História You smile I smile - Killian Jones

 Estacionei em frente ao estúdio de August e mandei uma mensagem avisando que já estava ali, o mesmo me respondeu dizendo que já iria ao meu encontro.

Na fachada havia umas centenas de imagens juntas que formavam um única grande paisagem. Que sacada, imagens formando uma imagem! Iria me lembrar de elogiar August pelo trabalho.

_Bela fachada não é mesmo, loirinha?

Aquela voz.

_Killian! - Disse surpresa - Jones. - soei irritada assim que vi a garrafa de rum em uma das suas mãos.

_Surpresa?

Ele estava péssimo, roupas que deveriam ser da mais alta costura e sem dúvidas caríssimas, estavam sujas. Sua barba estava por fazer e o cabelo bagunçado, alguns cortes no rosto, próximos ao lábio e um na sobrancelha esquerda. Eu diria que ele tinha acabado de se meter em uma briga.

_O que aconteceu com você? - perguntei mais triste do que brava

_Além de você ter me deixado, e me trocado por Regina? Nada!

_Você está bravo por isso?

_Claro que não! Eu até apoio vocês...

_Vou ligar pro seu pai, você está muito bêbado pra saber o que fala ou faz!

Peguei meu celular e assim que disquei os números e levei o telefone até a orelha, Killiam praticamente voou para cima de mim, arrancado-o de minhas mãos e desligando.

_Você está louco, Killian!!! - Gritei

_Você não vai ligar pra ninguém! Hoje somos só você e eu. Nós vamos conversar.

Seu bafo de álcool era notável e tão perto como ele estava, era quase insuportável.

_Me solta! Não temos o que conversar.

_Quieta, Swan!! - Ela me prensou contra o carro - Eu disse que nós vamos conversar, por bem ou por mal... Você decide!

_Eu não vou conversar nada com você nesse estado, Killian. Me solta, agora!!! - disse autoritária

_Que seja por mal então!

Killian me segurou forte e colocou um pano em meu nariz que tampava minha boca também. O cheiro era forte, muito forte, senti que aos poucos fui perdendo a consciência e já não conseguia mais me debater e tentar empurrá-lo, nem mesmo gritar. Até que por fim tudo ficou preto.

~

Acordei em um lugar escuro. Estava sentada, e meus tornozelos e punhos amarrados a uma cadeira. Eu estava zonza, mas aos poucos fui recobrando a consciência e memória.

Killian!

Lembrei imediatamente dele e tentei me soltar desesperadamente, mas estavam muito bem amarrados. Não me lembro do Killian comentar que tinha sido escoteiro! Quanto mais eu tentava me desamarrar, parecia que as amarras me prendiam cada vez mais a cadeira. Olhei para os lados, mas não via nada, tudo era extremamente escuro e quieto, não havia movimento de carros ou de pessoas no exterior. Pelo barulho de eco da cadeira ao bater no chão, quando me movia para tentar me soltar, deduzi que onde estava era um local de tamanho médio. Escutei barulhos no lado externo, passos se aproximando. Parei de me mover, meus ouvidos estavam mais aguçados, um barulho de chaves, a porta sendo destrancada, o ranger da mesma se abrindo, algumas luzes invadiram o local e um homem entrou, apertando um interruptor fazendo com que luzes se atendesse dentro do cômodo.

Abaixei a cabeça por alguns instantes, pois a luz era forte naquele momento de após alguns minutos na escuridão.

_Vejo que acordou!

_Me solte, Killian!

_Está com fome? O que quer comer? - ele parecia estar sóbrio e ser como o Killian de antigamente.

_Eu quero que você me solte!

_Isso não é comida e nem mesmo possível!

_Por que você está fazendo isso?

_Por que eu quero passar um tempo com você! Só nos dois! - ele se aproximou e se agachou, desafrochou as cordas dos meus tornozelos e depois dos meus punhos - Vamos conversar, como era antes!

Ele falava manso e baixo, estava calmo.

_Podemos conversar, você não precisava fazer isso!

_Infelizmente eu preciso, Emma!

Se levantou e caminhou em passos tranquilos até a parede que estava em minha frente, se sentou no chão apoiado na parede atrás de si, esticou uma perna e apoiou os braços sobre a outra dobrada.

_Eu não vou lhe fazer mal! Juro.

Aquele voz suave, aquele era o Killiam!! O Killiam Jones que eu conhecera!

_Ok! Mas então por que você está fazendo isso?

