História You Got it Bad - Now or Never.

''If you've done nothing wrong, maybe fairy lights, blue lights should just pass you by.''
                                                                           Justin Bieber

Respirei fundo parando meu carro em frente ao meu apartamento. Alice jamais iria me ouvir. Eu sabia que estava errado, mas não aceitava o fato de que eu não podia estar com ela agora. Eu a amo tanto que dói, eu estou doente, eu simplesmente não consigo mais viver com essa culpa me perseguindo. Quando fecho meus olhos, lá está ela, bem pertinho de mim como era, como deveria ser. Juntos, sem briga, sem ninguém atrapalhando, sem distância. Pois nos meus sonhos, eu posso ser o que quiser, e no momento, sou dela. Pra sempre dela. E eu não podia simplesmente desistir. 
Ver o estado de Alice... era isso que eu queria: reações. Ela ainda parecia a minha garota. Bufando, me mandando ir embora, chorando de amor e ódio, as sobrancelhas circunflexas, aquela veiazinha saltando nas têmporas. Enfim, é assim que eu gosto de vê-la: sentindo. Hoje é ira e desprezo. Amanhã é paixão e carinho. Quem é capaz de explodir de raiva, também é capaz de explodir de amor. E essa é a unica teoria que me salva desse abismo, acreditar que Alice ainda me ama como eu a amo. 
Entrei no apartamento salivando por um Bourbon, eu não ia conseguir dormir, minha cabeça estava tão rápida como um trem. Peguei  garrafa e em poucos minutos ela já estava mais leve com menos que a metade do líquido ali dentro. 
Eu sentia tanta falta daquela maldita garota, ela era como meu ar. Eu posso parecer um louco exagerado dizendo isso, mas é a verdade, Alice se tornou meu ar. 
A garrafa já estava vazia e o dia clareava lá fora, eu não tinha condições de ir para o colégio ou pra qualquer outra merda de lugar a não ser minha cama. E o mais frustrante é que eu sabia que dormir também não aliviaria a dor de meu peito, já que ela estaria lá nos meus sonhos também. 


— Amor olha isso — ela vinha correndo com um dente de leão nas mãos. Enquanto ela corria ele se desfazia inteiro. — Ah não, droga — ela olhou pra flor triste — Era pra nós soprarmos! — ri da ingenuidade dela. Seu rostinho desapontado e os seus lábios carnudos rapidamente formados em um bico, como uma criança de 10 anos. Não me aguentei até a pegar no colo e a girar no ar depois lhe dando vários beijinhos. 


Acordei assustado com a memória que vinha a minha cabeça. Olhei pro lado e ela não estava ali. Claro que não estaria.
No meu celular marcavam seis horas da tarde, eu tinha dormido e dia todo.  Minha barriga implorava por algo, então fui até a cozinha passando pela sala onde Chuck estava sentado com Ryan e Khalil vendo tv.
—Bom dia bela adormecida. 
—Vai se fuder Bass. — segui meu trajeto até a cozinha.
—Aí Biebs, amanhã tem uma festinha na Rep do Za, você fecha?
—Não sei — suspirei — Não tô numa boa agora.
—A Alice confirmou — Ryan disse risonho e rapidamente o olhei — Só pra constar. —Saiu fazendo um toque de mão com Khalil. 
Eu não sabia se deveria acreditar neles, mas eu queria tanto ve-la, precisava tirar essa história a limpo e saber se ela estaria mesmo lá. E como ela estava depois do que aconteceu. Com o celular em mãos liguei pra Vanessa.

—Ok Justin, o que precisa?
—Estou bem também, obrigada.
—Desembucha.
—Ah eu só queria saber mais sobre a Pool Party de aman...
—Alice vai.
—Mas eu n..
—Você não engana ninguém. 
—Você tem certeza?
—Sim, ela vai. Só tenta fazer a coisa certa dessa vez. Ou não vou mais te ajudar.— desligou.

Vanessa foi a única que me ouviu quando tudo aconteceu e Alice terminou comigo. Ela é a única que sabe de tudo, mas Alice nunca quis me ouvir nem ouvir a amiga. Desde então Vanessa é minha informante, ela me conta tudo, desde como Alice está até o que tem feito, e até mesmo sobre Ryan e todo seu rolo com ela. 
Respirei fundo pensando que teria mais uma chance de tentar conversar com ela, meu coração já batia acelerado e eu só pensava em seus olhos, sua pele...
—Aí viadinho, que tal uma partida de hockey? Eu e você contra Chuck e Khalil? 
—Tô dentro 
Pulei de cima do balcão e fui até a sala, a noite seria com os amigos mas minha cabeça estava apenas pensando o que aconteceria amanhã. 


