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História You are my perdition - Capítulo 14


Escrita por: trinadecker

Notas do Autor


Bem... Eu poderia explicar minha demora, mas estou cansadinha demais para isso.
Logo volto para acabar a história, falta bem pouquinho agora.

Capítulo 14 - Capítulo 14


Durante três semanas, Emma foi muito boa nessa coisa de não pensar durante. Depois da noite com Regina no chuveiro, fez um novo trato consigo mesma: uma vez que estava indefesa sobre como se sentia, iria simplesmente aceitar isso. Não tinha de mudar nada. Os sentimentos estavam apenas ali. Ela podia escolher o que faria – ou não – a respeito.

Houve outras noites no chuveiro. E dias. Tornou-se um de seus lugares favoritos para fazer sexo. E ela adorava a aspereza dos tapas em sua carne molhada, os sons, dela ou da morena, ecoando nas rígidas paredes de azulejo do box.

Regina sentia-se em casa no apartamento dela e até havia levado para lá uma escova de dentes e um vestido extra. Não que isso significasse alguma coisa. Simples conveniência. A residência dela ficava muito mais perto do Pleasure Dome; ficava ali, quase virando a esquina. E o fato de o notebook da outra ficar ali no canto da sala de jantar era outra comodidade, nada mais.

De qualquer forma, ela gostava quando escreviam juntas durante as tardes: Regina em sua mesa de vidro, ela sentada na área do escritório, poucos metros adiante. Era bem agradável. E, se uma delas precisasse discutir um ponto importante, a outra estava bem ali. Obviamente, isso com frequência levava a mais sexo. Mas, uma vez que ela era uma autora erótica, considerava aquilo inspiração. Seu livro estava começando a tomar forma, o enredo e a dinâmica dos personagens amoldando-se, em grande parte graças a Regina. Era sempre um bom sinal quando sua escrita ia bem.

Ruby havia ligado novamente, perguntado como ia tudo. Emma não mencionara a maioria dessas coisas para ela. Não sabia muito bem por quê. Talvez quisesse manter o que estava acontecendo apenas entre elas duas. Privadamente. Ou quem sabe tivesse medo de que falar a respeito tornasse aquilo muito real, destruindo sua capacidade de negar o que poderia significar para elas. Para ela. E seria melhor se deixasse esses pensamentos distantes do limite de sua consciência. Era uma estranha espécie de seminegação, mas tornava tudo administrável. Mantinha aquela pequena distância de que ela precisava para manter um senso de equilíbrio. De controle.

Ela não havia deixado nenhuma de suas coisas na casa da morena, não obstante quanto tempo passasse lá.

Aquele era um dos poucos dias em que estava sozinha em casa por um tempo, sentada à mesa de jantar, tomando uma caneca de seu chá favorito, com um prato de torradas com manteiga perto de seu cotovelo.

Estava olhando para a paisagem além das janelas, como sempre fazia. O sol tentava forçar seu caminho através do nevoeiro matinal de Boston, sua luz como ouro nebuloso formando pontos quentes sobre o piso de madeira lisa, fazendo com que brilhasse com um tom dourado acolhedor. Ela lembrou-se, como se fosse o presente, de outra manhã em que estava na cama com Regina. O sol incidia sobre a pele macia da outra, produzindo reflexos dourados e âmbar. Ela se levantara, tocando aquela superfície com a ponta dos dedos. E ela acordara, sorrindo para Emma, os olhos daquele impossível marrom e que pareciam mirar através dela. Dentro dela.

Estava quase escurecendo quando Regina se despediu com um beijo, uma hora atrás, saindo para encontrar seu amigo Killian para um passeio em algum lugar. Eles jantariam juntos, mais tarde.

Ela envolveu a caneca de chá com as mãos, levantou-a e tomou o líquido quente.

Não estava bem certa de como se sentiria quando conhecesse os amigos de Regina. Parecia ser o curso natural das coisas, ela supôs. Mas o curso natural de um relacionamento. E não era o que estava acontecendo ali. Ou era?

Será que era um sinal de que a outra desejava que as coisas ficassem mais sérias? Era contra relacionamentos, como ela mesma. Era o que a mantinha segura. Não importa quão próxima se sentia da morena.

Elas estavam mais íntimas. Contaram uma a outra quase todos os segredos mais profundos e sombrios. Com certeza, cada uma das fantasias sexuais. Regina ainda a espancava usando seu chicote de couro algumas vezes depois que ela lhe confidenciara quanto aquilo a excitava: o cheiro do couro, a malvadeza. Nada que ela falava sobre sexualidade a chocava. Era libertador. Excitante. Ela jamais conhecera alguém assim. Tão liberal. Inteligente, estivessem discutindo sexo ou qualquer outro tema.

