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História You Know what They Do to Guys Like us in Prison - Am I losing myself


Escrita por: IamFrankIerokid e _Nicki

Notas do Autor


Boa tarde, prisioners! Aqui quem fala é o Nicki, o sumido de vocês. Como raramente consigo responder os comentários de meus leitores queridos, resolvi aparecer aqui nas notas para dar uma "boa tarde" para vocês e desejar uma boa leitura para todos!

Esse capítulo foi criado, escrito e revisado com muito, muito, muito carinho! *-*
Estava morrendo de saudades de publicar essa fic que tanto eu como o Angelo amamos.
Prison é nosso filhotinho querido e vocês são quem nos apoia para continuar com toda essa criatividade. <3
Agradeço a todos vocês!

Aproveitem e comentem!

Capítulo 13 - Am I losing myself


 

A grade da cela se abriu e desviei meu olhar em sua direção devido o susto. Limpei com agilidade minhas lágrimas com a manga de meu macacão e lancei um olhar de agradecimento a Gerard, que se afastou aos poucos, mantendo suas mãos em meu rosto.

— Jantar. — sussurrou e, por fim, retirou suas mãos de meu rosto e desceu de minha cama.

Meu olhar acompanhou-o enquanto ele reunia os saquinhos coloridos e colocava-os dentro dos bolsos de seu macacão, e guardo o restante da mercadoria dentro do armário. Gerard pegou o moletom cinza que era fornecido pelo presídio nos dias de frio, mas não o vestiu, amarrando-o em sua cintura. Desci do beliche e caminhei até sua direção, abraçando-o por trás, colocando meu peitoral em suas costas. O ruivo congelou, sua respiração quase parou. Como eu amava vê-lo vulnerável! Guiei lentamente minhas mãos até o bolso frontal de sua calça e retirei alguns saquinhos, logo guardando-os em meus bolsos. Ele suspirou aliviado quando reduzi nosso contato e virou-se para mim, separando-nos um pouco com sua mão em meu peitoral.

— Você não está roubando essas coisas, está, Frankie? — perguntou, imitando um semblante raivoso que na verdade dava-lhe um ar brincalhão.

Não pude deixar de rir.

— Quero te ajudar com as entregas. Começamos com isso juntos, certo? Vamos terminar juntos.

Gerard pareceu gostar de minha afirmação, pois manteve um sorriso em seu rosto enquanto retirava o moletom de sua cintura e finalmente o vestia. Puxou-me pelo quadril, colando nossos corpos outra vez, e passou mais das sacolas que estavam em seus bolsos para os meus.

— Melhor vestir isso, anão. — virou-se de costas e abaixou-se, inclinando sua bunda redonda para trás, quase a encostando em meu corpo. Oh, droga! Nunca senti uma vontade tão forte de bater no traseiro de alguém! Rapidamente, a imagem do ruivo gemendo baixo enquanto eu ocupava minha mão com seu corpo, recheou a minha mente.

Dei um passo para trás, fingindo não ter me importado com sua postura provocante e torcendo para que o volume entre minhas pernas não me entregasse.

Meu companheiro de cela nada falou, mas riu baixinho ao ver minha face ruborizada e me entregou o meu moletom cinza costurado com o meu número nas costas. Com cuidado, ele puxou a manga de meu macacão, notando o ferimento em meu braço.

— Olhe para seu cotovelo, Frank! — cutucou o meu machucado com delicadeza.

Grunhi pelo incomodo com o toque. O meu braço estava roxo e o cotovelo vermelho. Parecia que o hematoma estava tomando conta de toda a lateral de meu braço.

— Você está em pedaços. — concluiu. — Precisamos falar com Pete.

— Merda! Estou cansado de Pete. Estou cansado de ir até ele por causa de qualquer besteira! — disse, cobrindo meu braço rapidamente com o macacão. — Ele disse que era um estiramento e que preciso ficar com aquela tala ridícula. — bufei. — Acho que acabei movimentando demais meu braço.

