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História Yeolight - Soft Light


Escrita por: moonhwa

Notas do Autor


Olha aqui eu um mês depois! Haha mil desculpas, o comeback do EXO me desestruturou. Mas estamos de volta aos trabalhos. Esse capítulo é bem fluffy mesmo e nada muito importante acontece. Quer dizer, existe uma mudancinha importante no Baekhyun, vocês vão ver.
Com o Baekhyun eu trabalho com detalhes mesmo, porque é um personagem delicado e um tanto complexo. Pequenas ações tem proporções grandes nele, por conta do que ele passou.
No próximo capítulo pretendo abordar as idas do Baek no psicólogo, vai ser então um pouco mais profundo, digamos.

E ainda tem a conversa dos dois com a diretoria da escola, com a ajuda da Sooyeon, né? E o final vai ser estrondoso, um grande evento. Um evento. Olha eu dando dicas. Pensem nisso :)

Boa leitura.

Capítulo 13 - Soft Light


- Agora não tem mais volta.

As mãos pequenas e enluvadas deslizaram uma última vez pelo cabelo agora pastoso e já bem mais escuro. Baekhyun riu, virando o rosto de um lado para o outro e já começando a se sentir uma nova pessoa.

- Não quero que tenha volta – murmurou, forçando a memória e tentando lembrar qual fora a última vez que se viu de cabelo castanho. Provavelmente na pré-adolescência, quando ainda não ligava muito para a aparência. Quando descobriu que poderia ter a cor de cabelo que quisesse, descoloriu tudo aos quinze anos e daquele dia em diante passou a ser o Baekhyun loiro. Os pais odiaram, é claro, mas ele amou. Era assim que se identificava e aquilo funcionou por anos...

Mas agora, pela primeira vez, sentiu vontade de mudar. Ou melhor, voltar ao seu tom original. Muita gente diz que mudar algo da aparência nos ajuda a virar uma página na vida e ele estava disposto a tentar. Chegou a comentar com Chanyeol algumas vezes no último mês e o namorado se mostrou muito empolgado com a ideia, parecendo curioso para saber como ficaria.

E agora saberia.

Havia chegado o dia da apresentação de Jongin, o vizinho de Chanyeol, e Baekhyun e Kyungsoo estavam se arrumando no banheiro do apartamento pequeno do amigo. O professor queria fazer uma surpresa para o namorado e deu um jeito de passar em uma farmácia depois da aula para comprar a tinta que gostaria de utilizar, pedindo ajuda para o melhor amigo para pintar.

Não imaginava como um simples gesto poderia mudar sua autoestima daquela forma. A coloração nem havia sido finalizada, ele ainda estava com a tinta agindo no cabelo, e já estava se sentindo muito bonito. Não que hoje em dia estivesse se achando feio loiro, gostava do cabelo daquela forma, mas a mudança o estava surpreendendo. Sentia como se fosse saudável, não sabia explicar... era como se aquele detalhe o estivesse ajudando a esquecer certos acontecimentos desagradáveis do passado.

Era um novo Baekhyun, apesar de ser o mesmo de sempre.

- Você fica bonito de qualquer jeito, argh. Achei que nada iria superar o loiro, mas cá estamos... parece um ator daqueles filmes antigos. Muito elegante, parabéns.

O tom mal humorado da voz de Kyungsoo o fez rir antes de agradecer, observando o amigo tirar as luvas e as jogar no lixo. Estava sentado na tampa fechada da privada com um saco de lixo em volta do pescoço para não manchar suas roupas. Alcançou o celular novo em cima da pia e o desbloqueou, pronto para mandar uma mensagem perguntando se Chanyeol já estava se arrumando. A apresentação estava marcada para às 22h00min e o namorado iria buscar os dois às 21h00min. Ainda era 20h10min, mas Baekhyun não gostava de se atrasar.

- Vou tomar banho enquanto sua tinta faz efeito, depois pode usar o chuveiro. Se importa? – O amigo nem esperou ele responder e tirou a camisa, mas Baekhyun mal notou. Já digitava a mensagem concentrado.

