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História Life Sucks - E o passado sempre volta IV


Escrita por: Eclipsedoamor

Capítulo 9 - E o passado sempre volta IV


Fanfic / Fanfiction Life Sucks - E o passado sempre volta IV


Ino


A segunda-feira começara com um calor infernal, e pela previsão do tempo, a tendência era só piorar. Levantei da cama sentido os fios de cabelo da minha franja grudarem na testa pelo suor. A sensação de pele transpirando não era nada agradável e como se não fosse o suficiente pra está segunda-feira ser uma grande merda, hoje meus caros, é o primeiro dia de aula. 

Sakura parecia estar em algum tipo de coma ao meu lado, mentira estava apenas dormindo feito pedra. Hinata encontra-se na cama que armou ontem para dormir, estava com tanto calor que seu corpo quase caia no chão por estar se esticando muito, tentando não deixar dobras no corpo onde pudesse transpirar. 

Levanto abandonando os lençóis finos que nunca me pareceram tão quentes. Peguei uma toalha e fui ao banheiro para me refrescar, aproveitei a oportunidade e já fiz escova no cabelo para não ficar armado. Eu não podia aparecer naquela escola com um esfregão na cabeça. Preciso ver se os homens daqui é tudo isso mesmo que a revista Mundo Americano diz. 

Nem é necessário dizer, sou uma leitora assídua e estou mais do que curiosíssima em descobrir. 

Após fazer minha higiene matinal, escolhi um shorts azul claro todo rasgado do jeito que gosto, e uma blusa salmão tão grande que se tornava um vestido rodado pois tinha uma costura, assentuando a cintura. Porém o tecido de telinha, tornava-a transparente, e um cropped nude por baixo. Um tênis da Adidas com listras prateadas. Coloquei meu piercing do nariz e um par de brincos pequenos, passei muito rímel, deixando meus cílios enormes e um batom cor de boca. 

Pronto, eu já podia sair por aí e arrasar corações, baby. Até que estava comportada, sempre fui do tipo mais chamativa nas roupas, pra um primeiro dia de aula estou bem light mesmo. 

Fui até cozinha ver se havia algo rápido que eu pudesse fazer para o café da manhã. Daqui a pouco, todos acordarão comendo até os rebocos da parede se não tivesse nada na mesa que pudessem devorar. 

Enquanto fritava ovos e bacon, eu acrescentava os últimos ingredientes da massa das panquecas, a torradeira iria apitar daqui a pouco com a terceira remessa de pães tostados prontos. Logo como se surgisse das profundezas do chão da cozinha, Juugo aparece ao meu lado me dando uma baita susto. Quase deixei massa respingar no chão. 

- Juugo! Está doido meu filho?.

O mesmo apenas sorrira de lado sem graça pelo susto que me dera. 

- Precisa de ajuda?.

- Claro. Não deixe os ovos queimarem e cuidado para não tirar o bacon cru. 

Assentindo, pegou a espátula que eu usava antes e partiu em sua tarefa com os ovos. Olhando-o melhor agora, meu amigo é muito lindo né?. Com uma calça branca justa, uma regata azul claro rasgada nas laterais e um coturno marrom, meu ruivo estava deslumbrante. 

Percebendo meu olhar, não poupou uma sombrancelha arqueada. 

- O que foi?.

Balancei a cabeça negativamente.

- Nada demais. Você está muito gato.

Disse, mostrando a língua em seguida. O ruivo corou levemente e voltou sua atenção para a tarefa inacabada, mas as bochechas rosadas não passaram despercebidas por Suigetsu, que acabara de entrar no recinto. 

- Por que está vermelho, Juugo?. Está tentando deflorar meu irmãozinho inocente, Ino?.

Olhei para o platinado indignada, pelo amor. Nem tudo o que faço tem haver com sexo. 

- Vai a merda, eu só disse que ele estava bonito. 

- Sei. 

Disse e estreitou os olhos em desconfiança. Dei o dedo do meio e fui atrás de uma frigideira para fazer as panquecas. 

As vezes fico pensando, qual é a imagem das pessoas sobre mim? Eu realmente aparento ser assim tão pervertida?.

Juugo resmungou alguma coisa e já tirava os ovos e os bacons. Virou se para Suigetsu tacando um dos panos de cozinha no mesmo. 

- Não é como se eu fosse a Madre Tereza, seu idiota. 

- Hahahahahahaha. Pelo menos, já é virgem como uma.

Não segurei uma risada. Verdade seja dita, tenho minhas dúvidas sobre a vida sexual do gigante ao meu lado, e apesar de que na maioria das situações eu costumo não ter papas na língua, desta vez estou receosa em invadir a privacidade de alguém tão quieto e taciturno como Juugo. 

- Vai se foder.  

Deixei que os dois irmãos se resolverem e voltei a fazer minhas panquecas. Aproveitarei mais um pouco desta frágil paz, até o restante acordar e a guerra recomeçar. Afinal, nada como um dia normal quando se vive com esses seres humanos. 


Hinata


Acordei ouvindo barulho de vozes fora do quarto. Em outros dias eu levantaria e colocaria esse bando de puto pra dormir novamente, porém hoje não. Sentia que se não levantasse agora, perderia a hora. 

Outra ocorrência infeliz que também conseguia sentir, é esse calor anormal. Quer dizer, pra mim é anormal sim!. Na Irlanda nunca houve dias com temperaturas tão quentes logo cedo, na verdade são pouquíssimos os dias com um clima tão árido quanto este que me incomoda. 

Bufei cansada e bêbada de sono. Merda, a segunda chegou tão rápido. Levantei antes de deixar o cansaço me convencer a ficar na cama e peguei uma toalha no guarda roupa. Estou louca para me livrar desse suor. 

Após minha higiene matinal feita e o cabelo com cachos nas pontas, fui tentar escolher uma roupa decente. Peguei uma saia azul marinho longa com fenda dos dois lados, uma regata branca lisa rendada no busto e um colete de crochê bege. Calcei uma rasteirinha de tiras dourada e um rabo de cavalo. 

