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História You Know what They Do to Guys Like us in Prison - ESPECIAL: Gerard Way - II


Escrita por: IamFrankIerokid e _Nicki

Notas do Autor


Olá, Prisioners. Como estão?

Este é o segundo capitulo narrado pelo Gerard.
Varias revelações, mas não toda a historia dele.

Enfim, obrigado a todos que estão acompanhando e lendo a historia, me desculpe pela demora, não desisti ainda da fic. E muito menos de vocês, leitores dedicados e lindos.
Muito obrigado e boa leitura!
Nos vemos para mais detalhes nas notas!

Capítulo 15 - ESPECIAL: Gerard Way - II


G E R A R D W A Y - II

 

As luzes das celas haviam sido desligadas, entretanto, as luzes da área externa permaneciam ligadas, tendo em vista que o escuro se tornava absoluto somente após a contagem dos guardas para o próximo turno. Com o pouco de luz ainda permitida, fiquei observando pela pequena janela gradeada, o gramado verde da área do banho de sol tomado por alguns agentes penitenciários que fofocavam balançando seus cacetes no ar.

Já fazia alguns minutos que Jake havia se retirado, deixando-me com aquele pacote mal feito em mãos. Exprimi meus olhos em busca de enxergar o que havia no pacote, mas a pouca luz não era suficiente nem para que eu enxergasse minha própria cama. Apertei o pacote sentindo pequenas embalagens com pó, ervas e talvez até alguns cigarros. Instantaneamente, Bert veio em minha mente outra vez. Lembrei-me a primeira vez que nós unimos para o contrabando. Quinn nunca usou embalagens como esta ou um pacote como esse. Sempre foi diligente.

Em fúria, ao lembrar-se de Quinn, arremessei o pacote contra a parede do fundo da cela. Escutei o som das mercadorias colidindo com o chão e, no mesmo instante, arrependi-me de minha atitude. Guiei outra vez meu olhar para a janela com os pés descalços naquele chão sujo, pisando em cima de meus desenhos esparramados, e deixei que a luz, que entrava por aquela abertura, batesse em meu rosto.

Suspirei pesadamente ao refletir sobre Jake, ao refletir sobre quem aquele maldito guarda pensava que era. Um mero carcereiro de bosta que se achava mais do que isso por ter moral com metade do presídio. A verdade é que apesar de conviver bastante com ele, eu pouco sabia sobre suas funções em Corcoran. Era óbvio que ele se infiltrava em qualquer tipo de corrupção que lhe trouxesse algum lucro. Havia até mesmo boatos de que Jake ajudava alguns detentos em troca de favores sexuais. Eu não duvidava desses boatos. O próprio guarda me ofereceu essa proposta mais de uma vez. O ponto crucial desta noite, no entanto, era: será que Jake era tão corrupto a ponto de trair a confiança de Bert para traficar com outro detento e ainda me pedir para ajudá-lo? Quem Jake realmente era? Eu não me recordava dele desde que Bert entrou em minha cela, mas ele se recordava de mim antes disso. Jake... Jake... Você pareceu muito suspeito protegendo Pete, meu amigo.

Meu amigo. Frank. De repente comecei a me sentir sozinho assim que olhei para a cama vazia de Frank. Não era saudade, definitivamente não. Mas era falta dos sons incômodos da boca do pequeno e de seus resmungos após morder com muita força os próprios lábios.

E fitando o fundo da cela, encontrei o pacote de Jake novamente. Puxei-o com o pé com certa dificuldade devido à distância e algumas folhas de desenhos acompanharam meu movimento, irritando-me. Peguei o pacote e guardei em um dos bolsos do macacão, e busquei organizar aquelas folhas que estavam amassadas e espalhadas.

Forcei meu olhar para cada folha que parava em minhas mãos. Percebi que grande parte de meus desenhos haviam sido arrancadas de meu caderno e levadas pelo delegado Iero. Encostei minhas costas na parede gelada e sorri ao lembrar-se de quando Frank e eu dormimos na mesma cama e eu tive a todo momento evitar de  encostar naquela parede. Eu movimentava meu corpo para próximo de seu corpo quente e acolhedor, e ele imediatamente resmungava com os meus toques. E quando ele envolveu seus braços em torno de mim? Oh, parecia mesmo um sonho! Lembro de acordar naquela manhã com seus braços ainda em mim e de como sua face não soou tão irritante como aparentava diariamente. Frank era lindo, definitivamente lindo. Até mesmo os pequenos machucados em rosto eram lindos. O seu semblante adormecido e quieto era questionador. Queria saber o que passava na mente daquele garoto delinquente. Eu não podia mais negar que seu rosto possuía minha mente constantemente e, de alguma forma, apesar de eu ter sido o causador de grande parte de seus hematomas, eu não me sentia culpado pelo aspecto maltratado do rapaz. Ele passou por coisas piores, certo? Frank, o garoto de nome apenas Frank, o garoto sem sobrenome, era um menino de dezenove anos cruelmente jogado ao mundo do crime por desejos mundanos. Queria conhecer mais sobre sua história.

