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História Yeolight - Red Light


Escrita por: moonhwa

Notas do Autor


Ok, vamos lá.
Primeiro de tudo, por favor não me odeiem.
Eu terminei o capítulo num momento horroroso, vocês vão querer me caçar viva, mas confiem em mim. Só precisam saber que nada de grave vai acontecer. Só que eu precisei parar ali, porque o próximo capítulo é o próximo capítulo.

Segundo, é um capítulo delicado. Precisei escrevê-lo, precisei que a história tomasse esse rumo porque o Baekhyun passou por muita coisa. Seria muito negligente da minha parte apenas terminar falando tipo "ah, ele foi no psicólogo e se curou, final feliz viva uhul".
Não, né?

Então, antes de lerem esse capítulo gostaria que tivessem em mente que o Baekhyun vai experienciar o primeiro sintoma realmente grave de um transtorno de estresse pós-traumático causado por um evento específico que vai fazer ele reviver os traumas e ter um acesso de ansiedade. Por que estou avisando antes e dando spoiler? Pra vocês lerem tudo com atenção e fazerem as conexões. Lembram do capítulo que o Chanyeol foi o passivo dele? Lembram daquele monólogo todo do Baek? Lembrem disso, vai ser importante pra entender o que está acontecendo nesse capítulo.

Os pesadelos que ele veio tendo até agora também eram sintomas do estresse pós-traumático, mas ele estava conseguindo lidar. E era algo que ainda não fazia parte da realidade dele, digamos... eram pesadelos, quando ele não estava consciente. O que acontece agora é consciente.

Obrigada a minha amiga Larissa por me tirar algumas dúvidas técnicas. <3

E meu DEUS! 800 favoritos! 800 pessoas vão provavelmente querer a minha cabeça lendo isso. Força eu mesma!

Boa sorte pra quem veio até aqui.

Capítulo 14 - Red Light


Acordar no meio da madrugada pela movimentação agitada de Baekhyun já havia se tornado parte da rotina de Chanyeol. E não, não deveria ser assim. Nenhuma rotina deveria ser composta por esse tipo de coisa.

Naquela noite, após a apresentação de Jongin, o namorado havia voltado com ele para a cobertura, como costumavam fazer em algumas noites da semana. Chanyeol não estava satisfeito, é claro, ele queria que Baekhyun já estivesse morando de vez com ele, mas respeitava as decisões do professor e por isso se contentava com o que tinha no momento.

E, como de costume, o clima ficava bem quente antes de ambos pegarem no sono. Isso sim era um aspecto saudável da rotina deles. Muito saudável. Havia sido a terceira vez que Chanyeol entregava-se ao namorado e deixava Baekhyun dominá-lo na cama, impressionando-se com o quão satisfatória aquela mudança estava sendo. É claro que ainda era um tanto dolorido, mas ficar absolutamente sob os comandos do professor compensava qualquer desconforto.

Apesar de dominador, Baekhyun era muito cuidadoso. Chanyeol notava o quão resistente o namorado era, porque em vários momentos a vontade do professor de seguir seus instintos e intensificar os movimentos logo era abafada e devidamente controlada para que ele não o machucasse.

Esperava se adaptar logo. Era grato pelo cuidado, mas queria Baekhyun seguindo seus instintos. Ah, e como queria...  porque era maravilhoso vê-lo em ação. Quando as posições facilitavam a visão, Chanyeol se perdia em uma hipnose fantástica. Era maravilhoso ver o namorado deixando-se levar pelo prazer, sem nenhuma preocupação o atormentando. Naqueles momentos, Chanyeol podia ver como era seu Baekhyun em paz. Completamente em paz, livre de qualquer trauma.

E não via a hora de que Baekhyun pudesse experimentar aquela paz em todas as horas de seu dia, não apenas durante o sexo. Mas, infelizmente, pareciam estar longe daquela conquista.

Naquela noite, Baekhyun, ofegante, sentou na cama. Conseguiu despertar sozinho – geralmente Chanyeol precisava acordá-lo durante seus pesadelos, pois o professor se contorcia em um profundo sofrimento, mas não conseguia despertar – e apenas manteve-se em silêncio, tentando controlar a respiração.