_Você já me perguntou isso, Emma! - ele soou triste

_E você não me respondeu.

_Argh! - Bufou abaixando a cabeça

Alguns segundos se passaram e o silêncio era insuportável!

_Você está sóbrio?

_Isso foi uma pergunta ou uma constatação?

_Uma pergunta!

_Estou! - levantou a cabeça e olhou para mim - Eu quero poder me lembrar desse dia, de você!

_Amarrada?

Eu não estava realmente amarrada, mal sentia as cordas, mas queria que ele sentisse peso na consciência.

_Você irá me perdoar!

Mas uma vez um silêncio! Interrompido por Killiam dizendo que pegaria comida e água. Voltando em seguida com um Milk-shake, batata frita, alguns doces, frutas e, claro, água!

Andou até o fundo do cômodo, uma parte na qual eu não conseguia ver o que acontecia, escutei o barulho de algo sendo arrastado e em seguida pude ver que era uma cadeira. Killian posicionou-a e sentou de modo que o ficamos frente a frente.

_Se não se importar irei lhe dar comida! Somente hoje, depois você poderá comer sozinha.

_Por quanto tempo irei ficar aqui?

_Não muito. Não demorará muito para que te achem.

Ele me deu algumas batatas com todo o cuidado

_Como sabem que estão me procurando?

_Eu ainda não sei, mas isso é certo. E eu serei o primeiro suspeito, sem dúvidas!

_Se você sabe disso porque não me deixa ir?

_Chega de perguntas, loirinha. Coma, depois conversamos.

A noite ele me desamarrou e eu dormir em um colchão que tinha ali.

Um dia havia se passado e Killian estava totalmente tranquilo, ele já me deixava comer sozinha, depois que soltou por completo as minhas mãos para que eu pudesse ir tomar banho e dormir, ele não mais as prendeu, nem mesmo os tornozelos. Eu não sabia o porquê mais eu sabia que não demoraria muito tempo pra me encontrarem, e por isso eu não tentava fugir, e fugir do quê?

Jones e eu conversavamos sobre tudo e sobre nada. Ele se sentava no chão encostado na parede de frente para mim e por horas ficávamos assim. A maior parte do tempo ele fica ali comigo, um lugar mal iluminado porém fresco e limpo, só saía para buscar alimentos ou quando eu fui tomar banho e me deitar. Havia um banheiro ali também. Era muito iluminado, diferente do quarto, foi nele que tomei banho. Killian me deu uma toalha limpa, mas tive que colocar a mesma roupa que estava vestindo. 

Na maior parte do tempo eu pensava em Regina, e em seu desespero. Pensava em Ruby, Daniel, em meus pais e até mesmo em August, sumi em frente ao seus estúdio. E todo o desespero que eles deveriam estar sentido sem notícias minhas. Mas eu estava bem, e eu só queria que eles soubessem disso, porém era impossível, e pensar na agonia que eles deviam estar sentido era o que mais me preocupava em toda essa situação.

No meio da tarde, após um dia que estava naquele lugar. O celular de Killian tocou pela primeira vez. Um bipe, interrompeu a nossa conversa.

_É loirinha,  parece que a sua estadia aqui está chegando ao fim! - disse ele ainda olhando no aparelho

_O que quer dizer?

_Seus salvadores e a lei estão a caminho!

Eu não entendi o que ele quis dizer e muito menos quando ele saiu rapidamente do quarto e voltou com duas garrafas de Rum e as bebeu em questões de segundos. Fiquei aterrorizada com a cena que acabei de presenciar, meus olhos não acreditavam no que acabará de ver.

_Emma! - Ele disse já bem embriagado - Me perdoa!

Ele pegou as cordas e as colocou novamente em meus pulsos e tornozelos. As apertou com toda a força o que machucou instantaneamente meus pulsos. 

_Killian, está me machucando!

_Eu sinto muito.

Apertou as cordas em meus tornozelos.

Eu não entendia aquela atitude repentina dele, já que as cordas ficavam no chão o tempo inteiro.

Colocou uma venda e uma fita em minha boca. Eu quis gritar, mas não podia. Me mexi mas as cordas estavam muito bem amarradas. Senti suas mãos em meus braços e antes de sentir uma dor por ele estar os apertando, escutei ele dizer baixinho "Me Desculpe!".

Jones desabotou minha blusa e passou a mão em minhas coxas. Eu me mexi freneticamente pra impedir qualquer outro contato íntimo. Ele não iria fazer aquilo!! Ele não podia fazer aquilo comigo!! Minha respiração era ofegante e eu não parava de me mexer.

