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História You Could Be Mine - Capítulo 3


Escrita por: Psycho-sama

Notas do Autor


Hey! Hey! Hey!! Sentiram minha falta?? kkkk Desejo um ótimo ano procês, galera! Já que eu não apareci antes, então só me sobra desejar isso u-u

Boa leitura!

Capítulo 3 - Capítulo 3


Fanfic / Fanfiction You Could Be Mine - Capítulo 3

 

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Capítulo 03

Você Poderia Ser... Desafiado

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“Eu ando em uma estrada solitária, a única que eu conheci. Não sei aonde ela vai, mas é um lar para mim e eu ando só.”

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Shinzen HighSchool

——

—— Hey! Hey! Hey! Sejam bem-vindos corvos de Miyagi! —— Os rostos petrificados e sérios em direção à Bokuto Koutarou expressavam a surpresa e perplexidade por ver a coruja ali, ao invés do Capitão dos gatos, como de praxe.

—— Onde está o Kuroo-san? —— A pergunta inocente de um Hinata confuso pareceu deixar o Ace da Fukuroudani com uma aura depressiva ao seu redor, arriando os ombros antes retos, e baixando o rosto antes satisfeito.

Akaashi ao seu lado suspirou, cruzando os braços sobre o peito.

—— Vê como eles recebem um dos cinco melhores do Japão? —— Resmungou baixo, olhando para o levantador.

—— Nekoma vai se atrasar hoje, por isso Bokuto-san e eu decidimos vir recebê-los no lugar deles. 

Takeda e Ukai tomaram a frente, curvando-se diante os dois.

—— Foi muito gentil da parte de vocês, muito obrigado! —— Akaashi abanou com a mão, displicentemente, enquanto Bokuto ainda parecia tentar se conformar com o fato de que não tivera a reação que queria.

—— Ah! É o ace e o levantador da Fukuroudani!? —— Kageyama quase tropeçou para fora do micro-ônibus ao ver os dois ali. Mesmo treinando e indo contra ambos nas partidas, não tinha um entrosamento com os mesmos igualmente Tsukishima e Hinata. O que era por deveras revoltante.

Quando notou a surpresa na voz de alguém, o grisalho ergueu o rosto, mirando Kageyama com confusão. Quando Akaashi dissera que o jovem era um de seus fãs, a alegria tomou conta de seus olhos e sua expressão se transformou em uma convencida e entusiasmada, o que fez tanto o colega levantador, quanto o mais alto dos bloqueadores centrais da Karasuno revirarem os olhos.

—— Oh! Oh! Oh! Um fã? —— Abriu os braços, quase correndo até Kageyama e lhe envolvendo o ombro. Tobio não conseguia nem mesmo falar, não acreditando que um dos cinco melhores do país estava ali. Praticamente o abraçando. —— O que acha de treinar comigo hoje?? Vou te ensinar alguns truques de Ace’s!

—— Sério??

—— Não se anime tanto. —— Tsukishima alertou o Capitão das corujas, puxando sua mochila e a ajeitando sobre o ombro. —— Diferente do idiota ali na frente, esse daí não é tão estúpido no vôlei para se sentir impressionado com suas fintas sem graça.

Bokuto e Kageyama se voltaram para o loiro rapidamente, com expressões de enfezo no rosto.

—— Como pode dizer que minhas fintas são sem graça, quatro-olhos maldito?

—— Como pode ofender o Ace da Fukuroudani, maldito?

Tsukishima não pareceu afetado pelos xingamentos, apenas suspirando e começando a andar.

—— Wooaahhh vamos jogar vôlei!!! —— Hinata passou a saltar no lugar, seguindo o mais alto com um entusiasmo que era compartilhado apenas pelo Ace das corujas e o levantador da Karasuno.

 

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Hinata entrou correndo no ginásio, se encaminhando para um canto mais vazio e largando sua mochila lá. Já estava com o uniforme e bastou apenas colocar a regata amarela com o número 10 para ficar pronto para a partida amistosa. Passou a aquecer-se sozinho, enquanto os demais iam chegando e se preparando igualmente. Todos fizeram suas apresentações, e quando os times estavam já posicionados, quase quarenta minutos depois que haviam chegado, Nekoma invadiu o ginásio com uma entrada fenomenal.

Pela janela.

—— O-O que diabos... —— Asahi olhou para a cena com confusão, vendo como Yaku não conseguira passar e Lev se prontificou a ajuda-lo como quem oferece ajuda a uma criança. Obviamente o líbero notou, pois espalmou-o para longe de si com tapas e gritos, lembrando vagamente um gato arisco.

—— Eles sabem como chamar a atenção! —— Hinata riu, apertando a bola entre as mãos.

—— São chamativos demais... —— Concordou Kageyama, com um brilho nos olhos azuis.

Sugawara e Daichi que estavam mais próximos, os olharam com caretas nos rostos.

“Vocês dois são os que menos podem falar algo sobre isso...” pensaram em uníssono, mantendo a ideia apenas para eles próprios.

Quando desceram para a quadra, os gatos posicionaram-se fora da quadra a qual Karasuno e Shinzen iam jogar, aquecendo-se e vestindo os trajes característicos.

—— Grande entrada, Kuroo-san! —— Hinata gritou animado, tendo os olhos do Capitão dos gatos logo sobre si.

—— Chibi-chan! —— Acenou, logo mirando os olhos negros sobre os demais. —— Tsukki, estava com saudades!!

O loiro pareceu tremer, encolhendo-se e virando o rosto. O Capitão dos gatos fechou a cara, irritado com o fato de que foi ignorado.

—— Não me ignore, maldito!!

—— Osu! Chegamos! —— Tora cumprimentou, já de uniforme, começava a vestir a regata azul com o número 4 do time.