- Baek... tudo bem? – O empresário sussurrou depois de abrir os olhos e focar a silhueta do namorado no escuro. Esticou o braço e acariciou as costas nuas por um instante, até ele balançar a cabeça em afirmativo.

- Desculpe – Baekhyun sussurrou de volta, bem mais baixo. Chanyeol podia ver o tronco subir e descer por conta da respiração pesada. Observou uma das mãos do namorado irem até seu rosto e os dedos limparem os cantos dos olhos, para então dar uma fungada discreta.

Chanyeol apoiou-se nos cotovelos para conseguir sentar também. Levou as mãos até a cintura descoberta e a segurou com delicadeza, aproximando o rosto de seu ombro direito e lhe dando um beijo lento.

- Não precisa se desculpar – murmurou, apertando a cintura em suas mãos de forma carinhosa. Ajeitou o corpo, sentando mais perto de Baekhyun, e envolveu os braços melhor em torno do tronco. Descansou o queixo no ombro dele por longos minutos, dando-lhe tempo para se acalmar.

Precisava tomar logo a iniciativa de marcar um horário com algum psicólogo. Baekhyun não podia continuar assim. Decidiu-se, iria fazer aquilo durante o dia. Iria marcar para o final de semana, já que o professor não tinha tempo durante a semana.

- Não sei como... – Baekhyun quebrou o silêncio, depois de quase cinco minutos apenas respirando com a cabeça baixa, os olhos perdidos no cobertor da cama. – Não sei como está me aguentando. – Fez uma pausa para suspirar e limpar o canto de um dos olhos mais uma vez. - Você é um homem maravilhoso, não merece ter de perder seu tempo comigo. Eu sou muito egoísta. – Baekhyun sussurrava tão baixo que Chanyeol precisou aproximar seu rosto do rosto do namorado, para ouvir direito. - Às vezes penso se devo libertá-lo disso. Não posso impedir você de conhecer alguém saudável para que tenha uma vida decente. Uma vida em paz. Sou muito instável, tenho essa consciência. Não sei o que pode acontecer comigo, tem dias que eu... eu me controlo demais. Para que você não se incomode.

Chanyeol fechou mais os braços em volta da cintura e aproximou os lábios do ouvido dele.

- Eu te amo, Baekhyun. Te amei desde o início. Nada mudou – sussurrou, fazendo o namorado encolher o ombro um pouco. – Não estou aguentando nada, não fale assim. E não quero uma vida longe de você. Uma vida sem você não seria uma vida em paz. Por que não entende isso? Nunca fui tão feliz... preciso que entenda isso de uma vez por todas. Pare de pensar que é um incômodo. Você é importante. – Levou uma das mãos até o queixo de Baekhyun e o fez virar o rosto de lado, em sua direção. – Você. É. Importante. Demais. – murmurou entre pausas para que ficasse bem claro. – Entendeu?

Baekhyun sorriu de canto e concordou com a cabeça, mas Chanyeol sabia que aquilo não iria bastar. Talvez nem mudasse nada. Talvez Baekhyun só estivesse dizendo que concordou para que o namorado ficasse satisfeito.

- Fale comigo, não se contenha. Não quero que se controle, faz mal. Pode me ligar quando precisar, sabe disso. E quando estiver aqui, não tenha nenhum receio. Se estiver triste, não precisa fingir pra me agradar. – Lhe deu um beijo lento no rosto, fazendo Baekhyun fechar os olhos. – Se continuar fingindo eu vou ficar chateado. Parece que não confia em mim.

- Eu confio. Só não quero incomodar. – Baekhyun o corrigiu, parecendo preocupado em deixar aquilo claro. Seu tom de voz era urgente.