_Calma! Eu nunca faria isso com você. Nunca! - Ele abotou novamente a minha blusa e passou a mão em meus cabelos, até eu me acalmar.

Mais uma vez escutei o bipe no celular dele. Escutei ele se afastando e escutei o som do que parecia ser uma garrafa sendo aberta!

Ele estava bebendo novamente????

Minutos depois escutei o barulho da garrafa sendo colocada no chão. Ele tinha saído do quarto e escutei  muito barulho de coisas caindo, coisas sendo quebradas. Mas logo sessou. Mas uma vez escutei os passos arrastados de Killian.

_Emma! - Ele disse entre lágrimas, era nítido. Ele estava chorando

_Emma me desculpe, mas eu tenho que fazer isso.

Sua voz embargada pelo choro e enrolada pela embriaguez me deixou com o coração na mão. E o que ele tinha que fazer??

Um tapa em meu rosto! A sua mão pesada acertando em cheio o meu rosto. Lágrimas de dor escorreram pelo meus olhos. Eu senti ódio eterno dele. Maldito!!!

_Me perdoa, Emma! Me perdoa, me perdoa, me perdoa!

Ele me abraçou e acariciou milhões de vezes o local onde havia sido esbofeteada, enquanto repetia sem parar aquelas mesmas palavras.

Ele estava chorando de soluçar. Eu não sentia mais raiva, eu queria o abraçar. Por algum motivo aquele Killian bêbado que estava ali comigo não se parecia nada com aquele outro que vi um dia atrás. Eu tinha medo daquele Killian, mas esse, mesmo com o efeito do álcool. Eu não sentia medo algum, mesmo com o tapa, eu não sentia medo algum. Ele era o Killian Jones que eu conhecera, o meu grande amigo, o cara que eu quase me casei.

Escutamos muito barulho de carros e uma sirene. Era a polícia!

_Emma, terei que te deixar aqui sozinha agora.

"KILLIAN JONES, VOCÊ ESTÁ CERCADO! SAIA COM AS DUAS MÃOS PARA CIMA E ONDE POSSAMOS VÊ-LAS!!!"

Uma voz ao longe, junto com altas batidas em algum lugar, gritou.

_Eles estão na porta, então eu preciso ir! - Dava pra sentir o seu nível de adrenalina em sua fala

_Eu te amo! - encostou a sua testa na minha

"KILLIAN JONES ABRA A PORTA É A POLÍCIA!!!"

_Me desculpe! - Beijou minha bochecha onde antes ardia com o seu tapa.

Senti ele se afastar, logo a porta se abriu e se fechou em seguida rapidamente. O trinco foi passado e a porta trancada. Alguns segundos de silêncio até que...

_Deite-se no chão, mão na cabeça!!!!

Muito barulho e passos por todos os lados. Batidas na porta, pessoas gritando por mim. Eu me senti zonza, muita coisa estava acontecendo. Minha cabeça era bombardeada pelos barulhos capitados pelo meu ouvido.

Em fim, a porta se abre. Pessoas me desamarram da cadeira, me sinto livre. Tudo parecia passar em câmera lenta, quando tiraram, de uma vez a venda. Vejo que são alguns policiais, um deles está cara a cara comigo, me perguntando algo, mas eu não consigo decifrar o que é. Sinto minha cabeça rodar, meus olhos percorrem o quarto e de repente tudo fica embaçado. Eu apago. 

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Abro meus olhos e o que vejo são muitas coisas brancas por todo lado e em todos os lugares. Eu estou em um hospital.

_Emma?!

_Regina!

Ela me abraça forte, forte mesmo. Da onde tinha vindo toda aquela força? Saudade, preocupação, alívio, eu acho.

_Graças a Deus você está bem! Eu senti tanto medo!

_Regina, eu estou bem.

_Sim, agora está! Eu sei!

_Olha quem acordou - Um homem alto, com cabelos grisalhos, aparentando ter seus 50 e poucos anos em uma boa forma e sanidade.

_O que aconteceu, porque estou aqui?

_Você desmaiou, ficou desacordada por uns bons minutos, mas nada que deva se preocupar. Você passou por um estresse muito grande e isso pode acontecer, até mesmo em pessoas duronas como você!

Ele dizia sem parar e a todo momento me examinando.

_Seus sinais vitais estão bons, seus reflexos também. Suas marcas iram sair com o tempo, indicarei uma pomada para ajudar e analgésicos para a dor!