Hinata cumprimentou igualmente animado, enquanto Tanaka esquecia a partida que teriam e ia cumprimentar propriamente o mais novo amigo. Olhando para trás do atacante dos Nekos, o chamariz da Karasuno vislumbrou a cabeleira conhecida, abrindo um sorriso.

—— Oh... Kenma!! Está atrasado!! —— Logo atrás o levantador vinha calmamente, arrumando os cabelos bagunçados pelo vento da correria da estação até ali.

Claro que ele não quis correr, garantindo a Kuroo que suas pernas quebrariam se ele tentasse acompanhar aqueles outros com pernas enormes (Lev), e por isso o moreno acabou tendo de carrega-lo sobre o ombro.

Mas ainda sim Kuroo corria rápido.

—— Shouyou! —— Os olhos âmbares brilharam, parando ao lado do amigo de infância.

Kuroo o olhou de cenho franzido, e logo em seguida riu, chamando a atenção do menor para si.

—— O quê foi?

—— Você vai sorrir, é? —— Kenma fez careta, frustrado.

—— Só o cumprimentei, qual o problema com isso?

—— Você está radiante, Kenma-chan! É fofo!

Gargalhou quando o outro virou o rosto enrubescido.

—— Cala boca, Kuroo!

—— Vamos jogar!! —— Daichi gritou, chamando a atenção para si.

A partida fora mais rápida do que pensavam. Hinata estava mais calmo durante o jogo do que normalmente era, o que chamou muito a atenção para si. 

Mas era óbvio o que ele fazia. Estava analisando. Depois de sua entrada forçada no acampamento de treinamento juvenil de imitação, como também podia ser conhecido, Hinata estava obviamente mais concentrado. Não perdia o foco facilmente, e parecia analisar qualquer mínimo detalhe que todos faziam. Era assustador.

Kageyama se via no dilema de segurar a vontade de soca-lo, pois aquilo o irritava.

Podia ver como sua aura opressora intimidava os demais. Afetava até mesmo os próprios membros do time, deixando Asahi eriçado do início do jogo até o final.

Sempre soube que Hinata era capaz de chegar lá. Sua velocidade, seus reflexos, seu instinto selvagem principalmente, o levariam ao topo um dia. O que irritava Kageyama era ele não perceber isso. Claro que o ruivo almejava subir mais, entretanto não se dava conta de que tinha habilidades incríveis que deviam ser lapidadas que o deixariam capaz de lutar sozinho.

Mas talvez, só talvez... Agora ele começasse a se dar conta daquilo.

—— Karasuno versus Nekoma! —— Ukai gritou, ouvindo urros de alegria dos corvos. —— Quinze minutos de pausa! —— Hinata sorriu, saltando no lugar correu até onde estavam os gatos, querendo cumprimentar os amigos.

—— Hinata!!

—— Lev!! —— O mais alto acenou, vendo o menor parar logo a sua frente. —— Nós vamos vencer vocês na partida de agora!

—— Vocês nunca nos venceram antes, o que te faz pensar que vai vencer agora? —— O ruivo sentiu-se ofendido, exalando uma aura de irritação.

—— Como é? Eu sei por que agora eu sinto que nós somos capazes!! Não nos menospreze! —— Lev sorriu de canto, cruzando os braços sobre o peito, sentia-se satisfeito por conseguir irritar o pequeno corvo.

De repente Hinata pareceu se dar conta de algo, olhando para Yaku entre os demais e se aproximando dele.

—— Yaku-san! —— Gritou, assustando o mais velho.

—— S-Sim?

—— Kenma me disse que você se machucou contra a Nohebi!

—— Ahm? Ah... Sim, mas já estou melhor! Obrigado por mencionar! —— Sorriu, erguendo a mão e de repente alisando a cabeça de Hinata como se ele fosse um cachorro carente.

—— Está confundindo-o com um animal, Yaku-san? —— Lev riu, logo recebendo olhos assassinos sobre si e se calando.

—— Chibi-chan! —— Kuroo de repente se postou ao seu lado, envolvendo seu ombro e bagunçando seus cabelos. —— Devo dizer que foi surpreendente saber que derrotaram Shiratorizawa! Estou ansioso pela nossa partida e para esmagar vocês. Provando assim que sou melhor que o maldito do Ushijima Wakatoshi!

—— Você sonha alto que nem o Bokuto-san! —— Tsukishima comentou, parado próximo. Um risinho baixo foi ouvido, e logo os olhos negros do Capitão da Nekoma voavam para o loiro, fuzilando-o. —— Deve ser bom ser tão simplista!

—— Como é? —— Urrou, libertando um Hinata confuso e avançando sobre o de óculos. —— Nós vamos vencer vocês de um jeito ou de outro.

—— Como vão nos vencer quando não ganharam nem mesmo da Fukuroudani, que tem um dos cinco melhores do Japão? Nós enfrentamos um que estava entre os três melhores!

Kuroo estava puto, uma veia enorme saltava em sua testa. E o pior é que Tsukishima conseguiu atingir todos da Nekoma. Até mesmo Kenma que raramente dava atenção para ofensas do tipo.

Hinata olhou para os membros atrás de si e sentiu a pressão fazê-lo arrepiar.

—— Mah, mah, Tsukishima-kun! —— Tanaka se aproximou, batendo contra o ombro do primeiranista e sorrindo calorosamente. —— Não deveria menosprezar nossos adversários assim... —— Uma sensação de formigação fez Tsukishima e Hinata se empertigarem, enquanto olhavam para o careca com confusão. —— Não tem nada de errado em deixa-los sonhar! —— Sorriu de forma zombeteira, desafiando os demais com os olhos.

Kuroo riu, vendo como os corvos logo atrás daqueles três pareciam intimidantes e prontos para uma batalha.

