História XO's - Boy Without A Car

Boy Without A Car

Pretty face, I wanna tell you something
But I'll just wait, while you keep me hanging on
And on, and on, your every word

POV PJ

Ela levantou a sobrancelha e repetiu novamente a pergunta, já que da primeira vez não obteve resposta:

– Algum problema?

– Não é o que você esta pensando. – tentei me defender, possivelmente corado.

– Você não deveria dizer isso, Jackson. Sabe, você não sabe o que eu posso esta pensando. – ao falar isso, em seu rosto abriu-se em um sorriso, tipo aqueles dos filmes em que os psicopatas dão ao torturar sua vítima de modo excruciante. Tentei não parecer nervoso.

– Eu não estava...

– Deixe-me terminar. Posso estar pensando que você subiu até meu quarto para me olhar de pijama após o banho, o que me faz pensar que você não passa de um adolescente tarado e que está pendurado aqui há muito tempo. Ou posso pensar que você veio pedir desculpa e falar como você é um completo imbecil por me fazer esperar para o trabalho, para depois fazer tudo sozinha. Deve ter vindo dizer como foi mancada e que eu tenho toda razão para querer te dar um soco no meio desse seu nariz, fazendo você cair e, se Deus quiser, quebrar um osso...

Se eu não tivesse debruçado em uma janela, estaria de joelhos para desculpar-me.

– Desculpe. Sou um completo imbecil. Foi mancada. Por favor, não me bata de verdade. Vamos ficar só com o pensamento, combinado?

–... Mas se não é o que eu estou pensando, por que esta aqui?

– É uma longa história, mas resumidamente. Estou perdido e encharcado.

– Não tem carro?

– Tecnicamente, tenho.

 – E por que está sem ele?

– Não tenho carteira.

– Claro que não.

– Por favor.

– Por favor, o que?

– Pode pedir um táxi para mim? Por favorzinho.

Ela suspirou.

– Entre.

Ao entrar, não pude deixar de achar que o quarto fosse um tanto infantil. As paredes era em um tom metade branca e metade um degrade rosa. Alguns bichinhos de pelúcia e uma estante de livros também complementavam as decorações do quarto.

– Essa é a casa do meu pai – explicou-se, provavelmente notando minha distração. – Ele não mudou nada. Já que nunca para aqui e eu venho pouco, não tem para quê mudar a decoração.

– Hum... Sobre o trabalho.  Desculpa, de verdade...

– Deixe isto de lado. Deus! Percy, você esta encharcado.

– Percebi isso, obrigada.

Ela saiu do quarto, o que me deixou um tanto desconfortável.

 O celular dela havia começado a tocar e eu realmente fiquei curioso. Aproximei-me devagar. Cinco ligações perdidas de tal de James. Talvez o possível namorado dela.

– Só me explica uma coisa: Como você veio parar aqui? – perguntou ela. Levei um susto e me afastei antes que      Annabeth percebesse que estava olhando seu celular.

– Pelas rodovias do subespaço. – falei, com um sorriso em deboche.

Ela me olhou em interrogação.

– Esquece – suspirei. – você não compreendeu a referencia.

– Ok... Bem, tome. – ela me entregou uma muda de roupas e uma toalha. – sim, são do meu pai. Estranho, eu sei. Só tome um banho. Você esta realmente muito molhado. Se quiser, durma aqui hoje. Amanhã cedo, chamo este táxi. Já esta exageradamente tarde.

– Obrigada...

O celular voltou a tocar. Cerrou os olhos, como se não quisesse ouvir isso. Por fim, pegou o celular e mais algumas coisas em cima de seu criado mudo. Virou-se para mim, forçando um sorriso doce.

– Pode dormir aqui. Eu durmo no outro quarto.

– Annabeth... O-obrigado.

Antes de sair se virou para mim.

– Rodovias do subespaço... Já ouvi isto em algum lugar.

Sorri.

It's 3 A. M., and we're just sat here talking
About your friends, but we don't care about them
At all, I just wanna swallow you up

Pov Narrador

Para Annabeth, a semana já havia sido cruel suficiente.

James decidira viajar com a família, faltando durante toda a primeira semana de aula. Contudo, Annabeth sabia o real motivo dele não ser capaz de ir mais nenhum dia sequer. Seu namorado não queria encara-la.

