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História Young Gods - 30


Escrita por: Mermaid_Ariel

Capítulo 31 - 30


Todos nós voltamos para o instituto em silêncio. O caminho parecia muito mais longo enquanto me esforçava para não olhar para Jocelyn, e tenho certeza que Clary fazia o mesmo no banco de  trás. Ainda não havia racionado o que acabara de acontecer, Jocelyn tentou matar Jace e Valentine foi quem o salvou. 

Quando o carro finalmente parou próximo ao instituto, desci as pressas e Clary correu na minha frente, ignorando Jocelyn que aumentou seus passos para acompanhar sua filha. Estava prestes a segui-las quando uma mão apertou o meu pulso, me puxando para trás. Me virei confusa ao encontrar os irmãos Lightwood do lado de fora do edifício.

"O que aconteceu?" Alec perguntou, afrouxando o meu pulso e então entrelaçando seus dedos nos meus. 

"Para resumir... Jocelyn tentou matar o Jace" respondi irritada, me soltando de Alec e cruzando os meus braços.

"Espere, o que?" Izzy perguntou e Alec me encarou com um olhar irritado.

"Ela atirou no Jace, mas, felizmente, o Valentine entrou na frente e recebeu a flecha no seu lugar. O que me deixou feliz, afinal ele merece" respondi em um suspiro. "Depois disso, Jace levou Valentine para o portal... Provavelmente de volta para o navio, porque não consigo mais sentir ele" levantei minha mão que segurava a luva de Jace.

"Jace levou o Valentine?" Izzy perguntou elevando as sobrancelhas para mim que assenti. "Ele nunca faria isso!"

"Eu sei, Jace não esta do lado de Valentine, pelo menos não ainda. Ele parecia confuso, sem saber o que fazer" eu disse e Alec bufou se virando para a parede. "Precisamos trazer Jace de volta antes que Valentine o obrigue a ficar do seu lado".

"Jace nunca ficaria do lado de Valentine" Alec murmurou irritado. 

"Nunca disse que ele ficaria, só estou dizendo que Valentine poderia-"

"Ele nunca, Lilian" Izzy exclamou em um tom de raiva. Suspirei e então levantei minhas mãos em derrota.

"Vocês tem razão, me desculpem"

  ❀  

Depois da breve conversa com os irmãos Lightwood me dirigi para o meu quarto e fechei a porta, me jogando na cama onde permaneci encarando o teto por minutos. Meu coração estava tão acelerado ao pensar no que poderia estar acontecendo com Jace, no que minha família estaria tramando ao lado de Valetine. Tentei sacudir aquele sentimento, aquela sensação estranha que dominava o meu corpo, que me acompanhava a cada minuto daquela noite demorada. 

Não conseguia dormir, não importava o quanto eu tentasse, então me levantei e agarrei a caixa que ficava escondida entre minhas roupas e voltei para a cama. A abri lentamente, pegando uma das folhas soltas dentro dela. Sorri com o sentimento bom preenchendo meu coração.

Todas aquelas cartas eram do meu irmão. Adorava o fato dele deixá-las perfumadas, e sua desculpa era que assim eu poderia sentir ele do meu lado. E de fato eu sentia. Tenho tantas dúvidas sobre ele; Como ele pôde ir com os nossos pais para o lado de Valentine? Como ele pôde me machucar? Eric sempre foi o filho prodígio, mas também sei que o seu coração sempre foi bom.

Segurei meu celular que estava sobre a cama, percebendo que o tempo não passava. Me levantei e sai de meu quarto, precisava encontrar Alec. Estive tão ocupada pensando em Jace que não imaginei o quanto Alec estaria sofrendo. Afinal, aquele loiro causador de problemas era o seu parabatai. Não gosto nem de imaginar como me sentiria se algo acontecesse com Izzy.

Enquanto o procurava me deparei com Isabelle que se dirigia até a sala de treinamento. A segui, e ao entrar encontrei Clary que tentava conversar com Alec, mas o moreno revidava irritado.

