História You Should Know - Capítulo 3- All that matters.

Capítulo 3- All that matters.

NARRADOR

Amelie passou alguns segundos sem reação. Ela estava confusa e um pouco perdida, já que Tom não havia comentado nada sobre Elle, e muito menos o Harrison. E para ela isso não era algo a se esconder. A menina olhou para Harrison em busca de alguma ajuda  e ele caminhou para perto dela. 

Elle continuava parada na porta do quarto encarando Tom, que não sabia o que fazer. Ele não comentou sobre a namorada porque não tinha se importado com isso. Não que ele não gostasse dela, mas apenas achou que não tinha importância para o momento. E muito menos sabia que ela ia aparecer assim em sua casa. 

Nikki se levantou falando que iria deixar os jovens sozinhos para aproveitarem o resto da noite e cumprimentou Elle antes de sair. A menina loira virou totalmente a atenção para Amelie, que decidiu ir lhe cumprimentar. Elas se abraçaram desajeitadamente, e para Amelie havia sido até desconfortável. 

AMELIE HARRIS POV.

O clima no quarto continuava meio tenso, mas agora a atenção de Elle havia voltado para Tom. Haz me olhou tentando passar segurança e eu relaxei um pouco, mas ainda estava com medo por Tom. Eu não quero me tornar um empecilho na relação dos dois e espero que ela entenda que eu sou apenas uma amiga para ele. 

-Nós poderíamos assistir um filme, o que vocês acham? - Harrison falou, cortando o silêncio constrangedor do quarto e eu e Tom concordamos rapidamente. 

Nos arrumamos na cama de modo que coubesse todos nós e eu acabei ficando na ponta, para não ficar perto do Tom e irritar mais a namorada dele. Harrison me abraçou para nos dar mais espaço e Tom nos olhou estranho, mas eu eu resolvi ignorar e focar no filme. Lidarei com ele depois.

Por mais que estivéssemos distraídos pelo filme ainda era possível sentir o clima tenso rondar pelo quarto, e isso estava me deixando bastante desconfortável. Então aproveitei que já estava um pouco tarde e decidi ir para casa. 

-Bom, já deu minha hora. -falei, me soltando de Harrison e levantando da cama. 

-Mas você vai sozinha? -Tom perguntou, com os olhos arregalados e sentou-se na cama. 

-Eu levo ela. Também vou para casa. -Harrison falou, e eu sorri agradecida. 

-Eu vou também.

-Thomas...- Ellie falou, o repreendendo e ele ficou envergonhado. 

-Eu vou com o Harrison, você não precisa se preocupar com isso. 

Tom assentiu um pouco emburrado e descemos. Me despedi de toda a família e isso demorou alguns minutos, pois Paddy não queria me soltar e Tessa não parava de pular em mim. Pude sentir o olhar de Elle queimar em mim quando eu fui abraçar Tom, mas resolvi não falar nada, já que isso só causaria mais confusão. 

O caminho até a minha casa foi calmo e eu e Haz conversávamos sobre coisas aleatórias, até que eu não consegui aguentar e lhe perguntei sobre Tom e Elle. 

-Por que ele não me contou? 

-Isso você vai ter que perguntar a ele, mas eu tenho certeza que ele apenas se esqueceu ou preferiu aproveitar que você está aqui. 

Paramos em frente a porta da minha casa e Harrison me segurou pelos ombros, enquanto eu ainda lhe olhava pensativa. 

-Mas isso não é algo que você simplesmente se esquece de contar, Haz. 

-Ame, ele sentia sua falta. Bastante. Talvez ele só achou que isso seria assunto para depois. 

-Tudo bem, amanhã eu falo com ele. 

Haz apenas assentiu e me abraçou forte. 

-Boa noite, Ame. 

-Boa noite, Haz. -falei sorrindo enquanto ele se distanciava de mim. -E obrigada. 

Harrison acenou com a cabeça e continuou o seu caminho, quando ele virou a esquina eu entrei em casa. Pelo silêncio vovó já estava dormindo, então fui direto para o meu quarto. 

Tomei um banho para relaxar e minutos depois já estava deitada na minha cama checando meu celular, que havia algumas mensagens de Tom perguntando se eu já estava em casa. 
‘Cheguei em casa e fui direto para o banho, por isso não respondi antes. Obrigada por hoje Tom, foi bom te rever.’ 

Respondi algumas mensagens dos meus pais e enquanto esperava pela resposta de Tom, decidi colocar um desenho qualquer. 
‘Eu imagine. Me desculpe por mais cedo, realmente quero te explicar tudo, mas hoje não dá mais. Podemos conversar amanhã?’ 
‘Você pode almoçar aqui em casa se quiser.’
‘Eu topo. Amanhã estarei aí. Boa noite, Ame. Dorme bem.’
‘Boa noite, Tommy. Espero que esteja tudo bem por aí. Durma bem.’ 

Decidi colocar meu celular para carregar e fiquei assistindo o desenho até cair no sono.

Fui acordada por um ser humano pulando em minha cama e gritando meu nome às 11 horas da manhã. Abri os olhos de leve só para confirmar que era Tom e o empurrei, fazendo ele cair quase deitado na minha cama. Ele se arrumou e ficou deitado de frente para mim, me encarando, como ele sempre fazia quando éramos menores. Porém tudo agora parecia diferente. Parecia mais intenso, pelo menos para mim.