Pigarreei ao olhar uma das folhas e reconhecer um desenho que eu havia feito de Frank. Eu reconhecia cada traço alí desenhado. Antes de Frank, aquele tipo beleza era completamente desconhecida para mim. Ele não parecia europeu, muito menos latino e pouco lembrava um americano. Nada de traços grossos ou finos, curvos ou retos. Frank parecia o ápice de tudo, a própria Lei Áurea.

Coloquei o desenho de Frank ao meu lado e encontrei uma outra folha com o desenho que fiz no dia em que mostrei o presídio para o garoto de São Francisco. Lembro de seus olhos curiosos e do sorriso que abria para todos os lugares que eu o levasse, como se não estivesse em Corcoran e sim em um parque na Disneyland. O seu sorriso era bonito e inocente, e era ele que estava desenhado naquele papel.

Subitamente, recordei-me do desenho da casa de Frank e passei a procura-lo. Não o encontrei. Eu não poderia permitir que meu único ato de bondade com Frank fosse levado por aquele maldito delegado! O que ele queria com aquele desenho afinal? Havia tantos alí... Por qual razão ele levará apenas aquele? Oh... Eu precisava daquela folha e iria pegá-la!

Unindo o restante dos papéis, encontrei a face de minha ex-esposa, a falecida Lindsey. Era óbvio que eu havia feito questão de acentuar seus lábios sempre maquiados com batom vermelho. Mas aquele não era um simples desenho dela. Era um desenho daquele dia. Eu me lembrava perfeitamente dele.

 

A lua estava linda, as estrelas reluzentes e o clima frio, porém, agradável. Eu nunca me esqueceria daquela noite.

Cheguei em casa “extremamente tarde”, segundo minha esposa que permanecia em casa trabalhando em um novo projeto para a empresa de meu sogro. Era óbvio que, independente do horário que eu chegasse, para ela eu sempre estaria “tarde”, afinal, não deveria ser fácil passar o dia dentro de casa contando os minutos e as horas para ter alguma espécie de contato humano. Mas era claro também que eu estava chegando “tarde” em casa inoportunamente.

Desconfiada com Lindsey era, sua mente era tomada por uma série de pensamentos conflituosos a respeito do meu “tarde” e ela passou a ter a certeza plena de que eu estava a traindo. Ela não estava completamente errada. Eu estava chegando tarde em casa por estar em lugares que me proporcionavam coisas que Lindsey não poderia me dar, começando pelo fato de ela ser mulher e minha esposa. Lugares onde garotos convidativos no início de sua vida adulta com aspirações de um futuro brilhante: era esse o meu atual vício.

Deixei meu paletó pendurado no suporte de chapéu e casaco na entrada da sala. Subi as escadas que levavam para nosso quarto e logo pude ver minha esposa sentada em frente ao espelho de sua penteadeira, próxima a entrada do quarto.

Ela vestia um leve penhoar e seus cabelos negros e longos estavam arrumados de modo ondulado com uma tiara de brilhantes os enfeitando. Lindsey se maquiava pesadamente em frente ao espelho, colando um dos cílios postiços na pálpebra direita, o que parecia exigir toda a sua atenção, fazendo com que ela ignorasse a minha presença e o meu elogio.

Bufei encarando o seu reflexo. Eu sentia raiva dela. Raiva por nosso casamento estar às ruínas. A culpa era dela e não minha. Há tempos Lindsey estava diferente; saindo para festas sem a minha presença, como se buscasse compensar o tempo perdido no começo de nosso casamento falido. Certo. Eu odiava festas e odiava ainda mais os parentes de minha esposa. Não fazia questão de comparecer a nenhum evento familiar.

Naquela noite, em especial, eu não deveria ter voltado para casa. Havia tido um sexo tão bom com um desconhecido de olhos negros como a noite que me esqueci completamente que estávamos completando quatro anos de casado e que teria um grande jantar de comemoração com os seus medíocres familiares.

— Desmarque o jantar. — falei deixando minha maleta de trabalho em cima da cama. — Não estou me sentindo muito bem esta noite.

Retirei meu suéter cinza de dentro da maleta e continuei a encarar seu reflexo. Deixei minhas roupas de trabalho no chão e vesti uma calça moletom – roupa que eu costumava vestir apenas dentro de casa em um domingo de descanso.

Cinco minutos se passaram e ela finalmente terminou de colocar os cílios postiços e retocou o batom vermelho. Olhou para mim através de minha imagem refletida no espelho e sua voz soou metálica:

— Você está brincando, Way? — ergueu uma de suas sobrancelhas ganhando um ar mais irônico. — Já liguei desmarcando tudo. Olhe para o relógio! Já se passam das nove! Mas eu não precisava fazer isso. Não precisava... Eu entraria na casa dos meus pais com ou sem você, Gerard! Para mostrar para todos a merda de marido que você é!

Seu olhar voltou para a mesa e ela recolheu um pincel no meio das maquiagens que transbordavam de tubos, potes, frascos e esmaltes. Passou o pincel em um pó e pincelou as maças saltadas de seu rosto, deixando-as ridiculamente vermelhas.

