História You And Me In A Lost Paradise - Two

Me arrumava rapidamente por estar atrasado, a noite tinha sido horrível, acordei várias vezes por ter pesadelos. E quando eu fui conseguir dormi realmente, já era muito tarde.

Me arrumei e sai do quarto indo direto pra saída, encontrei minha mãe já em seu carro me esperando e com uma cara nada amigável, entrei e me desculpei baixinho.

No caminho eu encontrei uma pessoa que andava calmamente, e muito parecia familiar, olhei direitinho e pude confirmar que era ele.

— Deixa eu ir sozinho daqui em diante, não é tão longe. Pra falar a verdade eu nem sei o porquê você me trás de carro, nem é tão longe.

— Ta pode ir. Se é perto não vou vir mais te buscar e nem te trazer, vai sai.

— Ta, tudo bem. – sai do carro andando calmamente, e assim que vi ela virar a rua seguinte desaparecendo acelerei meus passos pra chegar perto, me aproximei o suficiente e o ouvi cantando completamente distraído enquanto chutava uma pedrinha.

O cutuquei uma vez e então ele parou e direcionou a atenção em minha direção pra ver quem era e quando me viu deu um sorriso enorme, tirou seus fones de ouvido e estendeu sua mão me cumprimentando.

— Tudo bem? – perguntou ainda com um sorriso lindo nos lábios, o jeito que seus olhinhos se formavam em linhas quando ele sorria era encantador.

— Hm... Um pouco. E você? – ele fez uma careta e pareceu pergunta novamente algo com sua expressão. Achei realmente fofo essa mania dele. — Não é nada, não se preocupe.

— Você vai se animar. Eu estou indo até a casa do Mark.

— Espera você não está indo para o consultório? – perguntei confuso.

— Não.

— Por que?

— Não quero. – abaixei a cabeça me sentindo um pouco triste, eu não poderia faltar logo no segundo dia. — Que foi por que essa carinha?

— É que. Eu não posso faltar.

— Ah sério. Vem! – pegou em minha mão a puxando.

— Pra onde você está me levando? O consultório é pra lá.

— Eu sei. Hoje você irá faltar.

— Jimin não, é meu segundo dia.

— E daí. Amanhã você irá sem falta e eu também. – entramos em uma esquina deserta mas que era cheia de casas bonitas.

— Na onde estamos indo?

— Casa do Mark. Curti filme de terror? – perguntou enquanto andávamos.

— Não muito.

— Ah então vamos ter um ao outro.

— Como assim? – perguntei tentando entender o que ele estava se referindo.

— Que eu e você, temos um ao outro se acaso estivermos com medo. – ele sorrio grande e continuou a caminhar.

Eu sei que nos conhecemos ontem, mas eu sinto como que se ele fosse o meu amigo há anos, me sinto bem ao seu lado, é confortável ficar ao lado de Park Jimin.

Depois de um tempo chegamos na casa. Demorou um tempinho antes que a porta revelasse um garoto loiro vindo nos abraçar.

— Não sabia que o JungKook viria. – comentou Jinyoung atrás de Mark que nos abraçava.

— Nos encontramos no caminho. – respondeu Jimin entrando na casa, entrei junto sentindo um cheiro gostoso de pipoca amanteigada.

— Que bom termos mais um convidado, o Mark exagerou um pouco na pipoca.

— Amore imagina se eu não tivesse exagerado. – o loiro fez bico e foi até a cozinha pegar as coisas.

— JungKook quer água? – ouvi Jimin chamar minha atenção me aproximei dele acenando que sim.

— Estaremos esperando vocês na sala. – avisou Mark enquanto se afastava com o pote enorme de pipoca em mãos junto a Jinyoung, que brincava com o loiro o abraçando por trás. Sorri e voltei a atenção pra Jimin que também sorrio e balançou a cabeça.

— JungKook tenho que te avisar uma coisa. O Mark e o Jinyoung tem um costume muito feio de se pegarem. Então, fique longe deles. – acabei de beber e o mesmo indicou com a garrafa se eu queria mais, apenas neguei.

— Vou seguir seu conselho. – sorrimos junto e fomos até a sala.

Olhei para os outros dois que estavam acomodados em um canto do sofá, e sentei um pouco longe e Jimin se aproximou de ambos e pegou um pouco de pipoca a colocando em outro pote, e veio sentar ao meu lado.

— Agora não precisamos ficar perto deles pra pegar a pipoca. – comentou Jimin baixinho enquanto se arrumava ao meu lado, sorri e deixei minha cabeça pender pra trás lembrando que eu devia estar nesse momento no consultório.

Sorri de leve, não estava acreditado que eu realmente estava fazendo isso, tipo eu nunca fui de fazer algo do tipo. Abri meus olhos e vi a escuridão e só a claridade da TV, estava fazendo algo que adolescentes como eu fazem, pela primeira vez eu estava assistindo filme na casa de um amigo.

— Que foi JungKook?

— Nada.

