. Merda! Suspirei pesado, parando por alguns segundos, apenas para me certificar de que não havia chamado atenção, antes de empurrar a porta suavemente, abrindo um espaço mínimo, porém suficiente para minha entrada.

O galpão estava cheio, havia diversos barcos antigos, alguns cobertos com lonase outros não. Mantive meus passos lentos e silenciosos entre um e outro, até me aproximar mais da claridade em seu interior. Minha arma estava erguida na altura necessária, tomando a direção para onde caminhava; não que eu planejasse usá-la contra Camila, mas fazia parte do costume policial. Mesmo com a distância, eu já conseguia ouvir algumas vozes, mas especificamente alguns murmúrios. Segui entre as embarcações, tomando todas as precauções necessárias para não ser descoberta. Quando me aproximei da última, tive uma ampla visão da reunião conduzida por Camila.

Não pode ser...

Por uma fração de segundos senti meu corpo inteiro esfriar. Era como se meu sangue tivesse parado de circular em minhas veias, tudo por um único motivo.

NormaniKordei.

A oficial se aproximou de Dinah, enquanto dialogava sobre algo, pareciam íntimas o suficiente para uma troca de carinhos. Eu não havia sido traída só por Camila, mas por um dos membros de minha própria equipe.

- Camila, acho que precisamos conversar antes de você ver. – Dinah murmurou.

Eu tentei me concentrar nas três mulheres mais a frente, afastando toda a fúria que tomava conta de mim. Até então Normani era uma das mais importantes oficiais de minha investigação, a mulher possuía um vasto conhecimento sobre informática, e trabalhou de perto obtendo conhecimento de todos os nossos passos. Foi tudo em vão, agora, eu sabia que tudo era obra de Camila.

- Conversar sobre o que? Estou esperando por esse vídeo a manhã inteira. Eu quero ver, agora. – resmungou a latina.

- É que...

- Dinah, o vídeo.

Dinah e Normani pareciam nervosas, quase que receosas. Havia algo muito pesado ali, algo que em breve iríamos descobrir. A loira suspirou e assentiu, recebendo um olhar encorajador de Normani. Camila as fitou tranquilamente, antes de sua melhor amiga estender o notebook em sua direção. Dei apenas mais alguns passos a frente, queria me manter perto o suficiente.

- Se acalme, Lauren. – sussurrei para mim mesma.

Camila se sentou e em seguida estendeu a mão até o notebook, provavelmente dando inicio a seqüência de imagens na tela. Depois de um determinado tempo sua expressão tranquila se transformou. Seus olhos estavam estáticos diante a tela iluminada e, só depois de alguns segundos, pude notar que ela lacrimejava.

- Camila... – Dinah sussurrou.

Minha cabeça fervilhava em curiosidade. O que Camila havia visto naquele vídeo? A mulher voltou seus olhos para a tela, enquanto as lágrimas desciam por seu rosto. Ela não tinha uma expressão de tristeza, suas feições agora indicavam outras emoções. Era raiva, revolta e, sobretudo, descontrole.

- Ele vai me pagar por isso hoje. Maldito...maldito.. – praguejou nervosa.

- Não, Camila! Você não pode perder a cabeça... – Dinah murmurou. – fique calma...

- Isso não vai ficar assim!

Camila ergueu seu corpo devagar, parecia perdida, transtornada. Algo naquele vídeo a tirou dos eixos em questão de minutos. Ela se afastou da mesa e só então pude ver claramente a pistola dourada em sua mão.

Céus, quem era aquela mulher?

- Céus! Tenta ficar calma. Não podemos dar um passo errado agora. Você pode ir presa ou até mesmo morrer.

- E você acha que eu me importo? – gritou. – Aquele maldito acabou com tudo, Dinah! Tudo! Ele...

Ela fechou os olhos, levando as mãos até a cabeça visivelmente transtornada. Camila parecia fora de si. E por alguns instantes, eu senti vontade de reconfortá-la por tamanha dor.

Não...

Não pode, Lauren.

- Eu sei! Eu sei! Mas nós já programamos como vamos nos vingar, não faça isso agora. – Dinah disse ao se aproximar, tocando suavemente os ombros de Camila, que tão logo se afastou.