— O que o nosso casamento é para você? — perguntei revoltado. Eu sabia que essa pergunta a irritava. Nosso casamento era pura aparência, uma troca de favores que eu me arrependia de ter aceitado. — Responda mulher!

— É tudo o que a retardada da sua avó nos deixou, querido.

— Você é desprezível. — disse, caminhando pesadamente para o banheiro e bati a porta do mesmo ao adentrar. Deixei o suéter imundo em um cesto de roupas e fui apressadamente até a privada.

— Diga isso para o meu pai, Way. — berrou. — Você não se lembra de quem foi o advogado que limpou sua barra quando você matou o seu pai?

— Ele não era o meu pai! — gritei.

Afastei-me do vaso sanitário após urinar, fechei a tampa e dei descarga. Movimentei meu corpo exausto até a pia e encarei minha imagem destruída no espelho. Massageei levemente as têmporas, observando o desgaste não natural de um rosto de vinte e um anos em minha face. Lavei as mãos e deixei o banheiro, encontrando a minha esposa de pernas cruzadas, esperando-me na porta do banheiro com os braços cruzados e olhando-me dos pés a cabeça.

— Sua mãe dizia que ele era sim. — proferiu com nojo ao olhar para meu rosto. Moveu seu corpo outra vez para a penteadeira e deu uma última olhada para mim através do espelho. Deixou o pincel que estava em suas mãos na mesa, pegando outro menor para contornar os olhos. — Pobre, Donna... — simulou um suspiro. — Morreu de desgosto por um dos filhos ser assassino e o outro uma bicha que fugiu com medo do próprio irmão. Sua família é uma benção, Gerard. Você está fodido. — riu.

Minha esposa e eu sempre discutíamos; na verdade, nunca conversamos verdadeiramente. As discussões sempre terminavam da mesma maneira: alguém se estressava dos deboches do outro e saía do quarto, sumindo por alguns dias.

— Vai se foder, Lindsey! — gesticulei minhas mãos para ela sair do quarto, aproximando-me da porta e esperando uma reação sua, mas tudo que ela fez foi abrir a pequena gaveta de sua penteadeira. — Eu quero acabar logo com isso. Vá embora! — berrei e ela se sobressaltou, pulando minimamente de sua cadeira.

— Você sabe que nunca vai se livrar de mim, meu amor. Você sabe o que irá acontecer com você caso você se livre de mim. Já tivemos essa conversa antes.

Lindsey se levantou devagar. Sua face deboche era acentuada por suas sobrancelhas grossas. Ela arrumou as ombreiras de sua roupa e amarrou um laço na cintura, levantando-o até a altura abaixo de seus seios, escondendo toda a extensão de seu abdômen. Assim que moveu seus braços para trás, pude perceber que ela havia pegado algo em sua gaveta e escondia atrás de seu corpo.

— Você sabe que meu pai conhece um delegado que pode te ferrar até os últimos dias de sua vida miserável. Você quer uma prisão perpétua, meu amor? Irão fazer você de moça lá. Aposto que você irá se divertir bastante. Não é isso que você gosta? Ser usado de bichinha?

— Para mim chega! — levantei meus punhos. — Se você não embora, eu irei.

Caminhei apressadamente até o armário, pegando uma arma que eu escondia entre os meus ternos e coloquei-a dentro da maleta em cima da cama. Vesti um casaco acolchoado e, com a maleta apoiada em meu ombro, movi-me em direção a porta, mas Lindsey agilmente bloqueou a minha saída.

— A maleta fica, Way! — urrou.

Ela deu um passo para frente e exibiu uma faca grossa e afiada que escondia em suas costas. Um simples golpe poderia ser fatal. Eu sabia... Pois eu mesmo havia amolado aquela arma algum tempo atrás.

— Você não vai me deixar, Gerard...

Suas mãos tremiam e seus olhos eram preenchidos por lágrimas. Ela caminhou devagar me, buscando não pisar nas roupas ao chão, vindo em minha direção com a faca apontada para o meu peito. Sua loucura exibiu-se em seu rosto quando seus lábios semi-sorrindo. Ela parecia descontrolada.

— Faça isso, Lindsey. — segurei firme sua mão, levando a faca até meu peito, sentindo a sua ponta encostar-se a minha jaqueta atravessando-a. — Me mata. — olhei em seus olhos. — Pois se eu voltar para essa casa, vai ser para matar você.

Lindsey não avançou, mas também não abaixou a faca. Ela não tinha medo de mim, mas não tinha coragem para me matar. Forcei meu corpo contra a faca, sentindo-a minimamente a ponta me cortar, e ela finalmente largou-a, chorando ainda mais. Sua maquiagem dos olhos escorrendo por sua bochecha deixavam-na com a aparência ainda mais de perturbada.

— Não vou te matar. Não sou um monstro como você. Não mato quem amo.

— Você nunca me amou! — soltei seu pulso brutamente e sai do quarto, segurando firmemente a alça da maleta em meu combro.

— Papai vai saber disso, Way! — seu grito se transformou em eco pela casa. — E o delegado também, seu filho da puta!

Ao terminar de descer as escadas, deparei-me com toda a decoração ridícula de nosso grande salão de entrada. Nosso mordomo, Emile, que havia finalmente terminado o seu expediente e estava pronto para ir para casa, espantou-se com a minha aparição.