Gerard olhou-se com um olhar de reprovação como se a referência a masturbação tivesse o ofendido.

— Nem pense em ficar retirando essa tala, seu delinquente juvenil.

Pegou a tala em cima de minha cama e arrumou-a em meu braço como se fosse muito experiente no assunto “talas”, esquecendo-se, obviamente, de ser gentil como antes, afinal, a paciência de Gerard Way é bem curta.

— Espero que você melhore logo.

— Também espero.

— Vamos logo. — apressou-se para sair da cela.

 

***

 

O ruivo se manteve impacientemente ao meu lado enquanto atravessávamos o grande corredor que separava as celas. Ele agia de modo tão natural, cumprimentando os detentos e guardas, que nem parecia estar carregando todo aquele contrabando, ao passo que eu me sentia como na primeira vez que precisei atravessar a fronteira do México para os Estados Unidos com drogas. Não queria que de maneira alguma minha pena aumentasse! Dezenove anos em Corcoran seria muito para mim! Era muito para qualquer um!

— Hey. — Gerard me chamou sério, puxando-me para uma esquina no final do corredor, que dividia as áreas dos chuveiros e do refeitório; seguindo reto, daríamos no pátio aberto. — Qual o seu problema, moleque? Não pode amarelar agora. Olhe para seu rosto, Frank!

— E-Eu... — tentei falar, sentindo minhas costas serem pressionadas contra a parede imunda.

— Você está me ouvindo? — chocou minhas costas contra a parede outra vez.

— Ge-r-er... Meu bra-a-aço... — gemi.

Finalmente ele percebeu que estava perdendo o controle de si outra vez e me soltou. Passou seus dedos entre os fios de seus cabelos vermelhos e suspirou profundamente.

— Perdão. Você não precisa fazer isso. Já fiz muitas entregas, ok? Não nos ferre!

— Não vou. — respondi prontamente tentando mostrar segurança em minha voz, mas na verdade, eu estava muito nervoso.

As mãos de Gerard deslizaram por meus braços e agarraram as minhas mãos.

— Fique calmo, baixinho. — disse olhando em meus olhos. — O que mais pode dar de errado? Já vivemos no próprio inferno. — riu forçadamente.

Concordei balançando a cabeça, mas ao contrário dele, não consegui rir. O inferno era feito de camadas segundo Dante e eu tinha certeza que Corcoran também era, podendo se tornar pior a cada dia.

— Gerard! — um detento sorridente de uniforme cinza escuro deixou a área dos chuveiros com algumas cartas de baralho em mãos e caminhou em nossa direção.

Puta que pariu! O detento era bonito pra cacete! Não como Gerard, mas... No desespero, né.

O tal detento tinha o cabelo castanho escuro penteado cuidadosamente para trás com alguma espécie de cera, formando um topete pequeno e elegante. Os seus olhos eram de um azul quase translúcido como o de Bert e sua face era marcada por maças de rosto profundos, e seu sorriso... Putz! Esse homem era bonito!

— Matthew, Matthew... — Gerard respondeu apoiando as mãos na cintura e afeminando sua voz. Caralho... Olhei para ele fazendo questão de arquear uma de minhas sobrancelhas! Será que Lindsey algum dia escutou o seu marido falar daquela maneira? Se sim, como ela nunca desconfiou que ele se envolvia com rapazes? Por Deus! Ele estava parecendo os rapazes do bairro Castro de San Francisco que rodam bolsinha na frente das casas noturnas na esperança de algum homem pagar a sua noite de balada! — Como é bom ver você, querido! — ambos apertaram as mãos e esbarraram os ombros em uma espécie de cumprimento que eu esperaria de dois homens frequentadores de academia. Confuso. Eu estava ficando confuso. — Matt, esse é Frank. Você deve ter escutado falar dele. É meu colega de cela e de Bert. — o ruivo me apresentou e o bonitão sorriu. — Frank, esse é Matthew Bomer, o nosso falsificador.

— O melhor falsificador! — complementou a fala de Gerard, pegando minha mão e beijando.

