Lá estava eu, em frente a casa que agora não conseguia mas denominar como minha. Encarei aquela casarão, que mesmo que fosse enorme, ainda tinha vários aperfeiçoamentos para serem feitos.
Suspirei. Um suspiro pesado e cansado de quem tera que encarar o próprio pesadelo e ouvir verdades duras e pesadas serem jogadas como pedras em sua cara.
Levei minha mão devagar até a campainha e a apertei devagar, lembrando do problema dela de sempre emperrar e ficar tocando interruptamente por um bom tempo. Não demorou muito e ouvi a voz de minha mãe falar.
-Quem é?
Juro que meu coração palpitou um pouco com aquela voz tão comum e caseira. Confesso que sentia saudade daquele universo, mas ele não era mas adequado para mim.
-Sou eu.-respondi baixo e seco, como era de se esperar de minha pessoa.
Ela ficou em silêncio por uns segundos e depois botou o interfone no gancho. Ela deve estar vindo em minha direção nesse momento.
Não demorou muito e a porta se abriu, mostrando minha mãe com a aparência cansada e triste. Sabia que era por minha causa e me deu até uma certa repulsa de mim mesmo por estar fazendo tal crueldade com as pessoas que eu amo.
Mas não fraquejei. Ergui totalmente a cabeça e dei um sorriso fraco, de lábios fechados. Vi os olhos dela se encherem de lágrimas.
-Mãe, por favor, não chore.-falei, tocando um de seus ombros com minha mão esquerda.
Ela assentiu, dando um sorriso como o meu e me dando espaço para entrar. Assim fiz.
Tudo estava igual. Exatamente tudo.
Andamos em silêncio até a sala, onde incrivelmente todos me esperavam. Fiquei desesperado, mas não deixei transparecer.
Minha mãe saiu do meu lado e se sentou ao lado do meu pai. Ele sorriu pra mim. Sorri de volta.
-WonWoo.-minha tia disse, atraindo minha atenção.-estavamos com saudade.
-Eu também.-adimiti.
Não tinha mais porque mentir aquela altura do campeonato.
-Onde está MinGyu? Por que ele não veio?-perguntou agora, meu tio, aparentando desespero.
-Não se preocupe, tio. Ele esta bem.-falei, vendo ele soltar o ar que eu nem sabia que ele prendia.-Ele está em casa, arrumando as coisas.
-Arrumando as coisas?-minha vó perguntou, curiosa como todos os outros presentes.
-Sim, vó. Arrumando as coisas.-confirmei, assentindo.
-Aonde ele vai?-perguntou meu tio, se levantando em preocupação e raiva.
Suspirei, olhando para o chão e sentindo um nó familiar em minha garganta. Repeti pra mim mesmo para ser forte e levantei o rosto novamente, sorrindo triste para o mais velho a minha frente.
-Pra casa, tio. Depois de uma conversa, convenci, ou melhor, obriguei MinGyu para voltar para casa com vocês. Foi díficil e até agora ele está chorando, mas ele vai voltar. Por mais que doa em nós dois, MinGyu vai voltar pra casa com vocês.-falei, deixando uma lágrima cair sem querer.
Os pais de MinGyu vieram em minha direção e me abraçaram, ambos chorando. Me senti feliz.
-Muito obrigado, WonWoo. Mesmo.-meu tio falou entre as lágrimas e eu soltei um riso fraco.
-Decidi que isso seria o melhor para ele.-falei, me afastando dos dois.
Eles sorriram uma última vez e voltaram a se sentar.
-E você, meu filho-meu pai começou, atraindo minha atenção para ele.-quando volta pra casa?
O encarei por um tempo. Logo em seguida encarei minha mãe. Minha vó. Meu tio. Todos naquela sala. Voltei minha atenção para meu pai e sorri, botando as mãos dentro dos bolsos do casaco.
-Aqui não é mais minha casa, pai.
E saí da sala, deixando aquele universo que já não me pertencia para trás.
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