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História You Can Call Me Monster - Capítulo Trinta e Cinco


Escrita por: CarolAkiyama

Notas do Autor


Heeeeeey~

Faz tempo né? :')
Bom, gente, o que aconteceu foi o seguinte.
Na madrugada de quarta para quinta, minha avó materna que morava comigo foi internada no hospital por estar com muita fraqueza e pressão baixa. E na madrugada seguinte, ela veio a falecer. Eu postei uma nota no twitter sobre a att da semana passada e quem viu, deve ter percebido que eu fiquei bastante abalada com o ocorrido (e ainda estou honestamente), já que minha avó era mesmo muito próxima de mim e enfim... Foi o momento mais difícil que eu já passei na vida e durante aqueles dias, eu não tive nem vontade de escrever. Apesar disso, eu sei que a vida continua, e minha avó iria gostar que eu seguisse em frente e fizesse as coisas que me deixam feliz. Dito isso, a escrita foi um dos meus únicos consolos nessa última semana, mesmo que o que eu esteja escrevendo não tenha nada a ver com o ocorrido em minha vida privada. Então... Foi isso aí. Eu agradeço a todos que expressaram sua preocupação para comigo no twitter, nos comentários aqui da fic, em mensagens privadas e tudo o mais. Obrigada mesmo, eu tenho os melhores leitores do mundo <3

Mas enfim... Vamos falar de coisas boas heuehueheeu

O capítulo finalmente saiu, e está bem grande haha Eu espero que gostem~
Boa leitura e perdoem qualquer erro, por favor~
Até as notas finais o/

Capítulo 35 - Capítulo Trinta e Cinco


 

 

Capítulo 35

 

Tiffany

 

A longa viagem finalmente chegava ao fim depois de seis dias inteiros. Nenhuma de nós havia conversado sobre a missão até aquele dia, Taeyeon também, estranhamente, não havia perguntado nada sobre Imortais durante o trajeto, acredito que seja um tópico bastante assustador para ela e eu estava respeitando seu silêncio.

 

Naquele momento, Taeyeon estava tomando banho e eu havia acabado de buscar sua janta na recepção. Eu e ela havíamos decidido parar em uma hospedaria na cidade mais próxima ao nosso destino para descansar durante a noite. Esses últimos dias foram intensos e cansativos para minha mediadora, já que as pausas para descansar eram curtas e eu continuei correndo durante as noites, com Taeyeon dormindo desconfortavelmente em minhas costas. Por mais que ela tivesse dormido algumas horas, seu sono não era qualitativo e ela sempre acordava ainda mais cansada, mas nós duas concordamos que um pouco de sacrifício era necessário se quiséssemos alcançar nosso destino em pouco tempo. Agora, a apenas poucos quilômetros de distância e com a perspectiva de alcançar a cidade dominada pelo Imortal em dez horas de corrida, decidimos que seria justo descansar por uma noite, pela primeira vez, de modo decente.

 

Sendo honesta, eu também havia me cansado durante a viagem, não porque carregar Taeyeon fosse uma tarefa difícil, mas porque eu não havia dormido durante todas essas noites. Mesmo quando parávamos para descansar, eu ficava atenta aos arredores, só para o caso de algum animal perigoso aparecer, e agora, finalmente passando a noite em uma hospedaria segura, resolvi descansar um pouco na única cama do quarto, enquanto esperava Taeyeon sair do banho. Minha namorada havia decidido que ficaríamos em um quarto de casal, o que deixou o dono da hospedaria um tanto perplexo, mas graças a minha presença, ele não ousou questionar nada.  

 

Sorri com a lembrança do homem, mesmo de olhos fechados e me permiti me perder nas minhas próprias memórias com Taeyeon. Quando nos conhecemos, as batalhas que lutamos juntas, o dia que nos beijamos, o momento em que nos tornamos uma, nossas declarações… Tanta coisa havia acontecido, coisas que eu jamais imaginei que pudessem ser possíveis. Kim Taeyeon era meu pequeno grande milagre.

 

Ouvi o barulho da porta do banheiro se abrindo e me virei para vê-la adentrando o quarto com um sorriso satisfeito no rosto por finalmente ter tomado um bom banho demorado.

 

— Eu já busquei sua comida. — Comentei e Taeyeon sorriu ao se aproximar de mim. Ela se sentou na cama ao meu lado e me presenteou com um selinho calmo.

 

— Obrigada. — Falou e eu assenti lentamente.

 

— De nada, apenas vá comer antes que esfrie, Taeyeon-ah. — Sugeri e ela concordou.

 

Nesses últimos dias, Taeyeon tem agido muito mais carinhosamente do que de costume. Cheguei a pensar que o fato de termos nos tornado namoradas deu a Taeyeon mais confiança para me beijar sem motivo ou de repente me dizer o quanto sou importante para ela, e o quanto ela me ama, mas o motivo para tudo isso não era só o nosso namoro. Eu não a perguntei diretamente sobre isso, mas eu tinha uma leve ideia do que poderia ser…

 

Acho que Taeyeon está começando a sentir o perigo que essa missão representa. Qualquer humano na posição de Taeyeon escolheria correr para o lado oposto de um Imortal, mas Taeyeon aceitou correr comigo em sua direção. Mesmo ela sendo otimista e acreditando profundamente que vamos sobreviver, ela não consegue evitar se sentir assustada e por isso, resolveu fazer a mesma coisa que eu: Aproveitar esses momentos o máximo possível e não perder a chance de expressar seus sentimentos. Dessa forma, nenhuma de nós terá arrependimento se tudo acabar mal.

 

Assisti Taeyeon meticulosamente enquanto ela fazia sua refeição. Eu estava com essa mania de observar até suas ações corriqueiras. Eu sabia que ela podia sentir meu olhar sobre si, mas surpreendentemente, isso não a incomodava, nunca incomodou. Estando tão atenta à ela, não perdi o momento em que Taeyeon terminou de comer e se levantou lentamente da cadeira, levando uma mão às costas e fazendo uma careta enquanto massageava a região lentamente. Taeyeon passou horas na mesma posição, durante dias. Naturalmente, seu corpo deveria estar bastante dolorido e rígido. Suspirei pesadamente e abaixei a cabeça.

 

— Desculpe por te fazer passar por tudo isso… — Murmurei baixinho depois de assistir aquela cena.

 

— Não é você que está me fazendo passar por isso. — Ela respondeu, se aproximando de mim. — É a Organização.

 

Ergui o olhar na direção de Taeyeon quando ela parou em minha frente. Doía no fundo da alma a ver nessa situação, isso porque ainda nem mencionei o que poderia acontecer com ela daqui para frente. Eu não conseguia tirar da cabeça que a estava levando direto para a morte. — Tecnicamente sim, mas… É tudo por minha causa, se não fosse por mim-

 

— Eu estaria morta… E solteira. — Ela se pronunciou, praticamente copiando minha frase de alguns dias atrás. Suspirei e Taeyeon se sentou na cama ao meu lado.

 

— Talvez fosse melhor para você estar solteira. — Murmurei e ouvi Taeyeon bufar.

