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História Life Sucks - Adeus IV


Escrita por: Eclipsedoamor

Capítulo 5 - Adeus IV


Fanfic / Fanfiction Life Sucks - Adeus IV

Sakura, três meses depois 


Era o mesmo cheiro. Era a mesma casa. Era a mesma sala, os mesmos quartos e até a mesma cozinha. Tudo estava igual a como foi deixado, mas por algum motivo, até mesmo a casa havia percebido, que a família que um dia morará ali, não voltaria nunca mais.

Parada no hall de entrada, olhava o porta casaco, e vi os sobretudos de lã dá minha mãe e as pesadas jaquetas de couro envelhecido do meu pai. Tocando as roupas que um dia eles deixaram ali, no momento que entraram ou saíram desta casa, sentido as texturas, resisti para não afundar meu rosto nelas. E sentir o cheiro, provar que minha mente não era tão louca e que o cheiro que havia ali, era o mesmo que eu tinha guardado em minhas memórias, gravado até no mais íntimo do meu ser.

O enterro dos meus pais foi a três meses. Eu não fui, nem no memorial nem no momento em que eles foram colocados a sete palmos debaixo dá terra, o mais engraçado de tudo isso - não que tenha alguma graça - é que eu ainda não havia conseguido chorar. Bem diferente de Tsunade que chorava em todas as madrugadas. 

Todos que nos eram próximos tentaram contato comigo, ligaram, foram até o hotel que Tsunade e eu estamos hospedadas porque nenhuma de nós duas tinha coragem o suficiente para vir até aqui. Tia Kushina e tia Mikoto foram as que mais tentaram me ver, me abraçar e tentar me convencer a ficar. Por que sim, eu partiria desta cidade, o quanto mais cedo possível.

É egoísmo dá minha parte não querer vê-las, afinal elas também perderam meus pais, ou especificamente, perderam minha mãe. Foram amigas dês do começo, e eu sabia que encontraria conforto nelas, que suas palavras doces me convenceriam a ficar e que sua gentileza me consquistaria dá mesma forma de quando eu era criança. Mas novamente, eu seria egoísta o suficiente para virar as costas e ir embora.

Hoje, eu sou forçada a encarar meus temores, porque querendo ou não eles sempre estiveram aqui, não importando o que eu faça ou sinta e mesmo que eu vá embora e volte depois de muito, muito tempo e tente não olhar para trás...Mesmo assim, um dia eu terei de voltar, então porque não hoje? Não tenho nada melhor pra fazer mesmo a não ser lamentar pelos meus mortos.

Deixando as mangas dá jaqueta de lado, insperei profundamente e adentrei mais a casa. O irônico de tudo isso, é que eu ainda estava esperando minha mãe aparecer na porta da cozinha me dando as boas-vindas e meu pai logo atrás de mim, elogiando o cheiro do jantar. Por um momento, consegui até sentir sua presença atrás de mim, emanando aquele calor reconfortante e o timbre de sua voz grossa, fazendo cócegas em meus tímpanos, e amorosa quando se dirigia a mamãe.

Percebi o porquê de eu não ter consiguido chorar, até agora. Era pelo simples fato de que eu precisava ver pra crer, minha fixa ainda não tinha caído, eu precisava ver essa casa vazia, os cômodos frios e olhar pra cada canto desse lugar onde vivi a minha vida toda e ver tudo o que eu perdi, e o que eu nunca mais teria.

Meu coração se apertou no peito, e as lágrimas queimava-me os olhos, na sala com os sofás vintage ou melhor a casa inteira em estilo vintage era apenas mais um motivo para eu me acabar em lágrimas.

Minha mãe adorava essas coisas antigas, tanto que realizou seu sonho após casar-se, construiu seu lar com tudo o que amava. Papai dizia que isso apenas a tornava mais especial, tanto minha mãe quanto a casa em que viviamos. E eu também pensava assim, eu amava nosso lar, porque não só era diferente de todas as outras casas de Nova York, mas também porque passava a mensagem que minha mãe sempre tentou me ensinar: "Nunca é tarde demais para realizar seus sonhos".