— Sr. Way... — gaguejou. — A Sra. Way disse que vocês teriam uma fes...

Liberei dois tapas em seu ombro como despedida, o que o impediu de concluir sua fala para poder me dizer um bondoso “adeus”.

Entrei em meu carro e joguei a maleta no banco do passageiro ao meu lado. Minha mente não parava e meu corpo se esquentava com os meus pensamentos cada vez mais insanos. Eu não tinha certeza do que iria fazer ou de como iria fazer, apenas sabia que faria algo. Retirei minha jaqueta, que estava um pouco amassada, e passei um pente em meus cabelos – na época, negros –, olhando meu reflexo do espelho do carro, e ajustei o ar-condicionado. Tomei rumo para o centro de Manhattan e guiei-me até o escritório particular e ‘secreto’ do Sr. Ballato. A filha dele andava muito mal-criada e ele precisava saber.

Dirigindo em alta velocidade, rapidamente cheguei ao local desejado e confirmei com o porteiro do prédio empresarial de que meu sogro estava ali. Guardei o carro na garagem subterrânea ao lado da Mercedes Bens do ricaço Sr. Ballato e subi pelo elevador panorâmico com a maleta em mãos e minhas pernas tremendo. Balancei minha cabeça algumas vezes tentando evitar a coceira que sentia em meu pescoço pelo contato do meu suor com o suéter.

O escritório ficava no décimo terceiro andar e, quando cheguei, bati duas vezes na porta, esquecendo a existência da campainha e escutando sussurros vindo do cômodo adentro. Sr. Ballato odiava que batessem em sua porta. Pensando nisso, bati outras vezes.

— Já vai, já vai.

Pietra, a secretariazinha sem sal ítalo-americana de meu sogro, abriu a porta. Seu cabelo estava desarrumado, o batom rosa manchado e sua camisa social branca amarrotada e má abotoada. Fiz questão de rir da situação. Ela ficou surpresa por encontrar o marido da filha de seu chefe ali, vendo-a daquela maneira.

Empurrei a porta sem nenhuma delicadeza, fazendo-a se afastar para que não fosse atingida. Duas taças de vinho pela metade decoravam a mesa central da enorme sala de espera e uma calcinha preta estava jogada ao lado do pai Lindsey, sentado no sofá, terminando de abotoar suas calças da Hugo Boss.

— Gerard! — sorriu sem graça. — O que faz aqui, meu camarada?

Ele estava sem graça, mas não preocupado. Já não era a primeira vez que eu via o Sr. Ballato com outras mulheres que não eram minha sogra.

Caminhei a até a mesa, pegando uma das taças e finalizando o vinho.

— Vim buscá-lo para a festa de comemoração dos meus quatro anos de casado com sua filha.

— Lindsey não havia desmarcado? — olhou incrédulo para a secretaria que concordou balançando a cabeça, afinal, ela era responsável por repassar os recados a ele. — Bem, eu não sei onde está meu celular para saber se houve alguma mudança de planos. Suponho que você sabe que Lindsey é tão bipolar quanto à mãe e marca e desmarca compromissos. — riu forçadamente. Estava incomodado com a secretaria que ainda tentava arrumar a saia. — Suma daqui! — gritou com Pietra que correu para o banheiro envergonhada. — Venha, Gerard. Preciso pegar algo em minha sala. — levantou-se e terminou de vestir sua camisa. — À propósito, parabéns pelos quatro anos de casado! E pelos cinco meses também!

— Cinco meses?

— A gravidez, meu chapa. A gravidez —falou dando entonação com as mãos.

Minhas mãos fecharam em punho e senti o quanto estavam suadas.

Tudo pareceu finalmente se encaixar. Minha esposa e eu mal nos encostávamos não nos abraçávamos nem mesmo para dormir. Mas, ah... Suas festas, sua maquiagem exagerada para sair de casa, o cheiro de perfume masculino em suas roupas...

— Por mais que eu te deteste, Way... — meu sogro continuou a falar. — Você tem proporcionado muita alegria à nossa família e agora teremos um herdeiro Way-Ballato.

Segui-o, mantendo os passos lentos para continuar atrás dele, e entramos em sua sala.

— Sr. Ballato, eu...

— Gerard... — suspirou. — Já disse para não me chamar de “senhor”. E... Por Deus, meu filho... Você vai mesmo para a sua festa de casamento de suéter e moletom?

Ele abriu a porta do armário que ficava atrás de sua mesa, procurando por algo, mas eu não conseguia ver nada ali além de livros e pastas com documentos. Revirei os olhos pelo seu comentário a respeito de minha roupa, mas não procurei explicar-lhe alguma razão para eu estar vestido daquela maneira. Fechei a porta da sala e sentei na cadeira, destinada aos clientes, em frente sua mesa, deixando a maleta no chão.

— Não estamos de saída? — perguntou rudemente a me ver sentar.

— Estamos... Mas primeiramente gostaria de conversar algo com você.