 

De todas as coisas que eu me arrependo nessa vida, nenhuma delas tem a ver com os últimos acontecimentos relacionados à Kim Taeyeon, mas eu começo a pensar que talvez… Fosse mais seguro para ela se não tivesse se envolvido comigo dessa forma. Nossa relação pode acabar colocando Taeyeon em perigo. Esse pensamento deveria ter me ocorrido antes de pedi-la em namoro, mas, por outro lado, eu egoistamente confesso que minha vida nunca foi tão aconchegante quanto agora, tendo ela como minha parceira, amiga, cúmplice, namorada. Claro que eu não queria abrir mão daquilo, de nós. Dela. Mas por sua segurança, eu faria qualquer coisa, mesmo que ela ficasse magoada comigo.

 

— Eu não acredito que disse isso. — Reclamou e eu suspirei.

 

— Taeyeon… Eu… Tudo o que eu tenho feito é colocar sua vida em perigo, agora mais do que nunca. — Falei. — Se você nunca tivesse me conhecido-

 

— Para. — Falou num tom sério e eu senti ela mover as mãos em minha direção. — Tiffany, olhe para mim. — Pediu gentilmente, enquanto seus dedos delicados seguraram meu queixo com carinho e me fizeram erguer o olhar. — Eu falo sério. Você realmente me subestima quando eu digo que te amo, não é? — Perguntou e eu neguei com a cabeça. Eu sabia o quanto ela me amava, eu podia sentir claramente, com todos os meus sentidos aguçados.

 

— Não é que eu esteja duvidando do que você sente, também não estou negando o que eu mesma sinto. — Falei lentamente. — Eu só estou me perguntando se vale mesmo a pena arriscar sua vida por tudo isso…

 

— Não importa quantas vezes eu quase morri nesses últimos meses, no final do dia, estar ao seu lado é o melhor pagamento que eu poderia ter. — Ela sorriu. — Você parece não conseguir entender o quanto é especial para mim e o quanto eu faria, o quanto eu arriscaria só para estar ao seu lado. Então, eu vou dizer de uma vez, com todas as letras. — Avisou e eu assenti, atenta a qualquer coisa que pudesse sair de seus lábios. — Você é a minha família, meu conforto, meu consolo, meu abrigo, minha paz, minha recompensa, meu fôlego. Meu único amor. — Ela disse em um fôlego só e eu abri a boca em choque diante de suas palavras. — Você é a única que pessoa que me faz sentir dessa forma, que faz tudo valer a pena. Se eu quisesse resumir tudo isso, eu diria que, para mim, você é a pessoa mais preciosa de todo o mundo.

 

Não sei por quanto tempo eu a encarei de olhos arregalados, mas acho que foi o suficiente para fazer Taeyeon sorriu largo e depositar um selinho calmo em meus lábios, como se quisesse me provar todas aquelas palavras. E de fato, ela as havia provado.

 

— Taeyeon-ah… — Chamei e ela me encarou com olhinhos curiosos. Eu não sabia o que dizer, honestamente, não sabia o que perguntar. Tudo era muito surreal, e apesar de ter ouvido suas confissões algumas muitas vezes nesses últimos dias, eu não estava preparada para enfrentar o real significado da palavra "amor" do ponto de vista Taeyeon. Quando nos declaramos, eu não cogitei a possibilidade de minha pequena mediadora me enxergar como alguém tão importante para ela como ela era para mim. Eu sempre tive a percepção de que eu a amava mais, de que ela havia feito muito mais por mim do que eu por ela, de que eu a merecia mais do que ela me merecia. As palavras de Taeyeon, no entanto, conseguiram expressar tudo o que eu pensava sobre ela, mesmo que ela estivesse falando… De mim. A única coisa que consegui fazer depois de todas aquelas palavras foi perguntar uma coisa idiota, pedir uma confirmação só para saber se aquilo tudo era mesmo real, e se ela realmente me amava da mesma forma e no mesmo gênero, número e grau que eu a amava. — Você realmente acha que eu sou a pessoa mais preciosa do mundo? — Perguntei e ela sorriu largo.  

 

— Não acho. — Ela respondeu e eu fui pega de surpresa por sua fala, o sorriso doce em seus lábios me deixava confusa. — Eu tenho absoluta certeza. — Falou e eu rolei os olhos. — Você é a melhor pessoa que eu já conheci em toda a minha vida. — Declarou. Dizer aquilo, com essas exatas palavras, era algo comum vindo de Taeyeon e estava se tornando cada vez mais natural de se ouvir.

 

— Ah é? E o que mais eu sou? — Perguntei ao me aproximar dela lentamente.

 

O olhar de minha namorada desceu até meus lábios e voltou aos meus olhos em uma questão de segundos. — Você também é a pessoa mais bonita que eu já vi. — Sorri enquanto Taeyeon desviou os olhos envergonhada. Sua timidez tomava proporções gigantescas em momentos como esse e eu não me cansava de achar tudo aquilo muito fofo e absolutamente irresistível.

 

Puxei Taeyeon para um beijo calmo e ela me correspondeu sem hesitar.

 

Eu poderia ter avisado sobre os passos pesados subindo as escadas da hospedaria na direção de nosso quarto, mas honestamente, eu não estava com a mínima vontade de parar aquele contato, antes de aproveitar o máximo que eu podia.

 

Taeyeon se afastou de mim num pulo assim que a porta do cômodo foi aberta repentinamente. Pena que ela não foi tão rápida a ponto de evitar que o dono da hospedaria visse nosso beijo.

 

O homem nos encarava de olhos arregalados e parecia absolutamente desconcertado e assustado.

 

— E-Eu, eu v-vim, eu s-só…

 

— Você deveria ter batido antes. — Soltei em uma voz indiferente e o homem ficou rígido que nem pedra. — Mas agora que está aqui, diga logo a que veio.

 

Ele limpou a garganta. — E-Eu só queria saber se posso levar o prato da refeição… — Perguntou, um tanto sem jeito e eu me virei para Taeyeon, seu rosto vermelho me fazia querer beijá-la ainda mais.

 

— Você já terminou, certo? — Perguntei e ela assentiu. — Pode levar. — Falei para o homem, que não demorou para pegar o prato em cima da mesa num segundo e sumir dali o mais rápido possível.

 

Taeyeon ainda parecia um pimentão de tão vermelha, e eu não aguentei segurar o riso por mais tempo.

 

— Tiffany! — Esbravejou. — Aish, que vergonha! — Murmurou, escondendo o rosto nas mãos.

 

— Vergonha de quê? — Perguntei, ainda rindo. — Você é minha namorada, eu sou sua namorada. O que tem demais nas pessoas vendo a gente se beijar? — Ergui uma sobrancelha.

 

— Tem que eu tenho vergonha… — Respondeu emburrada e eu acabei rindo ainda mais diante do bico que se formara em seus lábios.

 

Segurei em seu rosto com uma das mãos e a trouxe na minha direção uma segunda vez. O beijo foi calmo e bastante significativo. Felizmente, ninguém nos interrompeu dessa vez e por isso o momento foi bastante longo e aproveitável. Encarei minha namorada por alguns instantes e suspirei.

 

— Taeyeon-ah… — Ela me encarou com a mesma expressão, Taeyeon já sabia o que estava prestes a falar. Meu olhar suavizou diante do seu. — É melhor você ir dormir agora. — Falei calmamente. — Amanhã o dia vai ser longo…

 

Ela suspirou. Eu sabia que ela estava bastante cansada por causa dos dias anteriores e a perspectiva do combate amanhã deveria ser encarada com seriedade. Taeyeon precisava de uma boa noite de sono e o quanto antes ela fosse dormir, melhor.