- Já vi você pelado e você já me viu pelado também... fique à vontade – respondeu, depois de quase um minuto de atraso. Kyungsoo já havia ligado o chuveiro e entrava embaixo da água quente.

“Amor... já está se arrumando? Acho indelicado chegarmos atrasados nesse tipo de evento. E acho que precisamos levar pelo menos um buquê de flores de presente para Jongin...”

Recebeu uma foto como resposta nos dois minutos seguintes. Chanyeol, já completamente vestido com seu smoking, segurava um belo buquê de rosas amarelas e sorria de canto. Baekhyun controlou a arfada presa na garganta. Aquele era o homem de sua vida. As flores nem eram para ele, mas de qualquer jeito...

- Sabe algo sobre esse Sehun? Será que tenho chances de desencalhar hoje?

A voz do amigo ecoou pelo banheiro enquanto ele esfregava a cabeça. Baekhyun levantou o olhar e o encarou através do vidro embaçado.

- Não o conheço, só sei que está solteiro. E que é muito bonito e engraçado, segundo Chanyeol...

- Você por acaso fala assim de mim também? Que sou bonito e engraçado? Sei que é discreto, mas poderia me ajudar de vez em quando... – Kyungsoo retrucou, os olhos fechados esperando a espuma cheia de sabão escorrer dos olhos.

- Quem disse que você é engraçado, Soo? Bonito sim, agora eng... – Baekhyun decidiu provocá-lo, segurando um sorriso.

- Ora... como se atreve, está sentado na minha privada... – O músico o interrompeu, passando os dedos nos olhos, e devolveu um olhar enviesado para Baekhyun.

- Termine logo, está gastando água! Só saberemos se vai rolar um clima na hora, não sou muito bom com previsões...

Kyungsoo grunhiu insatisfeito e não demorou para finalizar seu banho, deixando o banheiro todo só para Baekhyun e indo se vestir em seu quarto. Antes de entrar no chuveiro, respondeu a foto do namorado da forma mais brega possível. De vez em quando se dava ao luxo de soar patético, só porque não conseguia controlar tanto amor e admiração dentro do peito.

“Meu príncipe. Só meu. Meu, meu, meu.”

Corou, bloqueando o celular sem nem ver a resposta. Ele mesmo percebia o quão contraditório poderia ser... não tinha vergonha nenhuma na hora do sexo, mas quando se tratavam de momentos mais carinhosos e cotidianos, travava. Realmente, não estar acostumado com carinho deixa você sem ação. Pelo menos de início, e ainda estavam no início de tudo.

Entrou para baixo da água e tentou remover a tinta e lavar os cabelos o mais rápido possível, era um usuário consciente e nunca levava mais de cinco minutos tomando banho. Quando saiu e enrolou a toalha na cintura, já pode encarar seu reflexo moreno no espelho meio embaçado. Era outro homem.

Aliás, era o mesmo... mas outro. Fazia algum sentido?

Sorriu de canto, encarando-se por todos os ângulos. Virou o rosto para os lados, inclinou a cabeça para baixo, elevou o queixo. E não é que estava mesmo parecendo um daqueles atores de film noir? Nunca esteve tão misterioso! Admirar seu rosto já adulto com sua cor de cabelo original era uma experiência e tanto. Estava bonito mesmo, o novo tom entrava em total harmonia com sua pele alva que agora... não possuía mais nenhuma marca. Nenhuma marca roxa, nenhum corte. Parecia dramático se pensasse assim, mas era verdade... fazia mais de dois meses que alguma parte de seu corpo não estava dolorida.

As bochechas estavam até coradas naturalmente! Ou devia ser porque estava ansioso? Ora... seria um ambiente novo para ele. Pessoas sofisticadas da alta classe... só havia visto aquilo em filmes. Será que se sairia bem? Pelo menos teria Kyungsoo ao seu lado, que lhe compreendia, apesar de não dar a mínima para o que acham dele. Oh, Baekhyun não... Baekhyun se importava, sim. Porque em breve, quando assumisse seu relacionamento com Chanyeol, teria de frequentar alguns lugares assim. Precisaria se adaptar emocionalmente àquele tipo de situação. Relacionamentos são trocas, certo? Chanyeol doava-se tanto... Baekhyun precisava retribuir. Por mais desconfortável que ficasse no meio daquela gente rica.

