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História You still have all of my heart - A Grande briga


Escrita por: queenoffsuburbia

Notas do Autor


Oii pra quem está lendo. Bom, espero que gostem desse capitulo. Eu sei que o beijo do Kellin e do Vic é muito esperado e eu já até escrevi ele, então vou tentar postar um capitulo por dia. Não desistam de mim hahaha boa leitura

Capítulo 6 - A Grande briga


               Depois que chegamos na faculdade não tive tempo de conversar com Kellin. Ele estava ocupado colocando matérias em dia e eu precisava fazer o trabalho na biblioteca.

                Até tentei me concentrar, mas aquele momento no ônibus e a sensação voltavam toda hora. Quando pensava em seu joelho encostando no meu o arrepio voltava. Apoiei os cotovelos na mesa e enfiei a cara nas mãos. Eu não sabia o que fazer.

                Me forcei a prestar atenção no computador a minha frente e, por sorte, consegui terminar o trabalho. Menos uma coisa para fazer.

                Na hora do intervalo encontrei Tony na nossa mesa de sempre.

                - Oi. – me sentei. Tony estava digitando no celular, mas quando me viu, bloqueou a tela para conversar comigo.

                - E ai cara. – fizemos nosso toquinho. – cadê o Mike?

                - Ficou em casa, disse que não dormiu a noite inteira. – respondi, não era toda a verdade, mas não era uma mentira. – Jaime não melhorou?

                - Ainda não, mas ele disse que talvez amanhã já esteja 100%.

                Tony voltou ao seu celular e eu peguei o meu no bolso para me distrair.

                O resto do dia foi normal, como qualquer outro, tirando o fato de que minha mente viajava para muito longe a cada dois minutos.

                Cheguei em casa e meus pais não estavam. Mike estava na cozinha preparando o almoço. Como passavamos muito tempo sozinhos tinhamos aprendido a nos virar. Ele cozinhava, eu lavava roupa, nós dois faziamos faxina na casa e assim ia. Já que nossos pais quase nunca estavam em casa.

                 A nossa sorte era que Mike sabia cozinhar, senão morreriamos de fome, porque nem minha mãe sabia e eu, bom, só sabia fazer gelo.

                - Alguma novidade? – perguntei jogando a mochila no sofá da sala e me sentando em uma cadeira da mesa.

                - Quando desci a mamãe estava chorando. – ele disse de costas para mim, mexendo alguma na panela. Alguma coisa muito cheirosa, por sinal.

                - E ela te disse porque?

                - Não, só disse que estava tendo problemas com o papai. Antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa ela subiu para se arrumar e depois foi trabalhar. – ele se virou com uma colher na mão. – experimenta.

                Peguei a colher de sua mão, assoprei o molho e experimentei. Estava divino, como sempre.

                - Está ótimo. – devolvi a colher. – vou subir para me trocar.

                Peguei minha mochila e subi. Me tranquei no quarto e me sentei atrás da porta com as mãos no rosto. Finalmente poderia pensar sobre tudo que tinha acontecido.

                Estava explicada minha falta de interesse nas mulheres. O por que de eu sempre preferir ter amigos homens, o por que o fato de meu pai ser homofóbico me incomodava e o por que Kellin me chamava tanto a atenção.

                Gay. Eu era gay! Como eu poderia ser algo e nunca ter percebido? Como pude ser tão burro? Eu não estava me sentindo mal, nem envergonhado, nem diferente. Eu era eu. A diferença era que agora eu sabia o que era de verdade. O problema na verdade era outro.

                Como eu ia contar para meus pais? Como meu pai reagiria? Como eu esconderia do meu irmão? Como eu conseguiria esconder algo assim dele? Meus amigos me tratariam diferente? O que ia ser de mim? Meus olhos se encheram de lágrimas e eu me permiti chorar. Medo era a única coisa que eu sentia naquele momento.

                Eu não podia ficar ali chorando. Eu tinha que seguir minha vida. Em algum momento a solução apareceria em minha mente, mas não naquele momento. Me levantei e troquei de roupa, trocando as que eu estava por outras mais confortáveis.

                Quando voltei para a cozinha o almoço já estava na mesa. Mike tinha feito macarão com almondegas, um dos meus pratos favoritos.

                - O que você acha sobre aquilo que o papai disse sobre o filho do amigo dele? – perguntei à Mike. Eu precisava saber se ele também pensava daquele jeito. Eu queria contar a ele. Mas ainda estava muito apavorado para ir direto ao assunto.

                - Acho que ele tem que abrir a mente. – ele disse com a boca cheia. – tipo, o que ele tem a ver com a vida dos outros? Quem é ele para opinar? – ele continuou. Não era exatamente daquela parte da história que eu estava falando. – E não acho que ele tenha coragem de fazer algo tão cruel com um de nós. Afinal, o que a sexualidade de um filho interfere na vida dele, ou na família, ou na sociedade? Nada. – ele terminou, enfiando uma almondega inteira na boca em seguida. Ouvir aquilo do meu irmão me acalmou um pouco. Pelo menos ele não se viraria contra mim.

                Após o almoço arrumamos a cozinha e fomos para a sala assistir um filme. Tudo estava na paz e na calmaria até que meus pais chegaram.

                - Eu não quero mais ouvir nada. – minha mãe disse entrando em casa.

                - Você vai ter que ouvir, não tem opção. – meu pai veio atrás e bateu a porta. Olhei para meu irmão e ele estava com os olhos fechados, mas com a expressão de tristeza que ele fazia sempre que nossos pais brigavam.