Uma batalha que os gatos estavam entusiasmados em dar.

 

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14:56

——

Ukai suspirou audivelmente, alisando a testa suada e olhando para os exaustos corvos que não se davam por vencido. O suor lhes corria pelo rosto e corpo. Os cabelos colados na testa e as roupas ensopadas coladas no corpo. Ofegavam tão ruidosamente que pareciam animais selvagens.

E o pior é que os gatos não se encontravam em melhor estado. Podia ver que Lev só se aguentava sobre as pernas por teimosia. E o que mais o assustava era que o preguiçoso levantador parecia tão motivado a continuar quanto os demais. Não se surpreenderia se fosse o efeito “Hinata”.

—— Já chega! —— Gritou quando viu Asahi se preparar para um saque. Suor pingando de seu queixo em bicas. Todos o olharam surpresos e confusos. —— Vocês estão exaustos! Os outros times também querem jogar! —— Apontou para Fukuroudani que aguardava o vencedor daquele jogo para saber quem seriam seus próximos adversários.

Mas em algum momento cansaram de ficar de pé e estavam todos deitados ou sentados. Bokuto até dormia desleixadamente.

—— Mas koji-

—— Sem “mas”, Hinata!

—— Ainda podemos continuar! —— Kageyama insistiu, tropeçando nos próprios pés.

—— Vocês estão num placar empatado em 135 a 135... E NEM SAÍRAM DO PRIMEIRO SET, DIABOS! —— Todos pareceram perceber o grau de profundidade daquilo. —— Isso equivale a cinco ou seis sets seguidos, sem pausa nenhuma!! VOCÊS SÃO MONSTROS?

Respirou ofegante, enquanto Takeda ao seu lado pedia calma.

Bokuto acordou assustado, recebendo olhos estreitos de Akaashi.

—— Saiam... Da... Quadra! —— Foi abaixo de resmungos e choramingos que todos fizeram o que o loiro pedia.

—— Hey!! Contra quem vamos jogar?

 

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15:24

——

—— O que nós faremos agora? —— Hinata amuou no chão, sentado na sombra projetada pela enorme árvore, olhou para os próprios pés em busca de uma ajuda Divina. Sentia que o chão onde pisava tinha sido destruído completamente. —— O koji e o Nekomata-sensei nos proibiram de tocar na bola pelo resto do dia...

—— Poderíamos ir para o centro da cidade. —— Kuroo sugeriu, atirado na grama um pouco atrás de Hinata, com os braços abaixo da cabeça e mirando a copa da árvore como um gato preguiçoso.

—— Ir para o centro? —— Daichi perguntou calmamente, tombando a cabeça.

—— Tem fliperamas por lá... E acho que o ônibus passa aqui na frente em uns- que horas são, Kenma?  —— Olhou para o falso loiro apoiado na árvore a mexer em seu videogame freneticamente e compenetrado. Poderia parecer não estar prestando atenção, se não tivesse logo respondido:

—— Três e vinte e seis...

—— Daqui uns vinte minutos... —— Olhou para Daichi, sentando-se e sorrindo.

—— Bem... não é como se tivéssemos outra coisa para fazer.

—— Isso! —— Festejou o Capitão da Nekoma, pondo-se de pé e limpando o calção.

—— Nós todos vamos de ônibus? —— Tsukishima perguntou, parecendo enfezado com a ideia.

Tóquio não era nenhuma cidadezinha pequena onde meia dúzia de pessoas pegavam ônibus por vez como em Miyagi. E ficar num cubículo fechado com um aglomerado de pessoas, não lhe agradava em nada.

—— Sim. Por quê? —— Kuroo riu zombeteiro, colocando as mãos na cintura mirou o de óculos com desafio. —— Tem medo de se perder na cidade grande, farm boy?? —— Uma veia pulsou na testa de Kei enquanto pensava em uma boa resposta. Sentiu um tapa leve em seu ombro, e logo Daichi se colocava de pé também, sorrindo tão assustadoramente que ele se sentiu tremer.

—— Vamos lá Tsukishima! Vamos mostrar ‘pra esses gatos como as coisas são quando nos ofendem de graça... —— Tsukishima queria dizer que não ia junto, pois preferia um futon e um banho gelado, a uma tarde exaustiva e cheia de troca de farpas entre gatos e corvos; mas meio que aquela aura ao redor do Capitão o calou prontamente, sabendo que se não fosse por vontade e com as próprias pernas, iria amarrado.

A parada de ônibus tinha uma pequena aba sobre, que os protegia do sol escaldante daquela tarde, e isso não seria problema realmente... O problema verdadeiro foi que todos, querendo fugir do sol, acabaram se amontoando abaixo da pequena sombra e por fim, passando mais calor.

Hinata estava a um ponto de cair desmaiado pelo ar sufocante e abafado ao seu redor, mas ao pensar que ficaria sobre aquele chão quente onde acabaria derretendo, a ideia passava e ele se forçava a ficar ereto. Obviamente sua tonteira não passou despercebida pelo levantador ao seu lado.

Kageyama tinha uma boa visão para notar coisas que passavam como insignificantes para os demais. Não por que lhe eram interessantes, mas apenas por que ele prestava atenção em tudo.

Suspirando ruidosamente, agarrou o braço de Hinata e o empurrou para trás da parada, já que ela era aberta na parte de trás e nas laterais, e o fez sentar-se sobre a grama alta do barranco que rodeava o lugar, vendo-o quase cair para além da mata ao redor.

—— Se está passando mal, diga, idiota! Não fique se forçando a ficar entre eles. —— Espalmou a mão em sua cabeça e o obrigou a deixa-la entre os joelhos, ouvindo protestos do menor sobre sua nuca doer e Kageyama estar prestes a quebrar sua coluna.