"Eu não te conheço! Quero dizer, você aparece do nada, convence meu irmão, me convence, a procurar sua mãe. E a próxima coisa que sei é que o Jace se foi e é a sua mãe que esta tentando matá-lo. Desde que você chegou, tudo o que soube causar foi problemas. Minha família perdeu sua herança, Izzy quase perdeu suas runas, Lilian esteve a beira da morte, e agora Valentine tem o meu parabatai. E tudo isso é sua culpa" Alec disse apontando para Clary, que o encarava sem palavras, a beira de desmoronar. 

"Alec" Izzy gritou, mas o moreno ignorou sua presença.

"Quando você vai perceber que esse não é o seu lugar? E nunca foi" 

"Não se atreva a culpar a Clary!" eu exclamei, chamando a atenção dos três que não tinham me notado na sala até esse momento. "Não é culpa dela o Jace estar com Valentine. Ele é um adulto que fez suas próprias escolhas. Clary não o forçou a nada" 

Alec mordeu os lábios ao me encarar. Ele estava prestes a dizer algo, mas engoliu as palavras com angústia. Continuei a encará-lo, esperando uma resposta, mas o moreno não disse mais nada. Ele bufou e se retirou da sala de treinamento com passos pesados, e Izzy correu atras dele, me deixando sozinha com Clary que se esforçava para não deixar suas lágrimas caírem de seus olhos tristes. 

"Obrigada" ela disse, finalmente quebrando o silêncio entre nós duas. Assenti e então virei minha atenção para onde Alec estava pela última vez. Eu realmente preciso ficar de olho nele.

  ❀  

"Há um padrão, é claro. Lutadores jovens, fortes e altamente qualificados, todos sequestrados de clubes de boxe, dojos e ginásios. Valentine deve ter percebido que mesmo com o Cálice, criar Caçadores das sombras não é fácil. Ele precisa de mundanos que são mais apteis para sobreviver a conversão" Lydia afirmou fortemente ao encarar a multidão. Clary se dirigiu até o centro, me levando com ela até os irmãos Lightwood.

"Ninguém nos avisou" Clary disse e Alec a ignorou, cruzando seus braços. Ele me encarou, e ao perceber que devolvi o olhar, o garoto de cabelos escuros voltou sua atenção para Lydia. 

"Isso não foi um acidente" Isabelle murmurou.

"Seus trabalhos serão apostar nos alvos potenciais e capturar os membros do círculo quando eles tentarem sequestrá-los. Se tivermos um membro do círculo, teremos uma chance contra Valentine" Lydia disse e Alec suspirou.

"E o Jace?" ele murmurou.

"É assim que chegamos antes deles tentarem matá-lo. Apenas mantenha a pose na frente do chefe" Isabelle respondeu com seus olhos seguindo Aldertree. Levei meus olhos até o homem que observava alguns papéis.

"Já tem suas ordens. Dispensados" Lydia gritou. Clary saiu do meu lado e caminhou em direção a ela. Me afastei dos irmãos que conversavam, ficando próxima de Clary, o suficiente para conseguir ouvir o que ela dizia.

"Lydia, por favor. Você precisa de todos nessa missão. Deixe-me ajudar" a ruiva sugeriu mas Aldertree riu, se intrometendo entre as duas.

"Absolutamente não. Sua falta de treinamento é uma responsabilidade. Além disso, você está muito envolvida" o homem se afastou e então se virou para mim. "O mesmo para você, Lilian"

"Pela falta de treinamento?" questionei e Aldetree riu.

"Muito pelo contrário. Você é a minha melhor. Por esse motivo preciso de você segura"

"Agora se importa com a minha segurança? Isso até que foi adorável"

"Não force, Lilian" o homem sorriu e então se virou para Clary. "Quero que treine a Clary enquanto isso"

"Não sou uma boa treinadora" 

"Vai pensar em algo" ele assentiu e então continuou o seu caminho. Me virei pra Clary a ponto de ver ela caminhando na direção dos irmãos Lightwood, mas antes que conseguisse chegar até eles agarrei o seu pulso. 

