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História You Can Call Me Monster - Capítulo Trinta e Quatro


Escrita por: CarolAkiyama

Notas do Autor


GENTE DO CÉÉÉÉÉÉÉU
VOCÊS QUEREM ME MATAR KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK 68 COMENTÁRIOS NO CAPÍTULO PASSADO, EU TO RINDO DE NERVOSO EM 7 LÍNGUAS DIFERENTES, INCLUINDO EM ÉLFICO KKKKKKKK SOS

Deu trabalho, mas respondi todos vocês :3 E fico muito feliz que tenham gostando tanto do capítulo passado~ Muito obrigada pelo tanto de apoio e carinho e incentivos e elogios que vocês tem dedicado à essa fic. É prazeroso escrevê-la justamente porque eu posso me divertir escrevendo algo que gosto com a companhia de vocês. Quero também agradecer uma pessoa "anônima" por uma crítica construtiva que recebi em uma mensagem privada, obrigada pela coragem de vir falar comigo sobre isso <3

Enfim, recados dados, vamos ao que interessa :3
O capítulo tá curtinho, mas eu espero que gostem mesmo assim :3
Leiam com carinho e até lá embaixo o/

Capítulo 34 - Capítulo Trinta e Quatro


 

 

Capítulo 34

 

Tiffany

 

Não consegui dormir naquela noite.

 

Taeyeon estava abraçada ao meu corpo quase que possessivamente, e eu a mantive em meus braços de muito bom grado, fazendo um carinho leve em seus cabelos. Ela havia pegado no sono logo depois de nossas confissões, Taeyeon estava cansada e precisava descansar bem para enfrentar o que estava por vir amanhã.

 

Eu, por outro lado, já havia dormido demais na noite anterior e estava com coisas demais na cabeça para conseguir pegar no sono agora. Tudo o que aconteceu aqui, alguns minutos atrás… As imagens e sensações, os sons, os sentimentos… Ainda brincavam com a minha sanidade. Eu nunca pensei que algo do tipo fosse acontecer entre nós. Nunca pensei que trairia meu próprio juramento de não corrompê-la. Mesmo que eu a quissesse mais que ninguém. Nunca pensei que uma confissão tão honesta e intensa pudesse sair de meus lábios. Mesmo que eu soubesse, lá no fundo, o que eu sentia, e o que ela sentia também, mesmo que eu apenas estivesse tentando me enganar e ignorar o que estava acontecendo. Nunca pensei que um pedido tão humano fosse um dia sair da minha boca. Mesmo que a palavra “namoro” tenha perdido seu significado para mim desde quando me tornei Hunter.

 

Parando para pensar, acho que até Taeyeon ficou surpresa com a mudança brusca em minhas atitudes. Por que, de repente, eu resolvi ceder? Por que suas palavras me alcançaram e eu consegui colocar meus sentimentos para fora logo de uma vez? Por que, estranhamente, meu desejo de estar próximo dela tomou a forma de um pedido de namoro, tão inesperado?

 

A verdade é que… Enquanto Taeyeon tomava banho, eu estava deitada em nossa cama.. Pensando…

 

E se… Aquela fosse a nossa última noite em paz…? Nossa última noite em segurança? Nossa última noite… De vida?

 

Eu sabia, lá no fundo, eu sabia mais do que ninguém.

 

Eu não iria sobreviver à próxima missão.

 

Qualquer pessoa que ouça essas palavras pode até pensar que eu estou sendo pessimista. Mas a verdade é que… Se uma missão contra um Imortal está convocando tantos Hunters e até mesmo uma humana como reforços, significa que não é uma batalha simples. Minhas porcentagens são baixas ainda, se comparada com as de Amber, Luna e Changmin. Eu teria chance apenas contra os demônios menores, mas, uma vez tendo que enfrentar o Imortal diretamente… Será o meu fim. E mesmo que, por um milagre eu sobrevivesse, meu destino continuava sendo… A morte. Minha porcentagem não me deixaria viver por muito mais tempo. Meus dias ao lado de Taeyeon estão contados. E foi pensando nisso que eu decidi…

 

Eu serei o que Taeyeon quiser que eu seja enquanto eu ainda estiver ao lado, durante o tempo que me resta.