Na verdade, até mesmo o levantador estava precisando de um ar puro. Miyagi era quente, mas Tóquio ganhava facilmente. Não era o tipo de calor quente, era abafado e deixava a respiração difícil e dolorosa. Não entendia como aqueles outros conseguiam ficar ali sem problemas. Mesmo que Sugawara, Yaku e Yamaguchi pareciam prestes a desmaiar também.

“Que calor infernal...”

—— Ka-Kageya... Kageyama-kun!! Minh-Minha nuca, você v-vai me desnucar!!

Soltou-o, ouvindo um ofego aliviado enquanto o ruivo jogava a cabeça para trás.

—— Seu bruto... ‘Tava querendo me matar? —— Olhou-o com enfezo, sentando-se.

—— Você que é um fraco e passa mal por qualquer coisa.

—— Urgh!! —— Hinata realmente ficara confuso se rebatia ou não. Queria gritar com ele como sempre, mas temia que no estado que estava as coisas ficassem sérias e começasse a colocar suas tripas para fora.

Kageyama era um maldito que o levava ao extremo de sua irritação apenas em uma simples frase. Não que o ofendesse de verdade, mas sim por que era Kageyama quem dizia, e era Kageyama quem parecia extremamente bem.

—— Ei vocês dois! —— A voz de Kuroo os despertou, apoiado sobre a cabeça de um Tora consternado e preguiçosamente sentado no banco de madeira, estava debruçado na direção dos dois. —— O ônibus está vindo!

Eles levaram segundos para processar a informação, e em uma breve troca de olhares depois, fora decidido que aquele que chegasse ao ônibus primeiro, ganharia. Ambos se colocaram de pé tão rápido e numa animação contagiante, que alguns até se assustaram quando os ouviram gritar e os viram saírem correndo para frente da parada, onde o ônibus já estacionava.

A porta mal abrira e ambos estavam empurrando um ao outro para entrar, entre gritos de “Hinata imbecil!” e “Bakageyama!” e outros que mal se entendia.

—— Esses caras têm mesmo quinze anos? —— Tsukishima resmungou, olhando-os por trás de lentes embaçadas pelo suor. —— Parecem ter cinco...

Yamaguchi ao lado riu de leve. Quando sentiu a aura de Daichi escurecer, tremeu, encolhendo-se e pulando para o outro lado de um Tsukishima também arrepiado e em alerta.

—— VOCÊS QUEREM PARAR DE BARRAR A PASSAGEM? —— Daichi agarrou-os pela cabeça e os jogou para trás com tamanha violência, que se não fosse Sugawara e Tanaka segurarem Kageyama e Hinata respectivamente, ambos teriam se chocado com a calçada.

—— Daichi, não seja tão violento! —— Pediu Sugawara num misto de preocupação e enfezo com o colega de classe.

—— Se eu pegar leve os dois nunca vão entender!! —— Apontou para ambos, que pareciam pálidos e sem reação. Seus rostos haviam se transformado em estátua de emoção nenhuma.

—— Eles não entenderiam de jeito nenhum! Já tentou fazer cães falarem? —— Tsukishima comentou enquanto passava por seu Capitão e entrava no ônibus, pagando a passagem. Daichi o lançou um olhar rápido e afiado, vendo o outro se apressar para o fundo do ônibus.

—— Que tal se acalmar, Dadchi? Nós vamos nos divertir, não seja tão certinho! —— A piadinha de Kuroo o irritou, fazendo-o repetir o gesto que fizera para Tsukishima.

—— O que você quer dizer com Dadchi? —— Seguiu logo depois, confuso e irritado. —— Só estava falando a verdade.

—— Esse é o ponto. —— Passaram pela roleta um depois do outro. Kuroo sorria calmamente, procurando por um assento. Tinha não mais que um senhor de idade e uma mulher grávida naquele ônibus, e ele agradecia mentalmente. —— Você está sempre lhes dando suporte, o tanto quanto lhes dá bronca. Você grita demais e se irrita facilmente, ainda sim dá bons conselhos e afaga a cabeça deles vez ou outra. Consegue lê-los e sabe quando vão fazer merda... Você é o papa karasu!! —— Riu ao ver a pálida expressão que tomou conta do rosto dele.

Era verdade!

Ele simplesmente acabara de descobrir que havia adotado um bando de filhotes de corvos.

 

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16:06

——

Quando todos desceram do ônibus, Lev alisava a bochecha vermelha e levemente inchada depois de ter recebido um soco de Yaku direto no rosto.

Conforme o ônibus ia fazendo suas paradas costumeiras até o Centro, ele ia pegando pessoas e consequentemente enchendo. E com a quantidade de estudantes ali, algumas pessoas iriam ficar de pé. Por isso certos assentos foram sendo dados e oferecidos.

Mas em certo momento, Yaku, Hinata e Nishinoya (os mais baixos do grupo) que estavam de pé, reclamaram sobre não aguentarem o calor e que precisavam ir para perto da janela (pelo menos fora o caso dos dois primeiros, já que Yū  gostava de se achar mais macho enquanto suor lhe escorria do rosto pálido).

Lev apenas comentou que como eram baixinhos e pareciam crianças, podiam ir no colo de alguém.

Não precisou de dois segundos para o líbero da Nekoma encontrá-lo no meio de tantas pessoas e lhe acertar um murro na cara que o derrubou no meio do corredor.

Inuoka e Tora tiveram que segurar o baixinho para impedi-lo de chutar Lev ainda no chão.

—— Yaku-san bate forte... —— Resmungou num misto de choramingo, olhando o caminho que seguiam.

Kuroo riu.

—— Você não sabe que não deve falar da altura dele?