- Isso é pouco demais para ele. Eu quero vê-lo completamente destruído, e eu serei a pessoa que vai fazer isso. – esbravejou, enquanto pressionava a arma contra a mesa. – eu vou matá-lo como sempre sonhei durante todos esses anos.

Recuei um passo e me encostei devagar em uma das embarcações. Minha respiração era pesada, intensa, perfeitamente sintonizada com os batimentos de meu coração. O que diabos Christopher havia feito para aquela mulher? Por que ela o odiava tanto? Camila agora não carregava somente seu ar persuasivo, havia algo mais. Era vingativa, impiedosa e má.

- Você nunca matou alguém, não pode fazer isso. Eu sei que você não é assim... – Dinah suplicou.

- Está tentando se convencer disso? – gritou Camila. – eu já não sou aquela pessoa de antes. Não consegue ver? Cansei, Dinah! Eu quero derrubar Christopher Collins e eu vou fazer isso hoje!

- Camila! – Normani exclamou.

Assim que a latina tomou impulso para se afastar com a arma em uma das mãos, algo em mim despertou. Eu não poderia simplesmente deixá-la ir e cometer um crime ainda mais grave por seu nítido descontrole emocional. Respirei fundo, e ergui meu corpo em solavanco.

- Você não vai fazer nada!

Os passos de Camila se estagnaram quase que automaticamente. Os olhares de Dinah e Normani se fixaram em minha direção, mesmo quando ainda não poderiam me ver, graças à escuridão entre os barcos. O galpão mergulhou em um silêncio temeroso, surpreso, tendo como único efeito sonoro as batidas de meus sapatos no chão empoeirado. Mais alguns passos, e por fim adentrei a parte iluminada.

- Não acho essa uma das coisas mais inteligentes a se fazer, levando em conta que vocês já estão encrencadas o suficiente.

As palavras saíram de minha boca em um tom desafiador, quase imponente. Entre os rostos a minha frente eu só conseguia notar os semblantes surpresos. Camila, Dinah e Normani me encaravam como se tivessem visto um fantasma.

- Lauren...não é bem assim.. – Normani sussurrou.

Um sorriso sarcástico deixou meus lábios, enquanto eu me aproximava cada vez mais.

- Chega desse teatro. Chega! – exclamei ao erguer a arma novamente. – fizeram um jogo quase perfeito, meninas. Quase. Acredito que você seja a peça principal, não é Camila?

- Lauren...

- Diga que é você! Anda! – gritei.

- Acalme-se! Deixe-nos explicar tudo. – Normani murmurava de forma tranquila, mesmo quando seus olhos indicavam seu nervosismo.

- Explicar? Quer me explicar como se tornaram criminosas? Mentirosas? Quer explicar como brincaram comigo esse tempo todo? Eu confiei em você! E em você.

- O que vai fazer? Hum? Vai nos prender? – desafiou a latina.

Minha respiração pesada fazia meu peito subir e descer rapidamente. Meu corpo inteiro se encontrava em um estado de pura adrenalina, enquanto minha cabeça fervilhava.

- Eu devia acabar com sua vida! Durante todo esse tempo me enganou, mentiu pra mim. Foi suja o suficiente pra se envolver comigo, e tirar informações.

- Você não sabe de nada!

- O que? Vai me dizer que se sente ofendida? – perguntei em um tom sarcástico. - Aposto que não. Gostou de brincar comigo, não foi? Gostou de me usar como uma peça qualquer do seu jogo imundo e ganancioso.

- Eu estive do seu lado...eu fiz muito por você!

- Do meu lado? Faça-me o favor! Você me usou! E pensar que... – eu meneei com a cabeça em um sinal negativo, sentindo aquela raiva se espalhar por todo meu corpo. – Me traíram.

Eu virei de costas por alguns instantes, e tão logo senti o toque suave em um de meus ombros.

- Lauren...eu não quis usar você.. – Camila sussurrou.

Em um solavanco virei meu corpo em direção ao dela, e segurei em seu pescoço com uma de minhas mãos, deixando ambas as mulheres alarmadas. Camila não se defendeu, não teve tempo para isso. Eu a empurrei contra um pilar de concentro, arrancando de sua boca um gemido surpreso de dor.