- Sei que passou uma parte de sua vida ouvindo que era um incômodo, mas agora é diferente. Acabou, meu amor. Estará me incomodando se não se abrir e continuar pensando assim. – Baekhyun concordou com a cabeça mais uma vez, agora inclinando o tronco para trás e descansando ao apoiar-se no namorado. Chanyeol acariciou seu peito por alguns instantes. – Não quer ir até a cozinha comigo? Vou fazer chá pra gente. Acho que dar uma voltinha vai ajudar você a se acalmar melhor.

- Pode ser – O professor respondeu, desencostando-se de Chanyeol e afastando as cobertas do colo. Arrastou o corpo até a beirada da cama para levantar.

- Onde está seu pijama? – Chanyeol perguntou, ele próprio já em pé, andando até uma poltrona perto da grande janela de vidro para pegar sua calça e sua camiseta apoiadas ali e se vestir. – Por mais que eu queira você sem roupas o tempo inteiro quando estiver comigo... andar por aí assim no inverno não é uma boa ideia.

Baekhyun riu e deu de ombros.

- Não sei, não peguei hoje. Você não me deu tempo para eu me arrumar para dormir. – O professor comentou, meio rindo. Chanyeol sorriu consigo mesmo, já que estavam no escuro e Baekhyun não podia vê-lo, e atravessou o quarto até seu closet. Procurou nas estantes uma calça e uma camiseta para o namorado, que o aguardava sentado na cama abraçando o próprio corpo nu.

Quando parou com as roupas na frente dele, Baekhyun esticou os braços para segurar as peças mas Chanyeol negou com a cabeça.

- Vou vesti-lo. Merece meus cuidados nessa noite. Aliás, merece sempre, mas... quero que relaxe. Levante seus braços. – Baekhyun riu e fez o que ele pediu, sendo vestido com uma camiseta grandona de um time americano de basquete. Provavelmente Chanyeol havia comprado em alguma de suas viagens para o exterior.

Desdobrou a calça de moletom e a abriu, abaixando-se na frente de Baekhyun para que ele, já em pé, se apoiasse em seus ombros e colocasse os pés dentro dos buracos. Subiu o tecido pelas pernas pequenas e ajeitou o cordão em volta da cintura. Ficou enorme também, mas por um motivo muito óbvio ele amava ver o namorado dentro de suas roupas duas vezes maiores que ele.

- Quer ir nas minhas costas? – Chanyeol perguntou com um sorriso, ainda abaixado.

- O quê? Está maluco? Não somos mais adolescentes – Baekhyun murmurou em resposta, sendo discretamente puxado de encontro ao namorado, que abraçou suas pernas. Ainda mantinha um sorriso malicioso no rosto, os joelhos apoiados no chão. Chanyeol queria distraí-lo de seu momento sensível e fazer aquelas brincadeiras era o que tinha ao seu alcance.

- Não sabia que só adolescentes podiam ser carregados ou carregarem alguém nas costas. Todos os dias aprendo algo novo com você. As vantagens de namorar um professor são incontáveis.

Recebeu um tapinha no ombro pelo sarcasmo. Baekhyun então suspirou, se desfazendo do abraço de Chanyeol para dar a volta e envolver seu pescoço com os próprios braços. O empresário levantou e o segurou pelas coxas.

- Acho que não sou carregado assim há mais de dez anos – Baekhyun murmurou, agora perto do ouvido de Chanyeol, finalmente rindo um pouco.

- Está soando como um idoso – Foi a vez de Chanyeol rir, agora já havia passado da porta do quarto e atravessava o corredor, com Baekhyun nas costas. Ouviu o namorado rir baixinho e lhe dar um beijo no pescoço, perto do lóbulo da orelha.

- Obrigado por ser incrível e me distrair. Desde o primeiro dia. – O sussurro foi acompanhado de mais um beijo no mesmo local, mas Baekhyun acabou descansando o rosto ali, com os lábios grudados na pele quente.

Chanyeol o largou em cima do sofá da sala, desdobrando um cobertor que ele próprio havia usado na noite anterior, e ajudou Baekhyun a se cobrir.

- Vai ser assim até o último – O empresário respondeu, com um sorriso de canto, parado em frente ao sofá. – Perdeu o sono? – Baekhyun encostou a cabeça para trás, no encosto, e a balançou em afirmativo. – Vou fazer o chá e depois podemos assistir um filme até seu sono voltar, que tal?