 

Se ela me quiser fisicamente, eu não vou negá-la, não vou negar-me. Se ela quiser minha minha confissão, meus sentimentos em palavras, seu desejo será realizado. Se ela quiser que eu me torne humana o suficiente para estar em um relacionamento amoroso com ela… Assim será. Mesmo que a ideia soe estranha e até um pouco infantil aos meus olhos de Hunter, eu sabia que Taeyeon ainda era humana, e seu coração humano se sentia mais seguro quando rotulamos uma relação.

 

E foi assim que eu me perdi. Eu deixei minhas restrições de lado, deixei meus martírios para trás. Eu resolvi esquecer o quanto era errado, esquecer meus supostos limites só para depois perceber o quanto eles eram inúteis. Eu já estava no inferno de todo o jeito, minhas restrições com relação ao corpo de Taeyeon e seus sentimentos não iriam extrair o sangue Imortal que corre em minhas veias.

 

Eu decidi me entregar completamente, e viver plenamente ao seu lado, enquanto eu ainda posso. Essa será minha despedida.

 

Mas…

 

Depois de consumada minha decisão, tudo mudou.

 

Eu, de repente, não me sentia mais confortável com a ideia de morrer, de deixá-la.

 

Hunters não têm receio de morrer lutando em uma missão. A violência, a morte, a batalha… São nossa natureza, fazem parte de nós, de nosso sangue. Se morremos ou se vivemos um pouco mais, não importa… Porque não há nada e nem ninguém para fazer daquilo algo especial. Simplesmente não há nada. Viver ou morrer é apenas um detalhe indiferente.

 

Só agora, depois de ter me entregado à Taeyeon completamente, eu percebo que essa regra não mais se aplica a mim. Eu tenho alguém. Eu tenho para onde voltar, eu tenho para quem voltar. E eu quero voltar, eu quero estar com ela, eu quero viver. Não quero aumentar minha porcentagem, não quero perecer nas mãos de um demônio.

 

Mas… Meu futuro com ela… Já não existe. A partir do momento em que nos colocarmos a caminho daquela cidade… Tudo vai ruir. Fugir também não é uma opção. Key disse algo que eu já sabia. Fugir da Organização era suicídio. Então… O que eu faria?

 

A resposta era dolorosamente óbvia.

 

Eu serei grata por tê-la conhecido. Serei grata por ela ter trazido luz para minha vida sombria, mesmo que por pouco tempo, mesmo que apenas no finalzinho… Os meses que passei ao seu lado foram os melhores momentos de toda a minha vida. E por causa desse sentimento que cresce em mim agora, essa vontade de amá-la, de tê-la, de estar ao seu lado… Eu lutaria contra o Imortal, com tudo o que tenho, com tudo o que posso… Apenas por uma mínima possibilidade de sobreviver e ganhar para mim o privilégio de estar ao seu lado por mais um pouco, mesmo que por um ou dois dias a mais. Eu daria o meu melhor para voltar para ela. Mas acima de tudo… Eu protegeria Taeyeon e garantiria seu futuro mesmo que eu acabe morta. Há um jeito de protegê-la mesmo que eu não esteja mais por perto. E eu farei de tudo, qualquer coisa…

 

Senti Taeyeon se mover em meus braços à medida que a luz do sol começava a ganhar força, se infiltrando no quarto lentamente. A noite se tornou dia enquanto eu estava perdida em pensamentos.

 

Assisti o exato momento em que Taeyeon abriu os olhos naquela manhã. — Fany-ah… — Um suspiro saiu de seus lábios junto com meu nome. Eu a encarei e vi claramente o brilho em seu olhar.

 

— Bom dia, Taeyeon-ah. — Falei sorrindo ao vê-la bocejar.

 

— Bom dia… — Respondeu, sonolenta.

 

— Dormiu bem? — Perguntei. Eu estava um tanto preocupada, honestamente. Taeyeon não havia dormido muito, e eu ainda temia que a tivesse machucado na noite anterior.

 

Taeyeon sorriu e me envolveu em um abraço apertado. — Melhor sono da minha vida. — Ela respondeu. Suas bochechas estavam um tanto vermelhas e seu coração acelerou consideravelmente ao me responder. Acabei rindo levemente. Pelo menos ela parecia bem. — E você? Dormiu bem?