O celular vibrou em cima da pia e ele acordou de sua breve ponderação, pegando o aparelho nas mãos e já vendo o nome do namorado na notificação da tela bloqueada. Sorriu, mordendo o lábio inferior, sem nem ler a mensagem. Só de ver o nome dele ali já era dominado pela euforia. Não, ainda não havia se acostumado.

“Não vai mandar uma foto sua? Estou saindo de casa, mas o caminho até aí é longe. Me ajude a passar o tempo quando os semáforos fecharem.”

Baekhyun riu baixinho. Chanyeol era assim o tempo inteiro, sempre falando besteiras daquele tipo só para fazê-lo sorrir. Mas... oh, não podia mandar uma foto. Primeiro porque ainda não estava vestido, e segundo porque não queria que o namorado visse seu cabelo antes da hora. Essa surpresa ele gostaria de guardar na memória, a expressão no rosto do namorado seria eterna.

Abriu a câmera do celular e deu um jeito de tirar uma foto que pegasse apenas dos lábios para baixo, até um pouco antes da barriga. Não era a intenção mandar uma semi-nude daquelas, mas ainda estava de toalha. Sabia que aquilo provocaria uma reação indignada em Chanyeol antes mesmo de apertar em enviar.

“Baekhyun! Está me provocando? Droga. Você não pode me deixar com vontade de te encher de beijos logo antes de aparecermos em público.”

Riu de novo, agora digitando uma resposta.

“Vai entender quando me vir. Não foi minha intenção, mas sinta-se livre para preencher de beijos cada centímetro do que apareceu nessa foto quando voltarmos para casa. Talvez eu cobre. Pare de me distrair e venha logo nos buscar, preciso me vestir. E não abra essa foto na direção, está lendo bem? É perigoso. Estou falando sério.”

Enviou, esperando pela última vez a resposta, aproveitando para colocar desodorante.

“Do quê está falando? Vou entender quando o vir? E pode ter certeza que vou fazer isso, e não só o que apareceu na foto... sabe como você me deixa insaciável. Quem mandou ter um gosto tão bom? Nunca vi disso, sua pele parece comestível. Nossa, eu sou um canibal. Assustador. Olha o que você fez eu me tornar? E pode ficar tranquilo, vou estar atento. Às 21h00min estarei batendo na porta do Kyungsoo. Te amo muito.”

O corpo inteiro se arrepiava quando ele finalizava as mensagens daquele jeito. Aquelas palavras... as palavras favoritas de Baekhyun. Poderiam se comunicar só através daquelas palavras que ele nunca iria cansar. Será que Chanyeol já havia percebido o quão importante para Baekhyun era ler ou ouvir aquelas palavras? Talvez mais do que para as pessoas comuns, que não haviam passado pelo que ele passou? Quer dizer, um “eu te amo” pode se tornar um tanto corriqueiro para alguns, mas para ele... Significava um universo inteiro. Um universo novo. Seu novo universo.

“Eu te amo muito, Park Chanyeol. Obrigado.”

Era bobo, mas ele se pegava agradecendo de vez em quando. Soava estranho, mas para ele não era estranho. Chanyeol merecia tanto sua gratidão...

“Pelo quê, amor? Não me assusta. Está sendo irônico?”

Aquela conversa não iria acabar se ele não se despedisse. Riu pela última vez – agora era sério – e digitou.

“Não estou, só senti vontade de agradecer. Por você existir. Só isso. Obrigado por existir. Agora tchau mesmo, preciso me vestir.”

Bloqueou o celular e saiu do banheiro. Havia deixado seu smoking pendurado na porta do quarto de Kyungsoo e, quando a empurrou pois estava entreaberta, levou um susto. Nunca havia visto o amigo naqueles trajes! Kyungsoo estava lindo. Sorriu, todo bobo.

