História You Belong to Me (RELEITURA) - O contrato

"Você o quê?" eu não estava acreditando no que eu estava ouvindo. Era demais para mim. Meu pai só podia ter enlouquecido... Acho que a pobreza estava fazendo mal para ele.
"Estou falando sério." Ricardo abaixa a cabeça e a esconde com as mãos. "Fiz um contrato com Jeremy Bieber... Você irá se casar com o filho dele." soltei uma risada de puro deboche. Minha mãe andava de um lado para o outro, ouvindo a nossa conversa sem acreditar que seu marido tinha mesmo feito isso.
"Você por acaso falou comigo? Não!" ele levantou a cabeça e me encarou. Parecia estar arrependido do que tinha feito, mas ainda assim queria me convencer a aceitar uma loucura daquelas.
"Ou você aceita, ou terminamos de perder o que já não temos filha." ele parecia tão frio falando assim. Não se parecia em nada com o Ricardo que eu sempre conheci a vida toda. Realmente o dinheiro e a falta dele pode mudar as pessoas. Quem elas são.
"Você não pode me responsabilizar pela recuperação da sua falência." ele passou as mãos agitadas pelo cabelo e suspirou. "Você está louco se acha que vou aceitar isso." cruzei os braços e fiquei olhando para ele com o meu melhor olhar raivoso.
"Filha, pensa bem... Eles podem resolver os nossos problemas." soltei uma gargalhada, e meu pai me encarou sem achar graça.
"Não vou fazer isso. Esquece!" ele se levantou do sofá, pronto para ir embora da sala.
"Ricardo, eu quero o divórcio." a voz de minha mãe ecoou pelo cómodo e todos ficamos em silêncio assimilando a frase.
"O que você disse Mandy?" meu pai se virou para ela assustado.
"É isso mesmo que você ouviu... Quero me separar de você." minha mãe estava falando de uma forma tão dura. Me assustei.
"Qual é mãe? Ele fez besteira mas vai concertar..." ela balança a cabeça com um sorriso sarcástico nos lábios. Parecia estar em outro mundo. "Não é pai?" olhei para ele com um olhar bem expressivo, quase matador.
"Agora é fácil né Amanda. Se separar do marido falido que não pode mais te dar conforto. É  muito fácil." o tom do meu pai era bem acusatório. Ele realmente não iria levar aquilo numa boa. Afinal todos estavam de cabeça quente e não estavam pensando para falar.
"Não se trata disso. Eu simplesmente não vou continuar casada com um estranho. Você não é mais a mesma pessoa Ricardo." minha mãe se sentou no sofá e abaixou a cabeça.
"Pessoal. Não briguem. Isso vai passar." eu realmente queria acreditar em minhas palavras mas estava difícil. No último ano a minha família passou por uma grande quebra financeira, e meu pai tentou fazer de tudo para se reerguer.
"Não se intromete Selena." minha mãe quase gritou comigo. Ela estava bem brava e eu como filha não tinha como ficar do lado de ninguém. Fiquei em silêncio.
"Vamos conversar amor. Vamos resolver isso juntos." meu pai se sentou no sofá do lado da esposa e ficou fazendo carinho em seu ombro direito. Ele parecia tão paciente, tão interessado em resolver a situação.
"Não Ricardo. Eu não quero mais saber de você." minha mãe se levantou com pressa do sofá, recusando qualquer toque vindo do meu pai.
Ela correu até o escritório, entrou e se trancou lá dentro.
"Resolva isso." praticamente ordenei antes de subir para o meu quarto.
"Você sabe que já está feito. Apenas aceite." ignorei o que ele disse e subi correndo para o meu quarto.
Mais tarde fui para faculdade. Hoje terei aulas praticamente o dia todo. Depois de ter andando por quase uma hora até chegar a faculdade, procurei imediatamente pela Savannah e a encontrei numa das mesas do gramado, lendo um livro totalmente concentrada.
"Amiga." corri até ela apressada. Ela tomou um leve susto.
"Oi." ela resmungou chateada por eu ter atrapalhado a sua leitura.
"Você não sabe o que aconteceu Sav!" ela fechou o livro e o guardou dentro da bolsa, para só então dar atenção para mim.
"O que? Agora vocês perderam a casa?" revirei os olhos e bufei. Ela sorriu. Ela amava brincar com a minha atual e total falta de dinheiro.
"Não. É bem pior. Bem pior mesmo." ela colocou os braços sobre a mesa.
"Fala logo Sel. Odeio enrolação." achei graça de sua curiosidade, mas decidi me concentrar na conversa.