- Cala a boca! Cala a porra da boca! – esbravejei furiosa.

Eu não queria ouvi-la. Não queria explicação alguma. Nada iria amenizar o inferno causado dentro de mim. Eu sentia Camila engolir em seco contra minha mão que pressionava seu pescoço com força.

- Laur... – ela sufocava.

- Larga ela! – Normani gritou.

- Afaste-se! Afasta-se ou eu mato ela. – gritei ao apontar a arma em direção a Camila, fazendo com que Dinah e Normani recuassem.

O rosto de Camila estava ganhando uma coloração avermelhada, enquanto ela se esforçava para respirar. Minha mão apertava seu pescoço, enquanto ela me encarava fixamente. Sua boca entreaberta, engasgava em meio a uma respiração falha. Seus olhos castanhos me fitavam com um brilho indecifrável. Eu não sabia distinguir se a mulher sentia medo ou raiva.

- Eu confiei em você. Eu me permiti gostar de você...

Ela fechou os olhos e respirou fundo.

- Por favor. – suplicou.

Afrouxei minha mão ao redor de seu pescoço avermelhado, soltando-a de uma só vez. Camila me empurrou com força e tossiu insistentemente, enquanto buscava recuperar o ar que lhe tomei. Eu recuei alguns passos, puxando a respiração com força para dentro de meus pulmões, quando avistei a latina erguer a arma em minha direção.

- Não vai me matar agora, Jauregui. – disse ainda ofegante.

- E você vai me matar? Depois de tudo que fez comigo? Vai terminar seu jogo, matando quem você mais enganou?

- Vão embora daqui. – Camila ordenou para suas cúmplices

- Não vamos sem você... – Dinah retrucou.

- Vão agora!

- Camila...

- Vão!

As mulheres relutaram por alguns instantes, mas Camila se manteve firme em sua ordem, fazendo com que ambas as mulheres saíssem do galpão, deixando-nos completamente sozinhas com todo aquele emaranhado de sentimentos. O clima entre nós pesou como uma tonelada. Encarar aquela mulher agora tinha um impacto diferente sobre mim. Havia decepção, raiva, ódio, mas ainda sim, eu sabia que existia amor.

- Não me obrigue a fazer isso, Lauren. – murmurou de forma nervosa, enquanto apontava o cano de sua pistola dourada e reluzente em minha direção

- O que? Isso? – indaguei ao erguer minha arma novamente.

Estávamos de frente uma para outra, ambas com suas armas devidamente postas para dar um ponto final aquele jogo. Camila me encarava fixamente, como se buscasse força e coragem para persistir naquele combate. Suas mãos estavam trêmulas, bem como seu olhar marejado e perdido. Por incrível que pareça, Camila Collins agora não carregava seu poder sobre os ombros, pelo contrário, estava tão perdida como uma criança órfã.

- Atira! É única forma de concluir seu plano. – gritei.

- Para!

- Atire, Camila!

- Atire você! Não está com raiva o suficiente para isso? Não me odeia tanto a ponto de acabar com a minha vida? Faça de uma vez, é um favor que me faz!

Sua voz estava embargada, sufocada entre uma frase e outra, como se ela fosse desabar em um choro compulsivo a qualquer instante. Seu peito subia e descia em uma respiração pesada, deixando-me ainda mais instável diante de sua presença. Havia uma guerra dentro de mim, um conflito enlouquecedor entre meus sentimentos por aquela mulher. Eu a odiava agora, eu tinha raiva dela, mas nada era o bastante para deixar de amá-la. Camila era uma maldita substância tóxica que me fazia sentir viva.

- Não me provoque, eu posso acabar com isso agora mesmo.

Nós nos encaramos por um longo instante, como se nossos olhares pudessem transmitir toda aquela carga intensa de sentimentos que nos consumia. Camila suspirou pesado, fechando os olhos, enquanto seu dedo indicador se movia no gatilho da pistola. Suas mãos tremiam a olho nu, como se lhe faltasse coragem para dar o próximo passo.

Ela seria tão fria e calculista para me matar?

Ela faria isso?