- Ah, amigo. Hoje você conquista alguém. Sehun? Não sei, não faço ideia. Mas alguém você vai conquistar. – falou, cruzando os braços e admirando o corpo pequeno dentro dos trajes finos.

- Baekhyun! Meu Deus, você está muito diferente. Arrume o cabelo depois, sei que odeia usar o secador mas quero ver ele arrumadinho. Pode se vestir aqui, vou esperar você na sala se quiser ajuda com o cabelo depois.

Baekhyun bufou mas agradeceu. Em dez minutos já estava vestido, com todas aquelas partes complicadas do smoking em seus devidos lugares, menos... a gravata borboleta. Aquela maldita ele não fazia ideia de como colocar. A deixou pendurada no pescoço, pediria ajuda para Chanyeol quando ele chegasse. A gravata do smoking de Kyungsoo era do tipo comum e esse, pelo menos, os dois sabiam arrumar. Agora a borboleta era um grande mistério.

Submeteu-se aos cuidados do amigo na hora de arrumar os cabelos. Kyungsoo o obrigou a sentar novamente na tampa do vaso para que pudesse fazer uma escova decente nos cabelos que não estava tão curtos assim apenas para secar com as mãos. Quando Chanyeol secava seus cabelos era um milhão de vezes melhor porque ele era delicado e lhe dava beijinhos durante todo o processo, ao contrário de Kyungsoo que o acertou na cabeça com a escova diversas vezes e quase queimou seu couro cabeludo.

- Parecia que você estava tentando me fazer confessar algo sob tortura – Baekhyun resmungou, encarando o cabelo escuro escovado na frente do espelho do banheiro. A franja estava dividida ao meio, então ele colocou-a toda para um dos lados para ver como ficava, mas não conseguiu se decidir. Na verdade, havia gostado dos dois jeitos.

- Eu acabei de arrumar seu cabelo e você reclama? Sabe a falta que eu vou fazer na sua vida quando ir morar com Chanyeol?

- Ele arruma meu cabelo e me enche de beijos. Você não sabe arrumar cabelos – Baekhyun sorria enquanto encarava Kyungsoo através do reflexo. O amigo lhe estreitou os olhos ameaçadoramente e o agarrou pela nuca de forma agressiva. Baekhyun tentou empurrá-lo mas acabou recebendo uma lambida nojenta na bochecha.

- Toma seu beijo, garoto chato. Manhoso insuportável.

Estava pronto para retrucar quando a campainha tocou. Lançou um olhar assustado para Kyungsoo, que levantou as sobrancelhas e deu uma olhada no relógio. Haviam se distraído com o cabelo novo de Baekhyun e nem perceberam que já era 21h. Baekhyun correu até o quarto do amigo e abriu a própria bolsa, procurando o perfume que Chanyeol havia lhe dado de presente – fora de ocasião, é claro, o namorado vivia lhe dando presentes que não precisava. Era o melhor que já havia usado e sabia que o empresário ficava doido quando colocava.

Ouviu Kyungsoo abrindo a porta e cumprimentando Chanyeol, algumas trocas de frases irônicas e um silêncio suspeito logo em seguida. E então ouviu Kyungsoo falando para Chanyeol sentar no sofá e esperar Baekhyun.

- Ele é o namorado dos sonhos de qualquer um – Kyungsoo sussurrou na porta do próprio quarto. – Você é um sortudo da porra.

- O que houve? – Baekhyun perguntou, devolvendo o frasco dentro da bolsa, mas já abrindo um sorriso tímido.

- Ué, venha ver com os próprios olhos.

Baekhyun franziu o cenho mas o acompanhou até a sala, passando as mãos nos fios escuros uma última vez, torcendo para que estivessem decentes. Chanyeol levantou o olhar quando os viu passando pela porta, e seus lábios se entreabriram. Permaneceu longos segundos com os olhos vidrados em Baekhyun, que sorria de canto com as mãos unidas atrás do corpo. Kyungsoo já estava rindo da cena, só faltava pegar o celular para filmar os dois.