Ela adorava que pudessem conversar sobre arte e literatura, algo de que ela sempre sentira falta nas pessoas com quem tivera encontros. Suspeitava que Regina era até mais sagaz do que ela, mas considerava isso uma boa coisa. Fazia com que a respeitasse mais. Percebeu que havia um pouco de esnobismo ao sentir-se daquela forma, mas não podia evitar.

Regina era também gentil. Em qualquer lugar que fossem, as pessoas imediatamente gostavam dela. Notava, agora, que sua teimosia é que a fizera ser tão agressiva quando se conheceram. A morena encantava a todos: garçons, balconistas de livrarias. E o charme não era apenas fachada, como acontecia com muitas outras mulheres.

Notou que não havia pensado ou olhado para outra pessoa desde que conhecera Regina, cinco semanas antes. Tinha a impressão de que a conhecia há muito tempo. Sempre.

Sempre... com ela…

Seu pulso vibrou, e ela sorriu para si mesma. E então foi tomada pelo pânico. Era como estar levando um soco no estômago.

O que é que ela estava pensando?

Não haveria sempre nenhum. Não com Regina. Nem com qualquer outra pessoa. Não para ela.

O telefone celular tocou e ela o alcançou para ver de quem se tratava no identificador de chamadas.

Regina.

Apenas respire.

O pânico atenuou-se e sua pulsação fluiu com aquele calor tão habitual, bastou ver o nome dela na telinha.

Ela atendeu.

 

– Oi.

– Oi, Emma.

 

A voz da outra a fez sorrir, aquele tom suave e profundo, mistura de uísque e maçã. O pânico reduziu-se um pouco mais.

 

– Regina, já acabou o passeio?

– Nem saímos ainda. Killian teve uma emergência no escritório, então ainda tenho um pouco de tempo. Na verdade, estou aqui embaixo.

– O quê?

– Vai me deixar entrar?

 

Ela riu.

 

– Acha que eu não deixaria?

– Boa menina.

 

Ela tremeu quando foi apertar o botão para liberar a entrada, o coração disparando no peito, o sexo aquecido por saber quem estava chegando.

Abriu a porta da frente e esperou pelo elevador. Ela chegou, as portas se abriram e ali estava Regina. Estava elegante e integralmente uma má garota, em seu jeans e camisa preta com decote, com um casaco escuro pendendo dos ombros. Sorriu quando se deparou com ela.

 

– Você não está vestida – resmungou; a admiração iluminando seus olhos.

– Você mal me deu tempo. Saiu faz uma hora.

 

Regina deixou o casaco cair no chão e bateu a porta atrás de si.

 

– Gosto de manter você alerta. Em pé. De costas. De joelhos.

 

Alguns passos e a morena a conduziu para dentro do apartamento, deixando o casaco onde caíra.

Em poucos segundos, as mãos de Regina estavam sobre ela, desatando seu robe e deixando que resvalasse para o chão, mexendo em seus mamilos, que endureceram, o prazer cintilando sobre a pele de Emma. A beijou com força, provocando hematomas, sua língua doce e úmida. Cheirava a menta. Ela cheirava a Regina.

Emma gemeu quando a morena a fez caminhar de trás para frente, na direção da sala de jantar, depois a ergueu, sentando-a na grande mesa de vidro. Sentiu frio em suas partes baixas, nos lados posteriores das coxas.

Regina parou de beijá-la.

 

– É bonita, mas vamos nos livrar dela por ora.

 

Tirou sua calcinha, sem pressa, uma perna de cada vez, parando para dar-lhe beijos ardentes nos joelhos, no alto de suas coxas, fazendo com que tremesse. Em seguida, colocou os dedos direto em seu sexo encharcado.

 

– Ah... nossa... Regina. Só… me dê um momento para pensar.

– Não há nada para pensar. Ah... você tem um gosto bom, querida...

 

Regina manteve o olhar fixo no de Emma enquanto erguia seus dedos, levando-os aos lábios para lambê-los. A loira tremeu, o desejo se espalhando por todo seu corpo.

 

– Regina...

– O que você quer, minha menina?

– Você sabe o que eu quero.

– Diga.

– Quero sua boca em mim.

 

Regina sorriu e a empurrou para trás, na direção do tampo da mesa, deitando-a. O vidro frio contra suas costas era um contrapeso ao calor de seu sexo. O corpo dela estava ficando cada vez mais excitado a cada segundo. A morena abriu bem suas coxas, e, quando inclinou a cabeça para sentir o gosto dela, Emma ofegou.

 

– Ah... sim...

 

E mergulhou ali, trabalhando com a língua, os lábios, os dedos. Lambeu seu clitóris enrijecido, sugando-o cada vez mais forte. Com os dedos, massageou os lábios do sexo dela, depois os introduziu na vagina, curvando-os para atingir o ponto G.