O filme estava até que legal, eu e Jimin havia nos assustado algumas vezes então ficamos um pouco mais próximos. Como disse ele, seriamos tipo o "cantinho seguro" um do outro. Queria que ele fosse sempre esse meu "cantinho seguro", ai eu não sentiria mais medo, não me magoaria tanto com a pessoa nomeada minha mãe.

— A pipoca acabou. – comentei, ele apenas acenou e continuou me olhando.

— É eu sei... Não quero ir buscar. – sorri e olhei pro outros dois do outro lado do sofá, e eles realmente estavam se pegando. — Vamos tirar jokenpo. Jokenpo! – eu tirei tesoura e ele papel. — Ah não, melhor de três! – eu ganhei com uma e ele também.

— Perdeu. Vai lá. – ele fez bico e me mostrou língua, e finalmente levantou do sofá se aproximando do outros dois que se beijavam, sorri ao ver ele tentar pegar o pote de pipoca do lado de ambos, pegou e voltou fazendo uma careta.

— Eles não precisam da pipoca.

— Né. Que horas são agora? – perguntei.

— Dez... Por quê?

— Não posso chegar atrasado.

— Então quando der onze horas, eu te aviso. - assenti. — Quer fazer o que? Eu não quero mais assistir, ficou chato e ficar aqui não é uma opção muito boa.

— É concordo.

— Então, quer fazer o que?

— Não sei. – falei e me assustei um pouco, ao ver os outros dois levantarem.

— Gente fiquem a vontade! – comentou Mark sendo abraçado por Jinyoung.

Observamos ambos saírem abraçados até desaparecerem em uma porta.

— Vão se comer. – sorri com o comentário de Jimin, e depois de míseros segundos senti meu rosto ficar quentinho, e uma vergonha de falar me tomou. Que merda é essa JungKook?

— Já sei pra onde te levar, vem. – ele pegou em minha mão a puxando pra que eu levantasse.

— Na onde? – perguntei enquanto era puxado por ele.

— Você vai ver.

*---*

— Me dá isso. – o moreno apenas riu e negou com a cabeça.

— Não, eu já disse que quero comer. – abri minha boca em um perfeito “O” e o metralhei com os olhos. Porra ele já tinha comido o dele.

— Jimin me dá isso... – pedi mais uma vez, enquanto tentava me aproximar eu havia rodado aquela pequena fonte umas cincos vezes pra tentar pegar ele. — Eu to falando sério.

— Eu também. – soltou um sorrisinho travesso, enquanto levava o meu sanduíche pra sua boca, fingindo morde e só me fazendo ficar com mais raiva ainda.

— Ya! Agora eu cansei. – dei mais uma vez a volta e vi ele brincar comigo. — Da pra parar de dar voltas aqui! – reclamei o fazendo rir exageradamente, e quando ele começou a rir daquele jeito vi uma chance de me aproximar e foi isso que fiz, me aproximei dele rapidamente e peguei meu sanduíche, mas logo fui puxado, ele me puxou tão forte que pisei em seu pé e o mesmo havia andado pra trás e caímos um ao lado do outro, nos entreolhamos e começamos a dar risadas por muito tempo. Depois de um tempo, levantamos e sentimos olhares de todos os lado em nós, mas tentamos ignorar.

— Ta tudo bem? – ele perguntou, e apenas acenei.

— Sim...

— Desculpa eu fiz seu lanche cair, quer que eu compre outro pra você? - neguei.

— Eu já até perdi a fome. – ele sorrio e olhou pro relógio, arregalando um pouco seus olhos.

— Wow se não irmos rápido, iremos nos atrasar, vem eu te levo até sua casa.

— Não Jimin não precisa se incomodar.

— Que isso vai ser um prazer te acompanhar. – ele deu uma piscadinha e sorrio logo em seguida pegando em minha mão, e me fazendo andar. O dia inteiro pelo que eu percebi, ele sempre estar pegando, segurando ou acariciando a minha mão. Outra coisa que eu achei fofo nele.

Enquanto andávamos, eu havia ficado triste por ter que voltar pra aquela casa, não queria ficar no meu quarto, não queria ficar sozinho, não queria sentir medo quando chegasse em casa, eu realmente não quero ir pra casa e me despedir dele, ele fez eu  ter o melhor dia de todos. É estranho como eu me sinto tão confortável e intimidado perto dele.

— JungKook você está prestando atenção no que eu estou falando? – perguntou incrédulo parando em minha frente e fazendo um bico enorme e fofo, sorri e neguei com a cabeça logo sentindo um peteleco em minha testa.

— Desculpa – sorri passando a mão em minha testa. — Poderia repetir?

— Sim, mas presta atenção se não eu te bato. – arregalei os olhos e dei toda atenção pra ele. — Olha eu sei que nos conhecemos ontem, mas parece que eu o conheço a anos entende?

— Sim, eu também penso nisso.

— Então, eu sei que vai ser um pouco estranho por não sermos íntimos, mas espero que sejamos muito mais que amigos, então se não se importar irei te chamar com apelidos, e irei te tratar sem formalidades, tudo bem pra você? – ele parecia um pouco nervoso.