 

— Mas eu tenho uma condição. — Falou de repente e eu ergui uma sobrancelha. — Você precisa dormir também. Fiquei em silêncio por alguns instantes. Na última vez que eu dormir junto com Taeyeon em uma hospedaria, quase fomos mortas durante a noite. — Não faça essa cara. Se eu que vou trabalhar apenas como a mediadora de uma missão preciso descansar, você, que vai lutar, precisa ainda mais. Você não dormiu essas últimas noites que eu sei e-

 

— Está bem, está bem! Já entendi, vou dormir com você. — Cortei e Taeyeon sorriu antes de assentir em concordância. Ela tinha razão, e eu sabia disso, apenas temia que algo pudesse acontecer durante a noite, mesmo que seja uma raridade. — Vamos, deite-se. — Falei, enquanto observava minha namorada se ajeitando na cama.

 

Não pensei muito antes de me acomodar com ela e a abraçar por trás. Taeyeon procurou minhas mãos em seu colo, e as segurou nas suas ao acomodar a cabeça em meu corpo.

 

Respirei o aroma vindo do corpo de Taeyeon e suspirei lentamente ao fechar os olhos. Taeyeon estava bastante confortável em meus braços e eu sabia que ela logo, logo, pegaria no sono. Ela provavelmente tinha muita coisa na cabeça naqueles últimos dias, podia-se dizer que nosso combate com o Imortal começou há muito tempo, já que desde que recebemos a notícia da próxima missão, temos feito o possível para combater o medo e ansiedade de enfrentar a criatura. Não estava sendo fácil particularmente para Taeyeon, que era humana e tão frágil, eu sabia disso. Todos esses pensamentos e preocupações também estavam perturbando-a a ponto de deixá-la mentalmente esgotada. O cansaço físico também contribuía para esse desgaste. Era de se esperar que Taeyeon fosse dormir logo.

 

Eu, por outro lado, não me encontrava no mesmo estado que ela, mas sabia que precisava descansar se quisesse ter alguma chance amanhã, mesmo que fosse difícil pegar no sono com tantas preocupações.

 

Fiz o possível para esvaziar a mente. Usei o cheiro de Taeyeon como terapia para me acalmar e aos poucos, minha consciência foi apagando, até que eu adormeci.

 

 

Taeyeon

 

— Taeyeon-ah, acorde… Taeyeon… — Ouvi a voz de Tiffany se infiltrar em meu sono sem sonhos e fui chamada para a realidade gradativamente. Gemi quando meus olhos finalmente captaram a fraca luz do sol vinda da janela. Ouvi a risada curta da Hunter no mesmo instante. — Está na hora de acordar.

 

— Que horas são? — Perguntei, cobrindo os olhos com a mão, enquanto me espreguiçava. Eu ainda podia sentir o corpo de Tiffany grudado ao meu, e aquele jeito de acordar me deixou feliz.

 

— Quase sete. — Ela respondeu e eu assenti preguiçosamente antes de coçar os olhos e os abrir devagarzinho. Fiz careta por causa da claridade. Demorou um bom tempo até meus olhos se acostumarem e pararem de piscar involuntariamente. Tiffany riu de mim durante todo o processo. — Sua expressão logo depois de acordar é muito engraçada, Taeyeon. — Bufei, claramente desaprovando suas provocações e ela tentou remendar a fala dizendo: — Mas é um engraçado fofo, eu juro!

 

Rolei os olhos e ela riu baixo.

 

Levantei da cama lentamente e caminhei até o banheiro para fazer minha higiene. Quando terminei, deparei-me com a Hunter calçando as botas meticulosamente.

 

— Pedi seu café da manhã, deve estar aqui em alguns minutos. — Ela disse e eu concordei com um aceno de cabeça antes de caminhar até a janela e a abrir. O quarto estava escuro e um tanto abafado, um pouco de ar fresco faria bem.

 

Assim que abri a janela, no entanto, uma visão inusitada me chamou atenção. Estávamos no andar mais alto da hospedaria e aquela cidade não era muito grande, então eu não estranhei o fato de conseguir enxergar além de seus muros através da janela. Ao longe, no meio da vasta floresta que rodeava toda aquela região, fumaça podia ser vista claramente, subindo até o topo das árvores e se espalhando pelo céu como uma grande nuvem negra.

 

Fiquei alguns segundos observando aquilo e me perguntei o quão grande o incêndio deveria ser para produzir tanta fumaça a ponto dela poder ser vista de tão longe.

 

— Parece que vamos ter que fazer um desvio. — Falei, ao constatar que o trecho que estava pegando fogo ficava na mesma direção para a qual Tiffany, ontem, avisou que iríamos. A Hunter ergueu uma sobrancelha diante de minha frase. — Acho que tem um incêndio no meio do caminho. — Expliquei e ela se levantou da cadeira e se aproximou de mim sem perder tempo.

 

Tiffany parou bem atrás de mim e suspirou. — Não faremos desvios. A fumaça é o exato local de nosso destino. — Anunciou e eu abri a boca em choque.

 

— Você está dizendo que a missão…? — Ela assentiu.

 

— O fogo deve ser fruto de algum combate, ou algum demônio deve tê-lo causado para apavorar os humanos e esgotar sua fonte de alimento. — Ponderou e eu me arrepiei. Os olhos de Tiffany se voltaram em minha direção e eu desviei o olhar dela imediatamente, tentei me acalmar e não passar a impressão de que aquilo me deixou um tanto abalada, mas claro que foi inútil, era de Tiffany que estávamos falando, minha namorada Hunter. — Taeyeon… Você está com medo, não é? — Perguntou de um modo delicado ao me abraçar por trás. Aconcheguei-me em seu abraço instantaneamente. Meu corpo reagia no automático diante de seu toque.

 

Engoli em seco diante da pergunta. — Não estou, não. — Menti descaradamente.

 

Tiffany soltou o ar preso dos pulmões em um suspiro pesado. — Eu estou com medo. — Ela anunciou e eu virei a cabeça para encará-la melhor. — Tenho medo de algo acontecer com você, de não conseguir protegê-la. Tenho medo de te perder, Taeyeon. — Seus braços se apertaram ao redor de minha cintura. — Eu não suportaria isso. — Falou por fim. Eu estava prestes a rebater que ela também precisava ter medo pela própria vida, mas Tiffany ainda tinha mais coisa a dizer. — E… Eu também tenho medo de morrer. Agora que finalmente tenho você, eu não quero… Te abandonar. — Confessou. — Tenho medo do que você pode fazer consigo mesma quando eu morrer, e do que podem fazer com você depois que eu morrer. Isso me apavora e eu-

 

— O que está dizendo?

 

— Eu estou sendo sincera sobre o que pode acontecer-

 

— Não! Pare de falar que vai morrer! — Cortei, ao perceber o rumo que a conversa estava tomando, mas ela me ignorou completamente.  

 

— Você precisa estar preparada para isso, Taeyeon.

 

— Não fale besteira! Nada no mundo pode me preparar para algo assim! Eu nunca vou aceitar isso, nunca vou me conformar. Merda, será que não dá para não dizer essas coisas? Você não vai morrer, você não pode morrer… — Minha voz falhou no fim da frase.