 

– Deus do céu, Regina. Vou gozar.

 

Continuou... O prazer era como fogo iluminando o corpo dela, as paredes de sua vagina começando a pulsar. E a sedosa cabeça da outra entre suas coxas, com os ondulados e escuros cabelos roçando sua pele, ampliavam as sensações. Regina sugou mais forte seu clitóris, pressionando os dedos mais fundo. Luzes explodiram atrás dos olhos fechados de Emma. O corpo dela arqueou na mesa, o calor escaldava-a, provocando ondas e ondas de calafrios.

Ela mal se acalmara e seu sexo ainda pulsava quando Regina foi até o quarto, pegou o strapon, abaixou parte de sua calça, o colocou e voltou, enroscando as pernas de Emma em sua cintura e ergueu os braços sobre a cabeça dela, segurando os pulsos com sua mão antes de penetrá-la apenas com a ponta do brinquedo, e manteve ali na entrada. Adorável. Alucinante.

 

– Você está tão molhada, querida. Tão molhada para mim. Eu só preciso foder você. Só foder... você, minha menina.

 

Seus quadris tomaram um rápido impulso, o strapon entrou fundo de uma vez só e ela gritou. Em seguida, nada além de pura fúria animal, seus corpos unidos em ardor, desejo e urgência, quando Regina começou a fazer movimentos incessantes de vaivém. E foi como se Emmaa ainda estivesse gozando em pequenas rajadas de sensação, seu sexo apertando compassadamente o brinquedo que se movimentava dentro dela.

Regina movia-se mais depressa, mais fundo. Seus seios batia com muita força nos dela, a dura mesa machucando a espinha de Emma. Ela não se importava. Adorava tudo: o prazer, os pulsos presos, a sensação de estar sendo dominada.

 

– Estou gozando... querida...

 

O rosto da morena era puro êxtase, e ela chegou ao clímax, tremendo, ainda dentro dela. Gemendo, ainda meteu de novo e mais uma vez.

 

– Emma... – caiu em cima dela, respirando com dificuldade, ofegante. – Ah... isso foi bom.

– Hum...

 

Beijou o lóbulo da orelha de Emma e depois deu uma pequena e suave mordida.

 

– Vou me atrasar para o passeio.

– Sim. O que vai dizer a Killian?

– Nada. Ele vai perceber.

 

Emma apenas sorriu. Sentia-se bem demais para se incomodar.

Regina puxou-a, ajudando-a a ficar em pé.

Deu um passo atrás, segurando a mão dela.

 

– Gosto desse seu olhar.

 

Regina alcançou as coxas dela e introduziu dois dedos naquela umidade quente. Ela inclinou-se para a morena – o prazer, agudo e elétrico, fazendo um arco em seu corpo.

 

– Jesus, Regina! Você nunca vai conseguir sair daqui se não parar com isso.

– Não me tente, mulher. Não quero deixar Killian esperando muito, senão iria pegar você no meu colo e espancar sua maravilhosa bunda até que ficasse com aquele tom rosado de que eu tanto gosto. Eu posso até ficar excitada só de pensar nisso.

 

Emma estremeceu, imaginando o que lhe foi descrito.

 

– Tem certeza de que não temos tempo?

 

Regina riu.

 

– Teremos todo o tempo do mundo depois do jantar desta noite. Talvez seja uma espera longa demais.

– Muito tempo mesmo.

– Venha comigo.

– O quê?

– Venha passear comigo hoje. Conosco. Killian não vai se importar. Você gosta de passear?

– Sim. Mas, Regina, não vou subir em seu carro nesses passeios.

 

O peito de Emma começou a ficar desagradavelmente apertado só de pensar naquilo.

 

– É um pequeno trajeto.

– A questão não é essa.

– Achei que você confiava em mim.

– Confio. E eu farei quase qualquer coisa, Regina, na cama, no clube. Vou me submeter a você de praticamente todas as formas, mas nada de velocidade. Nem com você nem com nenhuma outra pessoa. Não é pessoal.

– Apenas pensei que seria bom para você vir conosco. Para ver essa parte de minha vida.

 

Será que Regina estava magoada? Seja como for, Emma não estava disposta a ir.

 

– Lamento. Não posso fazer isso.

 

A morena encolheu os ombros. Mas Emma ainda não sabia se estava chateada.

 

– Está bem – acariciou seus cabelos, afastando-os de seu rosto.

– Está mesmo, Regina?

– Sim.

 

Regina inclinou-se, beijou sua boca e então ela relaxou ao toque: a mão em seu queixo, seus lábios nos dela.

 

– Tenho de ir. Mas você vem nos encontrar à noite, no Palm Restaurant, às oito?