Nossa! O mercado de falsificadores em Corcoran deve ser muito concorrido, hein? Nem imagino como você se tornou o melhor! Concorrência grande, né!

Meu rosto sarcástico fez meu companheiro de cela explicar:

— Ele era fraudador bancário em Nova Iorque. Já trabalhou para grandes empresas e bancos multinacionais falsificando ações, cheques e custos. Matt é capaz de fazer tudo, Frank! Documento, certidão, passaporte, dinheiro falso, cartão de crédito...

— Sou um dos melhores, anão. — Matthew interrompeu Gerard. As pessoas em Corcoran gostavam de me chamar de “anão”, não é mesmo? — Quando os esquemas apertam, quem se fode é o peixe pequeno.

Ah, sim... Eu sabia bem como era isso... Nossa.

— Prazer, Matthew. — encerrei aquele papo de “levanta ego” dando dois tapinhas em seu ombro.

— O prazer é todo meu, Frank.

Rapidamente a atenção do fraudador voltou para Gerard, ignorando por completo a minha presença, mas de modo algum foi rude; ele apenas queria algo de grande urgência com o ruivo e não podia esperar.

— Acho que você está com alguma coisa aí para mim, não? — arqueou uma das sobrancelhas e mordeu o lábio inferior.

— Estou com o de sempre. — Gerard bateu as mãos pelo moletom e macacão, mostrando que estava carregando a mercadoria.

— Preciso de alguns cigarros... Embora eu ainda tenha alguns... — pareceu refletir. — Mas... Arhn... Você sabe como fico quando estou há muito tempo sem transar, não é, Gerard? — Matthew forçou a voz, empurrando o ruivo com os ombros. Fiquei constrangido com toda aquela cena! Puta que pariu... Ele estava pedindo para transar com Gerard na minha frente? Céus!

Meu companheiro de cela se agachou, sem retirar os olhos do fraudador, e por alguns segundos me desesperei, esperando ver Matt se aliviar alí mesmo com Gerard em um oral bem feito! Mas Gerard havia se abaixado apenas para retirar dois pacotes de cigarro de dentro de sua bota. Ufa!

— Já depositou na conta de Quinn, certo? Você sabe o que acontecesse quando...

— Claro, claro. — Matthew respondeu agoniado, louco pelos cigarros. — Se existe alguém aqui em Corcoran que mesmo sem dinheiro irá pagar, este sou eu! Até porquê dinheiro nunca me falta.

Gerard arremessou os pacotes para Matt que logo os guardou dentro do macacão.

— Obrigado, cara. — agradeceu quando eu e Gerard estávamos prontos para seguir em direção ao refeitório. — Um segundo, Gee! — chamou-o, fazendo com que nos dois virássemos. Com uma pequena corridinha desajeitada, Matt se aproximou novamente. — Amanhã é dia de Colombo. Não que eu ligue realmente para Colombo... Tsc. Mas conseguimos convencer as autoridades de fazermos uma festa pelo feriado! Desde as sete mortes que aconteceram no último dia de Ação de Graças há dois anos, eles cancelaram todas as festividades de feriado em Corcoran. Mas você sabe que eu sempre consigo o que quero, Gerard! — riu. — Eu e outros detentos conseguimos a data de Colombo para uma comemoraçãozinha. As autoridades deixaram desde que nós organizemos a festa e, óbvio, desde que ela conte com a presença de agentes penitenciários, mas nosso amigo Jake irá nos dar aquela ‘mãozinha’ de sempre. Os preparativos estão quase no final. — Matthew retirou um papel de seu bolso e entregou ao ruivo. Era um cartaz com o horário e local da comemoração. Gerard olhou sem expressão alguma como se não acreditasse que aquilo realmente fosse acontecer. — Seria importante que vocês dois fossem.

Compreendi o que ele quis dizer com aquilo: “seria importante que as mercadorias fossem”.

— Não sei, Matt. Nunca gostei do Colombo.

E quem comemora a porra do dia de Colombo por causa do Colombo, Gerard?