- O quê... como... quando...? – Chanyeol murmurou, todo confuso, enquanto levantava do sofá e assim Baekhyun percebeu um buquê ao seu lado, diferente do que ele havia mandado na foto por mensagens. Esse era de rosas vermelhas. – O quê... quem é você...

Baekhyun riu, fechando os olhos ao sentir as mãos de Chanyeol, que agora já havia parado na sua frente, lhe segurando o rosto para o analisar mais de perto. Logo recebeu um selinho longo nos lábios e sorriu entre o beijo, o encarando quando o empresário se afastou, mas manteve sua testa encostada na do professor.

- Ah, é o meu namorado – Chanyeol murmurou, lhe dando mais um beijo, dessa vez mais rápido. – Você está lindo. Caramba. Custava me avisar? Quase caí duro. – Afastou-se melhor, levando uma das mãos até a franja escura e passando os dedos por entre os fios. – Nossa – Suspirou, escorregando os dedos pela bochecha e lhe acariciando. – Parece a versão caída do anjinho loiro de antes. Gosto. Muito.

- Está me chamando de anjo caído? – Baekhyun arregalou os olhos, simulando indignação.

- Estou. Porra, e como estou. Se Kyungsoo não estivesse nos encarando agora eu iria arrancar sua roupa todinha e implorar para que você me desvirtuasse.

- Ew – Kyungsoo murmurou, afastando-se para fechar as janelas da sala. Os dois riram e Baekhyun apontou para a gravata borboleta aberta.

- Preciso de ajuda – falou, rindo sem graça. Chanyeol piscou, parecendo se dar conta só naquele momento que o namorado estava vestido daquele jeito. O admirou por um instante, distraído.

- Baekhyun... você tem noção de que é o homem dos meus sonhos? – comentou, pegando os dois lados da gravata e começando a fazer o nó com a mesma naturalidade que usava para escrever em um papel. O comentário fez o professor lhe dar um tapinha no ombro, tímido.

- Pare com isso – Baekhyun sussurrou, morrendo de vergonha.

- Nem deveria estar fazendo esse nó se daqui a algumas horas vou ter que desfazer de novo... se bem que desfazer sua gravata vai ser o suficiente para me deixar duro – Dessa vez sussurrou também, Baekhyun precisou se esforçar para ouvir. Lhe deu um segundo tapinha e, quando Chanyeol finalizou o nó, ele lhe agradeceu com um selinho e logo esticou o olhar para o buquê em cima do sofá.

- Não eram amarelas? – perguntou, curioso. Chanyeol sorriu, o soltando e se aproximando do sofá para pegar o buquê. O levantou na frente do próprio rosto, deixando apenas os olhos a vista e fazendo Baekhyun rir.

- Ainda são amarelas, mas estão no carro. Aquelas são do Jongin, mas essas são suas – Ele lhe entregou o buquê e Baekhyun o pegou, como se estivesse segurando um bebê. Era até bem grande. Seu rosto já estava todo corado, não quis acreditar na delicadeza e na sensibilidade de Chanyeol.

Ele era inacreditável. Com certeza ainda estava preocupado com o dia em que conheceram Jongin e Baekhyun lhe questionou o porquê de não ter se apaixonado pelo bailarino. Deve ter pensado que o namorado iria sentir ciúmes – imagina só, é claro que Baekhyun não sentiria ciúmes de rosas como cortesia – e comprou para ele também. Ah, céus. Se apaixonava cada dia mais e mais.

Fechou os olhos e cheirou as flores, encantado.

- Se eu pudesse lhe dava um jardim, mas eles só vendiam buquês mesmo. – Chanyeol comentou, observando Baekhyun admirar as flores.

- Não precisava, seu bobo. Mas amei, obrigado mesmo por lembrar de mim. – Baekhyun voltou a encará-lo, ainda todo corado.

- Lembrar de você? Tá brincando? Eu não esqueço você nem por um segundo, Baek...

- Argh, tudo bem, chega disso. – Kyungsoo os interrompeu, se aproximando. - Vamos andando. Conversem sozinhos depois, amigos solteiros deprimidos não precisam ouvir essas coisas lindas. Vocês dois são insensíveis demais comigo.