– Sim, com certeza.

 

Regina sorriu para ela.

 

– Não foi uma ordem, Emma.

 

Ela corou, pensando na possibilidade da Killian ouvir aquela conversa; depois se deu conta de que ele deveria estar acostumado com aquele tipo de diálogo, pois Regina havia mencionado que ele também era um dominante.

 

– Tudo bem. Mesmo assim, posso estar lá às oito da noite.

– Ótimo.

 

Regina ajeitou seu jeans e só então Emma percebeu que e outra nem sequer havia se despido, apenas a possuiu, tudo puro sexo animal. E ela ainda estava nua. Um tremor de desejo percorreu seu corpo.

 

– Lamento ter de ir –  lhe disse, pegando-lhe a mão e roçando seus lábios sobre os nós dos dedos dela.

– Está bem.

– Ótimo. Tenha um bom dia. Vejo você à noite, querida.

 

Um leve arrepio quando ouviu o tratamento carinhoso.

Pare de ser tão criança.

 

– Estarei pronta.

 

Deslizou um braço ao redor da cintura dela, puxando-a para perto mais uma vez, e murmurou em seu ouvido:

 

– Você sempre está pronta. Já lhe disse como adoro isso, Emma?

 

Ela estava molhada de novo, os membros ficando quentes e soltos.

 

– Melhor ir embora ou eu realmente não vou deixar você sair daqui.

– Menina mandona – riu.

– Estou aprendendo com a melhor. Vá. Bom passeio. Vejo você à noite.

 

Emma estava sorrindo quando Regina fechou a porta pegou o robe e colocou-o nos ombros. Deus do céu, ela estava se transformando em uma garota. Tinha de se lembrar que isso não iria enfraquecê-la. Mas ela era uma garota. A outra era apenas a primeira pessoa que conseguira quebrar a dura fachada que ela achava que tinha de mostrar ao mundo. Não que tudo houvesse desmoronado, mas Regina certamente havia rachado a armadura e olhado lá dentro.

E ainda estava lá. Com ela.

Ela não queria pensar muito sobre o que isso significava. Melhor acalmar-se e concentrar-se nas coisas femininas, deleitando-se um pouco com o que vivenciava.

A única coisa sobre a qual ela não queria refletir era aquela conversa sobre o passeio. Ainda não estava certa sobre o que sentia quanto à sua inflexível recusa a passear de carro com Regina, mas era uma possibilidade impensável. Ficava apavorada até mesmo se imaginasse que a morena poderia ser lançado para fora da estrada naquela coisa.

Não pense nisso. Concentre-se no jantar de hoje à noite, em estar com ela de novo.

Foi tomar um banho e pensar o que vestiria para o programa noturno. No espelho, seus olhos estavam luminosos, as pupilas dilatadas. As maçãs do rosto, rosadas. E seus lábios pareciam ter sido mordidos. Sorriu diante de seu próprio reflexo.

Tudo estava bem. Regina também. Ela precisava controlar um pouco seus medos. Afinal, fazia muito tempo que os abrigava.

Agora só tinha de se preocupar com o vestido que ia usar à noite. Talvez fosse um pouco mais feminina do que imaginava.

O dia passou depressa, e ela conseguiu escrever uma dúzia de páginas, além de editar outras tantas. Mesmo que estivesse tão ocupada, Regina permanecera em sua mente durante o dia inteiro. Não podia parar de pensar nela.

Em pé, diante do grande espelho da porta de seu guarda-roupa, com a calcinha preta e o sutiã com acabamento de uma bela renda roxa, ficou pensando em que vestido deveria usar. Tinha de encontrar Regina e Killian em menos de uma hora e precisava resolver logo. Por que estava sendo tão difícil decidir?

O vestido envelope roxo, macio e envolvente, ou a malha de caxemira cinza e a saia preta? Ambos lhe caíam muito bem, destacando a silhueta. Ela colocou o vestido diante do corpo. O decote era pronunciado, a saia evasê. Pendurou a roupa na porta e pegou a saia. Ambas as opções eram sensuais, mas sofisticadas.

Ela sempre preferia usar roupas mais provocantes quando saía com a morena. Supunha que isso fizesse sentido, uma vez que estavam dormindo juntas. Mas nunca tinha se importado tanto com isso antes.

Deixou a saia de lado. Talvez devesse optar pelo vestido roxo... Ela gostava da forma como as camadas de tecido se cruzavam sobre seus seios, formando um V profundo. Apreciava a maciez do tecido sobre sua pele sensível, a forma como roçava em suas pernas.

Há semanas estava ultrassensível, como se cada nervo estivesse regulado no volume máximo. Sensações, gostos, cheiros, sons, tudo amplificado, como se Regina a tivesse despertado de todas as formas.

Regina.