 

Tiffany ficou quieta por alguns segundos e eu imaginei que ela deixaria o assunto quieto, mas estava errada. A Hunter só tentou uma abordagem diferente. — Quando você matou aquela Súcubo e pensou que havia me matado, você tentou… — Ela murmurou, mas não continuou a frase, não precisava, eu sabia exatamente sobre o que ela estava falando. — Eu preciso que você me prometa que não vai tirar a própria vida-

 

— Não vou, porque você não vai morrer! — Gritei novamente.

 

— Taeyeon… — Tiffany suspirou, mas eu neguei com a cabeça. Tentei me desvencilhar de seus braços, mas ela me abraçava com certa força.

 

— Pare de agir como se sua morte já estivesse certa! — Reclamei irritada, à medida que meus olhos se enchiam de lágrimas.

 

— Taeyeon-ah, por favor, me escuta… — Ela insistiu, tentando me controlar ainda em seus braços.

 

— Não! Parece que você nem está pensando em sobreviver a essa missão! Parece que você já desistiu!

 

Tiffany me prendeu em seus braços, e eu senti o calor de seu corpo, demonstrando seu carinho e cuidado para comigo. — Eu vou lutar, Taeyeon. Eu vou dar o meu melhor para sair de lá viva, vou lutar com tudo o que tenho, por você, mas… — Ela se interrompeu por um momento.

 

— O que?

 

— Poucos Hunters sobrevivem, as chances são baixas, eu preciso que você tenha isso em mente. Eu preciso que me prometa… Que vai seguir em frente se algo acontecer comigo. — Tiffany me apertou carinhosamente em seus braços e eu senti minhas lágrimas escorrendo. A Hunter encaixou a cabeça na curvatura do meu pescoço e me deu um beijo carinhoso na bochecha. — Por favor, você precisa viver, Taeyeon, não importa o quê. Por favor, me prometa, por mim…

 

Engoli o choro e quase engasguei com as lágrimas. Tiffany respirava em meu pescoço, esperando minha resposta pacientemente. Abri a boca seca para responder a promessa mais amarga que já fiz em toda a minha vida. — E-Eu p-prometo… — Sussurrei, e aquilo pareceu deixar Tiffany satisfeita, pois eu senti seus músculos relaxarem, e seu aperto se tornou um pouco mais suave.

 

— Obrigada… — Assenti lentamente, ainda tentando controlar o choro.

 

Ficamos alguns minutos daquele jeito. Ela me abraçando por trás, distribuindo beijos leves pelo meu rosto e pescoço, enquanto eu chorava lágrimas contidas, tentando controlar a tristeza que eu sentia só de pensar em ter que viver sem Tiffany comigo.

 

— Eu… — Murmurei baixinho depois de algum tempo e Tiffany moveu o rosto para me ver. — Eu estou com medo. — Confessei finalmente. Claro que ela já sabia. Tiffany deve ter notado meus tremores há muito tempo, eu sabia que para a Hunter, meu medo era quase palpável de tão perceptível, mas não queria admitir em voz alta, não queria pensar nas coisas ruins que poderiam acontecer e não queria admitir que eu já havia pensado da possibilidade de… Tudo terminar mal. Havia uma parte de mim que não tinha esperanças de voltar viva dessa missão, tinha uma parte de mim que acreditava que aquele era o fim. E eu não queria alimentar essa parte do meu coração. Não queria dar voz a esses pensamentos, estava com medo de proferi-los, mas Tiffany arrancou tudo isso de mim quando me fez encarar a realidade, e todas as possibilidades para o desfecho dessa missão. De repente, eu percebi que eu estava fugindo de tudo aquilo, estava tentando manter os pensamentos positivos, mas talvez, isso não ajudasse em nada. Tiffany estava certa, eu precisava encarar os fatos como eles são. Eu resolvi aproveitar aquele momento para expor todos os meus medos para Tiffany, quem sabe assim, eu ficaria mais leve e isso me ajudaria a enfrentar o que tiver pela frente. — Tenho medo de te perder… Eu não posso te perder, nós… Nós tivemos tão pouco tempo juntas… Eu tenho tanto medo… E de tantas coisas que não sei nem por onde começar. — Desabafei com pesar e ela me deu outro beijo na bochecha. — Essa missão… É um pesadelo de tantas formas… — Falei, ao pensar no que estávamos prestes a enfrentar. — Imortais… Eu nunca em minha vida imaginei que fosse ficar tão perto de um, muito menos que eu fosse ajudar a caçar um deles. — Falei baixinho. Os braços de  Tiffany me apertaram delicadamente, e eu senti que toda a atenção da Hunter naquele momento estava em mim, ela estava focada em mim e nos meus medos. Ela estava me ouvindo com atenção e carinho. — Só de pensar… Em Kwon Yuri… Meu corpo todo… — Senti um arrepio percorrer minha espinha quando me lembrei da sensação. Olhos de Kwon Yuri sobre mim me faziam sentir tão vulnerável e incapaz. A sensação de que ela tinha o poder para me matar em um milésimo de segundo tomou conta de todo o meu corpo, parecia que o pânico era a única coisa correndo por minhas veias naquele momento. — Eu não sei nem como… Como vou conseguir trabalhar com ela nessa missão, mesmo que ela seja aliada… E o fato de que terá outro Imortal naquela cidade, um inimigo… — Confessei.

 

Tiffany suspirou em meu pescoço. — Eu vou te proteger, Taeyeon. — Sussurrou e eu movi minha cabeça para encará-la. Os olhos de Tiffany estavam escuros e ela me fitava com extrema seriedade. — Farei de tudo para te manter em segurança. Tenha absoluta certeza disso. — Falou e eu fechei os olhos antes de assentir uma vez. Eu só precisava confiar minha vida à Tiffany, exatamente como tenho feito nessas últimas missões. Ouvimos três batidas ritmadas na porta do quarto e nos viramos para encarar a porta. Tiffany sorriu. — Ele finalmente aprendeu a bater primeiro. — Murmurou e eu apenas ri enquanto me dirigia até a porta. Tiffany veio atrás de mim, nossos dedos entrelaçados porque eu fazia questão de andar de mãos dadas com ela depois desse momento tão sincero que dividimos.

 

O dono da hospedaria esperava fora do quarto com uma bandeja de café da manhã em suas mãos. — Obrigada. — Agradeci enquanto pegava o objeto de suas mãos e o trazia para dentro do quarto.

 

Tiffany me ajudou a colocar a bandeja em cima da mesa sem derrubar sem conteúdo e até puxou a cadeira para que eu pudesse sentar. Sorri com seu ato e me pus a comer meu café da manhã expressivamente reforçado.

 

— Perdeu alguma coisa aqui? — Ouvi a voz de Tiffany e me virei para a porta só para constatar que o dono da hospedaria ainda estava ali nos observando. Ele deve estar chocado com as atitudes de Tiffany com relação a mim, o pensamento me fez sorrir.

 

O homem deu um sobressalto digno de uma risada baixa de minha parte, e saiu dali às pressas. Eu nunca ia me cansar de rir disso, honestamente.

 

Não demorei muito tempo para comer o café da manhã e logo estávamos na recepção da hospedaria para pagar a conta. O dono nunca me pareceu tão feliz ao nos ver deixando seu estabelecimento, o que era bem natural, porque aquela cidade não estava esperando nenhum Hunter, nós estávamos ali apenas para passar a noite e seguir viagem, nossa presença era ruim para os negócios do homem.