Arrumei minha mochila nas costas com o caderno e os livros que Sakura e Ino compraram para todos nós. Fui até a penteadeira e coloquei um par de argolas de ouro branco, meu piercing no septo e passei um pouco de maquiagem. Rímel até deixar meus cílios do tamanho do mundo, um brilho labial rosa claro e lápis de olho. 

Pronto. Simples, mas bonita. 

Tive de sair do quarto e ir atrás do cheiro da comida quando escutei meu estômago roncar. Deixei a mochila no chão da sala e fui até a cozinha encontrando todos tentando se acomodar nos cantos e em cima do balcão. 

Como se não houvesse uma copa logo ali com cadeiras o suficiente para sentarmos. Mas é claro que prefeririam a opção mais difícil. 

- Bom dia Hinatinha, achei que teríamos ir te derrubar da cama pra acordar.

Disse Kiba enquanto colocava dois bacons guela abaixo. Minha boca salivou na hora. 

- Peituda, vem comer logo se não vai ficar com fome. Esses monstros estão devorando tudo. 

Rock Lee ofendido, tentou roubar uma das panquecas do primo branquelo mas foi espetado por um garfo no processo. Sorri acostumada a situação. Contornei o balcão e os adolescentes esfomeados atrás de prato e comida, necessito de bacon. 

Enquanto enchia meu prato com o que sobrou, reparei em Sakura encostada ao balcão que brigava com Kiba por uma panqueca. A mesma usava uma calça jeans toda rasgada, sério, não tinha nem pano naquilo direito, a pessoa que confeccionou isso deveria ter vergonha de classificar como calça. 

Uma blusa social cinza, com dois botões abertos e fechada até os pulsos. Decente, não?. Mas ai, vinha o estilo de Sakura no meio. A blusa é toda transparente, de um tecido finíssimo, usava um top de renda preto com várias tiras por baixo.

 Estava tudo a mostra, a cintura fina, a barriga chapada, as tatuagens nas costas, costelas, braços, pulsos, clavícula, lateral da coxa, enfim! Se não mostrava por inteiro, havia o começo ou o final de uma, mas qualquer um podia ver e o resto fica a mercê da imaginação. 

Calçava um All Star vermelho e no chão junto dos pés uma mochila de lado jeans. O cabelo, curto atrás e longo na frente, fora retocado, o rosa mais intenso e delicado ao mesmo tempo. A orelha cheia de brincos e piercing, em toda sua extensão. Na sobrancelha, uma meia argola prata, e a sombra de um smile sempre que respondia Kiba, um delineado forte e só. 

Sakura sendo Sakura. Nada demais. Nem preciso falar da Ino, puta que pariu, é moda usar transparente?. 

- Daqui a pouco vocês duas nem vão usar mais roupa para ir pra escola. 

Disse eu, pegando a última panqueca e me enfiando ao lado de Rock Lee, ficando de frente para Ino que está do outro lado do balcão e Sakura ao meu lado. A loira sorriu como uma criança pega em flagrante cometendo travessuras. A Haruno por outro lado, apenas sorriu de canto e trocou o peso do corpo para outra perna, só aí percebi a calça cós baixo.

Porra, a Sakura tem uma bunda enorme. Ela tá querendo causar mesmo. Um infarto nos professores, só se for né!. 

- Saky, me fala que você não vai com essa calça. Eu te empresto uma das minhas. 

A Haruno apenas riu de mim. Ela sabia como eu fui criada, não só na Irlanda, como também na família conservadora. As vezes até me cansava desse meu lado careta. Porém é mais forte do que eu.

O café da manhã sucede relativamente em paz. Conversa vai conversa vem, Kiba dizendo que ia passar o rodo. 

- Não sabia que você se alistou pra ajudar na limpeza, Kiba. 

Juugo tirou sarro e todos rimos, o moreno fechou a cara e deu o dedo para o ruivo. Esse clima é tão bom, adoro quando ficamos todos assim, tranquilos. 

- AI MEU DEUS!.

Pra que fui falar?. Shika se assustou com o grito de Sai, porque estava cochilando em cima da mesa.

- O que foi seu idiota? Por que me acordou?.

- Espera morrer pra dormir, seu preguiçoso. 

- Neji, por que você não pega esse teu cabelo e...

- ESTAMOS ATRASADOS SEUS IMBECIS, JÁ BATEU O SINO DA PRIMEIRA AULA!!.

Cada um olhou em seu relógio para confirmar as horas. Porra, atrasados no primeiro dia de aula.

- Vamos cambada!. 

Soquei umas duas panquecas na boca e corri até a sala para pegar a bolsa. Kiba e Sakura já se dirigiam a porta com suas mochilas e Juugo pegará a chave da van na mesinha da sala e seguia apartamento a fora. 

O resto era uma correria para achar a bolsa e não se trombar no caminho. Estava tendo dificuldades em mastigar as panquecas, por isso doeu quando engoli as duas semi mastigada e semi pedaço. 

- Andem logo!. 

Chamei parada do lado da porta, esperando todos saírem para trancar a casa. Shika foi o primeiro, depois os dois primos, Suigetsu, meu irmão tentando arrumar a bagunça que fizera no cabelo pela correria e Ino retocando o batom. Tranquei a porta e guardei o molho na mochila enquanto corria para chegar ao elevador lotado. 

Descemos até o térreo naquela lata de sardinha automática. Todos se espremendo e impacientes com a lerdeza do elevador. Quando as portas se abriram, saímos em disparada na busca pela van. Onde estacionamos mesmo?. 

- Ali!. 

Kiba gritara apontando um canto da garagem. Correndo até ela, esperamos Juugo dar a partida e nos acomodamos como podia, sentei na frente com Kiba e o pessoal se encaixou lá atrás. 

Saímos do térreo e as ruas de Nova York estavam até que vazias para esse horário da manhã. Gente que coisa estranha, jurava que o engarrafamento iria nos atrasar mais ainda.

- Não que eu entenda alguma coisa sobre o trânsito de cidade grande, mas ate onde sei, não era pra essa rua estar parecendo o rascunho do mapa do inferno? Ou pelo menos algo do tipo?.