- Você precisa trabalhar de manhã – O professor murmurou, um tanto manhoso.

- Quando eu morrer eu durmo. Vou ter bastante tempo pra isso. Enquanto estiver vivo eu fico acordado pra fazer cafuné em você até você pegar no sono. Prioridades. – Ele deu de ombros e se aproximou da televisão para pegar o controle remoto e entregá-lo a Baekhyun, que lhe observava com os olhos brilhantes. – Escolha um filme decente. Me ajuda a te ajudar, não vem com aquela comédia horrorosa da última vez.

- Era divertida! – Baekhyun protestou, com um biquinho. Ele ficava irresistível quando fazia aquilo com o cabelo bagunçado. Chanyeol rolou os olhos e se afastou para a cozinha para preparar o chá.

Quando voltou, o namorado já havia começado a ver o que escolheu para passar o tempo. Perguntou se Chanyeol queria que ele voltasse tudo desde o início mas o empresário lhe respondeu que não precisava. O entregou a xícara de chá e sentou ao seu lado, puxando um pouco das cobertas para si. Baekhyun sem esperar se aconchegou em seu peito, descansando a cabeça ali enquanto dava pequenos goles no líquido quente.

Ao perceber que a xícara esvaziou, vinte minutos depois, Chanyeol a pegou das mãos do menor e a apoiou no chão. Assim Baekhyun pode abraçar seu tronco e voltar a receber o cafuné por entre os cabelos escuros. Pegou no sono em quinze minutos. O empresário esperou um tempo e apagou a televisão, esforçando-se para pegar o namorado no colo por completo, sem acordá-lo, e levá-lo de volta para a cama.

 

***

Naquela noite de quinta-feira, Baekhyun estava se sentindo mais ansioso do que o normal. Na verdade, percebeu que seu nervosismo estava muito presente nos últimos dias, e talvez até soubesse a razão disso, mas obrigava a mente a tentar superar aquela idiotice.

Porque era uma tremenda idiotice. Sentia-se patético.

Sentia-se patético por estar relembrando de tudo detalhadamente com uma frequência assustadora depois de ter começado a ser ativo com Chanyeol. Era tão bom, mas ao mesmo tempo seu peito apertava e ele tinha vontade de chorar de vergonha.

Sentia-se confuso, sufocado, e de vez em quando a realidade evaporava por um instante e era como se ele ainda estivesse com Daeho e a qualquer minuto iria voltar para o apartamento acabado e levar uma surra daquelas por ter sumido.

Esforçava-se muito, mas muito mesmo, para bloquear as lembranças violentas e não relacioná-las de jeito nenhum com Chanyeol, mas era como se seu próprio corpo não o obedecesse. Chanyeol era um anjo, nunca havia feito absolutamente nada para que Baekhyun se sentisse inseguro. Ou melhor, era o oposto. Dedicava-se o tempo inteiro à Baekhyun, para que ele se sentisse confortável... então porque Baekhyun ainda estava com medo? Por que as lembranças não desapareciam? Por que parecia que a realidade se confundia com seus traumas?

Por que depois de gozar dentro de Chanyeol, Baekhyun tinha vontade de se trancar no banheiro e chorar? E como havia conseguido disfarçar tão bem até aquele momento? Porra, queria tanto fazer o namorado curtir o sexo que nem se imaginava desabafando.

Nem imaginava confessar a Chanyeol que seus pesadelos estavam acontecendo quase todas as noites depois que mudaram de posição no sexo. Era visível como o empresário estava gostando da novidade, Baekhyun não ousaria acabar com aquilo.

Evitou ser ativo com Chanyeol até aquele momento com razão. Era estranho como seu inconsciente já sabia que aquilo iria acontecer, uma hora ou outra. Só que agora fazia dois dias que Baekhyun engolia em seco a cada cinco minutos e via suas mãos tremendo enquanto tentava escrever na lousa durante a aula.