"Meu pai... Ele... Ele assinou um contrato. E nesse contrato ele me prometeu em casamento para um estranho." Savannah que estava com cara de tédio para o que tinha que contar, logo se animou. Parecia assustada. Também não era para menos.
"Como assim? Ele quer te casar com um cara que você não conhece? Tipo à moda antiga?" parecia que ela estava achando brincadeira da minha parte.
"Isso mesmo." confirmei balançando a cabeça.
"Como isso aconteceu?" coloquei minha bolsa sobre a mesa, percebendo que a conversa seria longa.
"Como você sabe estamos sem dinheiro. Num dos joguinhos dele um tal de Jeremy Bieber lhe fez uma proposta. Me casar com o filho dele e em troca ajuda meu pai em tudo, financeiramente." ela abriu a boca e piscou algumas vezes. Abriu sua garrafa de água e tomou alguns goles.
"Mas você não é obrigada a isso amiga. Você não se comprometeu com nada." suspirei.
"Pois é. Mas se eu não aceitar nós perdemos tudo. Meu pai deu total direito das nossas coisas para o cara." Savannah passou as mãos no rosto, nervosa. Fechou os olhos e respirou fundo, depois voltou a me encarar.
"Se pai enlouqueceu? Ele quer ferrar a sua vida?" ri pelo nariz com a preocupação dela em relação a mim. Aquilo era tão bom.
"É claro que eu não vou aceitar." ela concordou.
Assim que o sinal bateu indicando o início das aulas nós entramos na faculdade. Tive aulas bem movimentadas de dança e canto, uma dinâmica em grupo e aula teórica de piano.
Eu já estava no meu segundo ano de dança e música. Era o que eu amava fazer. Comecei já pequena com balé classico, e aos 10 anos mais ou menos entrei para um grupo de dança de rua mas uns três anos depois saí. Eu estava me esforçando para me destacar na turma e ganhar um estágio na melhor escola de dança de Chicago. Seria um sonho realizado, já que agora eu não posso mais pagar por uma coisa dessas.
O sinal para o almoço bateu e todos deixaram suas salas. Os corredores estavam uma loucura como senpre. Pessoas andando para lá e para cá, falando alto, abrindo e fechando armários. Estava o típico caos. Saí da sala e fui até o meu armário trocar o material para a próxima aula, depois fui até o refeitório encontrar Savannah. Apesar do lugar estar bem cheio, acabei achando Savannah sentada numa das mesas de canto. Fui apressada até ela e sentei ao seu lado.
"Oi." eu disse.
"Oi." ela responde de volta bem desanimada.
"Como é possível que a física acabe com as pessoas?" ela perguntou, fazendo uma careta tentando encontrar sua própria resposta.
"Não sei. Foi você quem escolheu engenharia, não eu." ela mostrou a língua para mim e eu ri.
"Bem engraçada Sel." ela deitou a cabeça sobre os braços na mesa. "Não ajudou em nada." pisquei para ela.
Ficamos em silêncio depois que fomos buscar o nosso almoço e voltamos para a mesa. Savannah pegava o pure com a colher e jogava de volta no prato.
"Sabe... Eu estive pensando, e se o cara for feio?" olhei para ela o que ela queria morder. Experimentei um pedaço de pudim... Estava muito gostoso como sempre.
"Que cara?" perguntei. Ela revirou os olhos com a minha falta de entendimento.
"O seu cara." continuei sem entender nada. A encarei esperando por algo mais claro.
"Meu?"
"O cara com quem você tem que casar." só então entendi a quem ela se referia. Estava pouco ligando para esse cara. Um que eu jamais me casaria, por sinal.
"O que tem isso? Se ele é bonito ou feio? Não vou me casar com um estranho Sav." ela sorriu.
Continuamos comendo, mas então ela resolveu voltar a falar de novo.
"Já sei... Vamos procurar algo sobre ele na internet." olhei para ela sem acreditar. Para quem estava me dando força para recusar aquilo, ela parecia bem interessada no assunto.
"Nem pensar." ela me ignorou e tirou o celular do bolso da calça jeans.
"Vamos ver... Qual é o nome dele?" continuei comendo enquanto ela teclava no celular.
"Não sei." ela começou a batucar os dedos na tela do celular enquanto falava comigo.
"E o do pai? Do pai você sabe." ela abriu um sorrisinho vendo que estava certa sobre o palpite.
"Para com isso Sav. Vamos comer."
"Vai fala logo. Qual o nome?" revirei os olhos e bufei nervosa. Ela sabia ser muito insistente e chata quando queria.
"É Jeremy... Jeremy Bieber." ela então começou a teclar depois que dei a informação.