Neji disse enquanto observava as ruas calmas, os estabelecimentos abrindo, e os poucos carros que percorriam o caminho conosco. Realmente, isso está muito estranho. Kiba remexeu ao meu lado tentando alcançar o bolso traseiro, tirou de lá seu celular e ligou o visor, exclamando em seguida. 

- Puta que pariu, Sai. São 6:36AM, as aulas começam as 7:30AM !!. Sua gazela burra!.

- Porra mano, você esta de brincadeira?. Eu nem tomei café direito!. 

Rock Lee disse indignado.

- Sai, sua anta.

Ino xingou rindo.

- Ah seus puto! Eu só esqueci de atualizar o horário do celular e vocês também! Até olharam no relógio antes de saírem correndo.

Sai tentou em vão se defender 

- Só esqueceu?! Esquece de nascer na próxima. Vai tomar no cu, vou ficar com fome até a hora do almoço.   

Suigetsu esbravejou, ignorando a parte da culpa no cartório.

- Como vocês são dramáticos, é um favor que faço. Bando de gordo, eu só esqueci. 

- Parem de fazer cena, já foi. O bom é que chegamos cedo e vemos onde vai ser a sala e os armários. Aquela escola é enorme e vocês precisam ir na entrevista com o Diretor. 

Sakura encerrou a discussão e Sai permaneceu emburrado até Juugo dirigir calmamente para o colégio. Droga, tinha me esquecido da entrevista com o Diretor Jiraya. 

Quando chegamos ao estacionamento, pouquíssimas vagas estavam ocupadas, a maioria perto de algum prédio de salas de aula. Escolhemos uma próxima ao campus e saímos do veículo para deixar Juugo manobrando em paz, já que era impossível se concentrar com nosso bando animado e afoito pelo início de uma nova vida.

Esperamos o ruivo todo mal humorado sair e trancar a van para juntos tentarmos se localizar nessa joça. Ino puxou três folhetos de sua mochila e deu um para Shikamaru e outro para Neji, alguns dos mais sensatos do grupo, o último deixou para Juugo. 

Após uma avaliada dos três, juntos tentavam completar o que haviam entendido do mapa, aonde estávamos e onde teríamos de ir. Shika arrumou a alça da mochila nos ombros e saiu na frente com Neji, nos guiando. Juugo dera seu folheto para Sakura que estava distraída com sua música no headfhone vermelho cereja. 

Possivelmente ela precisaria mais tarde, parecia estar em outra dimensão. 

Seguimos os dois morenos pelo campus, essa escola é maravilhosa, o gramado verde bem cortado, os arbustos podados em formatos redondos e quadrados, bancos de pedra branca, chafarizes pequenos e grandes por toda parte e o jardim bem cuidado com vários tipos de flores. Deve ser tão bom pegar um bom livro e sentar por aqui para ler. 

Então aos poucos o campus fica para trás e logo nos encontramos em um corredor longo com vasos de samambaias nos cantos. Paramos na divisão do corredor onde dá acesso a outro corredor com portas duplas de vidro no final, daqui consegui ver o espaço iluminado e uma mesa de madeira com um monitor, porta caneta e outros que não tenho certeza do que seja.

 - A secretaria é logo ali. Conversem com a Shizune, ela vai ajudar vocês.

 Ino disse apontando o final do corredor, Neji concordou e deu seu mapa a loira.

 - Nos vemos depois então. Vou tentar descobrir onde fica meu armário e temos que nos inscrever em alguma oficina a tarde, não esqueçam. 

- Até mais tarde, loira do banheiro. 

Sai brincou e ascenou de leve quando a mesma enfiou a cara no mapa e voltou pelo caminho que fizemos toda produzida na concentração.

 - E você, rosada?.

 Sakura sorriu de lado para Kiba.

- Meu armário é nesse prédio, segundo andar. Pelo que vejo aqui, o refeitório é mais a frente. Acho que vou ficar por perto, me liguem quando saírem. 

- Pode deixar. 

Kiba beijou o topo dos cabelos da Haruno, a mesma sorriu e seguiu em frente. Suigetsu suspirou e colocou as mãos nos bolsos frontais.

- Então, estão preparados?. 

- Eu já nasci preparada, fofo.

 Meu amado amigo Sai disse convicto. Rimos um pouco. 

- Vai dar tudo certo. 

Tentei incentivar a todos. Neji bufou.

- Claro que vai. É uma nova vida, lembram?. 

Sorri. Uma nova vida então.



Sakura



Na verdade eu nem sei onde fica esse raios de armário, só queria um tempo sozinha pra por a cabeça no lugar. Se Jiraya é o diretor desta Instituição, não duvido nada que Sasuke e Naruto estudem aqui.

 A última coisa que quero é encontrar os dois, já estou rezando pra ter mais de um terceiro ano nessa merda. Que Sai vire hétero se estudarmos juntos.

Cinco anos, e tudo mudou. Literalmente. Eu mudei e o mais lógico é que eles também tenham encontrado outro caminho a seguir, assim como eu escolhi meu caminho depois do acidente dos meus pais.

Sei que seguiram em frente, a nossa amizade, o trio que éramos, tudo isso deve ter permanecido no passado. Aposto que são novas pessoas e torço para terem voltado a ser amigos, mas a ideia de ter sido esquecida por eles, ou que seguiram em frente me magoa de uma forma que não pensei ser capaz.

 Infelizmente, os dois idiotas ainda tem um pedaço do meu coração reservados especialmente para eles. Onze anos de amizade não se esquece tão fácil.

 Espero não ter o azar de ser a única pensando assim. 

Depois de deixar o pessoal pra fazer a entrevista e Ino ter ido atrás de oficinas pra tarde, optei pelo tempo sozinha e vim atrás do refeitório, que está mais vazio do que o trânsito que percorremos até aqui.

O ambiente é grande igualmente ao resto da escola, com dezenas de mesas de inox redondas espalhadas ao redor e bancos giratórios pregados ao chão junto da mesa. O chão de pedra lisa, como mármore cinza e pigmentos pretos.