 

Fiquei em silêncio por alguns instantes. — Eu não dormi essa noite. — Respondi por fim e Taeyeon fez uma careta antes de levantar o tronco e me encarar seriamente. Aquilo era uma intimação. — Fiquei pensando em você e não consegui dormir. — Declarei, e assisti com satisfação o rosto dela ficar rosa. Ri de sua vergonha sem hesitar, enquanto que Taeyeon continuou com aquela expressão emburrada, mas suas feições relaxaram depois de algum tempo.

 

— Pare de me provocar! — Exigiu, ao empurrar meu ombro com “força”, e eu acabei rindo ainda mais.

 

— Certo, eu paro. — Falei por fim e ela fez bico. Puxei seu rosto para mim delicadamente e selei nossos lábios em um beijo de bom dia. Quando nos separamos, tomei um tempo para encarar a garota em minha frente, minha namorada humana. Por um segundo, eu desejei que aquele momento durasse para sempre. Mas claro que… Não poderia ser assim. — Taeyeon…

 

— Temos que levantar, não é? — Ela sussurrou, enquanto tirava uma mecha de cabelo da frente de meus olhos. Assenti lentamente e Taeyeon suspirou. — Está tudo bem… — Ela me mostrou um sorriso leve antes de se aproximar e me dar um selinho breve. — Vamos, antes que eu perca a coragem. — Declarou e eu acabei soltando uma risada baixa.

 

Levantei o corpo e Taeyeon fez o mesmo. A primeira tarefa era encontrar as roupas para vesti-las. Eu realmente não lembro de onde as joguei. Resolvi não encher as paciências de Taeyeon com mais provocações, eu sabia que ela virava um pimentão sempre que o assunto era carnal, e não podia negar que eu gostava de admirá-la enquanto ela corava, mas eu sabia seus limites. Se eu a provocasse muito, ela ficaria chateada. Então, eu apenas a ajudei a reencontrar as peças de roupa e juntas, nos vestimos sem trocar muitas palavras.

 

— Taeyeon… — Chamei assim que terminei de calçar as botas. Ela me olhou nervosamente enquanto abotoava a blusa. Segurei um riso diante de sua vergonha. — Eu vou descer até a recepção e vou pedir o café da manhã reforçado para você. — Falei e ela ergueu uma sobrancelha. — Daqui a pouco, os líderes estarão aqui, e assim que terminarmos a conversa com eles, vamos ter que nos apressar. Não vamos poder parar tantas vezes quanto antes, então..

 

— Ah… Entendi. Tudo bem, então. — Ela falou, parecia um tanto sem graça, e eu tinha uma leve ideia do porquê.

 

— Taeyeon-ah. — Chamei seu nome mais carinhosamente enquanto me aproximava dela. — Não faça essa cara, você não não é um incômodo, ou qualquer coisa assim, sabe disso, não é?

 

Ela abaixou a cabeça. — Mas… Se não fosse por mim-

 

— Eu estaria morta… E solteira. — Falei com um riso leve, e Taeyeon corou, mas acabou sorrindo mesmo envergonhada. Segurei seu rosto nas mãos e o ergui, de modo que eu pudesse fitar seus olhos. — Não pense que cuidar de você e das suas limitações como humana é um incômodo para mim, hm? Eu… Eu amo você da maneira como você é, e tudo que eu precisar fazer por você, eu farei de bom grado. — Os olhos de Taeyeon se encheram de lágrimas e eu me desesperei. Será que eu falei algo errado? — T-Taeyeon-

 

Ela me beijou.

 

Antes que eu pudesse terminar de falar, ela me beijou. Um beijo salgado por causa de suas lágrimas, mas que me fez entender que ela não chorava de tristeza, era outra coisa… Algo bom. Retribuí o contato com a mesma intensidade de Taeyeon e fiz força para me separar dela quando o oxigênio começou a faltar. Taeyeon sorriu largo em minha direção e eu retribuí, enquanto me afastava dela lentamente. Nós duas sabíamos que poderíamos não sair daquele quarto se nos beijássemos de novo, e isso não poderia acontecer. Absolutamente.

 

Deixei Taeyeon se trocando no quarto e desci as escadas da hospedaria até a recepção. O garoto, filho do dono, estava atrás do balcão. Ele me encarou nervosamente assim que me viu, e eu percebi imediatamente que havia algo além do medo que o estava incomodando.

