História You Made Me Change (Imagine) - Família

Andávamos pelas ruas pegando o caminho para casa.

- Papai e mamãe disseram que tem uma surpresa. - Tae disse, parecendo angustiado.

- Coisa boa que não deve ser. - retruquei, ainda olhando pra frente.

Taehyung passou o braço ao redor dos meus ombros. Embora fossemos gêmeos, eu era muito mais baixa do que ele. Tae tinha quase 1,80 de altura, enquanto eu tinha só 1,65.

Caminhamos até em casa, e entramos na sala.
Olhei para o sofá e vi meus pais, junto com um garoto que eu nunca tinha visto na minha vida. Ele parecia assustado, mas sorria.

Olhei de canto para meu irmão e ele estava com o cenho franzido, provavelmente confuso como eu.

- Taehyung, (S/N), sentem-se. - meu pai disse, e nós sentamos no outro sofá.

- Bem, - minha mãe disse, e passou o braço pelos ombros do menino. - este  é Hoseok.

Eu ainda não estava entendendo nada, mas olhei para Hoseok. Seu sorriso tinha murchado.

- Lembra quando falamos que iríamos adotar um filho? - meu pai perguntou. - Bem, aqui está. Ele chegou mais cedo.
Meu pai falava do garoto como se ele fosse um objeto, e aquilo me enojava.

- Oi. - Hoseok finalmente disse.

Meu pai olhou para mim e Tae com uma cara de: "vamos, falem com ele."

Tae captou a mensagem.
- Oi, meu nome é Taehyung. - em seguida, meu pai olhou pra mim e eu disse:

- Eu sou a (S/N). - o menino me olhou, parecendo um pouco assustado. Não entendi sua reação. Tudo bem que eu parecia meio seca e tudo mais, mas não tinha motivo para ficar assustado.

- Eu estou muito feliz de poder ficar aqui com vocês. Faz muito tempo que eu estou naquele orfanato, e estou realmente agradecido, Sr. Kim. - parecia que Hoseok tinha preparado um discurso.

- Não precisa me chamar de Sr. Kim, você pode me chamar de pai. - meu pai falou. Aquilo era tanta falsidade... será que ele iria esconder de Hoseok o inferno que ele fez da minha vida, da vida do meu irmão e da vida da minha família? Mas é claro que ia.
Conhecia o meu pai o bastante para saber que se eu contasse alguma coisa, eu apanharia. Mesmo escondido.

- Ah, tudo bem então Sr.... pai. - Hoseok falou, meio atrapalhado.

Minha mãe sorriu. Ela parecia a única feliz ali dentro. Meu pai só tinha o adotado pra... ah sei lá. Eu claramente não estava gostando daquilo, e Tae também não, a julgar pela sua expressão.

Não parecia justo estar insatisfeita com a presença de Hoseok, já que estava bravos com nosso pai, mas mesmo assim eu estava.

- Hoseok, seus irmãos vão lhe mostrar a casa ok? - minha mãe disse, e ele assentiu com a cabeça.

- Eu é que não vou mostrar. - Tae susurrou pra mim.
Revirei os olhos e vi que teria que mostrar a casa para ele.

Não disse nada, apenas levantei e ele me seguiu.
- Bom, aqui como você pode ver é a sala. - falei, meio irônica, e meu pai me olhou feio. 

Subi as escadas e fomos ver os quartos.
Primeiro fomos no meu.

- Aqui é o meu quarto. - falei, me atirando na colcha branca peirfeitamente arrumada. - Você é totalmente proibido de entrar aqui, a não ser que eu deixe. - me virei de costas para apagar o abajur aceso, quando de repente ouvi o barulho de algo quebrando.

Olhei para trás e Hoseok olhava de queixo caído para um objeto de cerâmica no chão.

Aquela era uma boneca russa que eu tinha ganhado da minha vó. Quando eu tinha oito anos adorava saber sobre as coisas do mundo junto com ela.

Vovó foi uma das únicas pessoas naquela família que realmente me amou, além do meu irmão. Ficávamos a tarde inteira falando sobre a viajem pelo mundo que faríamos, planejando suprimentos para levar no navio que construiríamos.

Minha vó adorava fantasiar comigo. Uma vez brincamos que ela era uma bruxa boa, e que poderia conceder todos os meus desejos. Meu irmão chegou bem na hora e pediu para ser um pirata. Eu virei uma fada. E brincamos que eu e Tae nos aventurávamos pelo oceano junto a bruxa boa.

Mas, aos poucos, vovó foi ficando menos ativa, até um pouco depressiva. Ela tossia o tempo todo e não brincava mais comigo. Até que um dia, ela faleceu.
E aquela boneca russa era a única lembrança que eu tinha dela. Mesmo que eu odiasse essas lembranças materiais, quando se tratava de vovó, eu me sentia necessitada a ter uma coisa que me lembrasse dela. Eu era apegada à boneca.

- Meu deus me desculpa! E-eu realmente não queria ter feito isso! Sou muito desastrado! - Hoseok falava, desesperado, tentando juntar os cacos de cerâmica espalhados pelo chão.

- Eu não acredito... VOCÊ QUEBROU A ÚNICA COISA QUE EU TINHA DA MINHA VÓ, HOSEOK! A ÚNICA! E ELA ESTÁ MORTA! SAI DO MEU QUARTO! E DE PREFERENCIA SAI DESSA CASA! EU TE ODEIO!! - gritei, e os olhos do menino começaram a marejar. Ele saiu de cabeça baixa pela porta, e eu a bati com força.

