História Young (Imagine Suga) - Loser

Não era a primeira vez que eu estava ali, e muito provavelmente não seria a última. Tecnicamente eu não deveria nem sequer saber da existência daquele lugar, muito menos estar ali, com uma identidade falsa no bolso da minha jaqueta. Ou seja: para todos os efeitos, eu não estava ali.

Todas as noites de sábado eu estava li, no mesmo lugar, na última mesa do canto direito, o menos iluminado, apenas para ver ele novamente. Me lembro quando o vi pela primeira vez, todos gritavam por ele as meninas principalmente. Ele era quente, transpirava masculinidade de um jeito diferente, inquietante. O jeito que ele olhava pra o público, como se fossem todos seus inimigos, intimidador, como se desafiasse todo mundo a lhe enfrentar, mas de alguma forma eu me sentia atraída por ele, como um imã.

Depois que nos encontramos na loja de convencia do posto, eu tento evitar ao máximo que ele me veja, sou uma das ultimas a entrar e a primeira a sair. Apesar de querer muito falar com ele, a minha timidez era mais forte, a ponto de achar que ele se lembraria de mim se me visse novamente.

Faltava poucos minutos para a batalha começar, meu coração já começava a acelerar e a casa estava lotada. Subitamente as luzes se apagaram e surgiu o costumeiro feixe de luz, onde o anunciador apareceu:

— Senhoras e senhores, tenho o prazer de anunciar que está começando mais uma batalha na BigHit! — O público grita, assobia e vibra em resposta. — Primeiramente, deem as boas vindas ao desafiante, ao deus da destruição: RAAAAP MOOONSTEEEEER! — Houve muitos gritos, e ao contrário do que geralmente acontecia, não houve vaias para o desafiante.

Rap Monster era bem alto, mesmo de longe eu podia notar isso, ele usava roupas largas e esquisitas, seu cabelo loiro era raspado nas laterais da cabeça e curto na parte de cima.

— Agora, senhoras e senhores, ele, campeão invicto, que de doce só mesmo o nome: SUGAAAAAA! — o público delirou quando o loiro subiu ao placo, houve muitos gritos e assobios, pude ouvir também uma menina gritar “LINDO!”.

Essa noite ele estava com um penteado diferente, geralmente ele usava o cabelo com franja, de modo que ela cobria sua testa, mas hoje ela estava de lado, o que deixou mais sexy ainda. Suga usava uma jaqueta de couro preta, calça e camiseta justas que definiam seu corpo magro.

— Cumprimentem-se, por favor. — pediu o anunciador. Suga foi até Rap Monster e o cumprimento com um aperto de mão firme, fechou os olhos e começou a ouvir o rap do desafiante.

A música começou a tocar. O desafiante fazia seu rap enquanto Suga permanecia parado, escutando. Rap Monster era muito bom, de todos os desafiantes até agora, sem dúvida o melhor. Quando ele terminou, todas as pessoas aplaudiram e gritavam. Rap Monster ganhou o público, mas agora era a vez de Suga.

Quando o loiro abriu os olhos, as palavras começaram a explodir de sua boca, sua língua se movia tão rápida e feroz que era quase impossível acompanhar o que ele dizia. Sua voz não era tão grave quanto a de Rap Monster, mas só de ouvir ele cantar eu já podia sentir arrepios por todo o meu corpo.

A segunda rodada se iniciou e Rap Monster se superou e muito, seu uso de palavras era diferente e era como se ele estivesse tentando mostrar para Suga que falar rápido não o tornava o melhor rapper. Suga se saiu muito bem na segunda rodada, mas de qualquer forma foi uma batalha muito equilibrada.

— WOW! — gritou o anunciador, subindo ao palco novamente e parando entre os dois rappers. — Mas que batalha, senhoras e senhores! Agora, vamos ao momento tão esperado, quem foi o melhor rapper da noite? O campeão invicto, Suga!? — o homem levantou o braço do loiro a sua esquerda e o povo gritou e aplaudiu bem alto. — Ou o desafiante, Rap Monster!? — quando o anunciador levantou o braço do mais alto, o público chegou a pular de euforia, eu podia dizer que havia pessoas que eram conhecidos de Rap Monster, mas todas as pessoas aplaudiam a ele.

Eu não conseguia acreditar, Rap Monster foi mais aplaudido do que Suga! E parecia que eu não era a única, pois o anunciador perguntou novamente, e novamente eles escolheram Rap Monster como o melhor rapper da noite.

Eu não conseguia acreditar, depois de tantas batalhas, ele finalmente tinha perdido. Cheguei a achar que o público escolheria a ele por favoritismo, mas eu estava errada.Suga saiu do palco de cabeça baixa, mal cumprimentou o desafiante e saiu para os fundos do palco. Eu me levantei e saí, não é como se eu não tivesse respeito por Rap Monster, pelo seu talento ou pelo seu rap, e se as pessoas julgaram a ele melhor do que Suga, eu não podia fazer nada. Mas todas as noites de sábado eu ia ali, escondida da minha mãe, que ficava fazendo plantão no hospital na qual ela era enfermeira, apenas para ver o Suga se apresentar. Então se ele não iria se apresentar não tinha a mesma graça para mim.

Passei no bar e paguei a minha entrada, essa estratégia de deixar qualquer um maior de idade sem pagar era boa. Algum desavisado poderia entrar e se ferrar no final. Saí da BigHit e fui em direção a avenida para tentar pegar um taxi, olhei discretamente no celular e o relógio marcava meia noite e quarenta e cinco, era o mais cedo que eu já havia saído.

Subitamente e ouvi um barulho alto vindo do peco que ficava entre a BigHit e uma loja de roupas qualquer, espiei discretamente e vi a sombra de um homem chutando algumas latas e sacos de lixos, quebrando ao pisar em cima de algumas garrafas.

— Merda!

Eu quase dei um pulo e meu coração começou a bater mais rápido, me deixando nervosa. Com a luz que vinha dos fundos da BigHIt, onde havia um grande estacionamento, eu podia ver a silhueta de Suga olhando para a mão.

— Ai! — disse o maior enquanto tirava alguma coisa da mão.

“Ele deve ter se cortado”, pensei.

— Está tudo bem? — quando dei por mim, já tinha falado, chamando a atenção dele.

Meu coração começou a acelerar mais ainda quando ele se aproximou. A luz do poste da rua iluminou seu rosto, me fazendo prender a respiração. Havia um corte em sua sobrancelha esquerda, sua boca sangrava um pouco, seu olho direito estava inchado e a pele no local começava a ganhar um tom arroxeado. Abaixei meu olhar até a mão direito e havia um corte profundo ali, por onde uma quantidade significativa de sangue.

— O que você quer? — perguntou rispidamente, me fazendo encarar seu rosto machucado.

Ele me avaliava silenciosamente.

— E-Eu po-posso fazer curativos. — engoli em seco. — Minha mãe é enfermeira.

— E? Sua mãe é a enfermeira, você não.

Dizendo isso ele me deu as costas e entrou no beco, indo até o estacionamento, desaparecendo de vista ao dobrar para a direita. Primeiro eu hesitei em tomar a decisão, mas por fim, optei por seguir ele. Tomei cuidado ao caminhar pelo beco, havia muitos objetos quebrados e jogados no chão. Ao dobrar para a direita eu esperava encontrar Suga em algum lugar, mas o estacionamento era maior do que eu imaginei e havia muitos carros.

Mas não havia nenhum sinal do loiro.