Ele pareceu estranhar minha postura e refletiu que aquilo seria um assunto sério, afinal, era somente para assuntos assim que eu o procurava em particular. Ele esfregou as mãos em seu rosto enrugado pela idade e sentou em sua cadeira, do outro lado da mesa, em frente a mim.

— Se for sobre o quanto gastei na Arábia Saudita, saiba que não foi minha culpa sair do orçamento, Gerard. Acontece que precisarei gastar com outra viagem agora. Sabe como sua sogra é... Disse que precisa espairecer e passar algumas semanas em Nice. Não entendo o motivo pelo qual uma velha que não faz nada além de ir ao shopping e eventos fúteis todos os dias precisa espairecer, mas ela vai transformar a minha vida em um inferno ainda maior caso eu não a envie para a França esse mês.

O velho falava sem parar quando estava nervoso; assim como sua filha.

— Vocês acabaram de voltar do Havaí.

— Eu sei, mas agora ela quer ir para a França outra vez. Assim sendo, precisarei do seu dinheiro. Ou preciso te lembrar de seu passado, Way? Não se esqueça que estará perdendo a oportunidade de um dia ser dono desta empresa e se sentará do outro lado da mesa, onde estou agora. —disse abrindo os braços apresentativo.

— Você não precisa me lembrar de nada, Sr. Ballato. E não sei se estou muito disposto a administrar uma empresa entupida de dinheiro imundo e por ‘laranjas’.

O velho socou a mesa e levantou-se minimamente, preparando-se para defender os seus negócios.

— Sente-se, por favor. — pedi. — Quero te mostrar algo.

Assim que voltou a se sentar normalmente, observava por cima da mesa o que eu ia fazer. Seus olhos negros e esbugalhados atento aos meus movimentos me observaram a colocar a maleta em minhas pernas e a abrir. Seus olhos curiosos tentaram enxergar o que havia dentro dela. Sorri e tirei a colt 45 com o silenciador e coloquei-a em cima da mesa, causando um estrondo, que fez meu sogro pular em sua cadeira. Ah... Eu ri de sua reação. Girei a arma na mesa, apontando-a em sua direção.

— Lembra-se dela? Minha velha amiga...

Ele olhou pasmo para mim. Obviamente havia se lembrado, pois seu corpo havia se arrepiado, voltando ao encosto da cadeira, e seu ar de superioridade sobre mim foi desfeito.

Colt 45. A arma que ele havia confiscado de mim em minha adolescência. A arma que usei para matar o meu pai estuprador. Eu havia conseguido uma réplica com um dos traficantes que frequentava um dos bares noturnos que eu costumava a ir.

O pai de Lindsey era um excelente advogado, devo admitir. Tinha nomes importantes ao seu lado que me livraram de uma detenção juvenil na época. Com todo o dinheiro da herança de minha avó, recuperei as terras de minha avó no Novo México, que estavam sendo disputados todos esses anos por laranjas criminosos e engravatados que se diziam donos da lei. As terras foram fatiadas e leiloadas à grandes agropecuaristas, e com os milhões em minha conta, Sr. Ballato teve a brilhante de ideia de casar-me com sua querida filha.

— O que está fazendo com isso, Gerard? — perguntou com seriedade. — Não faça nada que vá se arrepender, meu filho.

— Oh, Sr. Ballato, você se lembra? — ri sarcasticamente e fingi emocionar-me. Um fingimento dramático e digno de uma novela mexicana. Peguei a arma e a carreguei, observando o velho engolir sua própria saliva. — Olhe para ela, Sr. Ballato... — ele desviou o olhar. — Eu disse olhe para ela! — berrei, apontando a arma para sua testa. Ele começou a chorar. — Diga para mim, Sr. Ballato, diga para mim que foi com essa arma que assassinei meu pai! Você se lembra deste caso, não é mesmo? Sr. Ballato... O velho que me extorque e tira proveito de mim até hoje por eu ter tirado a vida de um estuprador!

— Você sempre foi uma pessoa perturbada, Gerard... Mostrava sérios transtornos agressivos desde a infância... Os médicos... Os médicos podem te ajudar!

— Cale a boca! — gritei, chutando a mesa e fazendo com que tudo que estava acima dela balançasse. — Você e seus amigos me protegeram esse tempo todo... Vocês negaram a minha prisão. — ri. — Obrigado, Sr. Ballato. Você é um homem muito caridoso... Mas me colocou em uma prisão muito pior... E vem se beneficiando com isso! Vem se beneficiando com o meu casamento com a vadia da sua filha! Eu preferia ir preso ao ficar a minha vida inteira ao lado daquela puta e de sua família pervertida!

— Você vai apodrecer no inferno!

A mesa foi empurrada em minha direção e por pouco não me desequilibrei. As mãos de meu sogro agarraram o meu braço enquanto ele tentou, de maneira frustrada, roubar minha arma. Puxei o gatilho e o tiro acertou a estante a minha frente, atingindo alguns livros que caíram. Ballato jogou seu corpo no chão para se proteger.

— Acho que não vai ser esse ano que sua esposa irá para Nice, meu chapa... — disse, escutando-o implorar por perdão. O velho vergonhosamente agarrava-se em minha perna, chorando em desespero.