— Bert havia confirmado a presença, Gee. ­— o olhar de Gerard mudou ao escutar o nome de seu companheiro. — Além disso, você sabe o quão é difícil esses idiotas aprovarem algo que venha de nós! Se mais detentos forem, mais iremos aproveitar e mais reivindicado o evento será, e, quem sabe, o presídio volte a comemorar os feriados! Faça isso por mim!

— Por você?

— Já disse que estou há muito tempo sem transar, não é?

Gerard revirou os olhos ao escutar Matt, mas não pode deixar de liberar uma risada.

— Bert não havia comentado nada a respeito desse evento e...

— Por favor, querido. — segurou os ombros do ruivo, balançando-o. — Me diga que outra oportunidade teremos de ter um momento como este! Já moramos em um dos países com menos feriados do mundo e tratam-nos aqui como se nem fôssemos cidadãos americanos! Estou cansado de me mandarem para a droga da solitária por transar no banheiro.

— No banheiro?! — indaguei. — Mas há tantos lugares escondidos por aqui!

— Uma centena de detentos transa no banheiro! — continuou seu discurso, ignorando-me. — Mas quem é pego sempre?! Bomer. Eu. Claro. Ao contrário de você, eu não tenho sorte de ter um companheiro de cela como Bert para me foder!

— Matt... — Gerard tentou interrompê-lo.

O meu colega de cela psicopata estava perdendo a paciência. Alerta vermelho! Alerta vermelho! Gerard-psicopata-mata-todo-mundo está perdendo a paciência!

— Investiguei até mesmo o índice de detentos com depressão para melhorar a minha argumentação a favor deste evento. Falei com Pete e ele me passou os números. Isso fez com que a coordenação pensasse melhor na proposta! Não pense que foi um trabalho fácil copilar todos esses dados! Se eu conseguir que bastante detentos se interessem pela festa, posso me tornar o próximo gerente de atividades recreativas de Corcoran e reduzir minha pena!

O ruivo devolveu as cartas de baralho de Matt a ele. Em algum momento, não sei precisamente dizer quando, essas cartas foram parar nas mãos de Gerard.

— Tá, tá. — suspirou profundamente. — Eu irei para a sua festinha.

— Também irei, Matt. — disse e Gerard me olhou com seus olhos verde-olivas esbugalhados.

— Obrigado, Frank e Gee. — o falsificador nos abraçou. — Vocês formam um belo casal.

— Não somos um casal! — retrucamos em uníssono.

— Sei... — gargalhou sarcasticamente. — Não contarei para Robert.

Matthew nos deixou e eu e Gerard seguimos para o refeitório.

 

***

 

Jantar: com certeza minha refeição favorita aqui! Os detentos que cozinhavam pela manhã deixavam a cozinha e outro grupo a assumia durante a noite. Esse grupo tinha um detento chamado... Err... Shemar Moore! Ele era cozinheiro particular de uma família muito rica de Nova Orleães. Pelo que Gerard havia me contado, sem nenhum motivo aparente, Shemar matou a família para qual ele trabalhava, e os cozinhou – fato que foi chocante até mesmo para uma mente perturbada como a de Gerard.

Preciso confessar que os dotes culinários de Moore eram incríveis e eu ficava tranquilo de saber que quem oferecia a carne consumida era o estado de Los Angeles, e não Shemar. O bife ficava no ponto certo! E as batatas não derretiam como as do almoço, e a salada era muito bem temperada.

Eu e meu colega de cela entramos na fila de self-service para pegarmos nossos pratos. Como de costume – e pela boa qualidade da comida –, a fila desse horário era enorme, pois até mesmo alguns carcerários aproveitavam para se alimentarem. Constatar a presença desses policiais alí só me deixou mais desesperado ao lembrar que estava com os bolsos cheios de contrabando.

— Eu deveria ter imaginado que você gosta de festas com esse seu rostinho de adolescente delinquente e esse cabelo raspado, e descolorido nas laterais. — Gerard puxou assunto, vagando seu olhar pelos detentos e piscando atentamente para alguns como uma forma de avisar que ele estava com os pedidos.