 

Quando saímos da cidade, Tiffany me fez subir em suas costas novamente para continuarmos a viagem. Nessas alturas, eu já nem me importava tanto com o constrangimento, acabei me acostumando, e até chamei Tiffany de “carona” algumas vezes.

 

— Taeyeon-ah… — Ela chamou, e eu abaixei o olhar em sua direção, observando a Hunter correr enquanto desviava de árvores e mais árvores pelo caminho. — Eu acho que está na hora de você ouvir um pouco sobre Imortais… — Falou sutilmente e eu suspirei.

 

Não era um tópico agradável. A sensação que Kwon Yuri me causou era assustadora demais para que eu queira saber qualquer coisa sobre criaturas como ela, mas eu sabia que era necessário. Hoje, nós finalmente alcançaremos nosso destino, o confronto não poderia ser adiado. Confessar meus medos para Tiffany alguns minutos atrás foi o primeiro passo para parar de fugir deles, agora, eu precisava dar o segundo passo.

 

— T-Tudo bem… O que eu preciso saber?

 

Tiffany passou alguns instantes em silêncio e eu esperei ela organizar as informações que deveria me dizer. — Convivendo comigo, você já deve conseguir imaginar algumas características dos Imortais também.

 

Assenti lentamente. — Força e velocidade sobre humanas, grande capacidade de cura. Não precisam comer, beber ou dormir. — Listei calmamente e Tiffany concordou. Isso significava que Imortais não tinham uma fraqueza aparente. Não se cansavam, pois não precisavam dormir. Não ficavam fracos se não alimentavam, como era o caso dos vampiros, pois o corpo deles nem exigia uma alimentação para começo de conversa. Não havia estratégia para tornar o combate mais fácil.

 

— Sim. Tudo isso neles é muito mais expressivo do que em mim. Se eu consigo me curar de um ferimento complexo em algumas horas, Imortais se curariam em minutos, talvez segundos. Eles conseguem regenerar membros decepados em minutos. Órgãos feridos são restaurados em segundos. Força e velocidade expressivamente maiores. Eles são imunes a venenos, não caem em truques ilusórios de magos, súcubos, íncubos e outras criaturas. Seus sentidos são muito aguçados, inclusive sua percepção de pessoas, animais, demônios e outras criaturas. É muito capaz de sermos detectadas por ele assim que pisarmos na cidade, logo de cara. Eles também são imunes a certos tipos de magias.

 

— Quais tipos?

 

— Magias que controlam você, por exemplo.

 

— Como aquela que controlou Kai e o fez cortar fora o próprio braço…? — Perguntei cabisbaixa e Tiffany assentiu.

 

— Se Kai tivesse conseguido aumentar sua porcentagem a tempo, teria conseguido quebrar o feitiço e resistir às ordens. — Explicou e eu me entristeci pelo garoto Hunter.

 

— Mas isso significa que outros feitiços diretos funcionam nos Imortais, certo?

 

— Teoricamente. Mas na prática, eles se movem muito rápido para que um mago tenha tempo de pronunciar as palavras do feitiço e ativar sua magia antes de morrerem, especialmente porque feitiços de combate só funcionam a uma distância média ou curta. — Explicou e eu assenti. Então, magia não seria tão útil assim. — Apesar do Imortal já ser uma criatura muito poderosa por conta de todas essas características citadas, há outra coisa… Ainda mais perigosa sobre esses seres. — Ela disse e eu ergui uma sobrancelha. — Eles já viveram demais. A maioria dos Imortais que a Organização caçou já havia rodado o mundo, e aprendido coisas realmente perigosas. Rituais de invocação de demônios praticados por certos humanos em certas religiões e crenças, criaturas que nunca antes vimos, por exemplo. Vai saber o que mais eles sabem fazer… — Parei para analisar tudo aquilo e eu não pude nem imaginar como realizaremos essa missão. Parece ser… Impossível. Eles não tinham fraqueza…

 

— Então… Como… — Tentei começar, mas a frase morreu na garganta.

 

— Pergunte. — Ela parecia já saber o que eu estava querendo perguntar.

 

— Como se mata um Imortal?

 

— Imortais têm dois pontos fracos coligados. Cérebro e coração. — Ela respondeu.

 

— Então, basta destruir um deles?

 

— Não. Como são coligados, se você destruir apenas o coração, por exemplo, o cérebro vai regenerá-lo em poucos segundos. O ideal é destruir ambos ao mesmo tempo.

 

Soltei o ar preso nos pulmões. — Parece… Impossível. — Fui amargamente sincera e Tiffany soltou um riso soprado.

 

— Vocês, humanos, não apelidaram eles de “Imortais” a toa. — Debochou. — É uma missão difícil, Taeyeon. Caçar um Imortal é o auge da “carreira” de todo Hunter. Além da dificuldade para matá-los, também temos que lidar com todo o caos instaurado na cidade.

 

— Fico imaginando o que nos espera lá… Não sei se consigo imaginar algo tão caótico como Key descreveu. — Eu disse.

 

— Eu também não consigo. — Tiffany confessou e eu a encarei. — Nunca enfrentei nada perto de um Imortal antes, também não sei o que esperar. Mas algo que me diz que não vai ser fácil.

 

Caímos em silêncio depois disso. Não havia muito para conversar sobre Imortais além do conhecimento geral de suas habilidades e fraquezas. Essa missão será inédita tanto para mim, quanto para Tiffany e provavelmente para a maioria dos Hunters que encontraremos lá, isso me deixava ainda mais insegura.

 

~x~x~

 

O dia se arrastou miseravelmente até a noite finalmente cair. Tiffany e eu fizemos algumas paradas breves para que eu pudesse esticar as pernas e comer alguma coisa, mas não nos demoramos mais que vinte ou trinta minutos no mesmo lugar em cada uma dessas vezes. Isso porque eu podia ver a fumaça que vinha da cidade cada vez mais espessa e estava ficando ansiosa para chegar logo em nosso destino. A floresta estava coberta em cinzas e por muitas vezes, eu não conseguia enxergar além de alguns metros a frente. 

 

Acho que era por volta das dez da noite quando finalmente consegui ver os portões da cidade ao longe, por trás daquela fumaça toda. Foi então que percebi que tudo aquilo não estava sendo causado por apenas um incêndio dentro da cidade, eram vários focos. Qualquer um que visse aquilo trataria de dar meia volta no mesmo instante.

 

Eu nunca irei me esquecer do momento em que cruzei aqueles muros, ainda nas costas de Tiffany. O cheiro de queimado, os corpos, as ruínas do que antes foi uma cidade grande e agitada. Os gritos ao longe e a sensação de pânico e medo que impregnava o ar.

 

— Taeyeon! — Tiffany chamou, enquanto aumentava a velocidade da corrida gradativamente. — Luna está lutando mais a frente, ela precisa de ajuda. — Anunciou e eu forcei a vista para ver a Hunter de cabelos azulados através da fumaça, mas meus olhos cegos não podiam ver nada. — Se eu desacelerar um pouco, você consegue descer? — Perguntou e eu assenti prontamente.

 

— Consigo. — Na verdade, eu não tinha exata certeza se iria conseguir fazer isso sem me machucar, mas eu precisava tentar. Tiffany precisava de cada segundo de vantagem que conseguir para entrar em combate e eu não poderia atrapalhá-la nisso.