Lamentei-me por mãe de Lindsey não estar ali. Ela era tão asquerosa quanto meu sogro. Assim que soube da herança de meu pai e do suicídio de minha mãe, quis me adotar. Mesmo com seu marido correndo atrás da papelada necessária para isto, o dinheiro seria entregue somente quando eu completasse vinte e dois anos, e eu tinha dezesseis. Mas eles precisavam do dinheiro logo; a empresa de advocacia Ballato estava falida e a comunidade ricaça de Nova York não poderia saber ou eles perderiam sua influência. Como um bom advogado, meu sogro encontrou uma brecha na lei: caso eu me casasse, a herança seria liberada. Convenceram meu irmão a assinar um termo abrindo mão de sua parte da herança e o colocaram no Programa de Proteção às Testemunhas. Com medo de mim pelo assassinato e acreditando que eu havia feito parte do complô que o impediu de receber a herança, Michael não aceitou me ver nem mesmo quando isso me foi permitido e Ballato e seu amigo, o delegado, eram os únicos que sabiam do paradeiro de meu irmão.

— Sinto muito, Sr. Ballato. — continuei a falar, divertindo-me com sua humilhação. — Mas creio que não irá conhecer a sua netinha.

O choro parou e seu rosto foi tomado por uma expressão de ódio.

— Seu filho da puta!

Chutei-o, abrindo espaço para que eu pudesse caminhar até o armário atrás da mesa. Revirei todas as pastas com documentos, procurando algo com o meu nome ou com o nome de meu irmão. Não tive cuidado algum. Joguei tudo que encontrava que não era de meu interesse no chão.

— Você não irá encontrar o Michael! O seu caso não está guardado comigo, Way.

Percebi que ele havia se levantado pela proximidade de sua voz.

— Sabe quem você me lembra? — gargalhei, passando a mão devagar por meus cabelos e percebendo haver um pouco de sangue ali. Ele havia me atingido de alguma forma em nossa pequena lutinha pela posse da arma há minutos atrás. — Você me lembra meu pai. — disse, sem olhar para ele, ainda procurando pelos documentos. — Dois animais cruéis e aproveitadores dos fracos. Você acha que irei para o inferno sozinho? Você vai comigo!

Ballato moveu-se rapidamente agarrando meu pescoço por trás com os seus braços. Tentei atingir seu rosto, mas minha visão ficou turva e meu corpo fraco, e concentrei-me em não deixar a arma cair de minhas mãos.

— E olha só, Way. Olha só como você é fraco! — gargalhou, apertando ainda mais seus braços em meu pescoço. — Pietra! Pietra! — gritou por sua secretária que não demorou muito para aparecer. Pude enxergar sua face tomada pelo medo.

— Oh, meu Deus!

— Ligue para o delegado Iero agora! Diga que Way está armado e... Diga que preciso do segundo plano dele!

A garota se tremia e não conseguiu dar o primeiro passo. Sr. Ballato berrou para que ela fosse logo e ela correu até recepção, retornando em poucos segundos com o telefone em mãos.

— Alô? Alô? Delegado Iero? — ela chorava no telefone. — Oh, meu Deus, senhor! É o filho quem atendeu!

— Dei-me o telefone!

Pietra agilmente apoiou o telefone entre os ombros de seu chefe que, com isso, precisou afrouxar seus braços em torno de meu pescoço e eu pude sentir o ar voltar para meus pulmões, e minha visão melhorar aos poucos.

— Anthony, passe o telefone para seu pai, sim! Passe o telefone agora! Um homem está armado!

— Sim, sim. — escutei a voz da criança do outro lado da linha.

Com minhas forças retornando aos poucos e com meu sogro concentrando-se com a sua ligação, soltei a arma no chão, desviando ainda mais sua atenção, e agarrei seus braços, movimentando minha cabeça para trás e atingindo a sua com um golpe certeiro. Ele soltou o telefone, gemendo de dor, agarrando o seu nariz sangrento.

Avistamos a arma no mesmo instante e lutamos por ela. Nossos corpos caíram no chão e meu sogro conseguiu ficar por cima de mim, golpeando minha cabeça com o seu punho por várias vezes. Senti que ia ficar desacordado quando consegui agarrar o telefone e acerta-lo em sua cabeça. Seu corpo rolou para o chão ao lado.

— Pietra, pegue a arma! — ordenou.

Chorando e gritando, a secretaria correu até a arma.

Desorientado pelos golpes, me levantei ainda cambaleando e tentei caminhar até ela, cuspindo o sangue que preencheu minha boca. A secretária apontou a arma para mim.

— Pietra... Você não vai querer fazer isso.

Fechei os olhos ao escutar o ruído do disparo que atingiu um vaso na estante atrás de mim.

Corri em sua direção e ela gritou, abandonando a arma e correndo para trás da porta. Peguei a arma e atirei em sua direção quando ela tentou alcançar o telefone. Obviamente não a atingi; queria somente assusta-la.