—— Mas eu só fiz um simples comentário! Yaku-san podia sentar no meu colo se quisesse! —— O Capitão parou de andar, surpreso com o que ouvira, quando uma sensação perigosa veio de suas costas. Olhou sobre o ombro, deparando-se com uma aura enorme sobre a cabeça do líbero da Nekoma.

—— LIIIEEEEEVVV!!! —— Não precisou de muito para que o primeiranista dos gatos saísse correndo rua abaixo com Yaku atrás de si.

Pareceu que daquela forma chegaram mais rápido ao fliperama no centro. Com sorte era durante a semana e ele tinha poucas pessoas ali, ao menos era um número menor do que de costume ou menor que a contagem que chegava nos finais de semana. Kuroo guiou-os até o balcão onde tinham de comprar os tickets para todos os brinquedos e jogos.

Claro que Hinata e Nishinoya acabaram ganhando vale infantil, o que acarretava em uma cartela com vinte vales de graça, mais os que eles compraram.

Ambos estavam numa guerra entre ficarem putos (principalmente graças as risadas de Tsukishima, Yamaguchi, Tanaka, Kuroo e Tora) e agradecerem. Pois assim tinham mais oportunidades de aproveitar com os vales.

Claro que Kageyama não quis ficar para trás e comprou a mesma quantidade de tickets que Hinata tinha.

—— Ooh lembrei! —— Kuroo sorriu, parecendo radiante. —— Tem um jogo que quero jogar com vocês!

Guiou-os entre pessoas e escadas até o terceiro andar. Os membros da Karasuno estavam simplesmente magnificados com a beleza daquele lugar. Era como estarem no paraíso dos jogos, nem conseguiam imaginar como Kenma devia estar feliz.

—— Ali está! O rei dos jogos de dança! Dance Dance Revolution X!! —— Apresentou numa animação não compartilhada pelos demais. —— Vamos, quem vai contra mim? —— Kuroo já colocava seu ticket na pequena entrada para eles, antes de se aproximar do painel e selecionar o Player 1.

—— EU VOU HAHAHA!! Sou muito bom nesse jogo! —— Tanaka bateu as mãos com Nishinoya, Asahi, Sugawara e Hinata antes de se dirigir para o painel ao lado do de Kuroo, colocando o ticket e selecionando o Player 2.

Quando o som da voz feminina começou a apresenta-los, se posicionaram sobre o tapete numa aura de desafio que pareciam prestes a irem para a guerra. Quando as notas começaram a aparecer e ambos a pular e saltar e pisar sobre as setas no tapete aos seus pés, todos começaram a gritar e a torcer para eles.

—— Oooh, Tanaka-san é realmente bom nisso! —— Hinata tinha os olhos brilhando em entusiasmo, agarrado na barra de metal que circundava a área.

—— É mesmo... Acho que precisaria de uma grande precisão e agilidade nos pés para saber o momento exato de apertar, sem ser muito cedo, nem muito tarde...

Hinata olhou para o levantador com careta.

—— Kageyama-kun... Por que está analisando isso tão logicamente? —— O moreno o olhou, parecendo ter tido um estralo. —— Nunca jogou? —— Quando ele virou o rosto, parecendo muito consternado diga-se de passagem, um sorriso travesso brotou no rosto do menor, que aprumou-se na direção dele. —— Ora... Kageyama-chan era um menino solitário que nunca conheceu o que era se divertir quando criança?

Tobio se voltou para ele em uma rapidez invejável, agarrando a gola da camisa do menor e quase o tirando do chão.

—— Ããããh? Eu estava mais preocupado com o vôlei do que com jogos e fazer amizades inúteis, imbecil!! —— Hinata riu, erguendo as mãos em frente do corpo. —— Se você tivesse feito o mesmo talvez não fosse tão ruim no vôlei!

—— COMO É? —— Enfureceu-se, agarrando a gola de Kageyama e puxando-o para baixo.

Estavam prestes a começarem a se agarrar ali mesmo quando um pigarro os fez congelar no lugar, girando o rosto lentamente para Daichi, de braços cruzados e aura opressora logo atrás deles.

Se soltaram.

—— WEEEEH!!! VENCI! —— Todas as cabeças se voltaram para Kuroo que erguia os braços acima da cabeça, muito orgulhoso e convencido de mostrar isso para todos.

Tanaka estava destruído, tendo de ser consolado por Tora e Nishinoya, que batia no ombro do companheiro de time e dizia que ele fora bem ainda sim.

—— Agora o próximo! —— O Capitão da Nekoma deixou a linha demarcada, parando no meio de todos. —— Quem quer? —— Seus olhos vasculharam todos que vieram consigo, até acharem o alvo certo. —— Que tal, Chibi-chan?

—— Eh?

—— “Eh” nada! Vamos lá!! Sua vez!

Hinata riu, erguendo as mãos em frente ao corpo.

—— Não precisa Kuroo-san... Eu... Eu estou bem aqui!

—— Ooh... Está com medo de perder? Dá 'pra entender. Com essas pernas curtas você não alcançaria os pontos certos. —— Hinata congelou na mesma expressão, até o momento que uma veia pulsou em sua testa e chamas podiam ser vistas à suas costas.

Sugawara sentiu aquilo ofendê-lo também, e tanto Daichi quanto Asahi tiveram que segurá-lo para não pular em Kuroo e estrangulá-lo.

—— EU NÃO VOU PERDER!! —— Caminhou até o mesmo que Kuroo estava e se voltou para os demais. —— LEV!!

O albino arregalou os olhos.

—— Eu?

—— Sim! —— Fez sinal para ele se aproximar logo.

