História Young (Imagine Suga) - My Girl

Eu não sabia o que fazer ou falar, por mais que eu fosse tímida, sempre sabia o que dizer e o que fazer, em todas as situações, só não tinha coragem para tal. Mas agora era completamente diferente.

Yoongi mantinha seu braço direito sobre meus ombros, me mantendo próximo de si para que eu não me molhasse, apesar de já estar encharcada e, consequentemente, estar molhando ele também. Nós andávamos calmamente em direção ao estacionamento, meu coração batia muito rápido e eu começava a ficar nervosa. O loiro me levou até um caminhão que era visivelmente velho, algumas partes estavam enferrujadas e desbotadas, a tintura começava a cair aqui e ali.

— Porque estamos aqui? — perguntei hesitante, quando ele me entregou o guarda-chuva para subir e abrir a porta.

— Essa é a minha casa, venha. — disse o mais velho, pegando o guarda-chuva para que eu pudesse subir sem me molhar, mais do que já estava molhada.

Quando entramos, a primeira coisa que notei Fo a bagunça. Havia muitos papéis jogados pelo chão, algumas embalagens de comida e alguns brinquedos espalhados pelo chão. Toda a “casa” era composta por duas partes que eram divididas apenas por uma cortina grossa.

A primeira parte era a cozinha, onde havia uma pia com um fogão embutido, alguns armários onde provavelmente ficavam as louças, uma pequena geladeira e uma mesa de jantar, com um pequeno lustre em cima para a iluminação noturna e uma minúscula TV no canto superior direito. Do outro lado da primeira parte havia outra mesa, mas obviamente era o que poderíamos chamar de escritório, havia uma prateleira ao lado que continha muitos livros, cadernos e papeis jogados descuidadamente. Havia também duas janelas, uma em cada parede.

As duas partes eram divididas por uma cortina e um pequeno corredor, onde havia duas portas, uma em cada lado. A segunda parte era composta apenas por um sofá em U, não parecia ter muitas coisas ali, mas eu podia notar que havia três janelas, pois o ambiente ali era bem iluminado.

— Não repare na bagunça. — disse Yoongi, que estava fechando a porta, mas ao notar meu olhar, decidiu deixar aberta.

O loiro começou a juntar os papéis e lixos, os colocando em um lixo próximo a pia, mas alguns papéis ele guardava no meio de cadernos, ou nas gavetas da mesa do “escritório”. Os brinquedos ele guardou em uma caixa de plástico azul que estava em cima de uma das cadeiras. Depois disso, foi até a porta direita do corredor, ficou um tempo lá e então surgiu com uma muda de roupa e uma toalha.

— Você pode se secar ali se trocar. — apontou para a segunda parte.

— Não quero incomodar. — falei baixinho.

Mas se Yoongi ouviu o que eu disse ou não, não fez diferença, pois o mesmo puxou delicadamente a mochila dos meus ombros e me empurrou até a sala, fechando a cortina em seguida, nos separando. “Será que ele não vai tentar espiar?” pensei, mas afastei tais pensamentos quando comecei a ouvir alguns barulhos do outro lado.

Eu estava certa quando pensei que havia duas janelas, todas elas tinham cortinas azuis escuras, havia um cabideiro de parede onde estavam pendurados alguns casacos, jaquetas e bonés, sorri ao ver que eles não eram só de Yoongi. Do outro lado havia uma pequena cama branca de madeira que lembrava muitos os cercados de fazenda.

Tirei os sapatos, as meias e por fim o uniforme, meu sutiã estava molhado, então eu o tirei também. Usei a toalha que ele me deu para me secar e em seguida me vesti. Eu não tinha percebido que estava gelada até que senti o moletom cinza escuro de Yoongi contra a minha pele, não era necessário usar a bermuda que o loiro tinha me dado, pois o moletom vinha até metade das minhas coxas, mas mesmo assim eu coloquei a bermuda de malha, amarrado firme para que não caísse. Puxei um pouco o moletom até encostar contra o meu nariz. Senti o cheiro natural de Yoongi pela primeira vez, era um cheiro suave, mas forte, eu podia ficar inalando aquele perfume para sempre. Mas um barulho na outra parte me fez voltar a realidade, enrolei a toalha nos cabelos, peguei minhas roupas, escondendo o sutiã entre elas, antes de sair olhei para trás para ver se havia pegado tudo.

Quando abri a cortina me deparei com Yoongi espalhando meus materiais sobre a mesa de jantar, enquanto a mochila estava toda aberta e pendurada em uma cadeira. Quando o loiro me viu, um sorriso surgiu em seu rosto e em seguida ele disse:

— Se eu soubesse que ficaria um vestido, nem teria te dado a bermuda.

Corei um pouco com o que ele disse.

— Acho que prefiro ficar com a bermuda.

Um silêncio se seguiu, onde nós apenas encarávamos um ao outro.

— Você é bem tímida, né? — concordei com a cabeça, segurei minhas mãos para tentar parar de tremer. — Antes você gaguejava e quase não me encarava por muito tempo, mas agora você não faz mais isso, apesar de ainda continuar vermelha... Agora só falta revidar as pessoas que te fazem mal. — olhei para os meus pés descalços ao lembrar da cena vergonhosa de alguns minutos atrás.