Mas agora, meus sonhos e os dela nunca pareceram tão longe. Os porta retratos com as fotos das nossas viagens em família ou aqueles almoços de domingo na casa das tias. Fotos de quando eu era bebê, quando estava dando os primeiros passos, tudo que vivemos aqui, fora registrado na medida do possível. E pela primeira vez fiquei feliz por mamãe sempre me obrigar a participar das fotos.

Era a prova do quanto éramos felizes, e do quanto eu poderia ser infeliz sem eles.

Ignorei um pouco as fotos, a visão embasando era sinal de que eu não aguentaria mais tempo ali dentro. O peito começa a doer e a garganta a fechar, sabe quando sentimos aquela dor aguda? Então, era exatamente isso o que eu estou sentindo.

Passei correndo pela sala e fui até às escadas, subindo-as mais rápido do que nos últimos anos. No segundo andar, me deparei com a porta do meu quarto no lado direito, a frente o banheiro e do lado esquerdo o quarto dos meus pais.

A três meses eu e o meu pai conversamos nesse mesmo lugar, esse dia nunca me pareceu tão distante quanto é agora. 

   Então eu a senti. Silenciosa e mortal, ninguém nunca chegou a vê-la, ela apenas está lá e você sabe disso. A realidade me abateu numa terça-feira às 7:46AM.

 Meus pais estavam mortos. Eu nunca mais iria vê-los de novo. Não iria abraça-los, nem sentir seu carinho. Eu nunca mais iria ouvir dizerem​ que me amavam ou até mesmo um "bom dia". Eu nunca mais seria inteira novamente, porque uma parte minha se fora com eles.

Então veio uma, duas, três e depois inúmeras. Impossível de contar. As lágrimas caiam livres e a dor era sufocante, eu estava no ponto de não saber se chorava ou se tentava respirar.

Me arrastei até a porta do meu lado esquerdo e segurei a maçaneta, eu não sei se vou conseguir aguentar mas eu precisava. Por fim, ignorando meu lado covarde, abri a porta. 

Ainda tinha o calor deles. A cama bagunçada pois não dera tempo de arrumar antes de sairmos naquele dia, a porta do guarda roupa estava aberta e parecia que haviam acabado de descer para o café. 

Olhando para o enorme espelho na penteadeira, vi uma figura familiar, era como se eu a conhecesse mais ao mesmo tempo não. Era alta e esguia, as clavículas podia se ver de longe, os longos cabelos loiros estavam embaraçados e sem vida, os olhos grandes e tristes com enormes olheiras. Eu até riria de mim mesma se não fosse tão trágico.

Entrei e encostei a porta. Andei até as portas do guarda roupa e peguei a jaqueta do clube de matemática da época em que papai era colegial. Ri um pouco me lembrando de quando mamãe disse que não resistiu ao ver o papai com aqueles óculos fundos de garrafa. A vesti, sentido a maciez e o cheirinho de limpo e lavanda, mamãe usava ela no frio. 

Me deitei na cama desarrumada e puxei as cobertas até o pescoço, como se isso pudesse me esconder do mundo. Descansei a cabeça entre os dois travesseiros e me permiti chorar, pelo tempo que fosse necessário. Quem sabe assim, eu não arranjaria um pouco de forças para arrumar as malas, trancar a casa e dar as chaves​ para o advogado da família.


 ••• Aeroporto JFK


- Sakura, como foi? Pegou tudo o que precisava?.

Tsunade me perguntara enquanto esperávamos a chamada para nosso vôo. Assenti levemente, não querendo maiores avanços na conversa, mas como sempre o que eu queria não estava em discussão. Suspirei vendo que ela esperava uma resposta verbal.

- Sim, peguei.

Dei um fraco tapinha na enorme mala ao meu lado. Realmente, eu fiz um limpa na casa toda, cheguei até mesmo a colocar a xícara de tomar café da mamãe num plástico bolha para poder levar.

- Que bom, assim não teremos que nos preocupar com roupas para você tão cedo.

- Hrum.

E voltou a prestar atenção a revista. Não que eu ache que ela está lendo mesmo, temos o hábito de ver apenas as imagens das reportagens. Procurei me distrair com algo que não fosse a mala velha e cheia de cartões postais colados nela, nem preciso dizer de quem era né. Quando em meio a multidão, algo me chamou a atenção. Ou melhor, alguém.

