Acordei muito tarde, perdi o primeiro período e tinha poucos minutos para chegar no segundo. Eu e os meninos ficamos conversando a noite toda sobre o jogo e sobre Suga, ou melhor, Yoongi. Depois do que o aconteceu, devido a minha demora e as perguntas incessantes de Jungkook, eu tive que contar tudo. A principio, todos ficaram surpresos com a atitude do loiro, mas ainda acham que Yoongi é “grosso, imbecil e um grande idiota”.
Levantei da cama e comecei a me arrumar o mais rápido possível, coloquei o uniforme, sem esquecer de por o short por baixo da saia.
“Você está de short por baixo.”
Senti meu rosto esquentar gradativamente ao me lembrar dessa cena. Tentei afastar meus pensamentos e voltei a me concentrar no meu objetivo: chegar na escola a tempo. Antes de ir, passei no quarto da minha mãe e vi que a mesma se encontrava em um sono profundo.
Já na parada de ônibus recebi uma mensagem de Jungkook me perguntando onde eu estava, respondi rapidamente e quando eu levantei o rosto para ver se o ônibus estava vindo, o mesmo passa pela parda a toda velocidade, sem nem me dar chance de pedir para o motorista parar. Eu não sabia se ficava com raiva ou não, mas de qualquer forma aquele era o único ônibus que me deixaria na frente da escola, bem a tempo de chegar no segundo período.
Saí correndo, praticamente, a escola ficava cerca de vinte minutos da minha casa, mas como eu estava atrasada, tive que correr mesmo. Depois de algum tempo meus pés começaram a dor, eu sentia meus dedos de esmagando uns com os outros, mas eu só conseguia pensar na dubla bronca que eu iria levar da diretora. Ela já odeia que matem aula, e chegar atrasada só piorava tudo. Por que eu fui dar ouvidos ao Jungkook? Por que eu matei aula? Agora tenho que sai correndo pra evitar que a escola ligue para a minha mãe.
Quando cheguei os portões ainda estavam abertos, passei pela portaria e dei bom dia para a mulher que ficava ali, nem sabia o nome dela. Quando cheguei na minha sala o professor de história nem tinha dado as caras, por sorte. Tentei controlar a minha respiração, ouvi risadinhas, que eu sabia muito bem de quem eram.
— Adorei o penteado novo, _____. — ouvi Minzy dizendo, fazendo a turma inteira rir.
Abaixei a minha cabeça e sentei no meu lugar de sempre, olhei para a tela do celular e quase dei um pulo. Meu cabelo estava todo embaraçado, parecia que eu tinha saído de um tornado, ou que eu tinha fugido de um manicômio.
Assim que o professor entrou na sala, para o meu alívio, as risadinhas e comentários desnecessários se encerraram. Queria que se encerrassem para sempre.
***
No recreio encontrei os meninos na mesa de sempre, que ficava nos fundos do refeitório. Assim que me viram ao longe Jimin acenou sorrindo.
— Por que chegou atrasada? — perguntou Jungkook, assim que me sentei no banco a sua frente.
— Por que eu fiquei a noite toda conversando com vocês sobre o D.Devil, — disse um pouco irritada. — aí é claro que eu iria acordar tarde.
— Já falei para você colocar o despertador para tocar. — disse o moreno enquanto descascava uma banana.
— Não preciso, meu relógio biológico funciona extremamente bem. — peguei o sanduiche que havia comprado e dei uma grande mordida, sentindo os maravilhosos sabores invadindo a minha boca.
— Estou vendo a eficiência do seu relógio biológico. — disse Jungkook enquanto mastigava um pedaço da banana, fazendo caretas engraçadas enquanto comia.
— O que aconteceu com seu cabelo? — perguntou Jimin. — Parece um ninho de pomba bêbada.
— Tive que sair correndo porque, bem na hora em que eu estava respondendo a mensagem do Kookie o M5 passou voando pela parada e eu tive que vir correndo.
— Por que não ficou em casa? — disse o ruivo, me olhando como se eu fosse louca.
— Acho que a ______ é a única estudante dessa escola que evitaria faltar a aula. — disse Jungkook enquanto terminava de comer.
— Eu sou a ovelha negra até mesmo na hora em que eu devo ser a ovelha negra. — disse antes de dar mais uma mordida, fazendo os dois meninos à minha frente rirem. — Querem um pedaço? — ofereci o sanduiche aos dois, mas ambos negaram.
— Chim, — chamou Jungkook. — a Sooyeon não para de olhar para cá.
Sooyeon era uma menina na qual Jimin sempre foi apaixonado e, apesar de todo mundo saber que o sentimento é recíproco, eles nunca namoraram, só ficavam. Eram orgulhosos demais e nenhum dos dois que dizer as três palavras primeiro.
Não ousei olhar por cima do ombro para procurar a menina, mas só pelo sorriso de Jimin eu pude saber que ela estava na nossa diagonal direita.
Sooyeon era o tipo de menina que toda mãe gostaria de ter como nora. Ela tinha proporções corporais perfeitas, seu cabelo moreno ia até a cintura mais ou menos, ela era magra e sempre muito simpática. Ela era a presidente do conselho estudantil e todos admiravam Sooyeon, ou sabiam seu nome.