Kuroo riu, cruzando os braços sobre o peito assistiu o gato se juntar ao corvo e ambos se prepararem para iniciar o jogo. Quando a música começou, foi com choque que percebeu que Hinata era rápido. As notas iam aumentando numa velocidade impressionante e o ruivo conseguia acompanhar sem o menor problema. Aos poucos outras pessoas foram se juntando ao redor deles, rindo e incentivando Hinata a continuar mais e bater o recorde ali já salvo.

Tinha instigado-o a ir, mas não fazia a menor ideia que ele era tão bom. Parecia não ser afetado por nada ao redor, tão concentrado naquilo que parecia estar numa partida de vôlei oficial.

Os minutos passaram, e quando a multidão gritou e urrou de euforia, o capitão da Nekoma pôde ver por que. Hinata tinha batido o recorde, e parecia ainda capaz de continuar por mais alguns minutos, o contrário de Lev que já se encontrava ofegante e suado, segurando-se na haste de metal enquanto Yaku gritava em como ele não tinha vergonha nenhuma na cara, sendo a decepção do time.

 

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16:56

——

—— Woaahh!! Aqui é tão legal!!

Kenma sorriu, concordando com a fala de Hinata.

—— Vamos naquele, Shouyou! —— Apontou, guiando o menor, e os outros dois (Kageyama e Lev) para um jogo com armas. Pôs seu ticket e puxou o rifle de mentira. Hinata tinha os olhos brilhando enquanto via Kenma se posicionar sobre um tapete vermelho e a tela enorme à frente deles começar a mostrar cenários diferentes para que o falso loiro escolhesse. Ele estava tão natural ali, que era óbvio que jogara diversas vezes.

A mata fechada e escura, a selva da África com vegetação rasteira e amarelada, e até mesmo as montanhas rochosas. Eram incríveis os gráficos, tão reais que o ruivo se sentia arrepiar de antecipação.

—— Esse é um jogo de tiro ao alvo, por assim dizer. —— O levantador dos gatos explicou, sem olhar para os outros três. —— Você tem que caçar os animais nos locais escolhidos, e mata-los antes que um deles te mate. —— De repente olhou sobre o ombro, parecendo mais sombrio, fisgou diretamente os castanhos do #10 da Karasuno. —— Vamos fazer duplas, e aqueles que matarem mais animais vencem!

Hinata sorriu, pulando no lugar.

—— Yay! Eu topo!!

—— Você já jogou algo assim, Hinata? —— Lev lhe perguntou, sem tirar os olhos da tela.

—— Não! Mas aprendo rápido.

Kageyama ao seu lado o olhou de forma zombeteira.

—— Idiota!

Hinata o olhou rapidamente.

—— E você já jogou, por acaso, Sabishīyama¹? —— Uma veia explodiu na testa do outro, enquanto puxava a gola da camisa de Hinata.

Sendo sempre esta a reação natural de ambos.

—— Eu prefiro jogos com mais adrenalina, imbecil!

—— Tipo corrida? —— Lev perguntou, como se não notasse a aura hostil sobre os dois. O levantador da Karasuno assentiu, soltando o colega. —— Tem alguns jogos no andar superior com tipo... uns kart’s, sabe? Só que eles são maiores e mais confortáveis, e se movem junto com a pista! Quando você freia dá pra sentir ele tremer, ou quando passa por cima de alguma coisa! É super real!!! —— Os olhos do grisalho brilharam, e ele ergueu as mãos em animação. Parecia compartilhar do gosto com Kageyama, que reagia de forma parecida.

—— Oooh... Sério? Isso parece muito bom! Em Miyagi não tem nada disso.

—— Sim, sim! Você vai se viciar na primeira partida!

Ignorando as flores ao redor dos dois, Hinata ergueu a mão, com careta.

—— Já que ele se move com a pista, o que acontece se o carro capotar?

 

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17:49

——

Hinata riu ao olhar de relance para Kenma e constatar como o levantador estava puto.

Imaginou que além de jogar bem em qualquer coisa, o Kozume odiaria perder. Mesmo que não estivesse planejando vencer, ou pensando que venceria, sua vitória e a de Kageyama sobre os dois fora quase espetacular. E não apenas no jogo de caça, no futebol e até mesmo em Black, conseguiram vencer os dois membros da Nekoma.

Claro que não deixava de pensar que era sorte de principiante. E o fato de que Lev mais atrapalhava Kenma do que ajudava.

—— Kenma, não sabia que você era assim tão competitivo! —— Riu, ouvindo o outro estalar a língua no céu da boca tão alto que lembrava Asahi.

—— No vôlei eu não sou tanto, a menos que o outro time realmente me instigue ou me irrite. Mas em jogos... —— E o olhar que ele lançou para o ruivo o arrepiou dos pés à cabeça, obrigando Hinata a pular para o outro lado de Kageyama em modo de defesa, ficando em uma distância segura. ——... Se torna realmente pessoal, Shouyou.

Só para ele aquilo pareceu uma ameaça de morte?

—— Foi mal! —— Riu, sem saber o que mais dizer. Não é como se tivesse feito de propósito. Kageyama tinha uma boa pontaria, e Hinata era rápido para agir. Formavam uma bela dupla mesmo fora das quadras.

Naquele momento retornavam à procura dos demais, uma vez que estava próximo do ônibus retornar. Kuroo avisou que passavam quatro ônibus ali levando de volta para Shizen, mas o próximo seria às 17:30, em seguida às 18:00, depois às 19:30 e então 20:35 novamente. Seria muito tarde para retornar e os Técnicos podiam ficar irritados e preocupados.

Lev dissera que Yaku mandara uma mensagem para que se juntassem de uma vez com o grupo, para que quando a hora de ir embora chegasse, não precisassem ficar procurando por pessoas perdidas e acabarem perdendo o ônibus. Principalmente os baixinhos que somem na multidão facilmente.