Sasuke e Naruto, estavam parados a quase 100 m de distância, mas ainda não haviam me visto, o movimento de pessoas estava grande. Eu não estava tão surpresa, era bem a cara deles virem me procurar apenas no último instante. Deixei um recado pra tia Kushina e tia Mikoto, avisando da minha partida.

De repente, percebi o quanto esses dois idiotas me fariam falta e o tanto que eu os amava. Mesmo que de maneiras diferentes, claro. Tsunade não parecia ter percebido os dois, se não já teria gritado por eles, aproveitei essa chance para avaliar se compensava sentir mais essa dor de perda. Seria tão mais fácil apenas fingir que não os vi, e assim cada um seguiria sua vida. Quem sabe outro dia, não? Eles não mereciam isso e muito menos eu.

"Última chamada para o vôo 437, destino Irlanda. Por favor se apresentem ao portão 9"

Tsunade se sobressaltou, deixando a revista de lado, pegou as malas e se levantou.

- Vamos Sakura, é nossa deixa.

E saiu na frente. Olhei para os dois uma última vez, memorizando cada detalhe. Naruto escandaloso como sempre puxava os cabelos loiros, nervoso correndo pra lá e pra cá, bem diferente de Sasuke que estava parado, olhando para todos os lados. Até que seu olhar encontrou o meu. Ele já ia avisar o loiro estabanado quando eu neguei com a cabeça. Independente do que tenha acontecido, eu não causaria mais dor a Naruto.

As expressões de Sasuke se tornaram duras, mas eu podia ver em seu olhar a indecisão, no fundo ele sabia que minha escolha não fora a certa para ninguém além de mim mesma. Sorri tristemente, sentido mais lágrimas caindo. Eu não imaginava que seria tão difícil deixá-los.

Sasuke deu um passo em minha direção, mas novamente eu neguei e apontei para a enorme televisão indicando os vôos e que o meu era a última chamada, estava em negrito no canto inferior. Seus lábios se contraíram mostrando seu desgosto, de novo eu o deixei sem opções que não fossem fazer o que pedia. Sorri mais uma vez, sentido o gosto levemente salgado das lágrimas.

Puxei a alça da mala e ajeitei a mochila nas costas, me levantei pronta para seguir o caminho de Tsunade. Olhei para ele uma última vez, vendo as olheiras e o cabelo bagunçado, tão apaixonante quanto triste. Mechi os lábios silenciosamente, certificando me dê que ele havia entendido.

"Eu te amo, cuide de Naruto".

Perceptei uma leve agitação em sua rígida postura, soube que a mensagem passará por cada partícula de seu ser. Com o resto de força que me sobrou dos últimos meses, segui até o portão 9 com a passagem e o passaporte nas mãos. 

Não olhei para trás, mesmo sabendo que Sasuke me seguia com o olhar. Porque eu sabia que se olhasse, não conseguiria ir embora.


 Autora


A vida segue caminhos engraçados, e Sakura estava seguindo o seu. Naruto e Sasuke desistiram de procurar por ela horas mais tarde, se acostumando com a ideia de que ela já fora embora a muito tempo. Mesmo que o moreno soubesse que ela estava ali, por um triz, não conseguiu contraria-la. 

Porque mesmo que não admitisse ou tivesse dito, também a amava e por isto, aceitou ua escolha de partir. Ele só não imaginava que tudo aquilo que nos pertence de verdade, um dia volta para nós, levasse o tempo que fosse.


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[Deixe-me ir] Ron Pope- Let me go

 Você não vai me deixar ir,

 Você não vai me deixar ir, 

Você não vai me deixar ir,

Você não vai me levar para casa 


Eu realmente não me importo 

Se você não pode ficar a noite

 Isso é tudo bem por mim 

Um você pode fazer crer

 fingir que eu não vejo 

Eu durmo, mas nunca sonho

 E fora desta porta 

Eu sei que é mais escura 

quando o seu pé sozinha 

Mas eu nunca poderia ficar,

 Para assistir você cair de graça .

 

Você não vai me deixar ir, 

Você não vai me deixar ir, 

Você não vai me deixar ir, 

Você não vai me levar para casa [...]















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