No canto esquerdo do refeitório, encontrasse um balcão grande e extenso, atrás dele vejo moças e algumas senhoras uniformizadas e adequadamente equipadas para servir a comida aos pouquíssimos alunos presentes. Não nego que meu estômago se contorceu ao ver os adolescentes com suas bandejas cheias seguindo em frente até um caixa onde teriam de pagar por tudo que pegaram.

 Bom, já que não pude tomar o café da manhã devidamente, nada mais justo do que comer agora, não?. Revirei minha bolsa de lado procurando minha carteira de couro surrada, coloquei meu cartão de crédito no bolso e guardei a carteira. Hora do ataque. 

A fila estava pequena, três minutos depois enchi meu prato com panquecas de chocolate com Nutella e morango, um copo de suco de laranja, um donuts com geléia de amora e um café forte pra tomar antes de entrar na sala. Se quisesse permanecer acordada e não levar advertência no primeiro dia de aula, terei de fazer esse sacrifício.

Depois de pagar e pedir pra embrulhar o dunots, escolhi uma mesa perto de um palco, só que com mais mesas, porém pareciam ser maiores do que as daqui de baixo, imaginei se não era uma extensão do refeitório. 

Hm, porque não?. Recolhi minha bandeja e minha bolsa, subi o lance de escadas até o "segundo andar" da cantina e sentei em uma das primeiras mesas. Além de comportar o grupo inteiro, tinha uma ótima vista do resto do ambiente.

 Só então percebo o olhar do pessoal que está sentado no andar de baixo, imagino que seja por eu ser aluna nova, me surpreende saberem que sou novata nesta escola com tantos alunos, mas o cabelo rosa deve ajudar. Ignoro os olhares e coloco meus headphones novamente, pego meu celular e seleciono Perfect Places da Lorde.

Comi as panquecas rapidamente, a comida daqui é divina. Aposto que estou lambuzada de Nutella, me limpo com o guardanapo e termino de beber o suco. Tirei meu donuts e o café, deixando os de lado e empurrei a bandeja pra frente, depois levaria.

 Mechi na bolsa novamente, tirando meu 6B e o caderno de desenho. Não tinha nada que eu quisesse desenhar de especial hoje, então lembro dos seres que tanto amo e os olhos de Hinata me vem a mente. A Lua, o universo... será esse mesmo.

 O tempo nunca passava quando eu pegava o lápis e algo em que pudesse desenhar, era meu mundinho particular, nada entrava nele sem ser convidado. Aos poucos, a Lua tomava forma e o que eu tinha como a visão do universo também.

Retirei meu estojo de guache e pó colorido da mochila e comecei a dar cores ao desenho, desejo profundamente que o universo seja tão lindo quanto nos meus sonhos. Seria uma pena se não fosse.

Mas como tudo o que é bom dura pouco, só percebi que o tempo passara quando algo fez a mesa, em que apoiava o caderno, balançar e meu dedo que antes pintava a Lua escorregar pelo papel e estragar o desenho. Puta que pariu, que merda é essa agora?.

Levantei meus olhos do papel e só então reparei nas três figuras a minha frente. Do lado esquerdo, uma loira de olhos violetas e corpo meio tábua de passar roupa com um sorriso escroto na cara, do meu lado direito, uma morena  com curvas exuberantes e um olhar cínico. 

Mas essas duas não me fez nem cócegas, o que estava me estressando mesmo, além do recente estrago no meu desenho, era a garota no meio delas. Depois de cinco anos, ainda tenho a boa sorte de encontrar ela primeiro, tomar no meu cu viu. Ruiva, sardenta, com cara de que chupou uma rola azeda antes de vir pra cá, uniforme de techlider quase mostrando a calcinha e uma pele tão branquinha que me deu vontade de fazer vergões. Ninguém menos e ninguém mais do que, Karin Uzumaki.

 - Que merda você pensa que está fazendo, novata? Ficou maluca?. 

A morena disse, empurrando a bandeja em minha direção até quase derrubar meu estojo no chão, se eu não tivesse pegado antes. A mesma sorriu com escárnio. 

- Aqui é o Olimpo, só a elite senta no segundo andar. E você, é só um lixo que não sabe seu lugar.

A loira complementou, meu Deus. Elas só podem ser malucas se acham que mandam em alguma porra. Olhei para Karin esperando uma reação, qualquer coisa, mas ela esta apenas assustada, como se visse um fantasma. 

Ao redor, todos nos encaravam. O refeitório inteiro havia parado para ver a cena, os olhares de antes não eram por eu ser aluna nova, eram olhares assustados, temerosos, todos sabiam o que ia acontecer. É isso o que acontece quando não faz parte da elite, mas o que essas pobres pessoas de mente fechada não sabiam, era que as coisas vão começar a mudar por aqui.

 Voltei meu olhar para Karin, a mesma estava petrificada, olhando atônita para mim. Sorri sarcástica, então o passado ainda te assombra, ruiva?. As duas garotas sorriam nervosas esperando o veredicto final de Karin, pelo visto a rainha do momento era ela. Mas o veredicto não veio e todos ainda seguravam a respiração esperando a Terceira Guerra Mundial explodir bem em suas caras.

- O que foi, Karin? O gato comeu sua língua?. 

Sorri de orelha a orelha quando ela arregalou os olhos.

 - Não pode ser você.

 Disse em um sussurro. A olhei de cima a baixo, as roupas mudaram e pelo visto o status também, mas porque será que a aura de vadia não?.

- E porque não seria eu?. Na verdade, quem você acha que sou?. 

Estreitei o olhos.

- Não pode ser, os seus pais, você... já faz cinco anos. 

Entortei a boca, a filha da puta tinha coragem de falar dos meus pais. Porém, Karin parecia atormentada. Gente, que exagero, ela sentiu tanto assim a minha falta?. Até que eu estava me divertindo com essa versão assustada da ruiva, entretanto a diversão acabou quando uma voz se fez presente no fundo.