- Desculpe, Kyungsoo. Se der sorte você e Sehun se apaixonam hoje e podem ter momentos assim quando quiserem – Chanyeol falou, fazendo Baekhyun rir e Kyungsoo sorrir amarelo.

- Por favor não me constranjam na frente dele. – Kyungsoo resmungou, já se encaminhando para a porta e sendo seguido pelos dois. - Não é como se eu estivesse desesperado. Eu estou bem. Só precisando transar e talvez receber um pouco de carinho. Não ligava para carinho tanto assim mas ver vocês dois interagindo fez minhas prioridades mudarem. Argh, odeio vocês. Odeio, odeio, odeio.

- Puxa. Não quero ser estraga esperanças, mas Sehun não é muito carinhoso... – Chanyeol murmurou, agora já estavam no corredor do andar e Kyungsoo trancava a porta atrás de si.

- Para, amor. Ele pode mudar pelo Soo. Não estraga as chances dele antes mesmo de se conhecerem. – Baekhyun o repreendeu, recebendo um olhar entediado do amigo.

- Já podem parar de falar de mim. Voltem com aquelas baboseiras melosas que eu finjo que me deixam enjoado mas por dentro fazem minha alma apodrecer e envelhecer de inveja.

Os dois riram e Baekhyun puxou o amigo para um abraço de lado, equilibrando o buquê no outro braço, enquanto Chanyeol apertava no painel do elevador.

- Sabia que você está parecendo um pinguinzinho fofo?

Kyungsoo corou e sorriu sincero, mas evitando encarar o amigo que agora cutucava sua bochecha com o dedo indicador.

 

***

Baekhyun não imaginou que perderia o ar apenas por causa de um lugar. Acreditava que pessoas eram capazes de deixar outras boquiabertas, sem palavras e encantadas. Coisas vivas eram capazes disso. Mas o teatro onde Jongin iria se apresentar era majestoso, era como entrar em um túnel do tempo e ser transportado para dois séculos atrás. Todas as pessoas a sua volta extremamente bem vestidas no imenso hall de entrada bem iluminado por lustres igualmente majestosos conversavam em diversas rodinhas, todos polidos e inabaláveis. Como se estivessem na cozinha de casa. Baekhyun queria sair por aí e analisar cada detalhe, ser escandaloso e impressionado, queria até tirar o celular do bolso e bater fotos.

- E aí? Bonito, né? – Chanyeol murmurou, cruzando os braços e encarando os dois baixinhos que tentavam controlar o choque e agir como se nada demais estivesse acontecendo. Kyungsoo pigarreou, desviando o olhar do lustre gigante e encarando o empresário com os olhinhos redondos brilhando.

- Já agradeci pelo convite? Estou me sentindo a Cinderela.

- Já, umas vinte vezes no carro – Chanyeol riu. Fez menção de esticar o braço e pegar na mão de Baekhyun mas pareceu perceber onde estava e desistiu no caminho. Kyungsoo percebeu e suspirou, lhe lançando um olhar compreensivo e amigável.

- Falta pouco – O músico sussurrou, mais mexendo os lábios do que emitindo algum som, e Chanyeol concordou com a cabeça, sorrindo agradecido e cruzando os braços. Baekhyun continuava olhando em volta e nem percebeu o que havia acontecido.

- Ah, olha ali Sehun – O empresário comentou, empolgando-se, e abrindo um sorriso cômico para o amigo alto que se aproximava. Colocou os olhos primeiro em Baekhyun e franziu o cenho, pulando então para Kyungsoo.

- Olá... – murmurou, parecendo confuso. – Estou confuso. Byun Baekhyun não era loiro? Qual de vocês dois é Baekhyun?

Os três riram e Chanyeol esticou o braço, encostando no ombro de Baekhyun e o puxando discretamente para perto de si.

- Este é o homem da minha vida, Sehun – Chanyeol respondeu, em um volume mais baixo para que só os quatro escutassem. – Baekhyun, esse é o meu melhor amigo, Oh Sehun.

Baekhyun sorriu acanhado e lhe esticou a mão para que Sehun apertasse.

