História You can Break my Soul - Lugar Estranho

-Vamos, tem um acampamento próximo daqui, lá podemos descansar e amanhã retornar para Tóquio.-Fala Shinoa-san.

Todos concordam, Yoichi-san me ajuda a levantar e vamos com calma para o acampamento. Chegamos e é completamente vazio.

-Ficaremos seguros aqui? -Pergunta Mitsuba-san, duvidando.

-Sim, poucos vampiros sabem o caminho. -Diz Shinoa, enquanto tenta abrir uma das portas.

-Espero. -Comento e vou ajudá-la.

Estão todas trancadas, o que é muito estranho, as portas só podem ser trancadas pelo lado de dentro.

-Alguém deve ter vindo antes de nós… -Kimizuki-san fala, sentado apenas observando o que fazemos.

-Que estranho… -Mitsuba-san arromba a porta assim que eu termino de falar.

Quando entramos, um forte odor toma conta do ambiente, tampo meu nariz, assim como os outros, para investigar o que havia acontecido ali.

Logo vimos dois corpos jogados no piso, já estam em estado de decomposição avançado e o mal cheiro já nos dizia isso.

Não aguento e saio do recinto para respirar ar puro, arrodeio o lugar, encontro as janelas que incrivelmente estão quebradas, marcas de pegadas são visíveis no mato.

-Aqui não é mais tão seguro. -Falo, fazendo-os ouvir de dentro do quarto. -Vamos embora.

Eles assentem, mas o único que permanece intacto é o loirinho, ele parece pensar em algo. Aproximo-me e vejo o mesmo olhar assustado para mim, quando percebo, sinto algo prender a minha perna e me fazer ficar de cabeça para baixo, isso mesmo, eu pisei numa porcaria de armadilha.

-Era só o que me faltava. -Comento, enquanto pego a adaga que carregava por dentro da meia.

Corto a corda que me prende, com um tanto de dificuldade. Caio e ao levantar, guardo a adaga.

-Como previu? -Pergunto vendo o loirinho se aproximar.

-Pela posição dos cadáveres e o motivo da porta estar trancada, eles estavam fugindo de algo, deveriam ter montado uma armadilha na única entrada que dava para os ver.

-E aparentemente, a "coisa" foi mais inteligente. -Ajeito meu uniforme.

-Ou estava mais desesperada, caso não, teria arrombado a porta.

-Acha que pode ter sido um vampiro?

-Provavelmente.

Nos reunimos de frente para um dos quartos.

-E então? O que faremos? -Yuichiro-san pergunta, já está sem paciência.

-Não temos outro lugar para ir, o jeito e limpar essa "sujeira" e torcer para ninguém nos atacar. -Shinoa-san fala ainda calma.

-Eu cuido dos corpos… -Sujeito-me a tal tarefa.

Ela assente e eu caminho para adentrar o quarto de novo, com as narinas já tampadas, caso contrário, eu desmaiaria antes mesmo das crias de Nasu aparecerem.

Separo uma carta, ajoelho-me e tento me concentrar.

-Nasu catulos, et corpora carere eis requiem cultum.

As boborletas aparecem e voam afim de encontrar os corpos, nesse tempo, tento não parecer desesperada para respirar, se eu sair, não vai funcionar.

Aos poucos vejo os corpos desaparecerem, chega a um ponto onde eu não consigo mais segurar a respiração, deixo de tampar meu nariz. Felizmente, o ar podre não está tão perceptível como mais cedo.

Os cadáveres somem e com eles, a podridão também, levanto e guardo as cartas, vou a caminho da saída, meus amigos não estam presentes.

-Eles foram procurar por coisas comestíveis e algo para cubrir a janela quebrada. -O loirinho fala, surpreendendo-me.

-E por que não foi?

-Preferi ficar, nunca se sabe o que poderia acontecer.

-Hm… -Sento, colada à parede de madeira, o loirinho faz a mesma coisa, porém do lado contrário ao meu. -Posso te contar algo?