"Não. Alec não vai deixar você ir com eles" afirmei e Clary elevou uma sobrancelha. 

"Eu preciso fazer alguma coisa"

"Eu sei, mas Aldetree esta certo, sua falta de treinamento só irá atrapalhar. Apenas não se preocupe, vou seguir um conselho e pensar em alguma coisa" 

"E se você não conseguir?" Clary questionou preocupada e então elevei minha sobrancelha. "E se Aldetree descobrir?"

"Pelos Anjos, qual foi a única coisa que eu pedi para você fazer?" 

  ❀  

Desviei meu olhar da última carta de meu irmão no momento em que ouvi três batidas na porta antes dela se abrir. Clary entrou no meu quarto, fechando a porta lentamente enquanto segurava um caderno em suas mãos. 

"Esta tudo bem?" perguntei e a ruiva assentiu andando até a minha cama e se sentando próxima a mim. 

"Posso ficar aqui?" ela questionou.

"Claro" respondi olhando ao redor do quarto bagunçado. "Se não se importar com a bagunça" brinquei e ela sorriu, abrindo o seu caderno e então passando as páginas de seu livro de esboços. 

"Acha que eu pertenço a esse lugar?"

Elevei minhas sobrancelhas e me arrumei na cama, colocando a carta que estava nas minhas mãos de lado. "Claro que sim. O fato de não ter experiência não diz nada, todos nós começando de um lugar. Alec era exatamente como você quando criança" disse e Clary riu. "Não liga para o que ele disse, Clary. Alec esta irritado, então ele dirá tudo sem pensar" murmurei lentamente ao pegar o caderno das mãos de Clary e passar pelas folhas com desenhos impressionantes. 

"Eu quero sair daqui" Clary disse e levantei meus olhos para ela surpresa. "Eu só quero um pouco de folga de tudo isso, voltar para a minha antiga vida. Apenas por uma hora ou duas longe desse inferno... E queria que viesse comigo"

"Clary..."

"Estarei segura se estiver do meu lado, certo?" ela deu um curto sorriso e então assenti, dando de ombros em seguida. "Tudo bem, mas apenas por algumas horas" me levantei da cama e estendi minha mão para Clary que segurou firmemente com um sorriso. 

Nós duas saímos sorrateiramente do Instituto e fomos em direção a cidade. Ela dizia que esse seria os meus minutos de mundana e que não deveria insinuar o mundo das sombras nesse período, mas mesmo assim eu levei a última carta de meu irmão no bolso da minha jaqueta.

Caminhamos por minutos com um sorvete em nossas mãos em direção a faculdade de artes. Clary sorriu e então segurou minha mão, passando o seu polegar pela minha bochecha. "Dessa forma você terá sorvete em toda a sua cara"

"Não como muito sorvete, então estou tentando aproveitar" disse e me afastei da ruiva, passando a mão no meu rosto e jogando o meu sorvete já acabado na lixeira. 

Continuamos nosso caminho e Clary andava de forma alegre, despreocupada com o mundo ao seu redor, finalmente se sentindo relaxada. Já eu estava tensa, olhando todos os cantos atras de algum perigo que poderia a atingir, e ainda me sentia triste pelo Alec, por não ter falado com ele depois da nossa discussão. 

"Poderíamos fazer isso mais vezes. Sair e aproveitar o mundo, só nós duas" Clary comentou e então eu sorri.

"Poderíamos" murmurei "Mas acho não teremos tempo, e digo isso por experiência. Era impossível arrumar um tempo com a Izzy. Além do mais, todos precisam da nossa ajuda agora, não podemos virar as costas com ações egoístas"

"Verdade" Clary concordou e então acelerou seus passos. "Estamos chegando, vamos"

  ❀  

Me ajustei na poltrona no canto da sala, relendo mais uma vez aquela carta. Suspirei e então encarei Clary que desenhava um esboço em uma das telas na sala. Já fazia algum tempo que estávamos naquele lugar, e por algum motivo pensava que desenhar seria mais rápido. 