Sr. Ballato, imundo de sangue como se tivesse participado de uma briga de bar feia com algum texano, tentava rastejar para longe de mim. Eu podia escutar sua respiração acelerada a distância. Com menos de dez passos, alcancei o maldito e atirei ao lado de sua cabeça, sem acerta-lo, mas ele não desistiu de prosseguir com sua cena humilhante e alcançou o telefone outra vez, chorando.

— Ah... Eu amei torturar o filho da puta do meu pai... — resolvi assusta-lo um pouco mais. — O pescoço dele cortado com todo aquele sangue imundo escorrendo por minhas mãos... Mais e mais sangue enquanto a faca ia fundo e mais fundo.

— Se-e-nhor Iero...

— Desligue esse telefone, Ballato.

— Iero, venha para cá! E-e-ele está descontrolado! É o Gerard! Iero! Precisamos do seu segundo plano!

— Eu disse para desligar o telefone e prestar atenção em mim!

Chutei sua cabeça fazendo-a ir de encontro ao chão, abrindo ainda mais seu ferimento. Pietra se mantinha atrás da porta, chorando por seu amante e patrão. Que mulher estúpida!

O velho virou-se para mim e pude ver seu rosto quase que completamente desfigurado. Seu nariz sangrava incessantemente assim como sua boca. Apontei a arma para seu pescoço e disparei. Foi como se sua cabeça pendesse para fora de seu corpo. Seu sangue estava por toda parte, inclusive em seu rosto. Suas mãos trêmulas e desgovernadas tentaram estancar o sangramento, mas logo seu corpo débil agonizou e ele se engasgou no próprio sangue.

Após sua morte, olhei para Pietra e larguei a arma sob a mesa. Ela compreendeu aquilo como uma ‘trégua’ e, apavorada, correu até o corpo. Ele já estava morto, mas continuou a pressionar suas mãos em seu pescoço como se pudesse devolver todo o sangue perdido. A secretária gritava e chorava como uma criança que presencia a morte do bichinho de estimação. Encostei-me na parede, limpando o sangue de meu rosto com minha blusa. Deixei que ela se despedisse de seu amado e, por fim, peguei a arma outra vez e atirei em sua cabeça.

— Ballato? Ballato?

A voz do delegado Iero berrava no telefone, buscando por seu amigo. Desliguei o telefonema após mandá-lo ir à merda e voltei até o armário de meu sogro, procurando por algum documento que me dissesse o paradeiro de Michael, mas nada... Nenhum sinal de meu irmão por ali. Caminhei em direção a um gaveteiro de metal enfeitado por uma linda foto do Sr. Ballato com sua esposa e o famoso delegado Iero, seu querido conselheiro íntimo, com um pequeno garoto – que deveria ser seu filho –, segurando uma bola de praias nas férias em que foram ao Havaí. Observei a imagem atentamente e não pude deixar de rir da careta do menino que parecia odiar toda aquela situação.

— Sinto pena de você, criança. — falei para a foto. — Não deve ser nada fácil ser filho do delegado.

Voltei o meu foco para as gavetas que abri com todo o impulso que pude, arremessando tudo ao chão. Mais uma vez: nada de Mikey.

Após revirar o escritório inteiro e começar a sentir o cheiro de cadáver, decidi abandonar o local. Vasculhei os bolsos de meu sogro, sentindo seu corpo gelado, e peguei a chave de seu carro. Estava deixando a sala ao me lembrar do toque final! Retornei, abri o zíper de minhas calças e urinei em sua face. Agora eu poderia ir embora. Peguei a minha maleta e saí em direção a garagem, encontrando a Mercedes Bens de Ballato. Ajeitei meu corpo no estofado de couro negro e liderei uma velocidade absurda até a minha casa.

Os portões estavam fechados e a casa toda escura, se não fosse por uma luz mínima e flamejante que saía da janela de meu quarto. Acelerei o carro derrubando os portões, mas não pude estacionar em minha vaga, dado que havia outro carro alí. Eu reconhecia aquele carro, porém, não me recordava de onde ou de quem.

Desci do carro, guardando a arma em minha cintura. Tentei a porta da entrada principal, mas estava trancada. Tentei a segunda porta e estava trancada. Tentei a terceira e estava trancada. Por fim, recordei-me da entrada dos funcionários. Para minha sorte, ela não estava trancada e pude entrar em minha casa pela lavanderia. Passei pela cozinha e peguei um pedaço do bolo que havia na geladeira. Ao chegar na sala, notei duas taças de vinho na mesa de centro e as almofadas no chão acompanhadas por algumas peças de roupas. Caminhei até a mesinha onde ficava o telefone; havia mensagens na secretaria. Apertei play.

“Você tem dezessete mensagens do destinatário: ‘Casa da mamãe querida’. Mensagem número um: ‘Lindsey, onde está seu marido? Delegado Iero está aqui em casa. Ele disse que seu pai foi atacado! Por favor, querida... Retorne logo.’ Mensagem número dois: ‘Lindsey, aqui é Frank Iero. Preciso do endereço do escritório do seu pai urgente! Recebi um telefonema estranho dele! Já fui em todos os escritórios de sua empresa que eu conhecia e ninguém sabe me dizer onde ele está. O Gerard saiu de sua casa armado? Retorne!’”.