                - Ah não tenho? Isso é o que vamos ver. – ela apontou o dedo no rosto do meu pai, mas notou nossa presença, então colocou as mãos nos bolsos do terninho. – olá meninos.

                - Oi. – eu disse encarando aquela situação.

                - Isso vai ser até quando? – Mike gritou levantando do sofá. Meu pai estreitou os olhos.

                - Como disse? – ele perguntou cruzando os braços.

                - Até quando vou ter que ficar ouvindo a briga de vocês de madrugada? Ou de manhã? Ou quando chegam do trabalho? – ele explodiu. O coitado realmente não aguentava mais aquilo. – Vocês nem olham mais na nossa cara! Faz quanto tempo que você não me pergunta como estou? O como Vic está? – ele apontou para o meu pai, que já estava vermelho de raiva. A essa altura os olhos de minha mãe já estavam cheios de lágrimas e ela andava de um lado para o outro com uma mão na testa.

                - Vocês saem para trabalhar cedo e nem sequer nos falam bom dia. E duvido que falem um pro outro, já que de manhã eu acordo com vocês dois gritando. – ele continuou.

                - Ora, cale a boc... – meu pai começou a interferir, mas meu irmão não deixou.

                - TODOS OS DIAS! TODOS OS DIAS É A MESMA COISA. EU E VIC FICAMOS SOZINHOS NESSA PORRA DE CASA E FAZEMOS TUDO. ATÉ SUAS ROUPAS NÓS LAVAMOS! – ele tinha começado a chorar. E eu, sem perceber, também. – SE VOCÊS NÃO SE SUPORTAM MAIS POR QUE NÃO SE SEPARAM LOGO? NÓS DOIS NÃO MERECEMOS VIVER ASSIM!

                - Você não entende. E se quiser continuar com um teto sob a sua cabeça e comida no armário, vai ter que fechar essa boca antes que eu arrebente os seus dentes. – meu pai ameaçou, agora a menos de dois passos de Mike, que não havia abaixado a cabeça.

                - Parem com isso! – minha mãe estava inconsolável.

                - Quer saber? – alguma coisa dentro de mim me fez levantar e finalmente dizer o que estava pensando. – Mike está certo. Isso deixou de ser uma familia há muito tempo atrás. – a atenção estava em mim agora.

                - Vic, por favor, não piore a situação. – minha mãe veio até mim me olhando nos olhos implorando para que eu ficasse quieto. A ignorei, claro.

                - Mike e eu só temos um ao outro. Vocês sairam de nossas vidas e nem perceberam. – eu olhei com nojo para meu pai. Minha mãe estava agarrada ao meu braço chorando. Limpei as lágrimas e me forcei a parar de chorar.           

                - Por que não vão embora já que estão reclamando tanto? – meu pai disse fuzilando a mim e Mike com o olhar.

                - Não, não, não. Victor pare! Deixe os meninos! – minha mãe implorava. Meu pai a olhou com repulsa.

                - Nós vamos.  – Mike disse os surpreendendo. Meu pai o encarou confuso. – Há quatro meses atrás eu tentei contar a vocês que tinha arrumado um emprego, mas é claro que ninguém me ouviu. Juntei dinheiro o suficiente e agora vou me mudar com Vic.

                - Me perdoe filho! Me perdoe, por favor. Eu não fui a mãe que vocês mereciam, mas não vão embora! – ouvir minha mãe implorar e praticamente se ajoelhar diante de meu irmão cortava o meu coração. As lágrimas voltaram aos meus olhos e eu tive que desviar o olhar, pois aquilo era completamente triste. – por favor.

                - Desculpe mãe. Eu te amo, mas não posso mais viver assim. – meu irmão disse pegando minha mãe pelos cotovelos e a levantando antes que ela se ajoelhasse de verdade. Ele olhou para meu pai com ódio e magoa e virou as costas, indo em direção a escada. Sem olhar para trás ele subiu me deixando com os dois.

                Eu ia saindo do recinto quando meu pai me puxou pelo braço.

                - Eu não esperava isso de vocês. – ele disse.

                - E o que você esperava? – perguntei soltando meu braço de seu aperto forte. – Ah, você realmente achou que um teto e comida no armário iam substituir a falta de atenção de vocês? Nada vai poder suprir isso, mas já que não tem jeito, é melhor acabar com isso logo.

                - Vic? – minha mãe me chamou, agora um pouco mais calma. Virei para olhar para ela. – O que Mike disse é verdade? Vocês vão embora mesmo? – ela implorava com o olhar para que eu dissesse que era mentira.

                - É verdade. Na verdade, já está mais do que na hora de irmos embora e começarmos nossas vidas como os adultos que somos. – virei as costas e subi.

                Eu não queria ir pro meu quarto porque se ficasse sozinho iria começar a chorar e eu não queria. Andei até o quarto de Mike e bati na porta.

                - Sou eu. – eu disse baixo. Se ele pensasse que era meu pai ou minha mãe, não deixaria entrar.         

                - Entra.

                Entrei e fechei a porta atrás de mim. Mike estava sentado no chão do lado da cama com o rosto inchado. Me sentei ao seu lado. Ficamos em silêncio por um bom tempo, até que ele disse:

                - Você acha que peguei pesado?

                - Acho que você disse tudo que eles precisavam ouvir. – respondi. Uma lágrima escorreu de seu olho.

                - Você viu como a mamãe estava? E o papai? Nem sequer nos pediu desculpas. – ele voltou a chorar. Abracei meu irmão pelos ombros e deixei que ele se acalmasse. A imagem de minha mãe quase ajoelhada e chorando voltou a minha mente. 


Notas Finais


Comentem o que acharam, é muito importante. Espero que tenham gostado <3 até o próximo...


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