 - Porra, Karin! Pega qualquer lugar e senta de uma vez, porque tem sempre que fazer intriga com todo mundo?.

 Então um loiro de olhos azuis se fez presente, reclamando que queria comer logo e que Karin só dificultava as coisas. Mas de repente, parou o falatório ao me ver, caralho, Naruto estava tão diferente.

 - Mas que porra...

Não aguentei, dessa eu tive que rir. O queixo do loiro só faltava ir ao chão, deixado a bandeja em cima da mesa e me olhando como se eu fosse um alienígena. Levantei rapidamente e dei a volta na mesa, me jogando nos braços do loiro, que ainda estava desacreditado. Senti tanta falta dele, meu Deus, era o mesmo calor da pele, o mesmo cabelo cheirando ao sol. Porra, agora ele era mais alto do que eu.

Não que fosse difícil, mas né. Estava tão feliz por vê-lo que nem considerei a hipótese de Naruto ainda estar puto comigo depois de todo esse tempo, mas descartei essa ideia após sentir seus braços me envolverem. Absorvendo todo seu calor, nossa que saudades.

 - Meu Deus! É você mesma! Cara, porque seu cabelo está rosa?.

Sorri pela descrença do loiro, era tão bom abraçá-lo novamente depois de tanto tempo, é igual a sensação de rever seu filme favorito depois de anos. Só agora percebo o quanto senti falta dessa ameba loira, parecia que não nos víamos a muito mais tempo do passou. 

Nos separamos e Naruto bagunça meu cabelo pra ver se não é peruca. 

- Meu cabelo é rosa mesmo, para de mecher nele, seu besta.

- Até o seu sorriso não mudou. O que está fazendo aqui? Você voltou pra NY?.

Me perguntou todo animado.

 -Voltei sim, estou morando num apartamento agora. E acho que possivelmente vamos ser colegas de turma. 

- Cara, isso é muita doidera. Depois de cinco anos, achei que só voltaria quando fosse mais velha. 

- Sou emancipada, bebê. Já posso ser considerada uma adulta. 

Disse me gabando. O loiro arqueou as sombrancelhas e sorriu irônico. 

- Ah claro, você só se esqueceu de crescer então.

- Posso ser baixinha, mas ainda consigo te dar uma surra.

Pulei o mais alto que consegui e enrosquei o pescoço do loiro em um mata leão, trazendo seu corpo para baixo até minha altura e estava quase jogando-o no chão.

 - Ah, ah, ah. Eu já entendi, você é foda pra caralho. 

Soltei o mesmo e não segurei uma risada.

 - Imbecil.

- Sua bruta, eu sou uma criatura sensível, tá?.

- Vai dar a bunda, Naruto. 

- Aff, sapatão, fica quietinha, fica.

 Eu já estava pronta para um novo nocaute mais um moreno de cabelos grandes interrompeu a porra toda.

- Sakura? Que merda ta acontecendo aqui?. Esse idiota está mexendo com você?.

- Idiota?. E você pensa que é quem?. A Barbie trans?.

Neji, como se brotasse das profundezas do inferno, se pôs entre mim e Naruto, que já estava irritado. Mais gente, que isso?. Olhei para trás das amigas de Karin e vi o grupo todo encarando o loiro e as sirigaitas com ódio mortal. Hinata subiu mais um degrau até se aproximar mais de nós, a tábua de passar roupa a olhou de cima a baixo. Opa, vai dar merda. 

Hinata pode andar por ai com roupas simples e as vezes parecer até hippie, mas acreditem que de pobre ela não tem nada. Caso eu não tenha dito, sua mãe antes de falecer, era uma socialite famosa, agora imagina as roupas de grife que a morena poderosa não usa por achar que são exageradas para o colégio? Ou por não querer ser definida pelas roupas que veste.

- Karin, temos de fazer alguma coisa. O que vai acontecer se toda ralé da escola achar que pode subir no Olimpo a hora que quiser?.

A loira disse irritada com a situação. A morena jogou os cabelos para trás e pôs a mão na cintura, em uma pose superior. 

- A Shion está certa, amiga. É nosso dever mostrar para os novatos que há uma hierarquia social neste colégio, e todos devem respeitá-la, sem exceções. 

Meu Deus, acho que nunca ouvi tanta merda em uma frase só desde que voltei para NY. Shion? Que ser humano dá o nome de Shion para uma criança? É revolta por não ter como abortar o feto antes ou o que?. Karin pareceu sair de Marte e se recompôs.

- Vocês estão certas. Naruto! Para de brincar com essa bichinha e volta pra realidade.

 - Bichinha é o...

- Neji, não perca seu tempo. 

Hinata interrompeu o irmão que já estava pronto pra fazer besteira no primeiro dia de aula. Naruto desfez a postura rígida e olhou contrariado para sua prima.

 - Veja lá, Karin. Eu não sei quem é esse povo, mas a Sakura nós conhecemos. 

A ruiva se virou para mim, ajeitou seus óculos e sorriu astuta.

 - Não me importa quem ela seja. Pra mim... não! Pra todos aqui, ela não é ninguém. Se quer se sentar no Olimpo, terá que fazer por merecer ou ter um convite formal de alguém da Elite. São as regras.

 - Neste caso, Sakura é minha convidada.

Naruto intercedeu raivoso. A tal de Shion me olhou torto.

- Então, meu amorzinho, ela pode ficar. Mas o resto deve se retirar. 

Amorzinho? Olhei para Naruto sem acreditar que até tábua rabugenta ele pega. Pelo amor. Interrompi essa palhaçada antes de Hinata voar no pescoço de alguma delas.

 - Escuta aqui, garota. Pra começar, de resto aqui só se for você, resto de aborto. E outra, não precisa se preocupar que eu não quero respirar o mesmo ar de gentalha igual a você. E Naruto, eu te amo, sinto sua falta, faz cinco anos, mas nós dois podemos conversar outra hora. Quem sabe uma em que essa tábua de passar roupa, o cabelo de menstruação e essa metida a vadia com o uniforme do tamanho da minha unha, não nos atrapalhe. Passar bem, e pede pro Sasuke me procurar. 