 

— Eu vim pedir o café da manhã. — Falei.

 

— A-Apenas um? — Ele perguntou e eu estreitei os olhos antes de assentir uma vez. — E-Eu levo até lá quando ficar pronto-

 

— Não precisa, eu espero aqui. — Falei. Taeyeon ainda deve estar fazendo sua higiene matinal, talvez até tenha resolvido tomar um banho. Era melhor que eu esperasse.

 

O pai do garoto apareceu alguns minutos depois, e sua reação ao me ver ali foi a mesma do filho. Eles desviavam os olhos de mim, e tentavam agir como se eu não estivesse ali, mas era um estranhamento diferente, tinha algo diferente.

 

Parei um instante para pensar no que poderia ser e logo achei a resposta. Eles nos ouviram, essa noite. Não segurei um riso de deboche. Taeyeon vai surtar quando souber que eles ouviram.

 

Quando o café da manhã ficou pronto, ignorei os dois humanos e subi até o quarto, com a bandeja em mãos. Quando entrei, confirmei minhas suposições de que Taeyeon pudesse estar tomando banho. Era realmente bom que ela o fizesse, já que a viagem será longa, não sei quando ela vai ter a oportunidade de tomar banho em uma hospedaria de novo. Deixei a bandeja em cima da mesa e bati na porta do banheiro, avisando que a comida estava pronta e que ela não deveria demorar muito.

 

Rumei até a janela do quarto e observei a rua e as pessoas.

 

Key havia me mostrado o caminho até a cidade atacada pelo Imortal no dia anterior. Ficava muito longe. Se Taeyeon e eu andarmos no ritmo de sempre, só vamos chegar lá depois de um mês de caminhada. Se demorarmos tanto, não vai haver mais missão para cumprir. Amber e Luna devem demorar uns três dias para cobrir essa distância, correndo em alta velocidade. Devem alcançar o lugar essa noite, ou amanhã pela manhã. Key deve ainda demorar uns cinco ou seis dias, considerando que o mago ainda tem que cumprir obrigações no Núcleo. Eu e Taeyeon precisamos chegar lá dentro de uma semana, no máximo. O único jeito era…

 

Meus pensamentos foram interrompidos quando a porta do banheiro se abriu. Taeyeon saiu de lá com uma toalha na cabeça, secando os cabelos molhados e sorriu genuinamente em minha direção. Retribuí o sorriso e indiquei a bandeja do café da manhã em cima da mesa.

 

Ela demorou pouco tempo para comer, apenas uns quinze minutos, e logo eu ouvi vozes masculinas vindas da recepção.

 

— Os líderes chegaram. — Anunciei e Taeyeon assentiu. Depois de tantos meses trabalhando juntas, ela já estava habituada à esse tipo de encontro, e embora tenha falhado uma ou duas vezes, Taeyeon estava muito mais segura e confiante na hora de falar com os humanos.

 

Poucos minutos se passaram até ouvirmos batidas firmes na porta do quarto. Taeyeon foi até lá e a abriu, dando passagem para os homens.

 

— E-Então… Nós viemos para-

 

— Já sabemos o motivo, vamos direto ao ponto. — Taeyeon cortou. — O preço de um serviço desse porte é de quatro a cinco jovens de dez até dezoito anos, da escolha do mago. — Anunciou e eles se remexeram, incomodados com a situação. — Como vocês devem saber, o mago que nos auxiliou na luta contra o Lich saiu da cidade ontem, pela manhã. A verdade é que ele está sendo requisitado em outro lugar, e por isso, a Organização deve mandar outro mago para cobrar o pagamento dentro de alguns dias. — Explicou pacientemente. — Eu sei a natureza dessa reunião, e logo aviso, não é do interesse de vocês arrumar uma dívida com a Organização, já que isso significa que não iremos mais receber os pedidos de ajuda de vocês, não importando a gravidade da situação-

 

— Então, você acha certo sacrificar uma minoria em prol da maioria…? — Um dos líderes interrompeu. Ele era o mais velho, e olhava seriamente para Taeyeon. Minha mediadora não se incomodou com o seu tom de voz e nem com suas palavras, ela já havia ouvido coisas parecidas inúmeras vezes. — Que tipo de humana é você? Sua família pode ter te entregado para a Organização, mas agora você usa isso para se vingar e fazer com que mais famílias passem pelo que você-