—— Você pode comprar sorvete como desculpa, Hinata! —— Lev riu. —— Soube que Kenma-san adora!

Os olhos castanhos do ruivo brilharam, enquanto o mencionado apenas baixava a cabeça para seu celular, querendo fugir do assunto.

—— Sério Kenma-chan? —— Provocou sorrindo de canto. —— Você parece criança!! —— Hinata logo saltou para frente do mais velho, andando de costas e de frente para o Kozume.

—— Você não pode falar nada! Quem nesse mundo odeia sorvete? —— Hinata anuiu, pondo os braços atrás da nuca e ainda sorrindo. Passou a dar saltinhos, deixando Kageyama apreensivo. Sabia que dependendo do desastre (Hinata), alguma merda aconteceria.

—— Mas esse é seu ponto fraco, né?

Lev gargalhou quando Kenma corou, batendo os dedos na tela do celular freneticamente. Odiava quando usavam sorvete para chantageá-lo. Coisa que Kuroo fazia com mais frequência do que gostaria.

—— Ei, imbecil! Você vai esbarrar em algu-

Mal as palavras saíram da boca de Kageyama, e Hinata trombou contra algo duro, quase caindo quando desestabilizara a parede que batera. Kenma e Lev se assustaram, ambos parando de andar. O levantador da Nekoma ainda tentou segurar Hinata, quando notaram que a parede era na verdade um homem.

E um homem enorme.

Hinata tremeu dos pés à cabeça quando o viu, mais ainda quando quatro amigos se juntaram a ele, olhando-os opressoramente.

“Merda!! Mil vezes merda!”

—— Sin-Sin-Sin-Sin-Sin-Sin-Sin-Sin-Sinto mu-mu-muito Senhor!!!! Sinto mesmo, eu nã-nã-não o vi!! —— Curvou-se enquanto quase gritava.

O homem pareceu ainda irritado.

—— Você esbarrou em mim e ainda acha que uma simples bosta de “sinto muito” vai resolver seu problema? —— Os quatro engoliram em seco. —— Olha o que você fez com meu celular! Quando esbarrou em mim EU ACABEI DERRUBANDO!!!

Hinata e Kenma se encolheram, sentindo pingos contra a pele.

Não gostaram.

—— Acho que você vai ter que me dar um novo, baixinho!!

—— O seu nem mesmo estragou! —— Ralhou Lev, sem ganhar muita atenção.

—— O-O-O-O-O-O quê? Eu-Eu-Eu mal tenho di-di-dinheiro ‘pra mi-mi-mim!!

—— Se vira, tampinha!! Era uma edição limitada que ganhei do meu pai! —— “Se era uma edição limitada como ele espera que eu compre outro?”, o homem riu, tocando a cabeça de Hinata e dando a impressão de que ia esmaga-lo. —— Ou eu vou fazer você se arrepender de ter nascido!

—— Ei, ele já pediu desculpas! —— Kenma interveio, calmamente. —— É só seguirmos nossos caminhos sem mais-

—— Cala boca, seu bostinha de cabelo esquisito! —— Os dois corvos e o gato arregalaram os olhos quando viram o homem erguer a mão contra Kenma, entretanto a mira dele mudou de última hora, acertando o objeto nas mãos do garoto.

Pensaram que era melhor ele tê-lo batido no celular e derrubado o aparelho do que ter acertado Kenma.

Mas o próprio garoto não pareceu nada feliz. Ele sem dúvida teria ficado menos enfurecido se tivessem lhe dado um soco.

Foi como se um demônio o possuísse. Lev até mesmo tremeu ali, vendo aquela aura sádica rodear o mais velho.

—— Um celular por outro! —— Hinata tentou se afastar de Kenma, com medo do que o amigo faria, quando um aperto se fez em volta de seu braço, e o ruivo se viu sendo puxado com força para frente de novo. —— Aonde vai, garotinho? Ainda não terminamos aqui!

Hinata passou a suar frio, tentando se libertar. Abriu a boca para protestar, e em segundos a mão se afastou de seu braço com um simples safanão. Mesmo que tivesse certeza que a marca de dedos grossos ficaria em sua pele pálida por alguns dias.

—— Acho que você deveria procurar alguém do seu tamanho, e não ficar atormentando qualquer idiota que você vê por aí!

—— Oe!! —— Hinata gritou de repente, mais irritado do que temeroso olhava para o levantador da Karasuno com careta.

O mais alto pareceu divertido com o desafio, avançando contra um Kageyama sério e austero. Quando Hinata pensou em abrir a boca para pedir calma, Kenma de repente estava no mesmo mood que o levantador da Karasuno, com seu celular em uma mão e olhos ferozes clamando por um pouco de sangue e tripas.

Se fosse uma faca que ele segurava teria a mesma impressão.

—— Se você quebrou meu celular... Vou quebrar todos os seus dedos tantas vezes até esquecer seu nome!

Hinata e Lev tremeram, chocados com a fala. Trocaram um breve olhar antes de tomarem uma decisão quanto àquilo. A situação estava ficando fora de controle, e como os únicos “normais” ali, tinham que tomar a dianteira. Agarraram seus respectivos companheiros de time — no caso Lev tivera que praticamente carregar Kenma abaixo do braço — e saíram correndo, enquanto ouviam atrás de si um “vocês não vão escapar!”.

—— Que merda está acontecendo aqui?? —— Hinata gritou desesperado enquanto corria puxando um Kageyama confuso pelo pulso.

—— Merda! Merda! Merda! MERDA! —— Esbarraram em uma boa quantidade de pessoas enquanto fugiam, descendo as escadas rolantes de dois em dois. —— Eles estão nos alcançando, Hinata!!