Ela ficou olhando para a tela, depois abriu algo e ficou olhando. Derepente sua boca se abriu e ela deu um sorrisinho suspeito. Ou ele era muito feio e eu estsva ferrada, ou era muito bonito. Quando me dei conta eu já estava sentada ao lado dela, tentando ver o que ela via no celular.
Pouco era bonito para aquele ser em questão. O cara era realmente um gato. Estava na foto entre os pais, vestido num terno preto, cabelo bem curto, num pose sexy, olhando sério para a camera. Fiquei um tempo com o celular na mão, aceitando a ideia de que um homem como ele se casaria comigo. Só tinha um problema... Era um completo estranho. Entreguei o celular para Savannah e voltei para o meu lugar do outro lado da mesa.
"Justin Bieber é o nome dele." eu estava um pouco distraída e mal escutei o que ela disse.
"O que?" perguntei.
"O nome do seu pretendente é Justin Bieber." dei de ombros.
"E daí Sav? Não vou mudar de ideia só porque vi que o cara é bonito."
"Bonito? Ele é maravilhoso, isso sim." ri pelo nariz e revirei os olhos, ficando séria depois.
"Que tal mudarmos de assunto?"   ela guardou o celular e começou finalmente a comer.
"Não seria nada mal casar com um homem desses..." eu já estava começando a ficar nervosa com o assunto.
"Sav!" ela levantou as mãos.
"Tá bom, tá bom."
Olhei ao redor, observando as pessoas que ainda estavam por ali. Encontrei Jack Gilinsky num canto conversando com alguns caras, ele estava sorrindo. Fiquei o observando de longe. Jack seria o homem perfeito para de casar comigo, se não fosse muito pegador. Do nada ele olhou na minha direção, e percebendo que eu olhava para ele, ele sorriu e piscou na minha direção. Retribui com um sorriso.
Jack Gilinsky era um estudante de música, praticamente o galã da faculdade. Muitas garotas gostavam dele. Eu já tinha saído com Jack algumas vezes e ultimamente ele era um dos meus motivos de distração. Ele era um dos poucos caras que tinham conseguido me deixar tão atraída tão rápido, e o sabor daqueles lábios... Querer senti-los de novo já tinha se tornado um vício. Acabei me afastando dele e de sua turma depois que os problemas com a minha família começaram.
A hora do almoço acabou e todos voltaram para suas salas. Me despedi de Savannah que iria sair mais cedo hoje, e segui para minha aula de história da música. Entrei na sala e era uma das poucas que já tinha chegado. Nem a professora estava na sala ainda. Sentei na minha mesa e fiquei esperando o início da aula. Pouco tempo depois vi Jack passar pela porta, ele sempre tinha essa aula comigo... A única. Uma pena. Ele me avistou da porta e então entrou. Eu realmente achei que ele iria passar direto quando entrou na fileira em que eu estava, mas fui surpreendida quando ele parou bem na frente da minha mesa.
"Oi Sel." sorri para ele.
"Oi Jack. Tudo bem?" ele sorriu de volta. Puxou a cadeira da frente e se sentou.
"Você sumiu. Não sai mais com a gente." ele tirou a mochila das costas e colocou em cima da mesa.
"Eu ando muito ocupada Jack. Mas eu gosto da galera." ele sorri e se debruça na minha mesa. Nada abusado.
"Você sabe que se quiser eu pago qualquer coisa para você. Qualquer coisa Sel." sorrio sem graça. Ele pisca para mim e meu coração acelera um pouco.
"Obrigado Jack. Mas é só falta de tempo mesmo." ele deu de ombros e acariciou a minha mão que estava em cima da mesa.
"Estamos com saudades de você." sorrio. "Quer dizer... Eu estou." desta vez fico vermelha. Ele pega a mão que estava acariciando e dá um beijo. Depois vira de vez para frente, quando a professora entra na sala.
"Aliás. Você está linda hoje." ele se vira rapidamente e se logo se volta para frente.
Não tenho tempo para responder, pois meu celular apita. O tiro do bolso e vejo que Savannah me mandou uma mensagem. Desbloqueio o celular e abro a mensagem dela. Está escrito um presentinho para alegrar seu dia e logo depois vem uma foto. Abro a foto e dou de cara com o tal Justin Bieber recortado da foto que a Savannah tinha me mostrado no almoço.
Guardo o celular quando a professora começa a aula. Mas quem diz que eu consigo me concentrar e prestar atenção na aula? Duas pessoas não saem da minha mente durante todo o tempo de aula. Jack e Justin. O cara da faculdade porque eu tenho uma forte atração e o estranho a quem estou "prometida" em casamento. Um eu conheço e o outro não. Ambos são muito bonitos. E ambos vão fazer da minha vida uma confusão.