Algo estranho estava acontecendo dentro de sua mente. Era como se voltar a ser ativo fosse um gatilho para que sua antiga rotina sofredora fosse relembrada e revivida. Chanyeol e Daeho eram literalmente opostos um do outro, mas parecia que sua mente bloqueava o óbvio e mergulhava nas lembranças ruins e nos traumas.

Estava lúcido. Claro que estava. Sabia o que era real e o que era lembrança. Mas seu emocional não. Seu emocional tomava conta de sua razão e ele tinha vontade de chorar e gritar, implorar para que aqueles pesadelos parassem de atormentá-lo de uma vez por todas.

Ele não merecia aquilo e Chanyeol também não.

Respirou fundo, tentando se concentrar na apostila aberta em sua frente. Estava sentado no escritório que Chanyeol insistia em dizer ser seu, quando na verdade Baekhyun ainda não se considerava dono de nada dentro da cobertura do namorado.

Enquanto Chanyeol tomava banho, Baekhyun aproveitou para revisar a tabela de notas de suas duas turmas. Já estava fazendo aquilo por meia hora e seu cérebro parecia se desligar o tempo inteiro. Seu coração acelerava tanto que ele chegava a ofegar. A cabeça latejava de dor.

Quando as três batidas na porta invadiram o ambiente silencioso, ele pulou na cadeira. Estava à flor da pele. Levantou o olhar e observou a porta se abrir e Chanyeol entrar em silêncio, fechando-a atrás de si. Já estava usando a roupa que costumava usar para dormir.

- Podemos conversar um pouco? – Ele pediu, as mãos indo parar nos bolsos da calça de moletom. O professor concordou com a cabeça, já sentindo o coração acelerar. Fechou a apostila e cruzou os braços, os apoiando em cima da mesa. O namorado sentou no sofá, suspirando pensativo, e então o encarou.

- Falei na semana passada com a Sooyeon, Baek. E estamos namorando há mais de dois meses. Precisamos marcar um horário com a direção da escola para que tudo fique esclarecido e você possa se mudar para cá.

Baekhyun engoliu em seco, estreitando um pouco os olhos. Não, ele não está sendo autoritário e controlador. Ele só quer o seu bem. Só quer ficar perto de você. Pare de relacioná-lo com Daeho. Pare, pare, pare. Cérebro estúpido!

Não respondeu. Abriu os olhos e encarou o namorado, não conseguia se expressar. Tudo estava muito frágil dentro de si e a mente estava pregando uma peça nele, como de costume. Não conseguia nem se concentrar na informação para pensar em uma resposta, só conseguia lembrar de Daeho. Lembrava até dos dois anteriores, mas Daeho era sempre o mais presente. Talvez por ser o mais recente.

Chanyeol, vendo que não teria resposta, continuou.

- E Baek... marquei um horário para você em um psicólogo neste sábado. Gostaria que frequentasse pelo menos duas vezes na semana, mas seus horários são apertados, então...

Baekhyun estava sentindo a garganta fechar, o peito subia e descia de forma bem visível pela respiração forte. Chanyeol nem estava falando tão alto mas era como se estivesse gritando em seus ouvidos. Por um momento, sentiu raiva. Era estranho sentir raiva de Chanyeol, nunca havia sentido aquilo antes. Era como se não tivesse controle da própria mente. Raiva, medo... tudo se misturava dentro de si.

O interrompeu sem nem perceber.

- Dá pra parar de me pressionar, Chanyeol? Por favor – Ele pediu, em um volume controlado, mas soou um tanto grosseiro. O empresário arregalou um pouco os olhos para então franzir o cenho, confuso. Nunca havia ouvido Baekhyun usar aquele tom sem paciência com ele antes, então era natural se chocar.

Passaram-se vários segundos de choque por parte do mais alto, que agora entreabriu os lábios para responder, o olhar perdido no rosto já vermelho do professor.