-Bom dia, flor do dia. -ele falou, sorrindo e tirando uma mecha do meu do meu rosto.

-Ah para eu nem dormi tanto assim.- Falei, revirando os olhos e ele riu. 

-Ame, você praticamente hibernou. Como sempre.

Digamos que eu seja o tipo de pessoa que dorme bastante e isso sempre foi motivo para o Tom me zoar e usar apelidos como "ursinha" comigo. Eu sempre reclamei, mas no fundo eu amava. Era uma forma dele demonstrar carinho e eu apreciava bastante isso. 

-Eu não queria quebrar o momento, mas você quer conversar agora? -ele falou, acariciando minha bochecha e me olhando intensamente. 

-Vamos comer antes e depois a gente volta para o quarto e conversa. -eu falei, sorrindo fraco e tentando controlar a vergonha. -Eu vou tomar um banho e a gente desce. 

Tom apenas acenou com a cabeça e se afastou de mim, para eu poder levantar da cama. Peguei uma muda de roupa e corri para o meu banheiro tomar um banho. Tentei ao máximo não demorar, até porque eu estava faminta, então apenas levei 15 minutos para ficar pronta. 

Tom e eu descemos e o almoço já estava pronto. Vovó comentava com Tom o quanto estava feliz por eu estar de volta e ele só concordava. Eu sentia falta dessa animação da vovó ao ver o Tom. Ela sempre gostou muito dele e ele dela, então todos os almoços eles conversavam como se fossem melhores amigos, e hoje não foi diferente. 

Nos oferecemos para lavar os pratos e vovó agradeceu, subindo para tirar uma soneca. Passamos mais tempo que o esperado lavando os pratos, já que meu querido amigo resolveu fazer uma guerra de sabão, me deixando toda melecada e molhada, mas ele não ficou muito diferente. 

Subimos para o meu quarto e eu tive que trocar de roupa, enquanto ele se secava. Ficamos deitados na minha cama apenas comendo jujubas e nos encarando, como se estivéssemos tentando tomar coragem para falar alguma coisa. 

-Eu te devo uma explicação. -ele falou, se sentando e eu acompanhei seu ato. -Antes de tudo eu quero que saiba que não foi porque eu não confio em você e nem nada do tipo. 

-Tom, você só precisa falar se quiser e independente do que for eu vou te entender. -eu falei, sorrindo e ele sorriu puxando minhas mãos para segurá-las. 

-Eu quero me explicar, na verdade eu acho que devo fazer isso. Você é a minha melhor amiga, Amelie. E isso nunca vai mudar independente da distância. -ele falou, acariciando minhas mãos. -Eu não contei sobre Elle, porque eu queria aproveitar o tempo com você. Eu só achei que não precisava contar naquele momento, sabe. Eu só queria recuperar o tempo perdido. Eu senti muito a sua falta e te ver ali na minha frente depois de tantos anos, só me fez esquecer de qualquer coisa.

-Eu realmente entendo, Tom. Eu só fiquei confusa. Mas é bom saber que nada mudou entre nós.  

-Ame, me tira uma dúvida. -ele falou, mudando para um semblante meio triste e eu assenti ficando preocupada. -Por que você se afastou?

Eu respirei fundo tentando controlar a minha respiração, que ficou falha. Eu mordi o lábio e encarei seus olhos tristes, que fez com que eu me sentisse mais culpada que o normal. 

-Quando a gente começou a se falar menos que o normal, eu comecei a me sentir deslocada. Eu não me sentia mais fazendo parte da sua vida e acompanhar tudo de longe me desanimava, porque eu só imagina como seria estar ao seu lado a cada audição para um filme, a cada papel ganho, a cada tudo. E quando eu percebi que isso não aconteceria eu resolvi me fechar, manter a distância para não sofrer mais do que eu já estava. Eu realmente sei que fui egoísta e deveria ter conversado com você, mas eu estava bem perdida. 

Eu o olhava atenta a cada palavra, até que comecei a chorar. Quando eu terminei de falar ele limpou minhas lágrimas e segurou meu rosto, sorrindo para mim. 

-Eu sinto muito se te fiz sentir deslocada, nunca quis isso. É só que tudo ficou tão rápido e diferente, eu não tinha tanto tempo quanto antes. Eu passei a trabalhar mais duro e acabei deixando de lado uma das pessoas mais importantes da minha vida. -ele falou, com os olhos vermelhos e eu pulei em seu colo, o abraçando. 

-Não se culpe por isso, Tom. O pior já passou. O que importa é que agora eu estou aqui com você novamente. 

Passamos o resto da tarde comendo jujubas e vendo filmes. Eu sentia falta de passar tempo com alguém fazendo esse tipo de coisa e antes de me mudar para longe, Tom era minha companhia. As vezes Harrison se juntava a nós, mas sempre acabávamos em filmes de terror e nunca dava certo, já  que o loiro sempre dava chilique e sobrava para mim. 

-Olha só esse gato como é sinistro. É disso que eu falo toda vez. -Tom falou, apontando para a tela da televisão com uma expressão pasma no rosto. 

-Deixa de ser dramático, Thomas. -falei, revirando os olhos e ele mostrou a língua para mim. -Aliás, eu vou adotar um gato. 

-Oi? 

-Um gato. Eu vou adotar um gato amanhã. Eu achei um abrigo super legal. Quer ir comigo? -ele fez uma careta e eu o olhei debochada. -Ah então deixa que eu vou com o Harrison.