Eu estava pronto para destruir o telefone quando escutei um gemido gritado vindo do andar de cima. Subi correndo os degraus e parei em frente a porte semi-aberta de meu quarto. Aquilo não era simples gemidos... Eram exagerados! Barulhos que eu nunca havia proporcionado a ninguém. Empurrei a porta lentamente, encontrando minha esposa nua, exibindo sua barriguinha grávida de meu suposto filho, em cima de seu fiel ‘amigo’ Jimmy. Que cena digna de pintura! Era um cenário muito romântico com pétalas de rosas espalhadas pela cama cercada por velas aromáticas com uma música brega dos anos oitenta de funda. Fiquei impressionado com a capacidade de Lindsey de arrumar o quarto tão rapidamente.

Bati palmas e ambos estáticos se entreolharam, apreensivos. Sentei na cadeira em frente a sua penteadeira e cruzei as pernas, deixando a arma em minha cintura visível.

— Por favor, continuem. — sorri sarcasticamente. — Não tive a intenção de interrompê-los.

— Gerard, eu...

Jimmy moveu-se em minha direção e em um movimento rápido, e quase surdo pelo grito de Lindsey, atingi a cabeça do babaca que instantaneamente caiu morto no meu lado da cama, sujando o meu lençol branco preferido. Só dei-me conta de que havia disparado duas vezes contra sua cabeça ao ver o buraco feito pelas balas.

Lindsey pulou para fora da cama como se aquele corpo possuísse uma doença contagiosa e enrolou-se na coberta verde limão. As balas haviam acabado. Deixei a arma no pé da cama e peguei a faca, a qual, há horas atrás, minha esposa havia me ameaçando com ela.

Pobre mulher... Berrava, chorava, gritava e se contorcia. Dizia que eu era um monstro e soluçava “não” diversas vezes.

— Era isso que você queria, meu amor? Não fui em quem matei este homem. Não, meu bem... Foi você. Você assinou a sentença dele ao trazê-lo para a nossa casa! — disse passando a lâmina próxima a sua bochecha. Seus lábios tremiam de medo. — Você ia dizer a todos que esse bebê era meu?

— Nunca diria que esse filho é seu, Gerard. — sorriu perversamente apesar das lágrimas que escorriam por seu rosto. — Eu odeio você e você me odeia. Eu odiava ter de ver você me odiando todos os dias. Essa casa era para ser só minha! Você devia ter assinado os papéis para passar tudo para o meu nome! Mas você é tão egoísta... Tão asqueroso. Tenho nojo de você. Você destruiu todos os meus sonhos... Eu me esforcei para te amar e, te amei alguns momentos, mas éramos tão diferentes... Você me culpa por Michael. Me culpa por tudo. — choramingou. — Todas as noites, Gerard, todas as noites em que eu me deitava com você... Era com Jimmy que eu queria estar.

— Jimmy para mim não é novidade.

— Isso não tem mais haver com ele! — gritou, cobrindo os olhos. — Você o matou, seu imundo! E quer saber... Ainda não me sinto culpada por te trair. Você também me traía! Mas eu te traí com alguém que eu amava e você? Você não ama ninguém. Sua mãe se suicidou e você nem ao menos se incomodou.

— Não ouse falar de minha mãe! — num impulso, bati no rosto de Lindsey e ela caiu no colhão pelo impacto.

— Eu odeio você! Odeio você mais do que tudo! — correu em minha direção e bateu em meu peitoral com seus punhos fracos.

— Eu também odeio você. Mas, talvez, quem sabe, se você não tivesse se tornado tão obcecada em transformar nosso casamento em merda, seu pai e Jimmy estariam vivos.

Lindsey se afastou, arregalando os olhos.

—Meu pai? O que você fez, Gerard?

Ela finalmente percebeu o sangue em minhas roupas. O sangue, claramente, não era de seu amante, afinal, eu estava longe demais dele para ter me sujado.

Com um golpe certeiro, atingi sua barriga com a faca. Seu corpo debateu-se no chão enquanto ela continuava a pronunciar pragas contra mim. Peguei a minha maleta e levei-a até o banheiro, jogando todo o dinheiro em nossa banheira, e me redirecionei ao quarto para pegar uma das velas.

Peguei um suporte de ladrilhos feito com gesso e admirei a chama. Lancei o alicerce na cama próximo ao lençol no corpo de Jimmy e outro na cortina. O quarto esquentou rapidamente de modo que precisei retirar minha blusa para me sentir confortável.

— Vo-oo-ocê... — minha esposa disse com dificuldade. — Você nunca... Nu-unca... Irá saber onde seu maldito irmão está.

— Boa noite, Lindsey. — finalizei nossa conversa, lançando outra vela próximo ao seu corpo.

Voltei ao banheiro e tranquei a porta. Estava apenas com uma vela em mãos e queimei uma nota de cem dólares e coloquei junto as outras que instantaneamente começaram a queimar. Suspirei pesadamente me despindo e assim que terminei juntei-me as notas deitando na banheira.

Tudo ia acabar bem.

 


Notas Finais


Enfim, obrigado por ler até aqui.
Comente!
E Até os comentários prisioners.


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