- Não estou... só quero... – Chanyeol parecia não saber o que dizer. Parecia ofendido e chateado, mas a mente de Baekhyun estava tão abalada que ele não conseguia reagir. Nem conseguia sentir remorso. O que estava acontecendo? Por que estava tremendo daquele jeito?  – Só quero ajudar você. – completou, ainda o observando apreensivo.

Baekhyun bufou, as mãos trêmulas indo de encontro à franja agora escura e afastando os fios dos olhos. Mais uma vez, Chanyeol ficou confuso.

- Não me pressione, só isso – Baekhyun repetiu no mesmo tom grosseiro, levantando da cadeira e se aproximando da janela de vidro trás de si. Por reflexo, Chanyeol levantou do sofá e se aproximou um pouco da mesa.

Ele está controlando. Controlando, igual Daeho fazia. Não pode nem se aproximar da janela mais, ele quer que você fique sentado. Bem quietinho, o ouvindo e o respeitando como homem.

Me respeite como homem, Baekhyun.

- Não quero. – O professor conseguiu murmurar, se afastando ainda mais da mesa e se aproximando mais e mais da janela de vidro.

Balançava a cabeça de um lado para o outro em negação, e nem percebeu que estava fazendo isso. Só não queria fazer o que Chanyeol estava mandando. Só isso. Não queria ser comandado, de novo não.

- Não quer o quê? Baek, vem até aqui, por favor... sai de perto da janela... – Chanyeol deu a volta na mesa e esticou a mão, fazendo menção de segurar o braço de Baekhyun, mas o professor desviou, dando um passo para o lado.

- Não quero me mudar! Não quero falar com a direção. Estou feliz assim. Ninguém precisa saber. – O empresário franziu o cenho e tentou se aproximar de novo. – Me deixa.

As mãos tremiam para valer agora. Soltou a respiração pela boca, parecia que o coração iria pular para fora. Chanyeol nunca esteve tão confuso com o distanciamento, mas pareceu tentar relevar e voltar ao assunto. Se afastou, dando um passo para trás, e falou:

- Você não pode morar para sempre de favor na casa do Kyungsoo, Baek. E uma hora ou outra teremos de nos assumir. Não pode viver escondido.

Iria explodir.

Era Daeho o controlando, ignorando seus desejos. Sentiu os olhos marejarem. Sai, sai, sai da minha cabeça. Engoliu em seco e, após piscar algumas vezes, chegou a ver Daeho ali, na sua frente, o pressionando.

Não podia estourar, não podia. Chanyeol não merecia. Mas sua mente estava emocionalmente vinculada com o passado.

- Você só pensa em você! – Baekhyun vociferou, saindo do lugar e dando a volta na mesa para poder ficar no centro da sala e se afastar dele. - Quer que eu me mude logo pra cá, fica insistindo nisso o tempo inteiro! É pra poder me controlar melhor, não é? E quer me empurrar pra um psicólogo pra ver se eu deixo de ser um fodido e você possa ter um namorado normal! Não, de novo não... Achei que você era diferente, mas está mandando em mim. Me pressionando a fazer o que você quer. E o que eu quero? Você costuma me ouvir, porque está fazendo isso? Me escuta!

Passou as mãos nos cabelos, sabia que nada daquilo fazia sentido, mas estava com medo e só queria Chanyeol de volta. Mas sua mente não deixava. Era como se estivesse no piloto automático. Não conseguia nem encará-lo, porque era como ver Daeho ali.

- Não, não... – Chanyeol estava em profundo choque. Mais uma vez, estava sem palavras. Era óbvio o que estava prestes a tentar explicar, nem sabia por onde começar. - Não é nada disso, Baek... por favor... o que está acontecendo com você hoje? Eu estou te ouvindo... só quero ajudar... só estou pensando no melhor pra você... eu te amo...

Agora até o tom da voz parecia diferente! Daeho não falava assim com ele, não dessa forma delicada, mas era como uma nova versão dele. Remasterizada, mas ainda era ele. O controlando, comendo pelas bordas. Um Daeho cheio de lábia, astuto. Inteligente.

Não conseguia mais se conter. Precisava gritar. Precisava expressar aquela indignação. Queria seu namorado de volta. Onde estava Chanyeol?