Eu estava com um ódio tremendo daquele garoto. Quem ele pensava que era pra chegar na casa das pessoas e sair quebrando as coisas? Aish!

Juntei os cacos de cerâmica com força, e quando terminei percebi que minhas mãos estávam todas cortadas, um rio de sangue. Mas não era nem aquilo que doía. Era a minha vontade de ter aquela bomeca preciosa de volta.

Ouvi batidas na porta.
- Ei, (S/N), deixa eu entrar! - Era Hoseok. Sua voz estava trêmula, como a de quem estava chorando. Senti uma pontada dentro de mim, que me punia ppr ter falado aquelas coisas pra ele, afinal ele era meu irmão agora.

Abri a porta e em seguida a fechei.
- Você não contou nada pro papai né? - perguntei, direta. Ele não teve reação. Estava olhando para minhas mãos, apavorado.

- O que você fez nãs suas mãos? - perguntou, segurando uma delas. Eu soltei minha mão da dele bruscamente e senti minhas bochechas corarem. Porque eu estava corada?

- I-isso não é nada. - falei, embora eu estivesse sangrando.

- Bem, eu só queria pedir desculpas de verdade por ter quebrado a sua boneca. Eu sou muito desastrado mesmo, e estou passando uma má impressão. Eu não sou todas essas coisas que você pensa de mim. E eu sei que você pensa. - aquilo que ele disse foi muito honesto. E por um instante me arrependi de todas as coisas que eu tinha pensado e falado dele.

- Não, Hoseok. Eu... fui eu que errei em te fizer todas aquelas coisas. Me desculpe. Eu sou meio fria e grossa as vezes e acabo falando coisas que não devo. Não te odeio nem nada eu só... - de repente, fui interrompida. Hoseok me puxou pela cintura para um abraço.

Um abraço sincero. Ele apoiava sua cabeça em cima da minha, já que era bem mais alto, e eu me senti acolhida. O abracei também, e todos aqueles sentimentos ruins que eu guardava dele sumiram. Eu poderia abraçá-lo para sempre. Sentia a batida de meu coração acelerar, não sei porque.

- Hã... eu só passei aqui pra ver se tava tudo bem mas... - era Tae. Ele tinha abrido a porta sem fazer o mínimo barulho. Quando ouvímos sua voz, eu e Hoseok nos separamos com um pulo.

- Ta tudo bem, sim. - Hoseok disse, coçando a nuca. Escondi minhas mãos atrás das costas para que Tae não se preocupasse.

- Ok, então. Mamãe mandou dizer que o almoço fica pronto em meia hora. - Taehyung respondeu, e saiu fechando a porta.

Por um instante eu não sabia o que falar, mas então Hoseok segurou minha mão novamente. Pensei que ele fosse fazer alguma coisa de novo, mas ele só disse:

- Vamos dar um jeito nisso. Onde ficam os curativos? - perguntou. Era fofo como ele ficava animado do nada.

- Segunda gaveta da mesinha de cabeceira. - respondi, e ele rapidamente abriu a gaveta e pegou os curativos. - Mas espera, omma e appa vão desconfiar dos curativos não acha?

Ele não me respondeu. Só abriu meu armário e se deparou com um par de luvas.

- Põe isso por cima do curativo. - ele disse, jogando as luvas pretas pra mim.

- Ei, não mexe no meu armário! - - falei, temtando parecer brava, mas na verdade estava rindo. Hoseok riu, e em um pulo, se sentou na cama, e eu o acompanhei.

- Vem, deixa eu ajudar já que eu quebrei a sua boneca. - falou, pedindo pra eu lhe dar a minha mão. Eu o fiz, e Hoseok cuidadosamente enfaixou minhas mãos. Em seguida coloquei as luvas pretas, mesmo estando calor.

- Pronto! - ele disse, sorrindo, e eu retribuí de leve.
Ficamos um tempo sem falar nada, e Hoseok me encarou. Passou a mão em meu rosto, e colocou uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha. Eu não estava entendendo nada, Hoseok estava a poucos centímetros do meu rosto, podia sentir sua respiração

.
- CRIANÇAS O ALMOÇO ESTÁ PRONTO!! - nossa mãe gritou, e eu rapidamente me afastei de Hoseok, voltando à realidade.

- O que você tá fazendo?!? Nós somos irmãos, idiota! - falei, levantando da cama, mais corada do que nunca.
Ele baixou a cabeça.

- M-me desculpa... só... só esquece que isso aconteceu tá? - ele se levantou e saiu correndo pela porta.

Esbarrou com Tae no corredor, que entrou no meu quarto.

- Oie! - ele disse. - Vamos almoçar?
Tae estava sorridente.

- C-claro, vamos! - falei, forçando um sorriso. Tae me puxou pela mão, e descemos as escadas.

Papai, mamãe e Hoseok nos esperavam na mesa.
- Até que enfim! A comida já está esfriando! - minha mãe disse, sorridente, enquanto Hoseok olhava para o chão.

- Desculpa, omma. - eu e Tae falamos ao mesmo tempo e nos sentamos na mesa.

Almoçamos e logo depois fui para meu quarto ouvir música.

Meu celular toca. 

"número desconhecido"