Nenhum policial percebeu o sinal sútil. Ou o ruivo era muito experimente com isso ou os policiais realmente estavam pouco se importando com nós enquanto comiam e conversavam sobre os péssimos casamentos tinham.

— Eu gosto. — respondi. — Mas nunca fui em muitas festas de presídios.

Rimos.

— Engraçadinho. — Gerard inclinou sua cabeça para frente, aproximando seus lábios de meu ouvido, e sussurrou: — Os detentos sabem que estamos com as encomendas. Você irá fazer as primeiras entregas para acabarmos logo com isso, certo?

— Eu?

— Sim. É melhor você começar a entregar, Frank. Quando perceberem que os detentos estão tendo posse de muitos artefatos que não deveriam ter, os policiais começam a ser mais rígidos. Essa será a minha hora de fazer as entregas. Sou mais experiente nisso do que você.

— Certo. — concordei.

Um policial se desencostou da parede próxima porta e caminhou com passos lentos em nossa direção. Gerard e eu estávamos perto de pegarmos nossos pratos e senti meu coração acelerar ao escutar o chacoalhar dos distintivos do policial; minhas mãos ficaram trêmulas e pensei que fosse deixar o prato cair quando o agente se direcionou à mim.

— Frank, calma. — o ruivo sussurrou enquanto fingia estar compenetrado nos talheres fornecidos.

Mas era tarde demais.

O policial parou ao nosso lado e engoli um seco, sentindo minhas mãos ficarem ainda mais suadas e minhas pernas bambearam.

Estamos ferrados!

— Você! Anão! — o guarda apontou para mim. — Um passo para trás!

Meus olhos se arregalaram e as mãos de Gerard, puxando-me pelo macacão, me afastaram, fazendo com que eu seguisse a ordem solicitada.

— Obrigado, otário. Estou morto de fome. — disse, posicionando-se na minha frente na fila.

Filho da puta.

 

***

 

Eu tamborilava meus dedos sob a mesa enquanto esperava Gerard finalizar o seu prato. Ele comia tão lentamente que eu que enchera meu prato três vezes a mais que o seu, havia finalizado minha última refeição do dia a cerca de quinze minutos. Era incrível como seu estômago parecia não suportar receber mais do que três colheres de arroz em cinco minutos. Isso realmente explicava sua magreza.

— Nenhum detento nunca delatou vocês?

— Eles não podem fazer isso. — respondeu com a boca cheia.

— Aposto que muitos iriam conseguir reduzir a pena com isso.

— Reduzir a pena para quê? Se serão mortos caso alguém descubra quem delatou! — riu baixo. — Nós fornecemos tudo que eles precisam para estarem sãos aqui. Eles precisam de nós, Frank...

Eu trabalhei com Shannon Leto tempo suficiente para saber que traidores devem ser mortos, mas ainda me surpreendia ao escutar que isso acontecia também na prisão, debaixo dos olhos de centenas de guardas.

O ruivo pareceu perceber minha reflexão e continuou:

— Antes de Bert chegar, eu fazia as entregas em nome de um homem chamado Charles. Ele não era um bom traficante e negociador como Bert, mas era um assassino de primeira linha, cruel, frio e calculador. O cérebro dele deveria ser estudado! Uma vez, um detento não fez o pagamento prometido. Charles conseguiu a arrancar a cabeça do filho da puta com essa faca sem serra que recebemos no refeitório. Como ele fez isso? Não sei. — sacudiu os ombros. — Ele foi transferido para a ala psiquiátrica. Ficará lá até o fim de seus dias.

Tentei não parecer horrorizada com o relato.

— Os detentos... Como eles nos pagam?

— Isso é problema deles. Alguns pagam com a recompensa que recebem por trabalhos aqui no presídio, outros pedem para os amigos que estão do lado de fora... Eu pouco me importo! A única coisa que precisamos é o pagamento transferido para a conta do Quinn.