— Claro hyung. – respondi e vi um sorriso brotar lentamente, e senti ele entrelaçar seus braços em volta de minha cintura, me surpreendendo.

— Obrigado. Vamos.

Enquanto andávamos começamos a cantar algumas músicas que tocava aleatoriamente no celular de Jimin, realmente era o melhor dia da minha vida. E quando eu menos percebi já estávamos andando na frente da minha casa, tirei o fone do meu ouvido fazendo Jimin parar de andar também.

— É aqui sua casa? – perguntou tirando o fone também.

— É. – respondi abaixando a cabeça, e senti seus dedos em meu queixo.

— Por que essa cara?

— Eu não quero entrar Jimin. – de repente a felicidade havia ido embora, e o que me restou foi o medo e angustia. Eu não gosto de pensar nas coisas que acontecem comigo quando eu estou dentro dessa casa, então eu consigo ignorar a minha realidade quando estou feliz.

— Por que? – ele agora segurava em meus ombros e me olhava nos olhos, ele parecia realmente muito preocupado. Ninguém nunca havia ficado preocupado de verdade comigo, obrigado Jimin.

— Nada hyung! – sorri.

— Tem certeza que ta tudo bem? – sorrir mais um pouco, e pra que ele não ficasse com aquilo na cabeça, o abracei fazendo ele se surpreender mas logo retribuir.

— Não se preocupe comigo. – separamos depois de uns longos segundos.

— Ok, amanhã você vai pro consultório né?

— Lógico.

— Posso passar aqui pra te acompanhar?

— Não é necessário.

— Mas eu quero. – apenas sorri acenando com a cabeça, e o mesmo se foi. Fiquei o observando por um momento e meio que viajei no tempo lembrando de nossos momentos mais cedo.

Suspirei e olhei pra minha casa, indo em direção a porta peguei na maçaneta e a girei pra que pudesse abrir, e estava enterrada, coloquei um pouco mais de força e nada. Me afastei um pouco achando estranho.

Podia ser ela? Sim podia, ela já havia feito isso quando eu estava no quarto.

Caminhei pela lateral da casa indo até a uma janela, tentei levantar a mesma e nada, suspirei e fui até uma outra que dava acesso ao porão,  tentei puxá-la e nada também.

A única janela que não ficava trancada era a do meu quarto, mas ia ser impossível eu chegar nela, pois a mesma é alta e eu não sou burro de arriscar.

Fui até a frente novamente e tentei gritar a minha mãe algumas vezes, mas ela não aparecia... Olhei ao redor pois tinha escutado alguém me chamar, estranhei e quando olhei direito vi a minha vizinha se aproximando do cercado.

— Hey JungKook.

— Oi... Você poderia me dizer se a minha mãe saiu ou algo do tipo? – perguntei, e a mesma pareceu lembrar de algo.

— Ah sua mãe, ela saiu!

— Faz muito tempo?

— Sim.

— Aish... Tudo bem, muito obrigado. – me despedi dela e suspirei pensando a onde eu iria ficar. — E agora? – perguntei pra mim mesmo. — Será que ele está muito longe? Acho que se eu correr consigo alcançá-lo. – comecei a correr na direção que viemos.

Estava torcendo pra que ele não estivesse tão longe, eu me assustava com algumas pessoas que eu via andando, fui me rendendo ao cansaço e diminui a velocidade, parei respirando desesperadamente tentando buscar o máximo possível de ar para meus pulmões.

Olhei ao redor do local onde eu estava e decidi sentar na calçada perto de uma conveniência, demorei um tempinho ali e decidi entrar pra que eu pudesse comprar algo pra mim, já que eu estava com muita fome.

Eu tenho raiva daquela mulher, como ela sai assim e nem pra me avisar.

Entrei na conveniência indo até a seção onde tinha algumas guloseimas, fiquei um bom tempo escolhendo, peguei algumas coisas e fui até o caixa, paguei e quando eu fui sair me surpreendi, pois ele estava vindo em minha direção com a cabeça baixa.

— Açúcar, refrigerante e o que mais? – ele falava no celular enquanto andava vagarosamente  com a cabeça baixa, sorri feliz por ter conseguido encontrá-lo. Parei em sua frente fazendo ele levantar a cabeça e me olhar surpreso. — Ta tudo bem, prometo não demorar! Beijos, também ti amo. – desligou. — O que aconteceu?

— Minha mãe saiu sem avisar, e eu não tenho onde ficar. – ele sorrio e bagunçou meus cabelos. — Hyung eu  estava com medo de não conseguir te encontrar. - soltou um sorrisinho e bagunçou meu cabelo.

— Pode ficar na minha casa.

— Não vai ser incomodo?

— Claro que não.Vem que eu não posso demorar.

Entramos no mercado e eu o ajudei a pegar as coisas. Pegamos rapidamente e logo fomos pro caixa pagar, ele me deu uma sacola e ficou com a outra e começamos a andar.

— Quer escutar? – perguntou enquanto arrumava o fone em seu ouvido e colocava a musica, acenei e esperei a musica começa, quando começou nos assustamos e sorrimos um pro outro.