Durante toda a sexta-feira, ele telefonou-lhe. Annabeth não atendia nenhum recado. Sabia o que ele queria. Tinha noção do que James ira dizer-lhe, e com certeza não queria magoar-se mais.

Tinha que admitir que ficara feliz quando Percy apareceu de repente. Ao menos ela tinha uma desculpa para não se por para baixo.

No final, atendeu o telefonema. E arrependeu-se. As palavras que ele disse realmente doeram. Ela sabia que iriam terminar pelo modo como o namorado agia com a mesma desde segunda. Contudo, o jeito como James falou, o que ele disse e o ódio em suas palavras, machucaram realmente Annabeth.

Estava com um livro aberto e seus óculos que ela realmente só utilizava quando ia ler algo, e permitiu-se chorar.

– Você esta bem? – perguntou uma voz gentil.

– Percy... – sussurrou – estou ótima. Só uns problemas.

– Uns problemas com James?

– Você o conhece?

– Vi o nome em seu celular... – admitiu abaixando o olhar. – seu namorado?

– Não mais.

Ele ficou vermelho.

– Desculpa.

– Tudo bem...

Percy se sentou no sofá junto a ela, silenciosamente. Não se pronunciou da mesma forma que Annabeth não permitiu-se mais chorar.

– Sem menções, por favor. Como você veio parar aqui?

– Sinceramente?

Ela assentiu. Ele contou-lhe do incrível encontro que Rachel programara para ele.

– Não acredito – disse ela começando a rir.

– Pois é, um encontro com uma menina que não sei o nome e com namorado.

– Bem, não posso dizer nada da Rachel. Uma vez, fiz Cindy sair com um cara, no fim ele era gay.

– Já passei por isso.

– O que?!

 – Uma vez Rachel me fez sair com um amigo gay dela. Quando eu e minha última namorada terminamos, minha querida amiga achou que eu estava passando por uma fase confusa.

Annabeth começou a chorar, só que dessa vez de rir. Os dois se entreolharam por longos segundos.

– Esse James é um idiota por te fazer chorar.

– Acho que a errada realmente sou eu.

Seus olhos cinza voltaram a arder, o que fez Jackson ficar angustiado com a ideia das gostas cristalinas voltarem a escorrer em seu rosto.

– Você é incrível, Annabeth. Não importa o quanto ele tente provar o contrario.

Ela não aguentou e desabou. Naquele momento teve certeza, Percy nunca ouvira nada a seu respeito. Ele a tratava como se Annabeth fosse o que a garota desejava ser: só uma pessoa normal, especial, mas normal.

– Prometa-me que não mudara sua opinião sobre mim, mesmo quando ele contarem para você tudo que acontece.

  Ele não respondeu, tomou a liberdade de puxar o rosto da garota para perto de si, juntando seus lábios em um beijo lento.

And I'm wondering how we got this far
I'm just another boy without a car
Oh, how I wish that you could say you feel the same way

– Percy... – ela murmurou quando se separaram. – você é um amor, mas...

Ele calou-se.

Puta que pariu - pensou. - sou um gênio.

Percy já tinha visto tudo. Iria dizer que era cedo de mais, ou qualquer outra coisa para dar-lhe o fora. Não o expulsaria de sua casa, era boa de mais para isso, mas nunca mais olharia para cara dele. O moreno era somente um garoto sem um carro.

– Des... Desculpa – pediu ele.

– Não... Não. É que eu acabei de terminar. Isso é errado com você. Eu sei... Só que...

Desejou-se internamente um “parabéns” irônico. Além de ser um completo babaca, era insensível.  

Ela o puxou para outro beijo, no qual o garoto demorou a corresponder pela surpresa.

– Desculpa – pediu ela. – isso vai ser uma em um milhão, esta bem? Eu estou angústia por essas palavras, Percy. Não me odeie, tudo bem? Só me entenda, preciso me sentir um tanto acolhida...

Ele a abraçou e ela deitou a cabeça em seu ombro, deixando-se levar, deixando as lágrimas escorrerem e, finalmente, dormir.

You always got me wanting more
I've never met a girl like you before
Oh, how I wish that you would stay with me
for another day