Peguei meus materiais rapidamente e a bandeja de comida, segurei a mão de Neji, que estava olhando atravessado para as outras pessoas do Olimpo que riam de nós, imaginando que estávamos com vergonha por sermos expulsos. E saí de lá o mais rápido possível com todos atrás de mim, olhei para trás por um momento e vi Hinata dizendo alguma coisa pro trio infernal antes de descer e vir conosco.

Ao longe vi Naruto a seguir com os olhos antes de me olhar. Sorri tristemente e voltei minha atenção para frente. Me parte o coração saber que meu loiro faz parte de um grupo como aquele. Qual será o tipo de pessoa que ele se tornou? Ou pior. Quem será que Sasuke é agora?.


Karin

 Acordei bastante animada pra uma segunda-feira, apesar do calor e de bom, ser uma segunda-feira, hoje é o dia em que teremos novas ovelhas para o rebanho. Novas ovelhas para eu cuidar. 

Fiz minha higiene matinal e coloquei meu uniforme de líder de torcida azul marinho, penteie rapidamente os cabelos e coloquei meu par de brincos de pérola, passei rímel e meu habitual batom vermelho. Arrumei a mochila e desci até o primeiro andar, logo Matsuri e Shion chegariam para me buscar. 

Olhando o visor do meu celular, ignorei a pontada no peito ao ver que Sasuke não respondera as mensagens que mandei ontem. Sinal de que fora mais uma farra durante a noite ou ele simplesmente me dando vácuo como sempre.

 Sasuke faz questão de mostrar o quanto nosso namoro é uma farsa ou melhor, uma bosta de namoro. Graças a Deus meus pais já foram trabalhar, não quero ter de explicar meus olhos marejados. Este é o único momento que consigo odiar Sasuke, quando ele faz eu me sentir uma porcaria de pessoa, esse lixo que não consegue fazer algo tão simples. Hoje, tudo seria diferente se eu tivesse conseguido fazer Sasuke se apaixonar por mim no começo. 

Mas fui muito burra e deixei que ele me usasse e se aproveitasse de mim até enjuar. Porém, as coisas melhoraram um pouco quando aquela vadia da Sakura foi embora, isso eu tenho que agradecer a ela. Usou os dois melhores amigos e depois foi embora. Deixou plantada para mim, uma sementinha de dor e fraqueza no Uchiha. 

A única coisa que precisei fazer depois disso, foi ficar com ele mais um ano e dois meses e deixá-lo tão louco e possesso achando que eu estava enrolando e enfim BAM!. Transamos. Nosso namoro estava selado. Eu podia não ser uma santa, mas minha família se reerguera das cinzas e agora os Uzumaki são de grande renome. Ele teria que me assumir perante a todos.

 Estamos juntos dês de que tínhamos catorze anos, são dois anos e dez meses de namoro, indo e voltando, com altos e baixos, mas juntos. E assim sempre seria. Nada podia atrapalhar meu sonho de véu e grinalda, nem mesmo as traições dele ou toda a cachorrada que ele faz. No fim, será eu e Sasuke no altar.  

Mas tem coisas que não consegui que ele fizesse para me agradar, para sanar minhas incertezas.

- Srt. Karin?.

Pulei de susto no meio da sala. A Sr. Johnson, governanta da casa me chamara suavemente ao longe.

 - Ah, oi?.

- Suas amigas chegaram, estão aguardando no carro lá fora.

- Tudo bem, estou indo. Até de noite.

Não esperei que respondesse e andei rapidamente até o hall de entrada, fechei a porta de casa e sai correndo pelo gramado até a Ferrari cor de rosa da Shion.

 - Olá, suas vadias.

Disse antes de apoiar na porta e pular para o banco de trás, me aconchegando. 

- Fala, piranha. Está animada? Novas ovelhas chegando. 

Matsuri disse enquanto retocava o gloss rosado na boca carnuda. Shion riu maldosa e deu partida no carro para continuar o percurso.

- Lógico que estou, será muito divertido. 

- Já estou até imaginando se terá alguma garota bonita, pena que a Maria Macho não conseguiu fotos.

 - E porque você está pensando nisso?.

Shion questionou confusa. Revirei os olhos.

- É óbvio, né Shion?. Se tiver alguma garota gostosa os meninos vão cair em cima. Eu não me importo muito, pelo menos assim Sasuke vai me dar um pouco de sossego. Não aguento mais transar, é delicioso e tudo, mais eu também quero fazer outras coisas. 

- Ah sua safada! Um boy como o Uchiha ao seu dispôr, eu ia querer dar o dia inteiro, toda hora!.

Matsuri disse, mordendo os lábios excitada. Shion riu e eu apenas controlei a vontade de matar essa vadia. Faz tempo que Sasuke não me procura, mas preciso manter as aparências, nem mesmo elas podem saber que ele me trai a ainda por cima não transa comigo. 

- Sabe, Karin. Acho muito maduro o seu relacionamento com o Sasuke. Uma relação aberta em que ambos os lados estão ativos sexualmente e contentes com o namoro é muito raro. Só acho estranho o fato de você ser mais discreta do que o moreno delícia. 

Shion argumentou. 

- Ah, você sabe como é. Nessa sociedade machista e patriarcal em que as garotas devem seguir um modelo de vida, não pega bem todo mundo saber com quem eu fico. O Sasuke é até aceitável, mas todo mundo ia se meter onde não é chamado na vida dos meus ficantes. Prefiro deixar em off mesmo. 

Como se eu tivesse algum ficante, estou na seca a tempos. Só o Sasuke que afoga o ganso, desgraçado de uma figa. Matsuri concordou.

- Meninas, estou com um problemão, preciso do conselho de vocês. 

- Fala Mat, estamos aqui pra isso.

 - Bom, é que o aniversário do Gaara está chegando e eu não tenho a mínima ideia do que dar pra ele, que presente você dá pra alguém que é rico e tem tudo?. 

- Eu não sei. O aniversário do Naruto já passou, e nós dois combinamos de não dar presente esse ano.  

- Ah que sorte a sua, Shion.