 

— Acho… Que está havendo um mal entendido. — Ela interrompeu. — Minha família, meu caro senhor… Está morta. Eu me envolvi com a Organização porque humanos como você me exilaram de minha cidade natal. A Organização me deu um emprego, uma companhia, e uma chance de viver. — Falou duramente e o homem encarou o chão. — E mais uma coisa: — Fez uma pausa breve. —  Quem foi que disse que os jovens que levamos serão mortos pela Organização? — Perguntou com uma sobrancelha erguida. — Não é um sacrifício, é mais como uma contratação. — Taeyeon sorriu ao ver a expressão confusa nos rostos dos homens. — Os jovens levados serão parte da Organização e trabalharão conosco. — Geralmente essa explicação servia para amenizar as preocupações dos humanos, mas dessa vez… Parece que Taeyeon vai encontrar um pouco mais de resistência.

 

— Você diz isso, mas eu nunca vi outro humano trabalhando para a Organização além de você. — Um deles falou. Aquele era um comentário perigosamente certeiro. Era verdade que não tínhamos humanos trabalhando conosco além de Taeyeon, mas isso era porque os humanos levados pela Organização são transformados em Hunters, e não porque são mortos, como ele estava pensando.

 

— E o que você sabe sobre a Organização? Hm? — Taeyeon ergueu uma sobrancelha. — Você apenas vê Hunters e magos andando de um canto para outro do continente, e acha que pode supor alguma coisa de quantas pessoas, raças e criaturas estão envolvidas com a Organização? — Soltei um suspiro pesado de alívio. Foi uma resposta inteligente. Ela não estava mentindo completamente. O líder ficou sem palavras depois dessa resposta, estava confuso. — Eu sei que é difícil de acreditar, mas ouça isto que eu como humana, estou tentando te dizer: A Organização não ameaça a vida dos jovens que são tirados de suas famílias. Definitivamente, nós fazemos o possível para ajudá-los e mantê-los vivos.

 

— Eles… Eles apenas vão trabalhar para vocês? — Perguntou um deles e Taeyeon assentiu. — E o que eles farão, exatamente?

 

— Confidencial. — Taeyeon respondeu de pronto.

 

— Como?! Eu exijo que vocês digam qual é a função deles! — Soltei uma risada baixa por reflexo de sua pergunta e ele desviou os olhos na minha direção rapidamente. — Do que está rindo?! Respondam a pergunta!

 

Sorri largo. — Se respondermos… Eu vou ter que te matar. — Respondi baixo e ouvi com satisfação seu coração acelerando.

 

Taeyeon suspirou ao meu lado, mas o sorriso leve em seu rosto me dizia que apesar de tudo, ela também se divertia.

 

— O que estamos querendo dizer é… A informação é confidencial, e a Organização não permitirá a existência de qualquer pessoa que saiba a verdade sobre isso. Os jovens que serão levados daqui, nunca mais voltarão. — Taeyeon falou. — Mas, em compensação, eles ficarão vivos e sob os cuidados e ordens da Organização.

 

Eles abaixaram a cabeça. — Mas… Eles não terão uma vida normal… — Murmurou e Taeyeon ficou quieta. — Nossos planos, para nossos amados filhos irão por água abaixo de um jeito ou de outro, mesmo que eles sobrevivam, não é? — Ele disse com amargura e Taeyeon fez uma careta. — Eles nunca vão casar, ter filhos e constituir uma família…

 

— Eu acho que é muita ousadia sua tentar controlar o futuro de suas crianças. — Taeyeon falou calmamente e o homem arregalou os olhos para ela. — Se eles não quiserem se casar, ter filhos e constituir o que você chama de “família”, seus planos iriam por água abaixo também, não é? — Sorriu brevemente e o homem trincou os dentes. — E só para você saber… Não seria impossível. — Ela disse e foi a minha vez de arregalar os olhos. — Eu conheço uma garota que foi levada pela Organização quando tinha doze anos. — E lá vamos nós de novo… — Ela está viva e muito saudável. Está namorando também. — Taeyeon sorriu largo e eu suspirei.