Marcas? Olhei para meus braços e punhos. Ambos estavam roxos! E com certeza, meu rosto também.

_Os policiais já estão vindo  falar com você. Se cuide mocinha! - Deu um sorriso sincero pra mim e saiu do quarto

_Ô Emma, eu tenho vontade de matar aquele desgraçado! - Os olhos de Regina faiscaram, era ódio puro

_E o que aconteceu com ele?

_Eu não sei, os polícias o levaram. Espero que ele fique um bom tempo preso!

_Preso???

_Senhorita, Blanchad Nola?

Dois homens apareceram na porta do quarto. 

_Sim, sou eu!

Que estranho ouvir meus sobrenomes, mas não estávamos na faculdade. Eram apenas os polícias.

_Sou o policial Richard e esse é o policial Nathan!

Balancei a cabeça para que continuassem

_Viemos até aqui pegar seus depoimento. O quanto mais rápido for que dê a sua versão, mais rápido seu agressor será acusado e preso.

_Agressor? Preso? Por quê?

_Emma, ele te sequestrou!!! - Regina quase gritou

_Senhora. Killian Jones a sequestrou e a manteve em cárcere de privado durante quase dois dias, em situações precárias...

_Situações precárias? Do que você está falando?

_A casa era uma verdadeira bagunça e sujeira, com resto de alimentos pelo chão, e muitas garrafas de bebidas foram encontradas por todos os cômodos da casa. Já pegamos o depoimento do sequestrador. Killian assumiu que te deixou amarrada em uma cadeira durante todo o dia e noite que esteve lá! Assumiu que ingeria bebida alcoólica o tempo inteiro e quando se lembrava que você estava com a senhorita Mills batia em você.

_Não! Não! Não! Isso é mentira. 

_Como assim, Emma?

_Ele não me deixou amarrada o tempo todo, ele me soltava, eu mesmo comia sozinha!

Notei que eles olharam para as marcas em meus punhos e tornozelos. Elas diziam o contrário do que eu alegava.

_Eu dormia em um colchão que ficava no fundo do cômodo, um colchão muito limpo e com travesseiro, fronha e lençol. Eu tomei banho em um banheiro que ficava ali também e era limpo, eu vi!

_Senhorita, não havia nenhum colchão no cômodo em que você foi encontrada. Havia apenas um quarto com colchão, o quarto que Killiam Jones dormia!

Eles não acreditavam em mim! Mas eu sabia que era verdade tudo o que eu estava dizendo. Mas preferi me calar, haviam muitas contradições e eu era apenas uma "mulher perturbada devido ao estresse"

_Você sabe se alguém ajudou ou possa ter ajudado Killian?

_Não, ele estava sozinho. Isso eu tenho certeza. Ou vocês também não acreditam? - disse irritada

_Tudo bem! Continuaremos seu depoimento depois. Descanse!

O outro policial não dizia nada, só estava com uma caneta e um caderninho em mãos, mas não anotou nada.

Regina só esperou os dois tomarem distância para dizer:

_Por que você está o protegendo, Emma?

_Não estou o protegendo! Tudo o que eu disse é verdade.

_Killian não me deixou amarrada, vendada e amordaçada como eles pensam. Como você pensa!

_Não é o que essas marcas dizem, Swan!!

_Você não estava lá! Você não sabe o que aconteceu, Regina!

_Não estava porque eu estava em casa, preocupada com você! Mas você estava bem pelo visto, porque até defender o Jones você está!!!

_Senhoras! - Uma enfermeira entrou no quarto - Vocês estão gritando, é melhor se acalmarem ou terei que pedir que saia do quarto.

_Não precisa pedir, eu já estava de saída!

Regina pegou sua blusa e bolsa e saiu feito um furacão sem ao menos me olhar.

Bufei. 

_Senhorita, Emma! - a enfermeira de voz doce ainda estava ali - Seus pais estão subindo, você já recebeu alta já pode ir pra casa!

_Obrigada - Sorri pra ela que me devolveu com um sorriso ainda mais doce que sua voz

_Se cuide!

Me levantei da cama e comecei a arruma-lá, só pra passar o tempo. Eu não queria pensar em Regina e no modo grosseiro que ela saiu dali. Não queria pensar em nada por enquanto, só queria ir pra casa e tomar um longo banho, trocar de roupa e ver meus pais e amigos.

_Querida! - Minha mãe entrou no quarto já me abraçando. Retribui o abraço que durou uns bons segundos.