—— Vamos nos separar e nos esconder!! —— O grisalho concordou, virando à esquerda nos fins dos degraus, enquanto o ruivo continuava em frente.

Viu um aglomerado de pessoas mais ao longe e não hesitou em seguir por elas, usando-as para se esconder. Podia ouvir Kageyama protestando a todo segundo, mas nada no mundo o faria parar. Encontrou rapidamente uma cabine fotográfica, arrastando o colega para dentro dela, empurrou-o contra a parede e fechou a cortina, recuando para o fundo.

—— Estamos a salvo...

—— A salvo minha bunda! —— Kageyama puxou-o pela gola da camisa, quase tirando-o do chão. —— Por que fugiu, maldito?

—— B-Bem, não achei q-que brigar fo-fosse resolver as coisas! —— Choramingou com quase lágrimas nos olhos. Depois daquela intimidação gratuita ainda tinha a expressão emputecida de Kageyama. Pode-se imaginar como aquilo afeta o psicológico de alguém. —— Sem mencionar que se Daichi-san souber que brigamos, ele vai arrancar nossa pele!

Isso era verdade.

Soltou-o, ainda parecendo irritado.

—— Mas você tinha que correr? Isso foi vergonhoso e humilhante, droga!

Hinata o mirou com olhos enfezados, estreitando a vista.

—— O seu problema não seria apanhar de um grupo de caras cinco vezes mais fortes que nós, mas sim seu orgulho ferido por ter fugido e nem ao menos tentado?

—— Exato! —— O ruivo suspirou.

—— Kageyama-kun... Nós tomaríamos uma coça daqueles caras! Estaríamos apanhando ainda agora se tivéssemos ficado. Você e Kenma tinham que ser tão densos?

—— O-O quê? Por que a culpa é minha agora? Você esbarrou no cara! E ele bateu no celular do Kozume-san!

—— Sim, mas... Vocês é que ficaram com aquele humor todo de “pode vir que eu ‘tô pronto”! —— Fez pose de luta, junto de uma careta que fez Kageyama rolar os azuis, coçando a nuca em seguida.

—— Ele ia bater em você, imbecil! Um obrigado basta!

—— Obrigado! —— Kageyama ergueu a vista para xingá-lo, quando notou os olhos castanhos grandes e sérios.

Ele não estava sendo irônico. Havia sinceridade ali e um sorriso leve, mas genuíno. Logo o menor continuou:

—— Não estou acostumado a ser protegido pelos outros, até por que boa parte da minha vida passei evitando os maiores e encrenqueiros, mas... Eu meio que gosto do pensamento de que se eu tiver problemas, você e o pessoal do clube vão estar lá para me apoiar. —— Seus olhos eram grandes bolas de luz. Lhe dava um aspecto infantil e inocente. Kageyama ficara sem saber como ler aquela expressão. —— É como... Família! Não acha?

O levantador não soube o que dizer. Parte sua queria socar Hinata certo no nariz por dizer coisas embaraçosas; mas outra parte estava quieta, apenas observando.

Tinham o costume de falar muito durante os jogos, mais quando queria repreendê-lo por um passe errado, ou adverti-lo de algo que ele não notara, tão cabeça de ar, que só consegue ver aquilo que quer ver, ou até mesmo lhe dá-lo dicas sobre movimentos e passes. Nunca haviam parado para conversar daquele jeito, sobre como realmente se sentiam. Não quando o vôlei estava fora de tópico, ao menos.

Falavam sobre nervosismos antes dos jogos, a animação pós-jogo, o medo contra adversários fortes — como Tobio e sua hesitação em partidas contra Aoba Jōhsai —, mas nunca o sentimento real, intrínseco.

Naquele segundo, se via reavaliando o clube e os integrantes dele. Claro que os via como companheiros, amigos; mas pelas palavras de Hinata, era como se ele os estivesse transformando em mais do que isso. Algo íntimo, forte, uma ligação que vai além do que os olhos podem ver.

Não que pudesse considerar Tsukishima família. Isso estava fora de questão.

Se perguntava se os outros pensavam assim também. Eles se viam como família? Como companheiros para o resto da vida? Ou sabiam que aquilo era uma amizade que duraria apenas até o fim do ensino médio?

Kageyama notava que também gostava da ideia de família, mesmo que algo ainda parecesse errado.

—— Tch... Você e esses papos estranhos! Que irritante...

—— Como irritante? Estou abrindo meu coração, idiota! —— Alterou-se, corando.

—— Irritante por que isso é óbvio, certo? —— Ergueu a voz, assustando Hinata. O ruivo recuou um passo, temendo que fosse apanhar sem motivo aparente. —— Acredito que os demais pensem assim também, imbecil! Você que é lento pra notar.

“Não que eu possa falar algo...”

Hinata encarava os olhos azuis de Kageyama como se buscasse uma saída ou um apoio. Normalmente seriam olhos turbulentos como o mar durante uma tempestade.

Mas naquele momento, Hinata conseguia sentir a maresia do mar calmo.

Tobio raramente era sincero.

E vê-lo daquela forma, era de diversas maneiras diferentes, gratificante.


Notas Finais


Sabishī —— Solitário ou sozinho.

Bem, minna-san, gostaria de dizer que estava pensando em fazer, de quatro em quatro capítulos, uma missing-scene com os personagens. Ainda estou trabalhando nessa ideia, mas não sei cm as faria de diferente. Já que a partir do próximo vou começar a incluir os demais casais, vcs me dizem se querem que eu os aborde com uma quebra de cena, no capítulo mesmo, ou preferem que eu continue apenas focada em KageHina e deixe os demais casais pras Missing Scene's?

Uma ajudinha cairia bem -_-''' kkkkkkkkkkkkkkk

Até a próxima, babys!


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