— Você bem que podia parar de enrolar a menina e pedir ela em namoro, né? — falei como quem não quer nada, mas (obviamente) não fui muito sutil.
— Eu só estou esperando o momento certo, já falei! — disse o ruivo, desviando o olhar de vez em quando.
Eu e Jungkook nos entre olhamos, totalmente descrentes nas palavras do ruivo que as repetia pela décima vez.
***
Retornamos para a aula e por mais incrível que parecesse, tudo ia bem, até eu me mexer um pouco na cadeira e notar que havia algo errado. Parecia que a minha saia estava grudada na cadeira! Sem me mexer muito para não chamar muita atenção, coloquei minha mão até o local e um frio na barriga me veio quando eu identifiquei o que era.
Um chiclete!
Alguém colocou um chiclete na minha cadeira!
Ouvi algumas risadinhas mais ao fundo da sala e eu soube imediatamente o autor da obra de arte. Respirei fundo tentando me acalmar, mas a minhas mãos suavam enquanto eu pensava em algum jeito de sair sem que notassem aquela sujeira ali.
Optei por pedir que Jimin ou Jungkook viessem aqui e me emprestassem algum casaco de ginástica. Discretamente, peguei meu celular na mochila para enviar uma mensagem de socorro para os dois, olhei milhões de vezes para a professora de química que estava de costas enquanto passava a matéria. Toda vez que a professora se movimentava demais eu olhava para a mesma com o coração na boca, com medo de ser pega. Quando finalmente ia enviar a mensagem, ouvi o chocalho da cascavel balançar:
— Professora, a _____ está usando o celular em sala de aula!
Imediatamente a professora de cabelos curtos e óculos meia-lua se virou para mim, bem como os meus colegas. Alguns riam de deboche, outro apenas olhavam, mas agora não importava. A professora, de olhar severo, venho até a minha classe e estendeu a mão para que eu entregasse o telefone. Hesitei por uns segundos, ela insistiu, e, suspirando, entreguei o telefone.
— Lamentável. — comentou desgostosa a professora de Química.
Pude ouvir alguns cochichos e risadinhas por toda a turma, a professora retomou a atenção dos alunos, mas a vergonha ainda estava estampada nas minhas bochechas.
O tempo parecia se arrastar, cada dez minutos passavam tão rápido quanto um ano inteiro. Choveu forte nesse meio tempo e aparentemente a chuva não iria parar tão cedo. Á medida que o final da aula se aproximava eu ficava mais e mais ansiosa, a ponto de fazer a minha perna esquerda tremer. Eu já não saí da sala para nada, agora sim que eu não sairia daquela cadeira de jeito nenhum.
Quando finalmente o sinal para a saída tocou, parecia que o ar tinha voltado para os meus pulmões novamente, mas eu ainda não podia respirar aliviada. Guardei meu material com toda a “calma” do mundo, sem levantar suspeita, deixei que todos saíssem da sala e, por sorte, Minzy e as GMs foram as primeiras a sair.
Levantei da cadeira com cuidado, o movimento no corredor já havia cessado. Olhei para a cadeira e vi que o chiclete era rosa, que por sorte não destacava tanto com a saia cor bordo. Tentei limpar um pouco com uma folha de caderno, mas já estava fundido com a saia. Considerando o lugar onde a macha ficou, acredito que a mochila conseguiria tapar, mas só para ter certeza, soltei um pouco mais a alça.
Abri a porta da sala e me deparei com o corredor deserto, desci as escadarias e fui para a portaria, olhei por sobre o ombro para ver se não vinha alguém atrás de mim. Ainda tinha alguns alunos ali, conversando e esperando seus pais para busca-los. Saí correndo para o lado direito, em direção da minha casa, assim que cruzei o portal, senti que meu pé enroscou em alguma coisa e eu acabei caindo com tudo no chão, a ponto de fazer muito barulho.
Ouvi muitas risadas, risadas familiares.
Minzy e seu grupinho estavam rindo de mim, da minha queda que elas provocaram.
— Awwww, coitadinha do patinho feio, caiu de ara no chão. — disse a mesma com seu típico ar de deboche.
Ali naquela parte, não havia cobertura e com a chuva forte, em poucos segundos eu já estava encharcada. Me sentei sobre as cochas devagar, queria muito chorar, mas tentei afastar esse sentimento de mim. Minhas mãos ardiam e meus joelhos sangravam um pouco. Subitamente a chuva parou ao meu redor, senti alguém puxar meu braço esquerdo e me levantar.
— Qual o seu problema sua vadia mal amada? — disse Yoongi. — Só por que a sua vida é uma bosta, isso não te dá o direito de tornar a dos outros uma bosta também.
Eu não conseguia acreditar no que via. Yoongi, do meu lado, lindo e sexy como sempre, me defendendo. Podia até ser muito clichê e idiota, mas eu estava muito feliz.
— Como disse, querido? — perguntou Minzy, sem perder sua postura de nariz empinado.
— Não se faça de burra ou surda, você ouviu e entendeu muito bem! — com o braço direito o loiro enlaçou a minha cintura e me trouxe para perto de si. — Nunca mais implique com a minha garota outra vez, sua fedelha!
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