Ela colocou o vestido, fazendo com que deslizasse pelos ombros, amarrando-o com firmeza na cintura. Não quis colocar meia-calça, apesar do frio lá fora, e calçou longas botas de camurça com saltos altíssimos. Acrescentou um colar de anéis de prata e um par de delicados brincos de argola.

Olhou seu reflexo no espelho satisfeita com o que via, sabendo que Regina ia gostar. Sentiu um calor irradiar-se pelo corpo.

Sorriu quando o telefone tocou e viu o nome no mostrador.

 

– Regina.

– Emma, é Killian. Estou usando o telefone da Regina.

– Ah... Olá, Killian.

– Olhe, não quero que se preocupe. Estou ligando só porque vamos nos atrasar um pouco para o jantar.

 

Ela sentiu arrepios na espinha.

 

– Preocupar-me com o quê?

– Regina sofreu um acidente leve, mas está bem...

– Um acidente?

– Ela está realmente bem, eu juro.

– Onde ela está?

– Estamos no pronto-socorro do Kindred Hospital.

– Ai, meu Deus! Já estou chegando.

– Não há necessidade de vir. Mesmo.

– Estou indo.

 

Desligou o telefone com o pulso vibrando, quente e forte de preocupação. E medo.

Pegou o casaco e a bolsa e saiu, batendo a porta de entrada. O elevador pareceu demorar uma eternidade, mas finalmente ela desembarcou no térreo, entrou no carro e cruzou a cidade ao volante.

Aquelas maldita velocidade. Por que as pessoas eram tão obsecadas por isso? Deus do céu, se alguma coisa tivesse acontecido com Regina ela jamais a perdoaria.

Chegou rapidamente ao hospital, estacionou e saiu. Foi até o pronto-socorro e entrou. Aquele cheiro... Ela odiava aquilo – uma mistura de desinfetante, álcool esfregado e preocupação. Detestava o barulho de seus saltos no piso de linóleo pálido. A frieza das pinturas florais na parede da recepção não ajudavam em nada. Tudo lembrava demais a perda de Lily. Ela mal se sustentava em pé. Mas Regina estava ali, em algum lugar. Engoliu a náusea e aproximou-se do balcão. Uma enfermeira levantou os olhos.

 

– Estou procurando por uma... amiga.

– Nome? – a mulher perguntou.

– Regina Mills.

– Emma.

 

Ela virou-se, deparando-se com Regina e um homem alto e magro, que deveria ser Killian, cruzando as portas duplas. O braço esquerdo de Regina estava em uma tipoia. O pânico espalhou-se pela superfície de sua pele como um calafrio.

 

– Regina!

– Emma, você não precisava vir até aqui!

– Você está brincando? Killian ligou e disse-me que você estava ferida.

– Estou bem. Machuquei um pouco meu ombro e Killian insistiu para que viéssemos fazer uma consulta.

– Você não está bem. Bateu o carro? O que aconteceu?

– Não foi nada. Fiz uma curva rápido demais e havia uma placa na estrada. Eu deveria ter tido mais cuidado.

 

Emma queria lhe dizer que ele não deveria estar andando daquele maldito jeito. Mas não iria constrangê-la diante de seu amigo. E sabia que não estava sendo completamente racional. Mas não podia evitar. Só conseguia pensar no rosto inerte de Lily. Na morte de Lily.

Sua garganta começou a fechar, e sentiu lágrimas quentes e ardidas no fundo de seus olhos.

Pare com isso. Acalme-se.

Regina aproximou-se, pegou as mãos dela. Estavam quentes. Era uma atitude tranquilizadora. Se ao menos elas pudessem sair dali, afastar-se daquele cheiro...

 

– Juro que estou perfeitamente bem, Emma. Um pouco machucada, mas nada quebrou.

– Tudo bem. Tudo bem – ela respirou fundo duas vezes, tentando evitar que a outra percebesse.

– Sinto muito se a assustei. – Killian falou. Seus olhos eram de um luminoso azul, e sua expressão, sexy. – Regina me pediu para ligar.

– Não, eu... lhe agradeço. Sei que estavam sendo gentis. Eu fiquei apenas... preocupada.

– Não há nada com que se preocupar – Regina insistiu. – Já fiz coisas piores em minha própria cozinha. E me machuquei bem mais na quadra de basquete.

– É porque você é muito gostosa para jogar bola. – Killian provocou.

– Eu arraso com você no futebol, meu amigo. – Regina disse, sua boca abrindo-se em um sorriso.

– Só porque você tem as pernas grossas. – Killian retrucou.

 

Emma observava aquelas brincadeiras entre eles ainda tentando fazer com que sua pulsação voltasse ao normal.

 

– Podemos... Você está pronta para ir embora?