_Eu também quero um! - David disse abrindo os braços

_Oi pai! - o abracei, porém durou alguns poucos segundos

_Fomos tratar da sua alta e das coisas com o Killian! - meu pai quem disse

_Como está o Sr. John?

_Está muito mal. Killian vai ser internado com escolta policial, pra se tratar do vício em bebida! E depois irá ser julgado pelo crime que cometeu.

_Nada mais justo! - minha mãe disse irritada. Algo nela me lembrou Regina, todos estavam realmente muito irritados com Jones. E porque não estariam? Ele me sequestrou!

_Mas depois falamos sobre isso. Agora, vamos te levar para casa.

~

_Você quer mesmo fazer isso?

_Ruby, por favor. Eu já disse a vocês dois que Killian não é totalmente o vilão.

_Mas eu ainda não entendi. - Daniel quem disse

_Killian por algum motivo está se incriminando!

_Mas por qual motivo Killian iria acusar a si próprio?

_Eu não sei o motivo, e é justamente por isso que eu quero falar com ele.

_Então... vamos! - Ruby me abraçou

_Eu dirijo. - Daniel pegou a chave de minhas mãos.

Nós duas rolamos os olhos para Daniel.

Fomos para a clínica onde Killian estava internado. Era um lugar afastado da cidade, não tinha nenhuma casa, prédios ou comércio ao redor. O local era uma espécie de fazenda, com muito verde, uma piscina, havia alguns animais que pode perceber por ali também. Alguns porcos em um chiqueiro. Também havia um estábolo e um galinheiro, talvez o convívio com a natureza e obrigação de cuidar dos animais por ali faziam parte do tratamento. Havia uma moça, andando à cavalo, deduzi pelas suas roupas, que ela trabalhava ali. Me lembrei de Regina, a montaria fez parte da nossa lista interminável de tarefas no dia em que fomos para o chalé. Regina montava muito bem, com toda a sua classe e maestria. Eu estava com saudades dela! Do seu beijo. Do seu cheiro.

_Loirinha?! - uma voz me arrancou dos meus pensamentos

_Killian!! - Sorri ao vê-lo

Dei um passo para abraça-lo mas Killian esticou a sua mão direita

_Não podemos. - Ele disfarçadamente indicou com sua cabeça os dois policiais, com cara de poucos amigos, que estavam a alguns metros de nós.

_Eu não tinha os vistos!

_Daniel... Ruby.

Jones abaixou a cabeça e disse em voz baixa, visivelmente envergonhado.

_Killian.- Os dois disseram em um coral

_Vocês podem esperar no carro? Queria conversar com ele a sós, por favor!

Ruby e Daniel se entre olharam e depois me fitaram, não tinham gostado, mas disseram um "Okay" e saíram, sem ao menos direcionar qualquer palavra para o antigo melhor amigo deles. Senti uma pontada em meu coração ao presenciar aquela cena. Os meus três melhores amigos; Ruby, Daniel e Killiam não eram mais amigos. Um deles se tornou um vilão aos olhos dos outros dois.

_Vamos nos sentar - Killian caminhou até um banco de madeira que tinha ali por perto.

Percebi que os dois policiais caminharam junto chegando um pouco mais perto.

_Eles te seguem 24 horas por dia? - Disse eu já me sentando

_E mais um pouco!

Rimos, dispersando o clima tenso que tinha ficado.

_Por que veio, Emma? - Ele me encarou sério, mas não bravo

_Eu queria saber porque você se incriminou desse jeito?

_Eu não entendi!

_É claro que entendeu, Killian! Você sabe que não é verdade o que estão falando. 

_E o que estão falando, Emma? - ele parecia desinteressado

_Ora Killian, você sabe! Que eu fiquei presa nas cordas e naquela cadeira todo o tempo. Que você me bateu durante todo o tempo e que bebia também!

_E eu bati não foi?

_Pra se incriminar ainda ainda! Você me amarrou forte daquela maneira depois que o seu celular apitou, eu me lembro! Você também me vendou, pra mim não ver o que você estava fazendo! Você tirou o colchão do quarto, porque sabia que ninguém acreditaria que você tinha dormido no chão enquanto eu é quem realmente dormia nele! Você também bebeu e fez muito barulho, eu sei que o barulho era você jogando coisas pelo chão, pra parecer que a casa era uma bagunça...

_Emma!

_Fica quieto, e me deixe falar!