- O baixinho é bonito mesmo, Chanyeol. Você é um safado – Sehun comentou para todos ouvirem e Baekhyun riu de verdade, colocando uma das mãos na frente da boca. – E você é Kyungsoo, certo? – O secretário continuou, agora mais sério e educado. Estendeu a mão para o músico apertar, que o fez com um sorriso amarelo. – Prazer, Oh Sehun. Estão tentando arranjar nosso namoro mas não se sinta pressionado.

Kyungsoo arregalou os olhos e riu. Baekhyun e Chanyeol assistiam a cena como se estivessem assistindo o melhor filme de comédia romântica do ano.

- Estou muito tranquilo, obrigado pela preocupação – Kyungsoo respondeu, logo recuperando seu tom irônico de sempre. – Altura vai ser um problema.

- Ora, claro que não... olha pra eles. – Sehun apontou para os dois, que riram. – Casal invejável, não?

- Não faz ideia. Não aguento mais conviver com eles e me sentir patético por não ser nem metade doce e encantador.

- Também não sou. Não faço questão, Chanyeol é exagerado. Apesar de eu nunca ter visto ele assim antes. É, o amor muda as pessoas.

O diálogo era baseado em ironia e sarcasmo, é claro, e Chanyeol e Baekhyun surpreenderam-se com a facilidade que os dois começaram a se dar bem. Só que o professor tinha a leve impressão de que o clima era mais amigável do que qualquer outra coisa, mas preferiu não tirar conclusões precipitadas.

Logo entraram no teatro e ocuparam seus lugares, deram um jeito de deixar Kyungsoo e Sehun um ao lado do outro de propósito, mas também queriam sentar juntos para poder terem mais contato, obviamente. Bastaram as luzes diminuírem um pouco para Chanyeol estender o braço e apoiar a mão na perna do namorado, por cima do braço da poltrona.

- Não tem medo que vejam? – Baekhyun sussurrou, próximo de seu ouvido. As luzes estavam fracas mas o primeiro ato ainda não havia começado, portando as pessoas conversavam distraídas.

- Deixe que vejam o quão sortudo eu sou – Chanyeol respondeu, os lábios próximos dos do namorado. Baekhyun corou, abraçando o braço esticado do empresário e encostando a cabeça em seu ombro. Já estava meio escuro mesmo, ninguém iria dar atenção a eles. E se as pessoas de trás notassem, grande coisa. Não os conheciam. Quer dizer, talvez até reconhecessem Chanyeol mas com certeza não sabiam quem era Baekhyun, ainda mais agora que estava moreno.

Sehun e Kyungsoo continuavam uma conversa até bem animada ao lado deles, mas se calaram quando tudo ficou escuro por completo e a apresentação começou. Jongin era um dos protagonistas, portanto não demorou para aparecer. Baekhyun explicou aos sussurros para Kyungsoo quem era o vizinho de Chanyeol e imaginou que Sehun já deveria saber quem era por se conhecerem a mais tempo. O músico concordou com a cabeça sem tirar os olhos do palco. Parecia mais fascinado do que o seu normal, e olha que Baekhyun conhecia o normal de Kyungsoo. Estava mesmo entregue ao fascínio. O professor sorriu e desviou os olhos do amigo, voltando a assistir a apresentação.

A história, é claro, era magnífica. Muito intensa, Baekhyun se arrepiou diversas vezes e até viu de canto do olho Kyungsoo levar a mãozinha até os lábios vez ou outra. Precisou controlar a vontade de rir do amigo.

Jongin era incrível no palco, possuía uma leveza que não cabia em palavras. E era lindo, é claro. Baekhyun poderia assisti-lo por horas seguidas que não iria se cansar. Era um verdadeiro artista, nascido para estar nos palcos. Nos três atos arrancou suspiros e arfadas da plateia, que o seguia com o olhar petrificado.

Nem viu o tempo passar. Era como se tivesse piscado, sonhado por um instante com a história, e então todos os bailarinos estavam dando as mãos e agradecendo, fazendo a clássica reverência em grupo. Todos se levantaram para bater palmas, a plateia demonstrando sonoramente toda a sua admiração pelos artistas ali entregues.