– Sim, com certeza. Estávamos saindo quando você chegou. Íamos para a casa de Killian trocar de roupa. – Regina a espreitava, seu olhar fixo no dela. – Você está bem? Não está pensando em nos dar um bolo, não é?

– O quê? Com certeza estou bem. Apenas não gosto muito de hospitais.

 

Regina colocou a mão nas costas dela, fazendo pequenos movimentos circulares. Isso fez com que tivesse vontade de chorar, de novo. Não conseguia entender o que era aquilo.

 

– Então vamos sair daqui.

– Você não pode dirigir seu carro do jeito que está.

– Nós fomos até minha casa e levamos o carro. – Killian lhe contou.

– Podemos encontrá-la no restaurante em meia hora. – Regina disse. – Você pode ir na frente e tomar um drinque.

 

Ela assentiu, balançando a cabeça. Beber algo parecia perfeito naquele momento.

 

– Tudo bem.

 

Regina puxou-a para perto, deu um leve beijo em seus cabelos. Emma ainda tinha vontade de chorar, mas o apertado nó de medo em sua garganta estava se desfazendo, pouco a pouco.

Caminharam todos juntos até o estacionamento, e Regina deu outro beijo em seus cabelos, antes de conduzi-la ao carro. Ela colocou um CD clássico; a música e a direção ajudaram-na a tranquilizar-se, acalmando seus nervos. Ela parou o carro na rua, no lado oposto ao Palm Restaurant.

Era o mesmo restaurante onde elas tiveram seu primeiro jantar descente, de namoro. Era isso mesmo que estavam fazendo? Namorando?

Supôs que estivesse namorando aquela mulher.

Apenas namorando.

Apenas sexo. Respirou fundo.

E agora Regina queria que ela encontrasse com seu melhor amigo, para que pudesse conhecê-lo. Será que isso significava algo ou ela estaria exagerando na análise da coisa?

Uma noite dessas ela perguntara a outra como Killian era, e Regina lhe disse que era ótimo, inteligente, divertido. E que ela iria gostar dele, como ele, dela. E, quando ela lhe perguntou porque achava isso, Regina respondeu:

 

– Que pessoa não amaria você?

 

Seu peito apertou-se.

Que pessoa não a amaria?

Regina, talvez?

Não seja tonta. Isso não é o que você deseja.

Mas o que ela queria? Não tinha mais certeza.

Suspirou quando saiu do carro e entrou no restaurante, dirigindo-se ao bar. Pediu uma vodca com tônica, sedenta pelo calor do álcool na tentativa de não pensar enquanto esperava pela chegada dos dois.

Ela viu, enquanto eles se aproximavam, que Killian era quase tão bonito quanto Regina, em forma masculina, com um maravilhoso sorriso branco e covinhas piscando em ambas as bochechas.

Regina inclinou-se e beijou-a, aquecendo sua face.

 

– Hum... eu esqueci de lhe dizer como está maravilhosa – sussurrou perto de seus cabelos.

– Lamento que nossa saída tenha tido um mau começo. – Killian acrescentou, pegando sua mão. – Geralmente sou mais suave. – ele sorriu, e ela não pôde evitar de se encantar um pouco com ele.

– Está tudo bem, realmente.

– Nossa mesa estará pronta logo. Posso pedir outro drinque para você?

– Todo cheio de maneiras encantadoras, Killian? –         Regina perguntou, com uma nota de provocação na voz.

– Como sempre, Regina.

– Esta é minha, meu amigo.

 

Dela?

Ela olhou para Regina, mas ela estava sorrindo para Killian, aparentemente sem se dar conta do que acabara de dizer. O que significava? Ou será que era apenas uma maneira de dizer, alguma brincadeira entre amigos e que não queria dizer nada?

 

– Acho que gostaria de outro drinque, obrigada – ela disse.

– Uma taça de vinho? – Regina perguntou.

Outra vodca com tônica, por favor.

 

Regina ergueu a sobrancelha, mas fez o pedido, solicitando outro igual para ela. Sabia muito bem, e Emma lembrava bem, que ela não costumava tomar bebidas com alto teor de álcool. Melhor deixar que creditasse ao nervosismo de estar conhecendo Killian.

Regina deslizou para um banco ao lado dela, mantendo a mão em suas costas. Ela amava o calor da mão da morena quando pousava nela, mas estava ansiosa. Estava se esforçando muito para ignorar a tipoia branca em seu braço esquerdo e a razão pela qual se machucara. O desejo de pensar a respeito era quase insuportável.

 

– Então... – Killian lhe disse quando se sentou do seu outro lado – Regina me disse que você escreve literatura erótica?

– Sim.

– E que vocês se conheceram para que você possa pesquisar sobre... práticas radicais.