— Você está dizendo que se algum detento não nos pagar... Nós...

— Você consegue matar uma velhinha, mas não um presidiário? — arqueou as sobrancelhas. — Frank Iero, você é o assassino, mas estranho que já conheci! — riu. — Quinn avisa o Bert que o dinheiro não entrou e... Bem... Alguém acaba como o detento que não pagou o Charles. Mas chega deste papo! Faça o que eu fizer. Precisamos terminar as entregas, certo?

Levantou e caminhou até o balcão com sua bandeja. Repeti o seu ato. Gerard se direcionou para a saída e eu o acompanhei.

Estava muito frio e precisei colocar o meu capuz. Em poucos minutos que havíamos ficado atrás do muro da academia, detentos começaram a se aproximar. Gerard iniciou a distribuição das mercadorias que estavam comigo de acordo com os pedidos dos detentos. Descobri que até lâminas de barbear estavam dentro das sacolas e isso me preocupou bastante. Lâminas de barbear podiam assumir várias funções nas mãos de um louco!

Meus bolsos logo ficaram vazios, restando somente o pedido do velho que falara comigo no refeitório – aquele que me deu a ideia sobre como ajudar Bert. Eu não o vi no refeitório, mas sabia que conseguiria encontra-lo em pouco tempo, pois ele precisava do contrabando e eu ainda lembrava de sua numeração; de acordo com ela, ele ficava na mesma sessão que a minha e a de Gerard, e sua cela não deveria ser muito distante da nossa.

— Gerard, preciso entregar essa sacola para um amigo.

— Certo. Vou voltar para o refeitório. Preciso entregar a heroína do Shemar.

Voltamos refeitório a passos largos e Gerard entrou para a cozinha enquanto eu procurava o velhote. Por sorte, não demorei muito para encontra-lo lá. Na verdade, ele quem me encontrou, balançando os braços para chamar minha atenção. Caminhei apressadamente, olhando a minha volta para ver se nenhum guarda estava por perto. Sentei ao seu lado. Sua mesa ficava perto da porta transparente da cozinha de modo que eu conseguir ver de relance os cabelos vermelhos de Gerard.

— Trouxe o que eu pedi, criança?

— Trouxe. — retirei a sacolinha de meu bolso. — Mas... Um momento. — voltei a guardar o produto. — Primeiro me diga qual é o seu nome.

— Alonso Echánove. — ao escutar seu nome, retirei contrabando do bolso outra vez. O velho sorriu conferindo o pequeno pacote que ainda estava em minhas mãos. — E o seu nome, pigmeu?

— Chamo-me...

— Detentos! — fui interrompido por uma voz grossa. Ao virar-me em direção a voz, o pequeno pacote foi tomado de minhas mãos. — Ora, ora... É o garoto que o namoradinho foi embora! — olhei para o rosto do guarda e não pude acreditar que aquela era o vigia Grover. Eu estava fodido! Ele abriu a sacola e cheirou. — Maconha, detento? — ergueu uma de suas sobrancelhas. — Levante-se agora!

Alonso permanecia de cabeça baixa enquanto metade do refeitório olhava para nós.

Levantei-me e o vigia me empurrou contra a mesa. O estrondo que meu peitoral fez ao bater contra a mesa fez que o restante das pessoas desatentas que se encontravam local finalmente olhassem para nós! Grover agarrou meus braços para trás me fazendo gritar de dor pela lesão no local e senti algo gelado prender meus pulsos.

— Vamos para a solitária, docinho.

Solitária?! Puta merda! Meu pai vai me matar!

— Gerard! — berrei sem pensar.

Eu não sabia o que estava fazendo! Havia perdido o controle sobre a minha boca e comecei a gritar o nome de meu colega de cela em desespero!

Gerard olhou de soslaio através da porta transparente da cozinha e posteriormente focou seus olhos nos meus com um semblante surpreso. Seu corpo móvel muito ágil em minha direção, mas o cozinheiro o agarrou.

Tarde demais.

Eu estava indo para a solitária.



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