 - É mesmo. Mas acho que a Karin pode te ajudar, o que você deu pro Sasuke no ano passado?.

- Um colar. 

Respondi a contra gosto.

 - Verdade! Ele usa todos os dias, né? Ele é um amor. 

Matsuri disse. Amor? Ele pode ser tudo menos isso. Sasuke nunca usou meu presente, até duvido se ele guardou ou jogou fora. O colar que ele usa todos os dias é a clave de sol de prata que Sakura deu pra ele a muito tempo. Não tira pra nada, está sempre lá. Me lembrando constantemente de que uma garota que foi embora a cinco anos tem mais influência sobre ele do que eu, que estou aqui todos os dias e momentos. 

- É mesmo, um amor.

 Concordo frustrada. 

- Hhmm, que tal a porta dos fundos? Você ainda não liberou certo?.

Shion questionou a morena com sorriso malicioso. 

- Não, eu tenho medo, mas já faz um tempo que ele vem tentando.

- Perfeito! Se produz toda, fica com ele até o final da festa e fecha com chave de ouro, os homens adoram. Mas não esqueça do lubrificante, a coisa pode dar meio errado se você não levar. 

- Ok, pode deixar, valeu amiga. 

Ótimo, agora a Matsuri vai começar a dar o brioche dela. Mereço mesmo. Minutos depois, chegamos ao colégio. Estacionamos ao lado de Naruto que estava encostado no capô de seu carro. Desci da Ferrari e tive de esperar Shion pular no pescoço do meu primo e enche-lo de beijos. Cruz credo. 

Após o tornado Shion, abracei aquele cabeça oca que tanto amo. Saímos dali e íamos até o refeitório tomar café, estou cheia de fome.

- Naruto.

Chamei baixo ao seu lado, aproveitando a distração das outras duas.

- Não sei onde ele está, Karin. Conversei com ele sábado a noite, mas no domingo o babaca sumiu. Não se preocupa, Sasuke nem é doido de não vir hoje, o treinador Gai mata ele de flexão se faltar sem justificativa médica. Temos treino, lembra?.

 Concordei constrangida. Não era a primeira vez e não seria a última em que eu teria de perguntar ao Naruto onde Sasuke se meteu. Meu namorado dá mais satisfação ao seu melhor amigo do que a mim, a "namorada".

Entramos no refeitório e Naruto ja fora pegar sua comida, eu e as meninas vamos primeiro ao Olimpo escolher a mesa antes de tomar café. Subindo os degraus, comprimento alguns universitários a direita e outros no fundo, não vejo Itachi por aqui, ele costuma chegar cedo. Será que também está com Sasuke?.

- Karin!.

- Que foi?.

Parece doida, me puchando do nada.

 - Olha aquilo.

Matsuri apontou para uma garota de cabelo rosa e roupa estranha. Tatuagens, piercings, com certeza uma das novatas, não tínhamos ninguém assim por aqui. Normalmente eu a ignoraria até tocar o sinal e todos entrarmos na sala, mas hoje não seria possível. Por que a idiota estava sentada no Olimpo. Uma novata, Zé Ninguém, sentada onde apenas a Elite tem direito. 

Nos aproximamos, balancei a mesa fazendo a garota que parecia estar em algum tipo de transe, prestar atenção em nós. Porém, na hora em que seus olhos verdes miraram os meus, algo dentro de mim se quebrou.

 Era ela. Depois de cinco anos, depois de toda a porra de cinco anos, ela resolve voltar. Justo na época em que Sasuke está descontrolado, em que estamos mais distante, quando nem sexo comigo ele quer mais. Quando meus sonhos iriam se concretizar em dois anos, depois de acabar o colegial íamos noivar e aí casar no segundo ano de faculdade.

 Ia dar tudo certo, então porque eu sinto que foi meus sonhos se quebrando agora a pouco?.

Naruto a recebeu de braços abertos. Até você, primo? Não lembra do que ela fez? De como ela te usou e te magoou? Porque está abraçando-a e conversando como se fossem velhos amigos? Não tem mais raiva dela?. Porque ela tem que ter tudo de volta depois que foi embora?. 

Sasuke. Ele não pode vê-la, não pode saber que ela voltou. Tudo vai dar errado, não foi isso que planejei, ela tem que ir embora, aqui não é mais o lugar dela. 

Vá embora! Isso mesmo, pegue seus amiguinhos e vá embora antes que Sasuke chegue e te veja aqui. Preciso me organizar, planejar tudo novamente. Sinto muito, Naruto, mas você não vai entender. 

- Não me importa quem ela seja. Pra mim... não! Pra todos aqui, ela não é ninguém. Se quer se sentar no Olimpo, terá que fazer por merecer ou ter um convite formal de alguém da Elite. São as regras. 

Disse tentando expulsa-la daqui o mais rápido possível. Me perdoe, primo. Mas ela não pode ficar. Aos poucos, voltei a mim por completo, Sakura me desestabilizou de uma forma que não pensei que ela fosse capaz. Mas é apenas o estresse, Sasuke está me esgotando psicologicamente falando.

Estava quase aliviada por não não ter de olhar naqueles olhos verdes que tanto me trazia o passado, todo esforço e sacrifício que fiz para o Uchiha me levar a sério. Mais o maior dos obstáculos que nunca consegui superar era ela, a própria, depois de tanto tempo. Vendo ela descer os degraus do Olimpo e levar consigo sua trupe de amigos, menos uma, que permaneceu nos olhando mortalmente. 

Morena, baixa, corpo escultural, pele quase translúcida, olhos claros e cabelos azulados de tão preto. De fato, ela era linda, Naruto estava hipnotizado, pelo visto Shion teria uma adversária. 

- Os seus amigos já estão indo, é hora de você vazar daqui também ratinha.

 A loira disse maldosa. Entretanto, a morena apenas estufou o peito e cruzou os braços, nos olhando como se fôssemos os verdadeiros ratos da história.