– Sim, isso mesmo – o garçom entregou seu drinque e ela tomou um longo gole, que desceu ardendo por sua garganta, mas tanto a vodca quanto a presença de Regina ajudaram a relaxá-la. – Eu pensava que a maioria das pessoas envolvidas em submissão e sadomasoquismo considerava isso um estilo de vida.

 

Killian encolheu os ombros.

 

– Não vejo a coisa como um estilo de vida. Não define minha vida. Apenas minhas práticas sexuais, e sensuais. E trato de praticar com a maior frequência possível.

 

Sorriu. Era encantador. Caloroso. Emma gostou dele, como Regina previra.

 

– Você é advogado, como Regina me disse?

– Sim, um advogado especializado em divórcios. Trabalhei durante alguns anos em uma grande companhia, mas acabo de saber que consegui emprego em uma empresa menor, aqui mesmo na cidade, algo que estava querendo há meses, então estou muito satisfeito com isso.

– Parabéns pela conquista.

– Obrigado.

– Mas essa especialização em divórcios deve ser algo bem intenso.

– Sim, é. Muito intenso.

 

Ele sorriu de novo, seus olhos azuis brilhando.

 

– Você gosta dessas pequenas insinuações, não é Killian?  – Regina perguntou, falando pelas costas dela.

 

Será que havia mesmo uma ponta de genuíno ciúme na voz da morena ou se tratava apenas de uma brincadeira com seu amigo?

 

– Gosto de tudo, Regina. Mas você já me conhece. Olhe... parece que a recepcionista já tem nossa mesa. Podemos ir?

 

Killian ofereceu o braço a Emma, e ela achou que seria indelicado recusar. Sorriu ligeiramente quando percebeu o olhar contrariado de Regina.

Reservaram uma cabine para eles. Killian sentou de um lado, ela e Regina do outro. Emma deu uma olhada no cardápio, mas sabia que Regina faria o pedido por ela. Uma pequena parte dela queria discutir a respeito, mas tinha resolvido abrir mão disso semanas atrás. Então recostou-se e fechou o menu sobre a mesa.

Killian olhou para ela e depois para Regina. Não disse nada. Mas ela pôde sentir que ele analisava a situação. Ela achava que, como dominante, ele estava habituado a observar os fatos, da mesma maneira que Regina. E que isso acontecia automaticamente para eles. E, de alguma forma, ela não se importava, embora uma parte de sua psique estivesse convencida do contrário.

O garçom chegou, e fizeram seus pedidos – Regina havia feito por ela, como esperava. Aquilo fez com que se sentisse uma pouco excitada, algo que ela odiava admitir até para si mesma. Mas estava acontecendo sempre a mesma coisa.

 

– Conte-me como vocês dois se conheceram. – ela disse, olhando de Regina para Killian.

 

Não podia evitar de notar que belo par eles faziam. Aqueles dois deviam fazer com que a cabeça das mulheres se virasse em qualquer lugar que entrassem, especialmente se estivessem juntos.

 

– Nós nos conhecemos no Pleasure Dome. Faz... quanto? Uns três anos? – Killian perguntou a Regina.

– Sim, mais ou menos isso.

– Logo descobrimos que tínhamos muito em comum – Killian falou – além das coisas que aconteciam no clube. Ambos gostamos de viajar, embora Regina tenha estado em mais lugares do que eu. Entre a faculdade de Direito e o início de minha carreira, não tive muito tempo livre. Mas o que realmente nos uniu foram as corridas. Embora ela tenha um péssimo gosto para marcas de máquinas.

– Os meus são clássicos. Perfeições mecânicas. – Regina comentou.

– Continuo lhe dizendo que não há nada melhor que um BMW – insistiu Killian. – São as melhores máquinas do mundo para viagens. Ninguém supera a engenharia alemã.

– Posso afirmar que vocês dois já tiveram essa mesma discussão antes – Emma falou, fingindo que a simples menção aos carros não estivesse dando um nó em seu peito, atingindo-a como se fosse um soco no estômago.

 

Regina riu.

 

– Talvez uma ou duas vezes.

 

Virou-se para ela e sorriu, com a mão apertando sua coxa. E, não obstante a confusa mistura de emoções que ela estava sentindo, uma leve sensação a invadiu. Isso acontecia cada vez que Regina a tocava. Embora Killian fosse muito bonito e tão inteligente e encantador quanto Regina dissera, ele não tinha o menor efeito sobre ela. Nem mesmo uma faísca. Era como se, agora, ela olhasse para as pessoas a distância, sempre comparando-os com Regina. E elas sempre levavam a pior.

Ela sempre teve uma libido saudável e apreciava bastante uma bela pessoa. Por que, subitamente, só tinha olhos para aquela mulher?