Quando voltaram ao hall, que novamente estava lotado de pessoas agora se movimentando para irem embora ou fazendo fila no sofisticado bar que oferecia taças de diversas bebidas alcoólicas, Chanyeol informou aos três que combinou de encontrar Jongin ali mesmo em meia hora, para que pudessem lhe entregar as flores e agradecer pelo espetáculo. Jogaram conversa a fora, comentando suas partes favoritas da apresentação, e aos poucos o ambiente em torno deles foi esvaziando.

- Querem beber algo? – Chanyeol perguntou, após encerrarem a discussão.

- Bem que você poderia me comprar uma taça de champanhe – Sehun sugeriu, de braços cruzados, fazendo Kyungsoo e Baekhyun rirem.

- E você, Soo? Quer algo? – O empresário se dirigiu ao mais baixo depois de rolar os olhos e concordar. O músico negou e agradeceu. – Bem, eu vou beber junto com Sehun já que Baekhyun também não quer. Pode me ajudar no bar, amor? São duas taças e tenho que ter mãos para a minha carteira – Chanyeol se dirigiu em um volume baixo ao namorado, que concordou com a cabeça e entregou o buquê de rosas para Kyungsoo, que lhe lançou um olhar confuso.

- Segure até eu voltar – pediu, se afastando com Chanyeol. Sehun lhe lançou um olhar engraçado e deu de ombros, logo puxando um novo assunto. Não demoraram muito para voltar e, por coincidência, a estrela da noite agora vestido com uma calça social simples e uma camisa branca se juntou aos quatro no hall parcialmente vazio.

- Nossa, fico muito feliz que tenham vindo. De verdade – Jongin comentou, fazendo uma reverência educada. – O que acharam?

- Você estava incrível, Jongin. Seus pais devem ter muito orgulho – Chanyeol comentou, recebendo um sorriso agradecido.

- Eu amei, antes balé era minha dança favorita e agora meu gosto só aumentou – Foi a vez de Baekhyun comentar e o bailarino sorriu sincero e encantado. Sehun e Kyungsoo fizeram comentários mais técnicos e até algumas perguntas, que Jongin respondeu com prazer. Dava para ver que gostava mesmo do que fazia.

- Me desculpem por fazê-los esperar, eu precisava tirar o figurino e a maquiagem. – Jongin se desculpou, fazendo uma careta engraçada e cruzando os braços.

- Imagine. Estamos aproveitando – Sehun levantou a taça de champanhe, fazendo todos rirem.

-  Ah, trouxemos as flores para você... – Chanyeol comentou, olhando para Baekhyun e franzindo o cenho. Baekhyun apontou para Kyungsoo e todos notaram que ele ainda segurava o buquê e nem ele mesmo havia percebido. O menor corou, os olhos redondos cheios de timidez. Encarou Jongin e o estendeu o buquê, que o recebeu com um sorriso contido e igualmente tímido.

- Obrigado – Jongin murmurou, os olhos percorrendo o rosto corado de Kyungsoo, que balançou a cabeça em afirmativo.

Baekhyun os observou por mais tempo agora. Não havia notado antes daquele momento. Como já conhecia melhor o amigo, pode perceber algo que antes, só com Sehun, não surgiu. Kyungsoo engolia toda hora, e agora os braços livres estavam inquietos e meio sem rumo. Cruzava, para então descruzar e unir as mãos atrás do corpo. Baekhyun também notou que, enquanto Jongin explicava sobre a parte mais difícil da apresentação, o bailarino mantinha o olhar por mais tempo em Kyungsoo. E cada vez que isso acontecia, o amigo mordia o lábio por dentro como sempre fazia quando estava nervoso.

Kyungsoo nervoso. Um pinguinzinho irônico estava nervoso.

Baekhyun sorriu malicioso.

Ora, ora, ora...

E não é que estava certo quando disse que Kyungsoo iria conquistar alguém naquela noite?


Notas Finais


Espero não demorar pra atualizar de novo! Beijinhos <3


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