 - Eu disse ao meu irmão para ele não perder tempo com pessoas iguais a vocês, mas só o reprimi porque ele é bem mais estourado do que eu. E bem diferente dele que não pode por a mão em vocês três, eu posso ajeitar essa tua cara no tapa a hora que você quiser, querida. Então presta muita atenção, a Sakura pode até ter encerrado a discórdia por agora, mas ainda temos o ano todo pra nos trombarmos.

Olhou com desprezo para cada um de nós antes de virar as costas e ir embora. Todo o Olimpo nos olhava confuso, ninguém retrucara a ameaça. Ignorei a todos e me sentei na mesa em que a maluca rosada sentava minutos atrás. Naruto sentou ao meu lado me encarando com raiva. 

- Cara feia pra mim é fome. 

- Não tem graça, Karin. Você sabe o que a Sakura significa pra mim e para o Sasuke, custava deixar ela e os amigos ficar aqui só hoje?. 

" O que significa pro Sasuke..." Sim ela representa algo para eles. Algo que eu nunca serei. 

- Custa a minha paciência. Temos regras, você sabe muito bem e as cumpre ao pé da letra, ela mal chegou e você já ia fazer merda por ela. O que acha que os universitários vão dizer de nós no conselho?.

- Vão dizer porra nenhuma. Simples. Sasuke e eu representamos os colegiais, enquanto Itachi e Pain os universitários, todos conhecemos a Sakura, não ia acontecer nada.

Claro, me esqueci disso. O fato de que meu cunhado prefere aquela coisa rosa mil vezes mais do que a mim. Isso porque ele nem sabe que ela voltou, quando souber então.

 - Naruto já deu, né? Vamos comer, preciso ir pegar lanche, os nerds ainda não estão servindo. 

- Você só tá com medo. 

- O que? Tá maluco? Medo de quem? Dá Sakura? Eu tenho poder o suficiente pra amassar aquela garota igual inseto dentro deste colégio.

 - Não seja idiota. Você está com medo sim. Medo de que o Sasuke veja ela depois de tanto tempo e perceba as merdas que anda fazendo. Tem medo de que ela seja a resposta pra tudo, de que ela consiga mudar o Sasuke e trazer aquele garotinho por quem você se apaixonou quando éramos crianças. Tem medo de que seja ela que o Sasuke precise para mudar e amadurecer, e não de você. Mas como sempre, prima, você já sabia disso a muito tempo não é?. 

Olhei atônita para Naruto, engolindo cada palavra do que ele disse e sabendo que era tudo verdade. A verdade dolorosa batendo na minha porta a muitos anos. Shion e Matsuri me olhavam espantadas e como se para isso virar um pesadelo completo, Sasuke aparece subindo os degraus do Olimpo com Itachi, Pain, Obito e Shisui em seu encalço. 

O moreno mais novo da bom dia as meninas e se senta ao lado de Naruto, sem nem me olhar um momento sequer, o que não passa despercebido por elas que agora entendiam minha real situação no namoro. Os outros nos comprimentaram e estavam quase dando as costas para ir com os universitários quando Naruto os chamou.

 - Vocês vão gostar de saber disso.

- O que pode ser tão importante pra você pensar que o bando de idiotas do meu irmão fosse se interessar?.

Sasuke brincou, levando um soco no ombro de Pain. Pelo visto a noite fora ótima, ele estava de bom humor. Naruto riu com os demais da careta brava do Uchiha atingido, mas logo pigarreou e voltou a falar. 

- Então, tenho boas notícias.

- Os novatos, certo?. Deve ter garotas de peitos grandes e com gosto de cerveja pra vocês ficarem tão agitados com alunos novos.

 Pain comentou, mal sabia ele. Naruto revirou os olhos e prosseguiu. 

- Na verdade é algo bem mais legal que isso.

 - Mais legal que peitos grandes e cerveja?.

Sasuke perguntou pasmo.

- Sim, neste caso, bunda grande. 

- Oi?.

Shisui questionou e Itachi com sua postura calma pareceria estar perdendo a paciência.

- Fala de uma vez, caralho. 

- A Sakura voltou, é uma dos alunos novos e agora está de cabelo rosa. 

Soltou de uma vez para logo depois fazer pose. O grupo ficou estático, digerindo a informação. A dor foi mais forte quando o rosto de Sasuke se iluminou com um sorriso, do tipo que mostrava os dentes, o sorriso que ele só dava no aniversário da Dona Mikoto e olhe lá. Desviei o olhar não suportando ver aquilo por mais tempo, ele estava feliz por ela ter voltado.

- Onde ela está? Porque você não pediu pra ela esperar aqui até eu chegar?.

Mordi os lábios nervosa, Naruto com certeza tiraria o dele da reta me entregando.

 - Pergunta pra sua namorada, ela praticamente expulsou a Sakura e os amigos dela daqui do Olimpo, por causa da hierarquia social e blá, blá, blá. 

Senti o olhar de Sasuke sobre mim pela primeira vez até agora, e não foi nada bom. 

- Depois a gente conversa sobre isso, Karin. 

Assenti muda. 

- Que amigos são esses?. 

Itachi perguntou.

- Sei lá, eles parecem ser bem unidos, mas são um pouco esquisitos. 

- Não importa, ela voltou. Tenho que encontrá-la. 

Naruto engoliu mais um pedaço de seu sanduíche antes de continuar.

- Apaga esse teu fogo no rabo e espera o sinal, nesse tamanho de colégio dúvido que a encontre antes de entrarmos na sala. Ela está muito diferente, já aviso. Mas como eu disse, vai pela cor do cabelo que não tem erro. 

Depois de mais algumas palavras trocadas, Itachi e seus amigos foram com os universitários, Sasuke acompanhou as meninas até a fila do lanche e Naruto permanecerá em silêncio, ele também ficara bravo comigo. 

 Sakura já estava mudando as coisas por aqui sem nem perceber, mas quem eu quero enganar? Isso ia acontecer, mais cedo ou mais tarde, ela foi apenas o estopim. 

Suspirei cansada, o dia está apenas começando e pelo jeito, vai ser uma merda. 



" A pior mentira, é aquela contamos a nós mesmos".


























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