Olhou para Regina e ela a estava fitando, aquele brilhante olhar marrom fixo diretamente nela, dentro dela, fazendo com que seu pulso se acelerasse, quente.

Ah... você está em apuros.

O jantar chegou, e ela tomou sua sopa de missô, com o intenso sabor de curry do macarrão que se vendia nas ruas de Cingapura, e degustou o sushi maravilhosamente preparado, tentando ignorar os pensamentos sobre carros que invadiam sua mente a centenas de quilômetros por hora. Por que ela estava mais consciente do que nunca sobre o efeito de Regina nela? Talvez porque sua reação a ela estivesse em nítido contraste com sua indiferença em relação ao belo Killian. Ou mesmo porque seu corpo ainda estivesse meio zonzo por causa do sexo na mesa de jantar, naquela manhã. Ou, ainda, a atração e a ligação misturadas com a preocupação por causa do acidente que ela sofrera. Mas o que realmente faria sua cabeça girar, se ela insistisse naquele pensamento, era o fato de que, sem nenhuma dúvida, ela só tinha olhos para Regina.

O desejo nunca a fizera olhar para somente uma pessoa. Nunca. Mas o fato era que ela não queria ninguém mais. Apenas Regina.

Queria ser dela.

Deus do céu...

Colocou os hashis sobre a mesa, pois de repente a comida parecia cair como chumbo em seu estômago. Depois dos drinques, haviam bebido saquê durante a refeição, e ela tomou mais um gole. Na verdade, precisava mesmo era de mais vodca. Ou, quem sabe, não deveria estar bebendo nada de álcool. Só iria amortecer seus sentidos. Ela havia passado muito tempo naquele estado, sem pensar. Em consequência, as coisas estavam ficando apavorantes agora. Ela permitira que muita coisa acontecesse. Deixara que fossem longe demais.

Virou-se para observar Regina enquanto ela falava com seu amigo, gesticulando animadamente numa discussão sobre basquete. A morena ficou quieta e olhou para ela, com aquele sorriso sincero, lindo e que a desarmava. E refletindo... o quê? Orgulho?

Ela estava se sentindo insegura. Demais. Tinha de se acalmar.

 

– Vocês dois podem me dar licença por um minuto?

– Claro. – Regina disse levantando-se e colocando a mão na cintura dela para que pudesse ficar em pé.

 

Ela foi o mais rápido que pôde ao banheiro feminino. Havia uma funcionária perto da pia. Balançava a cabeça e sorria. Emma correu até uma das cabines, batendo a porta atrás de si.

Tirou os cabelos da face com as mãos trêmulas e então suas pernas fraquejaram e ela teve de se apoiar na porta com uma das mãos.

Precisava se acalmar. Aquilo não deveria significar nada.

Mas significava, sim. Era tarde demais. Muito tarde.

Como é que ela havia deixado aquilo acontecer?

Pegou o telefone celular da bolsa e discou o número de Ruby.

 

– Alô, aqui é Ruby. Deixe uma mensagem e vou ligar de volta assim que puder. Se quiser marcar uma sessão de tatuagem, por favor ligue para minha loja, Thirteen Roses. Grata.

– Ruby, sou eu, Emma. Realmente preciso falar com você. Estou quase perdendo a cabeça. Estou ligando de uma cabine de banheiro, por Deus do céu. Estou aqui, como uma doida varrida, torcendo as mãos. Ou estava, antes de ter de usar uma delas para segurar o maldito telefone. Acontece, Ruby, que eu tive uma queda por Regina. É mais do que uma simples queda. Eu... estou apaixonada por ela. Ah... Deus do céu, eu disse isso mesmo? Não posso acreditar que disse. Não posso acreditar que isso está acontecendo comigo. Eu, entre todas as pessoas! Não posso amá-la. Não sei como fazer isso. Preciso de sua ajuda. Tenho de me acalmar. Necessito...

 

Click.

 

– Sua mensagem terminou. Se quiser apagá-la e gravá-la de novo, por favor digite um.

– Maldição!

 

Encerrou a ligação sem nem mesmo saber se a mensagem tinha seguido. Por que ela tinha ficado ali, balbuciando por tanto tempo?

Tinha de se recompor, voltar lá para fora e fingir que nada havia mudado.

Mas tudo mudara naquele breve instante em que ela descobrira a verdade.

Ela estava amando Regina Mills.

Até mesmo deixar que aquelas palavras rolassem em sua mente era apavorante. Esmagador. Impossível.

Mas era verdade.

Sua mão apertou o celular, até que os nós dos dedos ficaram brancos.

Maldito fosse seu coração traidor. Ela estava apaixonada por Regina. E não havia nada que pudesse fazer a respeito.


Notas Finais


Espero que tenham gostado... Até o próximo.
Mordidas na boquinha de vocês! <3


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