16:00Hrs Rep do Za.
A festinha já tava rolando, todos nossos amigos estavam ali, mas ela ainda não havia chegado, e comecei a me perguntar se deveria mesmo ter ido se ela iria mesmo. Me aproximei de Vanessa e Jenny.
—Olá — Elas se entreolharam. 
—Vou buscar alguma coisa pra beber — Jenny saiu.
—Ela não gosta de mim é? — Vanessa riu. 
—Jenny ainda é nova, não sabe lidar com seu olhar galanteador sem ficar com vergonha.
—Ela não vem, não é? — fui direto. 
''Eai cara, até aque enfim'' Ouvi uma movimentação e rapidamente me virei vendo a bela imagem da garota sorrindo e cumprimentando o pessoal, ela tinha chegado com seu irmão e Serena e não pude segurar um sorriso.
—Cuidado pra não babar — Vanessa riu passando por mim — LIS! — gritou indo em direção à amiga. Eu apenas levantei meu copo como cumprimento e voltei para onde estava os garotos. 
Já estava ficando tarde Alice se mantinha do outro lado com as amigas e os meninos falavam sobre alguma coisa que eu não prestava atenção. Ela se levantou e entrou pra dentro e num pulo fiz o mesmo, eu precisava ouvir sua voz. 
De costas pra mim ela mexia em algo na geladeira. 
—Você está linda — ri do breve susto que ela levou ao me ver ali. E ela apenas sorriu.
—Você está bem? — Perguntei e ela se sentou na bancada. E apenas movimentou a cabeça com um sim. Me sentei também de frente pra ela, ela não queria falar comigo.
Eu tamborilava os dedos na mesa de centro em um ritmo que irritava até a mim mesmo. Com a outra mão, peguei o celular, sem realmente fazer nada, mas só pra não me sentir tão constrangido. O clima já era pesado e eu só piorava agindo desse jeito. Só que como ela não disse nada, eu continuei. 
— Dá pra parar? — sua voz soou como melodia e eu fiquei nervoso. Minha mão congelou. Um segundo depois, recomecei. 
— Parar com o quê? 
Eu estava de cabeça baixa mas praticamente podia sentir o olhar dela me degolando, o que só colocou um sorrisinho na minha cara e me incentivou a tornar o barulho ainda mais irritante.  Eu não sabia por que a gente tava quase entrando pro tapa, mas com certeza não ia ser o primeiro a baixar a guarda. Destruição mútua. 
Ela riu, seca. Virei a cabeça e, por baixo da aba do boné, dei um daqueles olhares que eu sabia que ela odiava. 
— Muito maduro. 
— Vindo de você… 
— Vai se foder. — Eu ri. 
— Gosto quando você fala sujo assim. — Ela bufou e levantou marchando para fora, chutando o que encontrava pelo caminho. Me levantei num pulo e me coloquei na frente dela. 
— Sai da frente. 
— Ou o quê? — desafiei-a. — Vai me chamar de idiota? Babaca, talvez? Estúpido? Não, espera… Otário? Vai me estapear por absolutamente motivo nenhum? Atirar alguma coisa em mim? — Ela me encarou. — Faz alguma dessas coisas, então — completei. — Mas para de me ignorar. — Ela não se mexeu. Passei a ponta dos dedos pelo rosto dela e depois coloquei uma mecha do cabelo atrás da orelha. 
— Alice, qual é… —Ela simplesmente desviou de mim e continuou andando. 
Agarrei-a pelos braços, prendi a parte de trás do corpo dela na parte da frente do meu e a encostei novamente no balção. Levei minha boca até o ouvido dela. 
— Acho que você devia parar de descontar o fato de que você não tem capacidade emocional pra lidar com as pessoas gostando de você e essa tensão sexual toda em mim — resmunguei e depois mordi a orelha dela. — Sério, só… Conversa comigo. Você precisa me ouvir também.
A resposta foi uma cotovelada no meu estômago. Eu me afastei, tossindo. Fiz uma careta. — Desnecessário. — Ela se virou. 
— Foi, mas me sinto melhor agora. 
Me preparei pra recomeçar a discutir, mas me detive.  Ela é complicada, eu disse pra mim mesmo. Você sabe disso. Não provoca. 
— Qual o problema? — perguntei. 
— Não tem problema nenhum. 
— Então tá agindo assim por quê? 
— Assim como? 
— Alice. 
— É legal quando fazem isso, né? 
— Alice — repeti. 
—O que foi? — grossa.
—Será que a gente pode finalmente ter uma conversa descente? Só nós dois? 
—Eu não tenho nada pra falar campeão. 
—Então só me escuta, por favor. — Implorei e ela suspirou.
—Tudo bem.
Fiquei sem reação. ''Tudo bem''. Então finalmente eu havia conseguido? Eu poderia me explicar? 
— Desculpa, atrapalho algo?—Ryan apareceu. Filha da puta.
Ela se afastou rapidamente e me olhou saindo em seguida. Olhei pra Ryan com um olhar de quem queria o matar e ele apenas levantou as mãos em forma de rendimento. 
—Eu sei que foi de propósito Ryan. Eu sei que vocês estavam saindo ou sei lá que porra era, e sei também que você se incomoda com o fato de saber que ela ainda me ama. Eu também sei o que eu disse sobre não ser pai dela e não termos nada, mas mudei de ideia. Eu a amo, e não vou desistir. — ele sorriu.
—Era o que eu esperava ouvir. Era essa a reação que eu queria lhe causar e você finalmente acordou, agora vai, se mexe Bieber. — Me deu dois tapinhas nas costas apontando pra Alice. 
Voltei a sentar onde estava. Meu celular apitou e seu nome apareceu na tela me fazendo rapidamente olhar em sua direção ela me olhava e deu um sorriso tímido.

                                             ''Te encontro no seu apartamento em uma hora. Alice.'' 

Ela começou a se despedir do pessoal dizendo que levaria Vanessa pra casa e logo Ryan apareceu me pedindo uma carona também. Foi quando me toquei: Meus amigos estavam juntos na missão de me ajudar com Alice.