-Apenas prossiga. -Seu olhar parece sem interesse.

-Não sou tão forte como aparento ser... -Começo, com um pouco de receio. -Presumo que já saiba do meu irmão e o que ele era.

Vejo-o assentir.

-E eu presumo que a morte dele te fez alguém que está sempre a procura de vingança, mesmo que não aceite isso. -Fala cabisbaixo.

-C-Como?

-Yuu-chan é da mesma forma… só que diferente de você, ele assumiu.

-Por esse motivo ele é mais forte. -Sorrio fraco. -As vezes, eu me deixo levar pelos meus sentimentos e perco o controle, é por causa disso que o poder de Nasu sobre mim me deixa exausta, ela insiste em me fazer admitir o porquê dela ter se tornado minha regalia.

-Por que não admite?

-Nasu teria o que sempre quis, e ela começaria a me controlar, ao invés de mim.

-… e por qual motivo resolveu contar isso a mim? -Olha-me confuso.

-Precisava falar com alguém… e como você está sempre comigo…

Ele sorri fraco, é a primeira vez que o vejo sorrir.

~Quebra do Tempo~

O pessoal volta, com algumas coisas em mãos, Yoichi-san carrega um pedaço de papelão velho e as meninas, Mitsuba-san e Shinoa-san, têm em mãos poucas frutinhas.

-Onde conseguiram? -Pergunto, referindo-me as frutas.

-Próximo daqui… -Responde Mitsuba-san.

-Tem certeza que não são venenosas?

-Não… -Ambas soltam o que seguravam.

-Fazer o quê, ne? -Shinoa-san fala, antes de levar Yoichi-san para onde a janela está quebrada.

-Vamos ter que dormir no mesmo quarto? -Pergunto.

-Esperava o quê? -Kimizuki-san fala, e acho grosseria por sua parte.

-Calma, eu só fiz uma pergunta…

-Humpf… -Afasta-se.

Peço a Mitsuba-san para me ajudar com o quarto, mesmo sem os corpos, está repleto de poeira. Abanamos algumas coisas que contém maior concentração de sujeira. Olho no armário que tem, para ver se há algum cobertor, felizmente, tem, porém, são poucos. Há apenas quatro, e nós somos sete, pego-os e jogo na cama velha.

-Só temos quatro? -Pergunta a loira ao acabar de contar quantos cobertores tinham.

-Sim, vamos ter que arrumar um jeito… hm… dividir, não?

-Pode ser.

~Quebra do Tempo~

Anoitece e logo nos acomodamos no pequeno quarto, fazemos uma barreira na porta, para nos manter seguros, não acendemos nenhuma vela ou algo do tipo, com medo de atrair algum ser indesejado.

Eu optei por não querer um dos cobertores, ou seja, só precisou fazer uma dupla, que no caso foi Shinoa-san e Mitsuba-san.

-Por que não vai querer um? -Pergunta Yuichiro-san já totalmente coberto.

-Não estou com tanto frio e… não quero dormir, não aqui.

Aos poucos eles vão adormecendo, e eu fico parada, esperando que amanhecesse o mais rápido possível.

-Devia dormir. -Ouço a voz do loirinho ecoar pelo quarto.

-Não estou com vontade... -Ele se aproxima, como eu sei disso? Os seus olhos vermelhos são bem perceptíveis no escuro.

Ele se senta ao meu lado e entrega algo a mim, é bem macio, deduzo que seja a sua jaqueta.

-Você ainda é humana, com certeza sentirá frio.

-O-Obrigada, mas eu não consigo dormir em um lugar como esse.

-Isso se chama frescura.

-Não é isso… é só que… eu sinto que se eu dormir, ficaremos em perigo.

-Eu ainda estou aqui, apenas durma, ficará doente se não descansar.

-Eu estou bem, vou permanecer acordada e te fazer companhia. -Coro ao perceber o que falei.

-Oh… então está preocupada comigo?

-Shiu! Apenas fique calado, se não mudo de idéia…