 

Tenho a impressão de que ela vai fazer essa propaganda sempre que precisar conversar com os humanos sobre o pagamento das missões. Honestamente, diante de minha reação e do sorriso largo da baixinha, eu não sabia como os humanos ainda não haviam percebido que ela se referia a mim, a nós.

 

Seja como for… A “negociação” já havia sido decidida depois desses argumentos de Taeyeon. Os líderes concordaram com nosso preço em poucas palavras e não demoraram para sair do quarto, como de costume. Com isso resolvido, não havia mais nada que nos prendesse naquela cidade por muito mais tempo, era hora de partir.

 

Ajudei Taeyeon a arrumar suas coisas e conferir se todos os nossos pertences estavam guardados na mochila e não havia nada sendo esquecido no quarto. Feito isso, descemos até a recepção para acertar o pagamento de nossa estadia prolongada.

 

Tanto o dono, quanto o filho, nos encararam com olhos surpresos e indelicados. A situação ficou até um tanto desconfortável, era óbvio que havia algo no ar que não estava sendo dito. Taeyeon percebeu o clima estranho que se instalou, mas ela ainda não fazia a menor ideia do motivo. Bem, por pouco tempo…

 

Assisti a minha mediadora colocar as moedas em cima do balcão, de acordo com o preço da estadia.

 

— F-Falta… O preço da janta… — O dono murmurou baixinho, apenas eu pude ouvir. Tampei a boca com a mão assim que me dei conta do que ele estava falando.

 

— O que disse…?

 

— A janta de ontem… Vocês… Vocês não comeram, mas… Eu tenho que cobrar… — Ele disse um pouco mais alto.

 

— C-Como…? — Taeyeon murmurou, confusa.

 

— Taeyeon, eu pedi janta para você ontem, lembra? Antes de você ir tomar banho e… — Expliquei.

 

O dono da hospedaria assentiu. — Eu subi até o quarto para entregar a comida, mas… — Ele pigarreou. — V-Vocês pareciam ocupadas. — Taeyeon engasgou e eu tive que prender o riso ou ela ficaria ainda mais sem graça. — D-Digo! Eu bati na porta, mas acho que vocês não ouviram. — Falou um tanto atrapalhado. Aquilo era mentira, ele não tinha batido, ou eu teria escutado com cem por cento de certeza. Só estava dizendo aquilo porque não queria nos irritar ou constranger. O homem estava sendo cauteloso, afinal, depois de tudo o que se passara entre nós e a mulher dele durante a primeira noite… Ele deveria mesmo ter cuidado com as palavras.

 

Taeyeon se afastou do balcão e me olhou com uma expressão perdida, suas bochechas estavam muito vermelhas. Fiz força para resistir ao impulso de beijá-la ali mesmo. Ao invés disso, tomei posse da função de Taeyeon ao puxar de suas mãos o saco de couro com as moedas delicadamente. Puxei duas peças de cobre e as deixei em cima do balcão.

 

— Acho que isso cobre o preço da comida e o inconveniente de não a termos consumido. — Falei calmamente e ele assentiu de cabeça baixa. — Vamos, Taeyeon. — Chamei, ao puxá-la pela mão. Taeyeon assentiu e quase se escondeu atrás de mim enquanto saíamos da hospedaria. Não aguentei e soltei uma risada baixa. Taeyeon me empurrou fracamente e eu ri um pouco mais. — Não fique assim, está tudo bem… — Tentei dizer, mas já que eu continuava rindo, ela não confiou muito em minhas palavras.

 

Tomei a liberdade de entrelaçar nossos dedos conforme caminhávamos até a saída da cidade, tentando mostrá-la que estava tudo bem e que não devíamos explicação para ninguém sobre o que fazemos ou deixamos de fazer. Acho que minha estratégia funcionou, já que pude sentir a postura da baixinha relaxar aos poucos, seus batimentos cardíacos também estabilizaram. Taeyeon suspirou, mas suas mãos continuaram unidas às minhas.

 

Demoramos alguns minutos para alcançar a saída da cidade, e logo depois, eu já estava guiando Taeyeon pela mata fechada.