Yoongi fala essas coisas sorrindo de um jeito muito fofo, seus dentes inferiores não apareciam e seus pequenos olhos sumiam. Eu sabia que ele estava tentando me fazer falar, tentando me ajudar, mas não era fácil para mim. Parecia que quando eu ia falar as palavras não passavam pela minha garganta, e por mais que as pessoas fossem grossas comigo, eu não conseguia fazer isso com elas também, não que elas não mereçam, mas é que eu não sou assim.

— Acho que é por que eu já te conheço. — respondi por fim, ignorando a última parte.

O loiro começou a se aproximar e a cada passo meu coração acelerava um pouco mais, até que finalmente ele chegou bem perto.

— Mas você não fica vermelha quando está com seus amigos. — retrucou, perto desse jeito, o loiro precisava olhar para baixo enquanto falava comigo.

“É que eu não gosto deles”, pensei. “Pelo menos não de uma forma romântica”.

— Então quer dizer que você gosta de mim romanticamente?

Olhei para ele assustada.

— Como você...

— Você acabou de dizer. — me interrompeu, o loiro sorria e piscava lentamente. — Bem baixinho, mas disse.

Parecia que eu tinha entrado em curto circuito. Abaixei a cabeça novamente, pela milésima vez, sentindo minhas bochechas em chamas. Como eu pude dizer meus pensamentos em voz alta desse jeito? Que tipo de idiota faz isso? Só eu mesmo! Nunca quis tanto desaparecer para sempre.

 A mão gelada de Yoongi no meu queixo me fez olhar para ele novamente.

— Como você consegue ser tão fofa?

Com isso o loiro se aproximou mais ainda, sua mão esquerda foi para a minha cintura me puxando contra si. Meu coração pareia que ia explodir quando ele roçou seus lábios nos meus. O tempo passava lentamente, mas voltou ao normal quando o sinal tocou.

Yoongi resmungou alguma coisa, mas eu estava completamente fora de orbita, alheia a qualquer coisa que acontecesse.

— Preciso buscar meu filho. — disse o loiro se afastando.

Ele pegou o guarda-chuva, mas antes de sair disse:

— Eu já volto.

E pulou para fora do caminhão.

É claro que ele não tinha aparecido do nada, ele veio buscar o filho, mas o jardim sai depois do fundamental e do médio. Ouvi seus passos se distanciarem aos poucos. Fui até a cozinha e procurei por um copo, mas não havia água na torneira, suspirei irritada. Sentei na cadeira da mesa de jantar tentando acalmar meu nervosismo, minhas mãos tremiam e meu coração estava quase saindo pela boca.

Depois de alguns minutos ouvi passos novamente e Yoongi surgiu com seu filho nos braços. O pequeno foi colocado pelo loiro em cima do caminhão e depois correu para dentro. Ao me notar, seus olhos me encararam por alguns instantes e depois para o pai, que já havia subido. O pequeno apontou na minha direção, como se perguntasse quem eu era.

— É uma amiga. — disse Yoongi, — trate bem ela.

Em seguida o menino falou alguma coisa, na qual apenas Yoongi entendeu e respondeu:

— Nós já vamos comer, antes temos que levar a ____ para casa.

O loiro tirou se uma gaveta da pia, uma sacola branca, onde eu coloquei as minhas roupas. Em seguida nós guardamos meus materiais, que por sorte não molharam tanto, dentro da mochila.

— Se comporta garotão. — disse Yoongi para o filho que já começava a espalhar seus brinquedos pelo chão da cozinha.

Yoongi me entregou o guarda-chuva e nós saímos, em seguida o loiro fechou a porta e a trancou.

— Tudo bem deixar ele sozinho?

— Sim, ele é super tranquilo.

Nós descemos do caminhão e fomos até a frente. Primeiro eu entrei e depois Yoongi.

— É a primeira vez que eu ando de caminhão. — comentei, fazendo Yoongi sorrir.

O loiro arrancou devagar, enquanto eu explicava para ele onde eu morava. Assim que saímos do terreno da escola um silêncio se instaurou. Eu começava a reviver o que aconteceu e me lembrei de perguntar:

— Por que disse para a Minzy que eu sou a sua garota?

— Então é esse o nome dela? — disse Yoongi sem tirar os olhos da estrada.

— É...

Paramos no sinal vermelho e ele me olhou.

— Bem, você não falou nada... aquilo foi a primeira coisa que veio na minha cabeça.

— Acho que agora vai ser bem pior.

— Por quê? Por que ela vai ficar morrendo de ciúmes do seu namorado gostoso?

Olhei para a janela para que ele não visse as minhas bochechas corarem.

— Pelas coisas que você disse para ela.

Ele soltou um riso nasalado. A sinaleira abriu e voltamos a andar.

— Foram apenas verdades.

Depois de poucos minutos Yoongi estacionou na frente da minha casa. Me virei para o loiro que me encarava.

— Obrigada, por tudo.

Ele sorriu daquele jeito doce.

— Tudo pela minha garota.