 

— Prepare-se e fique por perto. — Instruiu e eu respirei fundo.

 

Senti a velocidade diminuindo a cada segundo e esperei o máximo que pude até me soltar das costas da Hunter sem que ela precisasse parar de correr. Meus pés tocaram o chão desastradamente e eu acabei caindo de costas, mas não me machuquei na queda.

 

Levantei rapidamente sem esquecer do caos ao meu redor. Casas sem portas e destelhadas, muros parcialmente derrubados, pequenos focos de incêndio aqui e ali. Grupos isolados de humanos tentando reagrupar e arrumar abrigo, corpos espalhados pelo chão, sangue escorrendo pelas paredes e ruas, se acumulando em poças mórbidas pelo chão, enquanto vultos extremamente rápidos zanzavam em meio a bagunça. 

 

Meu primeiro pensamento foi seguir na direção para eu onde eu vira Tiffany correr. Ela era minha única segurança e seria inteligente me manter perto dela, mesmo que estivesse combatendo.

 

Fumaça adentrou minhas narinas sem permissão e eu tossi, sem conter algumas lágrimas diante do sufocamento. Segurei a manga da minha camiseta e a usei para tampar o nariz enquanto continuava a caminhar em frente. Olhei de um lado para o outro até que avistei o que me pareceu um grupo de “pessoas” em movimento. Alguns passos naquela direção e eu tive a certeza de que era mesmo Tiffany e Luna lutando com uma criatura humanoide de aparência feroz.

 

Pelos relatos que ouvi de Tiffany em uma das missões passadas, se tratava de um Wendigo. Wendigos são humanos que venderam sua alma em troca de poder, fadados a se alimentarem de carne humana pelo resto de suas vida. Apresentam uma aparência humana quase esquelética, com muitos dentes afiados e garras compridas, além de uma pele grossa e resistente. São criaturas inteligentes e que gostam de um combate sangrento em prol de se alimentarem, afinal, a maioria dos Wendigos eram guerreiros enquanto humanos. A única forma de matá-los é perfurando seu coração, certeiramente. 

 

— TAEYEON! — Tiffany gritou e eu notei o desespero em sua voz, seu tom era de alerta. Imediatamente soube que minha vida estava em perigo. Girei o corpo, procurando por qualquer coisa que me ameaçasse e o achei… Algo corria rápido na minha direção e não parecia amigável.

 

Disparei na direção de umas casas parcialmente destruídas a minha esquerda e me embrenhei nos destroços o mais rápido que pude. A ideia era fazer meu perseguidor perder meu rastro. Era pouco provável que eu conseguisse, mas eu esperava que o cheiro de fumaça e pó presentes naquela área pudessem me dar alguma vantagem.

 

Meu corpo sofreu o tranco quando dedos longos seguraram meu braço com força e o puxaram para trás, me fazendo voltar. Minhas costas foram de encontro a uma parede com força e eu perdi o fôlego por um momento.

 

Quando abri os olhos, deparei-me com olhos completamente negros me fitando com malícia, os dentes escancarados. Um ghoul, com certeza.

 

A criatura afundou o rosto na curva do meu pescoço e eu senti meu aroma ser inspirado lentamente.

 

— Você fede a Hunter, mas é definitivamente humana… — Murmurou e eu quase vomitei por causa de seu hálito pútrido.

 

Tentei me debater e me soltar, mas foi em vão. Aquele era o meu fim.

 

Ou foi o que eu pensava.

 

Um corte profundo de repente se abriu no pescoço do ghoul e eu tive o desprazer de assistir sua cabeça se desgrudando do corpo magicamente bem de pertinho. Meu agressor de repente era um corpo sem cabeça, quase uma estátua, ainda com seus braços ao redor do meu corpo. Forcei seus dedos rígidos a me soltarem e cambaleei para o lado.

 

— Pelos deuses, nem eu acredito que cheguei a tempo! — Aquela voz… Era familiar, mas o choque de quase ter sido morta agora a pouco não me deixava pensar direito em quem havia me salvado, ou em como. — Não é hoje que Tiffany Hwang vai arrancar a minha cabeça. — Um par de pés parou ao meu lado e eu senti mãos me ajudando a levantar.

 

Ergui o rosto e me deparei com um Key sorridente. As coisas começaram a fazer sentido naquele momento, ele usou magia para decapitar o ghoul.

 

— Key… — Chamei fracamente e ele assentiu várias vezes.

 

— Que bom que sua cabeça ainda funciona a ponto de me reconhecer, é uma prova de que está tudo bem aí dentro. — Falou, ao bater de leve na minha testa. Soltei um resmungo e ele apenas riu. — Estou aliviado com a chegada de vocês, agora finalmente podemos ter alguma chance. — Falou e eu ergui uma sobrancelha. Eu realmente não fazia ideia de como a chegada de uma humana e apenas uma Hunter poderia mudar muita coisa na situação atual daquele combate dos infernos.

 

— Taeyeon! — A voz da Tiffany alcançou meus ouvidos e eu virei o rosto de um lado para o outro, tentando descobrir onde ela estava. Pude vê-la correndo em minha direção através da fumaça depois de alguns segundos. Os braços da Hunter me envolveram e seu corpo se chocou contra o meu. Notei vestígios de sangue na roupa da Hunter, mas quando vi Luna vindo atrás dela com as roupas igualmente sujas, concluí que as duas haviam matado o Wendigo e vindo até mim, isso explicava a sujeira. — Você está bem? Não pude vim ajudá-la, eu estava lutando contra um-

 

— Wendigo. Eu imaginei. Estou bem, Key chegou a tempo. — Respondi com um sorriso quando a Hunter se afastou um pouco para acariciar meu rosto lentamente.

 

— Essa preocupação que uma tem com a outra é muito linda, não é Key? — Luna soltou.

 

— São um casal adorável. — O mago concordou com um riso de escárnio e Tiffany rolou os olhos.

 

— De fato, e eu sinto muito em ter que atrapalhar o clima, mas… — Luna comentou, ao apontar para trás de si, apontando os vultos que continuavam a percorrer a cidade atrás de vítimas. — Temos trabalho a fazer.

 

Tiffany assentiu. — Key. Eu preciso que tire Taeyeon daqui e não a deixe fugir de suas vistas. Leve-a para um lugar seguro e a mantenha lá. — Ela instruiu e eu fiz careta por estar sendo submetida a um tratamento infantil. — É muito importante… Que Taeyeon não apareça no campo de batalha.

 

Ergui uma sobrancelha diante disso. Tiffany fitava algo atrás de mim fixamente e quando eu virei o corpo para ver o que ela via, deparei-me com uma súcubo. A fumaça dificultava muito minha visão, mas as asas e os chifres eram inconfundíveis.

 

Espera um momento… Se eu estava vendo uma súcubo em sua verdadeira forma, Tiffany deveria estar vendo… De repente, o fato de ela não me querer por perto fazia muito sentido.

 

Luna soltou uma risada — É melhor levar a garota para longe mesmo, Key. — Provocou. — Tiffany quer evitar o risco de cortar a pequena Kim ao meio por engano.

 

— Cale a boca. — Tiffany rebateu antes de se virar na direção de Key. — Apenas faça o que eu mandei, e a proteja.