- É isso, tudo de novo! Você está me controlando como eles fizeram! Vai me usar como bem entender, o sexo é bom! É muito bom, não é? Mas vai encontrar outra pessoa, todos eles encontravam! Porque não aguentavam o Baekhyun fodido da cabeça. Ninguém aguenta. Você não está aguentando, por isso está me obrigando a ir no psicólogo. E quando perceber que não adianta porque esse sou eu, vai encontrar alguém melhor pra namorar. Mas vai ter sempre o Baekhyun aqui, pra foder você. Em casa, te esperando. Pra fazer o que você quiser. Porque foi pra isso que eu servi até agora, você é mais um que vai me usar.

Chanyeol ainda estava parado próximo a janela, e o encarava boquiaberto. Mais uma vez, levou uns bons segundos para conseguir responder, o cenho completamente franzido.

- Pare de... pare de falar assim... eu amo você, nenhum deles amava... Baek, eu não sou seus ex-namorados... o que está acontecendo com você? Nunca falou assim antes...

- Falso! Pare de fingir, você é tão inteligente! Não consegue perceber que eu entendi tudo? – Os olhos de Baekhyun, já marejados há alguns minutos, transbordaram. As lágrimas começaram a escorrer livremente pelo rosto. – Eu quero você de volta! Quero meu Chanyeol de volta! Ele me ouvia! O que fez com ele, Daeho?

Os olhos do empresário quase saltaram das órbitas quando ele ouviu o nome e, logo em seguida, observou Baekhyun cair sentado no sofá, os braços abraçando o tronco pequeno. Chorava sem pausa e sem moderação, soluçando e gemendo em desespero.

Chanyeol costumava correr para ajudá-lo em qualquer sufoco, mas daquela vez estava tão chocado que levou um tempo para se mexer e se aproximar. Baekhyun chorava tão alto que talvez até Jongin ouvisse, do outro lado do corredor. Os apartamentos eram enormes e muito bem revestidos, mas a situação era caótica.

- Não encosta em mim! Sai de perto de mim, eu quero meu namorado de volta! Meu Chanyeol! Não você! Não você! Não vai me machucar! – Ele gritava entre soluços, os olhos vez ou outra encaravam de canto as pernas do empresário para então se fecharem com força e as lágrimas serem espremidas.

- Baekhyun... eu estou... aqui... bem aqui... – A voz fraca de Chanyeol demonstrava o quão chocado e abalado ele estava ao ver quem ele mais amava desmoronar daquela forma. Estava completamente sem ação.

- Me deixa sozinho! Eu vou esperar o meu namorado voltar! Sai daqui! Agora!

Chanyeol tentou uma última vez se aproximar mas foi surpreendido. Baekhyun levantou do sofá e começou a empurrá-lo para fora do quarto. O empresário estava tão mas tão chocado que não conseguiu reagir, e assistiu a porta bater bem na sua cara e ser trancada logo em seguida.

O desespero bateu quando lembrou de Baekhyun perto da janela. Não fazia ideia de nada, só não o queria perto da janela. Ele estava provavelmente tendo algum surto, Chanyeol estava muito perdido, mas precisava voltar pra dentro do quarto. Baekhyun chorava alto, gritando, e ele começou a bater na porta e implorar para que o namorado abrisse.

Mas era como se Baekhyun não o visse como Chanyeol, seu namorado. Não escutava também. E a maldita porta era impossível de arrombar, era muito resistente. Queria pedir ajuda, chamar a polícia, mas não entendia direito o que estava acontecendo. Percebeu que ele próprio já derramava algumas lágrimas enquanto continuava a bater na porta e tentar abri-la à força.

Foi quando o choro parou. Do nada, ele parou.

Um silêncio assustador. E permaneceu assim.


Notas Finais


Tá, vamos todos respirar em conjunto.
Respira.
Respira.
Respira.
Prometo que nada de grave aconteceu.
Eu só to com muita pena do Chanyeol. Vamos esperar o próximo capítulo.
Tentarei não demorar.
Beijinhos.


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