"Você é talentosa" murmurei e Clary sorriu, mostrando seus dentes brancos. 

"Muito obrigada" ela rabiscou mais um pouco e então respirou fundo antes de se voltar para mim. "Por que tanto lê essa carta?" Clary perguntou. Suspirei e então me inclinei para frente.

"Honestamente, eu não sei. Pensei que teria alguma pista sobre o meu irmão... Algo que me dissesse que ele não esta do lado de Valentine" respondi e Clary arqueou a sobrancelha.

"Acha que ele escreveria algo em uma carta?"

"Não visivelmente. Quando éramos crianças vivianos em lugares diferentes, nos encontrávamos apenas em comemorações ou então para sessões de treinamentos que meu pai arranjava. Mas o Eric sempre fazia isso, escrevia uma carta simples com códigos para que eu decifrasse. Quase sempre era uma frase que me motivava a continuar" expliquei e Clary sorriu. "E como essa foi a sua última, e ainda entregue pessoalmente por ele... Eu pensei que talvez tivesse algo"

"Eu sou muito boa nessas coisas, eu posso tentar te ajudar"

"Não precisa. Além do mais você veio aqui para se afastar de tudo, não é mesmo?"

"Tem razão..." Clary voltou sua atenção a tela e continuou a desenhar enquanto eu voltei a encarar a carta de Eric. "Então vocês não eram tão próximos?" ela perguntou, continuando no assunto de meu irmão.

"Não muito" respondi suavemente. "Fomos criados como soldados pelo meu pai, então não tínhamos tempo para criar laços profundos, apenas hematomas... Mas sempre soube que poderia contar com ele. Pelo menos costumava ser assim"

"Você vai encontrar algo, Lilian" Clary disse com um sorriso sincero. Assenti e então me virei para a porta ao ouvir um ruído, me preparando para agarrar minha adaga, mas desistindo ao perceber ser Luke e Jocelyn.

"Ei" Luke disse e Jocelyn olhou ao redor da sala 

"Vocês precisam voltar para o Instituto. Não é seguro aqui fora"

"Espera, você está do lado dela agora?" Clary perguntou para o homem enquanto apontava para sua mãe. A ruiva jogou o lápis no chão e então começou a se afastar para a saída da faculdade. Rapidamente agarrei minhas coisas e corri atras dela, com Luke e Jocelyn nos seguindo.

"Não existem lados, Clary" Jocelyn disse mas Clary a ignorou.

"Então esta tudo bem para você ela ter tentando matar o Jace?"

"Eu não disse isso, Clary. Mas a sua mãe está certa, você precisa voltar para o Instituto" Luke afirmou e Clary se virou bruscamente para os dois que pararam.

"Eu não posso ajudar o Jace, não tenho treinamento suficiente. E mesmo se eu tivesse, ninguém confiaria em mim, afinal sou a filha de Valentine. Por 18 anos vocês me fizeram acreditar que eu poderia viver uma vida normal. Mas não posso fazer isso, posso? Não. Porque eu não sou uma mundana" Clary disse, rindo. "Eu não sou uma Caçadora das Sombras. Eu não sou nada"

"Clary, isso não é verdade" eu disse e a garota me encarou com olhos tristes. Estava prestes a dizer algo quando alguém agarrou o braço de Clary. Agarrei minha adaga e me preparei para atacar, mas Clary levantou sua mão para me impedir.

"Dot? Eu pensei que você estava morta. O que aconteceu com você?" Clary perguntou mas Dot não respondeu, apenas criou um portal onde puxou Clary junto. Me agarrei na mulher, segurando o braço em que ela puxava Clary, tentando a impedir de entrar no portal. Uma tentativa falha ao perceber que já estávamos em uma sala escura. Dot tocou seus dedos em minha testa, e em um segundo a completa escuridão dominou minha mente. 

 



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