 

Quando concluí que já havíamos nos afastado o suficiente dos olhares dos curiosos, parei de andar gradativamente e Taeyeon, sem escolha, me acompanhou. Ela me encarou com uma expressão confusa e eu apenas sorri levemente em sua direção. Não sabia como ela iria receber a informação que eu estava prestes a dizer, mas… Não tinha outro jeito.

 

— O que… Foi…? — Ela perguntou desconfiada e eu suspirei.

 

— Taeyeon… A cidade para a qual temos que ir dessa vez é muito longe daqui. — Falei delicadamente. Ela apenas me escutou com olhos atentos. — Se formos caminhando, vamos demorar quase um mês para chegar lá, talvez mais… — Pontuei.

 

Taeyeon arregalou os olhos. — Então… Como vamos…?

 

Suspirei pesadamente e sem nem responder sua pergunta, tirei a espada das costas, juntamente com o cinto de couro que a prendia ali. Ajustei as tiras de couro do cinto para que eu pudesse carregá-lo na cintura. Taeyeon não compreendeu minhas intenções no princípio, mas eu ouvi seu coração acelerar quando me ajoelhei de costas em sua frente, indicando o que ela deveria fazer.

 

— T-Tiffany… — Ela murmurou.

 

— Eu vou te carregar. Pode subir.

 

— Mas…

 

— Está tudo bem, pode subir. — Falei novamente. Taeyeon hesitou por um instante, mas logo pude sentir seu corpo se apoiar timidamente em minhas costas. — Está segurando firme? — Perguntei só para ter certeza e senti Taeyeon movimentar a cabeça em uma sinal positivo. — Eu vou correr, vou tentar manter um ritmo constante, mas se eu estiver indo muito rápido, me avisa, tudo bem? — Perguntei e ela assentiu novamente.

 

Comecei a correr gradualmente. Eu não precisava ir tão rápido quanto da última vez, quando estávamos fugindo do Lich na floresta, afinal, não havia nada nos perseguindo agora. Eu só precisava manter um ritmo estável que fosse confortável para Taeyeon e rápido o suficiente para nos fazer alcançar nosso destino em uma semana, ou menos.

 

— Fany… — Ela chamou e eu movi o rosto levemente para trás, em sua direção. — D-Desculpe…

 

— Pelo quê?

 

— Por ser tão devagar… Por fazer você me carregar em uma viagem tão longe. — Ela disse.

 

— Não se preocupe com isso, já falei mil vezes que eu não me importo com essas coisas. Além do mais… Você é muito leve, Taeyeon. É fácil de carregar. — Brinquei e Taeyeon suspirou. Ela não parecia muito feliz com a situação, mas sabia que não havia outro jeito.

 

A vantagem de carregá-la era que além de eu poder correr mais rápido, eu não precisaria de tantas pausas para descansar. Para ser honesta, eu poderia correr sem parar com Taeyeon nas costas por três ou quatro dias. Ela é muito leve, leve demais. Quase não fazia diferença.

 

Durante os primeiros minutos, minha namorada parecia muito desconfortável tendo que ser carregada em minhas costas, mas com o tempo, ela relaxou um pouco. Seus braços caíram mais confortavelmente ao redor de meu pescoço e seu peso se tornou um pouco mais evidente, mas claro, nada que fosse me atrapalhar.

 

Uma viagem longa havia começado, e o fim dela marcaria o começo de uma batalha difícil, a pior que já enfrentamos até agora. Todos os meus instintos me diziam que aquela não seria uma boa ideia, mas eu também não tinha escolha. Seja o que for que aconteça, eu estava determinada. Tinha fixado na mente que minha missão não é matar um Imortal. Minha missão é proteger Taeyeon, única e exclusivamente, e não me interessa o que a Organização diz. É só com a segurança dela que eu me importo.

 

 

 


Notas Finais


Acho que a Taeyeon nunca vai superar essa vergonha de montar de cavalinho da Tiffany e vocês? hueheueheueheuehue

Enfim, gente, foi um capitulo de transição bastante importante pra fic, sei que não aconteceu muitas coisas nele, mas espero que entendam que é um capítulo necessário, e eu se apressasse as coisas, iria ficar estranho, então por favor, tenham paciência comigo, sim? :3
Deixem seus comentários ai, caso queiram claro, sem pressão~

Obrigada por lerem e até a semana que vem o/


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