Seus olhos castanhos se voltaram aos meus profundamente, como se pudessem adentrar minha alma, fazendo-me sentir um peso ainda maior. Eu senti meu corpo inteiro estremecer, seguido por um arrepio em minha nuca. Camila engoliu em seco, e depois de alguns instantes, seus ombros se encolheram e seus braços se abaixaram, desarmando-se por completo.

- Eu não posso fazer isso, não com você, não depois de tudo. – disse quase em lamentação.

Minha arma ainda estava erguida e perfeitamente apontada para ela. Eu não queria demonstrar fraqueza, não queria que ela percebesse o quanto me afetava.

- Mas se quiser, vá em frente. Faça! Mas antes...

A latina se afastoue seguiu em direção à mesa mais a frente, lugar onde repousou sua pistola de forma cuidadosa, em uma espécie de rendição silenciosa, deixando claro que nada mais faria. Com certo cuidado, virou o notebook em minha direção, dando-me a visão nítida da tela.

- Assista.

Eu demorei cerca de alguns segundos para abaixar a arma, buscando confiar em suas ações tão pacíficas. Aproximei-me lentamente, sem soltar minha arma, para clicar sobre o botão que iniciaria o vídeo.

As imagens se tratavam de uma câmera de segurança, em um provável estacionamento. O lugar que até então estava vazio, ganhou a presença de quatro homens, três deles eram: Christopher Collins, Heitor Martinez e Brandon James; o quarto homem era desconhecido, mas possuía o mesmo porte físico que os dois primeiros, mesmo aparentando mais idade. Pareciam discutir furiosos, notava-se pela maneira que esbravejavam entre si. As imagens eram um pouco escuras, mas ainda sim, notava-se nitidamente o confronto entre eles. O desconhecido meneou com cabeça em sinal negativo, e empurrou Christopher com força suficiente para que ele se desequilibrasse e caísse ao chão. Collins em contra partida, ergueu seu corpo em um solavanco, e partiu para cima do quarto homem, abusando de força bruta a ponto de deixá-lo no chão após uma seqüência de socos agressivos.

Ele estava sendo espancado.

Brandon por sua vez não o impediu, Heitor ainda tentou controlá-lo, mas de nada surtiu efeito, o homem só parou quando o outro já não tinha forças para se erguer. As cenas se avançaram, com uma edição para encurtar os fatos, agora trazendo a imagem do empresário andando de um lado para o outro; parecia nervoso, enquanto o comissário exclamava algo que nunca iríamos saber. Christopher o confrontou verbalmente, enquanto Heitor transparecia um semblante transtornado. Ele não parecia de acordo com aquilo. Todos ali pareciam nervosos. Mas apenas um deles tomou a frente.

Collins sumiu do campo de visão por alguns instantes, enquanto ambos os homens discutiam, mas tão logo o moreno voltou. Em uma de suas mãos havia um revolver, ou uma pistola, não era tão fácil de identificar com a má iluminação. Brandon e Heitor recuaram alguns passos, temerosos, quando o moreno mais alto voltou o armamento em direção ao quarto homem completamente machucado. O desconhecido se moveu devagar, como se tentasse reagir, ou até mesmo fugir de tal situação. Ele tossia sem parar, enquanto despejava sangue de sua boca cortada. Havia uma tentativa falha de se erguer, mas ele não tinha mais forças para isso. Heitor se aproximou de Christopher, como se quisesse impedi-lo, mas era tarde demais...

Em seqüência vieram três disparos a sangue frio e a vida daquele homem foi tomada.

As imagens pareceram ocorrer em câmera lenta. Os tiros acertaram em cheio o peito do homem completamente machucado ao chão, seu corpo recebeu os impactos da bala com força, forçando-o a se mover. Não demorou muito, e uma poça de sangue surgiu ao seu redor. Heitor avançou contra Christopher, totalmente desesperado, mas o homem apenas o empurrou, fazendo-o cair ao chão.

Meus olhos deixaram o monitor e se voltaram para Camila, que permanecia estática a minha frente, com um semblante vazio, quase que sem vida.

- Agora sim, faça o que quiser. – foram suas únicas palavras.


Notas Finais


Agora sim, até o próximo capitulo! Tenham paciência, quanto mais rápido os capítulos chegam, mais rápido a fic acaba!

Beijinhos, e não se esqueçam de fazer Stream para Crying In The Club!


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