 

O mago concordou com a cabeça.

 

— Tiffany… — Chamei e ela me encarou. Mordi o lábio enquanto seus olhos negros se focavam em mim. — Tome cuidado. — Falei baixinho e ela sorriu lindamente para mim. Tiffany se aproximou de mim e me roubou um selinho casto antes de partir.

 

Key me encarava de soslaio, um misto de malícia e divertimento tomava conta de sua expressão. Eu apenas fingi que não vi para não passar ainda mais vergonha. Sabia que o mago gostava de provocar justamente porque conseguia me constranger, e era melhor não dar esse gostinho a ele.

 

O mago me guiou pela cidade como se a conhecesse como a palma da mão. Ele não disse nada durante o trajeto e eu entendi isso como cautela. Em alguns momentos, fomos atacados por algumas criaturas e Key precisava estar atento para combatê-las antes que nos matassem. Demorou uns bons minutos até alcançarmos o que me pareceu uma área segura da cidade. Não, o lugar não estava menos deteriorado que o resto da cidade, mas percebi que não havia criaturas hostis perambulando por aquela área.

 

— Os humanos nos forçaram a permanecer nessa parte da cidade, eles não querem a gente perto de suas famílias nem em um milhão de anos. — O mago explicou quando viu meu olhar confuso.

 

— O que exatamente é esse lugar?

 

Ele deu de ombros. — Só mais um bairro completamente destruído, fruto dos combates e da algazarra dos demônios  Conseguimos limpá-lo e estamos protegendo-o com algumas rondas de guarda. — Ele explicou ao acenar com a cabeça para um Hunter parado a dez metros de distância de nós. — O problema é que não há muita coisa para nós aqui, mal há um teto capaz de nos proteger durante as reuniões estratégicas. Não há fonte de água e nem comida. Alguns Hunters têm se revezado para caçar nos limites da cidade e trazer alimento e água para os que precisam.

 

Fiz careta. — Acho que é minha função mudar isso e dar às tropas da Organização um lugar melhor para trabalhar. — Ele concordou sorridente.

 

— Assim espero. Mas não vamos pensar nisso ainda. — Ele falou e eu ergui uma sobrancelha. — Você deve estar com fome. — Sugeriu. — Melhor comer algo e se recuperar da viagem difícil antes de qualquer coisa.

 

O mago me levou até um prédio parcialmente derrubado. Havia pedaços cobertos aqui e ali. Notei que era a maior construção daquela região da cidade e supus que os Hunters a estavam usando de sede. Encontrei alguns Hunters pelo caminho, eles olhavam com curiosidade e alguns até com descaso, mas já que eu estava na presença de Key, nenhum deles me dirigiu a palavra e eu apenas passava por eles de cabeça baixa.

 

Chegamos em um aposento, felizmente coberto por um teto, com uma grande mesa bem no centro. Key me indicou uma cadeira e eu aceitei prontamente. Sentar me parecia uma boa ideia.

 

— Tem comida aí? Ou eu devo arrumar algo para você comer? — Ele perguntou e eu neguei com a cabeça.

 

— Tenho algumas sobras do que Tiffany caçou hoje mais cedo. — Respondi enquanto abria a mochila e tirava de lá a bolsa de couro com sal, onde eu guardava a carne.

 

Key apenas assentiu antes de perambular pelo lugar por alguns instantes e desaparecer por uma porta atrás de mim. Eu apenas dei de ombros diante disso. O mago deve ter muitas coisas para fazer. Eu não poderia ter ficado mais confusa quando Key de repente voltou para perto de mim e estendeu um rolo de pergaminho em cima da mesa onde eu estava comendo, sem dizer uma palavra.

 

— O que-

 

— Um mapa, da cidade. Eu consegui roubá-lo dos humanos alguns dias atrás — Ele disse, ao alisar o pergaminho em cima da mesa e apontar para um determinado ponto. — Estamos aqui. Este prédio era uma pousada, aparentemente. — Ele falou ao circular uma área bastante pequena se comparado ao resto da cidade.

 

Encarei o lugar com curiosidade, mas não pude entender aquele mapa rústico. — A maioria dos humanos está aqui, que é a região menos destruída da cidade. — Falou, ao apontar outra região que, de acordo com o mapa, deveria estar localizada a poucos quilômetros de onde estávamos. — Mas isso não deve durar muito tempo, logo os demônios vão atacá-los se não fizermos alguma coisa.

 

— O resto da cidade está todo infestado de demônios? — Perguntei curiosa ao analisar o mapa. Key assentiu com um suspiro.

 

— Tirando pequenos grupos isolados de humanos que estão tentando sobreviver… — Ele respondeu e eu assenti com a cabeça. Imagino que muitos humanos ainda estejam perdidos pela cidade tentando chegar ao lugar mais seguro. — De acordo com o que Yuri e eu pudemos descobrir, com a ajuda de um pouco de magia, o Imortal arrumou um adorável lugar para morar bem aqui. — Tocou o mapa no lado oposto de onde estávamos. — Aparentemente, o lugar é uma mansão, pertenceu a alguns nobres, provavelmente estão mortos numa hora dessas. Faz muito tempo que o Imortal está lá, alguns dias. Yuri acha que ele está se divertindo com o caos que os demônios estão causando e apenas decidiu assistir, por enquanto. — Ele disse e eu senti um arrepio ao me lembrar de algo importante e preocupante.

 

— F-Falando em Y-Yuri… — Murmurei e Key me encarou por alguns segundos antes de sorrir com deboche.

 

— Ela está lutando, deve estar mais ou menos por aqui. — Circulou uma região do mapa perto de onde os humanos estavam, era relativamente próximo da entrada da cidade também, então eu supus que seja mais ou menos onde eu e Tiffany demos de cara com Luna lutando contra um Wendigo quando chegamos na cidade. — Aparentemente, é uma região ainda em condições de abrigar sobreviventes humanos e Hunters em batalha, então montamos a estratégia de recuperar a região do controle dos demônios e protegê-la, assim como fizemos com essa aqui. — Assenti com alívio. Honestamente, eu não me importava muito com o plano que eles tinham armado até aquele ponto, mas o fato de Kwon Yuri não estar perto de mim, me deixava um tanto mais relaxada. — Já que os humanos não estão aceitando muito bem nossa presença, os Hunters estão começando a ficar irritados, você sabe… — Ele suspirou e eu concordei. Tiffany é bastante difícil de controlar quando está irritada com um punhado de humanos que perderam a noção do perigo. — Para controlar nossos Hunters, Yuri e Changmin decidiram revezar. Enquanto um deles está lá fora lutando, o outro fica por aqui e tenta manter as coisas em ordem.

 

— Então, você quer dizer que…

 

— Precisamente. — A porta do aposento em que estávamos se abriu de repente. Nem precisei olhar, apenas a voz foi o suficiente para que eu soubesse quem era. — Taeyeon, já faz um bom tempo… — Changmin me encarou com um sorriso simples. — Como está?

 

Maneei a cabeça. — Bem, acho. — Respondi. — E como as coisas estão por aqui, líder?

 

Ele suspirou. — Difícil. Você sabe, acho que Key já te colocou a par de quase tudo enquanto eu estava resolvendo uns… Problemas. — Ele falou e eu ergui uma sobrancelha. O líder pigarreou.