Ele se calou e abaixou a cabeça

_Eu sei que você bebeu para poder conseguir me machucar. Que apertou meus braços e passou a mão nas minha coxas porque sabia que eu acharia que você me violentaria, e como qualquer mulher iria se mover rapidamente pra se livrar desse contato. Mas eu estava amarrada e muito bem amarrada, e esses movimentos fariam com que ficassem marcas roxas em meu pulso. Mas não bastaria só o pulso, por isso me apertou os braços e me deu aquele tapa!

Ele colocou a mão no rosto e depois a tirou, me olhando.

_E por tudo isso, eu não mereço estar aqui nesse lugar bonito. Eu merecia coisa pior! Eu deveria estar preso!

_Era isso que você queria o tempo inteiro, não era?

_Sim! Eu estava me perdendo, Emma. Eu não mais me reconhecia, se continuasse do jeito que eu estava as coisas não iriam acabar bem.

_Como não acabaram! Você pode ir preso depois que sair da sua reabilitação, Killian.

_Eu sei! Mas essa era a única forma de eu me ajudar.

_Não, não era. Você podia ter pedido ajuda!

_Não, Swan! Você não entende. Se eu pedisse pra ser internado eu iria acabar fugindo de qualquer clínica, eu não sei me controlar por muito tempo, dois dias no máximo. Mas se eu fizesse algo que me obrigasse a ficar, não teria como eu fugir.

_No caso a prisão!

_Ou a reabilitação vigiada.

Olhamos para os policiais que conversavam entre si mas estavam o tempo todo de olho em nós. Em Killiam.

_Então você me sequestrou...

_Eu sabia que meu pai te ligaria, quando eu não desse sinal de vida. E sabia que você falaria isso com Regina, Ruby ou Daniel.

_E quando eu sumisse...

_Eu seria o primeiro suspeito!

_Todas as marcas e a bebida que você ingeriu, tudo isso ocorreu depois que seu celular tocou. O que era?

_Um monitoriamento que coloquei no carro do seu pai.

_Eles estavam no dia?

_Sim! Eu sabia que seus pais não abririam mão de ir com os polícias até a casa, e o seu celular tinha localizador então o serviço foi mais exato e falicitado para polícia! Eu sabia que eles iriam chegar rápido até nós, mas demoraram um pouco mais do que pensei. Eu entendo, o sinal do seu localizador estava ruim onde estávamos, mas eu dei um jeito.

_Por isso você me dizia que eu ficaria pouco tempo lá, porque sabia que iriam me encontrar antes de dois dias...

_O tempo que eu consigo ficar sóbrio por conta própria.

_E queria que eu me lembrasse de você como era antes!

_Lembra como conversávamos antigamente? Era desse Killian que eu queria que você se lembrasse, mas infelizmente no final...

_Não vamos falar sobre isso.

Ficamos em silêncio. Ele com os seus pensamentos e eu com os meus. Tudo aquilo era simplesmente inacreditável de acreditar, tudo que ele pensou e fez pra se livrar de um vício. Uma droga de um vício!

_Você começou a beber por que?

_Bobagens. Eu me sentia só, não tinha amigos e os que eu tinha, bebiam, porém não socialmente. Eu comecei a acompanhá-los, ficávamos bêbados todas as noites, e dali para me tornar o que eu me tornei foi um passo!

Mais uma vez o silêncio tomou conta.

_Vocês tem mais um minuto. - um dos polícias falou alto para que pudéssemos escutar.

_Emma, me escute! Eu não quero mais que você me visite. Antes que me interrompa - e era isso que eu iria fazer - quero que você entenda, que eu não quero que você me veja mais aqui! Não veia mais aqui, não pergunte pra meu pai ou pra qualquer outra pessoa sobre mim. Deixe pra me ver pessoalmente fora daqui ou de qualquer outro lugar e deixe saber de mim, por mim, pela minha própria boca.

_Killian, não faça isso!

_Emma, me prometa.

_Okay, eu prometo!

_Killian Jones?! - um dos policiais foi se aproximando, enquanto o outro continuou parado onde estava

_Me desculpe por tudo, Emma!

Nós nos abraçamos

_Vamos Jones. - O policial soou rude e nos olhou da mesma forma. Rapidamente me toquei que tínhamos nos abraçado. Será que Killian teria problemas?

_Até mais, Loirinha!

_Se cuide, pirata!

Sorrimos e os observei caminharam até dentro da grande casa, seguido pelo outro homem.

Eu não sabia quando eu veria novamente, meu ex noivo e sequestrador alcoólatra desesperado; Killiam Jones!