 

— Algo errado?

 

Alguns humanos tentaram atear fogo a um dos lugares que estamos ocupando. — Confessou e eu arregalei os olhos. — Eles estão assustados, querem a gente longe o mais rápido possível.

 

— Mas… Eles que pediram por ajuda, por que estão agindo tão radicalmente desse jeito?

 

O líder deu de ombros. — Somos muitos, sabe? Há mais de vinte Hunters trabalhando nessa missão, fora os magos, druidas, um ou outro vidente e, claro, Kwon Yuri. — Ele falou numa rapidez tão grande que mal tive tempo de perguntar o que demônios era um druida, mas acho que não era relevante no momento para que eu o interrompesse para perguntar, então eu apenas continuei a escutar o que ele falava. — A maioria dos humanos acha que parte dessa confusão está sendo causada por nós.

 

Soltei um riso de escárnio. — Que besteira!

 

— Eles estão parcialmente certos, na verdade. — Key falou e eu o encarei assustada. O líder riu.

 

— Tiffany deve ter explicado que a presença de um Imortal atrai demônios menores e outras criaturas perigosas, certo? — Changmin perguntou e eu assenti. — Imagine que a presença de dois Imortais tem o efeito de dobrar esse caos.    

 

Foi então que minha mente deu um estalo. — A presença de Kwon Yuri… — Murmurei e ele assentiu.

 

— Mesmo ela estando no nosso lado, sua presença é muito poderosa, e está em atrito com a presença do outro Imortal. Muitas criaturas são atraídas por essa energia. Muitos desses demônios são territorialistas, e acabam brigando entre si, outros apenas caçam sem se preocupar com nada. De um jeito ou de outro, o resultado é uma cidade inteira indo pelos ares em poucas horas. — Ele disse e eu finalmente compreendi a dimensão daquilo tudo. O Imortal deve estar se divertindo com todo aquele caos, mas ele não o controlava, apenas gostava de observar tudo de longe e rir da desgraça dos humanos e da luta dos Hunters. — Mas não muda o fato de que nós somos a única esperança da cidade e seus, agora poucos, habitantes sobreviverem. Podemos estar aumentando um caos que já era grande, mas estamos tentando combatê-lo, da maneira que podemos, mas…

 

— Seria mais fácil com a colaboração dos humanos… — Completei e ele concordou. — Eu quero ajudar! — Anunciei, ao guardar o resto da carne na mochila, ainda daria para mais uma refeição. — Leve-me até os humanos, eu vou falar com eles. — Changmin sorriu.

 

— Ainda não, vamos esperar mais alguns minutos. Yuri e o grupo de Hunters que foi com ela devem estar voltando, já faz alguns dias que estão batalhando, não deve demorar até conseguirem limpar a área e retornar. — Falou e eu estremeci. Yuri voltaria em breve…? — Quando eles chegarem, faremos uma reunião estratégica e vamos decidir o que fazer a seguir. É possível que os humanos te tratem com certa agressividade, por você estar do nosso lado e ser da Organização, então precisamos pensar com calma em como te colocar em contato com eles. Você é muito importante para essa missão, Kim. Não podemos deixá-la morrer a toa, sem falar que Tiffany arrancaria nosso couro e jogaria sal em cima. — Brincou e eu tive que sorrir, mesmo um pouco envergonhada e assustada com a possibilidade de minha namorada fazer isso mesmo, eu devo admitir que era possível.

 

— Enquanto esperamos o regresso deles, incluindo o de Tiffany, claro, acho que você deveria descansar um pouco. — Key falou e eu o encarei com uma sobrancelha erguida, desde quando ele se importava. — Sua cara está péssima, você precisa descansar para conseguir encarar o que vem pela frente e fazer o seu trabalho direito. — Ele se justificou e eu rolei os olhos. — Felizmente, como eu disse antes, esse lugar foi uma hospedaria num passado nem tão distante, e ainda há quartos que podem ser usados. — Falou, ao apontar para cima, na direção do teto.

 

Nesse momento, a porta se abriu novamente e um Hunter loiro entrou pelo aposento. Ele portava uma expressão séria e eu não previ boa coisa.

 

Changmin o encarou surpreso. — Hyuk? Tudo bem?

 

— Temos mais uma baixa, líder. — Anunciou o Hunter. O cômodo caiu em silêncio por alguns segundos.

 

— Entendi. — Changmin anunciou e eu notei que sua voz estava seca, pesarosa. Lembrei-me da reação do líder no enterro de Jaeseok na missão contra o vampiro. Changmin realmente se importava com os Hunters que trabalhavam com ele, e naturalmente sentia o peso de perder um companheiro, especialmente por ser o líder da missão. — Key, leve Taeyeon até um dos quartos, o que estiver em melhor condições. — Instruiu e o mago concordou com a cabeça sem dizer nada, o que era atípico de sua personalidade. Talvez até Key estivesse preocupado com a notícia que o Hunter loiro acabou de trazer. Não pelo Hunter morto, claro, mas provavelmente pela dificuldade que isso traria à missão. — Hyuk… Acompanhe os dois e guarde o quarto da garota. — Continuou e eu arregalei os olhos. — Todo cuidado é pouco numa situação dessas, nós realmente não podemos perder você. — Falou com seriedade e eu engoli em seco.

 

— Vamos, Taeyeon… — Key chamou e eu assenti. Despedi-me do líder com um aceno de cabeça e deixei Key me guiar pelo prédio.

 

Andamos até encontrar as escadas que nos levariam até o andar de cima e em poucos minutos, Key abria a porta de meu novo quarto. O Hunter designado para me proteger ficou de guarda do lado de fora, enquanto que eu ficava sozinha lá dentro.

 

Todas as vezes em que eu fiquei em um quarto de hospedaria, Tiffany entrava no quarto comigo, me ajudava a me acomodar e sugeria que eu tomasse um banho e depois comesse. Mesmo que ela fosse se ausentar para lutar em poucos minutos, ela sempre estava lá comigo num primeiro momento. Era a primeira vez que tudo acontecia diferente. O pensamento acendeu uma saudades imensa da Hunter, minha namorada, o amor da minha vida, e eu me peguei pensando se ela estaria bem, o que estaria enfrentando? Será que ainda estava trabalhando em equipe com Luna? Talvez estivesse lutando lado a lado de Yuri também.

 

Sentei na única cama de solteiro do quarto e soltei um suspiro pesado…

 

Volta logo, Fany-ah… Eu quero você aqui comigo…

 

 

 


Notas Finais


É pois, é, parece que essa missão vai ser totalmente diferente de tudo o que a gente já viu até o momento hueheuheeu Talvez vocês pensem que eu tenha enrolado demais nesse capítulo, mas não é verdade, tudo que foi escrito é bem importante e nós vamos entrar nas tretas aos pouquinhos hueheueheu

Espero que tenha gostado do capítulo~ Deixem seus comentários aí dizendo o que acharam e tals, caso queiram, óbvio, sem pressão <3

Muito obrigada por lerem e até semana que vem :3
Não se esqueçam de me seguir no twitter para ficar por dentro das coisas, dos atrasos e das enquetes, e etc~ @ _DongBangPeia

E também não se esqueçam de apoiar nossas queridas meninas nesse comeback, ao assistir bastante os MVs, comprar as músicas e o album físico~ Felizmente sones hueheuehe <3


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