História Young Souls - Young Souls

24 de Dezembro, 2017. 
 

Vanessa Martins
 

–– Vanessa, você pegou seu enfeite de cabelo? –– Liv abriu a porta do meu quarto, com um sorriso estampado no rosto. 

Assenti. 

–– Hoje é um dia importante amiga, é o seu dia. Têm que está tudo perfeito.

Meu dia? Sim. Hoje era o meu dia.  Eu e Rafael andamos conversando sobre como seria nossa relacionamento depois de alguns anos. Exatamente hoje, dia 24 de dezembro a um ano a trás Lange me pedia em casamento. Começamos preparar esse dia com alma, espírito e corpo. Eu só queria que hoje fosse o dia mais bonito de toda a minha vida. Toda a minha família estava aqui. Minha tia, meus pais, amigos, e tudo mais. A cada segundo que passava eu me sentia mais e mais nervosa.

–– Liv, relaxa, vai dá tudo certo, ok? –– Sorri. 

–– Eu pareço bem mais nervosa que você, cruzes. –– Livia conseguiu arrancar de mim uma risada. 

–– Eu estou nervosa, acredite. Mas esperei tanto por esse dia. –– A mulher que ajeitava meus cabelos deu alguns puxões no mesmo. 

–– A senhora vai vestir-se agora? Ou posso terminar o cabelo? –– Anna, era o nome dela. 

–– Acho que vou vesti-lo agora. Caso o penteado fique muito elaborado, não quero estraga-lo. –– Livia pegou o vestido que estava pendurado no cabide, escorado na parede. 

Ele era do jeitinho que eu sonhava. Totalmente branco, com um véu enorme. Tinha um decote nos seios, nada muito chamativo, junto com umas pedras brilhosas na cor prata. Era bordado em renda. 

Incrível. 

–– Rafael já está pronto? –– Perguntei. 

–– Acho que está quase lá. Tarik disse que ele está ajeitando o terno. –– Eu estava nervosa, e fiquei bem mais ao terminar de ouvir essa frase. Era realmente hoje, eu estou me casando, hoje! 

–– Oh meu deus, agora eu estou nervosa. –– Assim que me virei para o espelho, sorri. 

Minha maquiagem era clara, não chamava muita atenção, meu vestido estava perfeito no meu corpo, e meus cabelos, nossa, meu cabelos estava incrível. Eu me sinto uma princesa, uma mulher. 

–– Livía, todas já estão na praia? –– Respirei fundo, pondo as mãos na cintura. 

Sim, na praia. Era lá que Rafael escolheu se casar. Ele gosta de ar livre, gosta de sentir o vento sobre o seu rosto. Eu já tinha escolhido tudo do casamento, era justo deixa-lo escolher o lugar não era? 

–– Sim, a sua mãe ligou. Disse que seu pai já está chorando. –– Gargalhei. Meu pai sempre foi muito chorão. E eu ainda nem cheguei, imagina quando estiver lá? 

–– Tudo bem. Meu trabalho acabou. –– Anna sorriu de lado, recolhendo suas coisas. –– Bom casamento para senhora, felicidades meu amor. 

Sorri, carinhosa.

–– Hora de ir. –– Já era para a Lívia está lá, mas ela faz questão de me acompanhar em todo canto. 

Meu coração disparou, meu corpo tremeu, e minha cabeça começou a girar. 

Nada disso, nada de desmaiar agora. 

Me segurei no corrimão da escada descendo degrau por degrau. 

Lorenzo, um amigo da família que se ofereceu para me levar até a Igreja. 

Olhava o relógio todo segundo, já se passava das nove e meia. Tinha que chegar lá as dez. Por favor, que não tenha nenhum trânsito. 

Assim que vi a multidão de pessoas sentadas em cadeiras enfileiradas na praia, não consegui conter a emoção que sentia. Estava tudo do jeitinho que eu planejava. Flores por todo canto, comida, bebidas, luzes brancas. A lua erguida no céu, e o mais importante de tudo, ele. 

Rafael ajeitava a manga da blusa enquanto os seus amigos o rodeavam. Felipe sorria vendo a felicidade do amigo, enquanto Cocielo virava um copo de bebida. Tarik e Mike falavam alguma coisa no ouvido do mesmo. 

Eu amo todos eles, e agradeço eternamente a Deus por terem colocado-os na minha vida. Todos esses meninos me fazem muito bem, e eu tenho certeza que para Rafael também fazem. 

Meu pai já me esperava com um lencinho no bolso do paletó. 

–– Não pode chorar, se não eu também choro. –– Brinquei. 

Perfect Duet, do Ed Sheeran começou a tocar anunciando a minha entrada. 

(A música está nas notas finais, só dá play.)

Meus olhos se cruzaram com os deles. Ainda é preciso dizer que eu estava me borrado em lágrimas? 

Ele sorria. Um sorriso lindo e sincero. Seu rosto estava vermelho, como o meu. As pessoas estavam de pé, me olhando entrar, e passar pelo meio das cadeiras. Algumas rosas caíam sobre mim enquanto observa o sorriso do Lange. 

–– Eu estou tão orgulhoso de você minha filha. –– Meu pai sussurrou, me entregando para Rafael. 

Lange segurou minha mão, me ajudando a subir nos pequenos degraus. 

–– Você está tão linda. –– Rafael passou os dedos pela as minhas bochechas. 

O padre que estava ao meu lado, sorriu, pegando uma folha de papel.

–– Boa noite a todos! –– Ele disse enquanto as pessoas voltavam aos seus lugares.

Eu não conseguia tirar meu os do Rafael, era como se só ele estivesse ali. 

–– Estamos aqui hoje para celebrar as melhores coisas da vida, a confiança, a esperança, o companheirismo e o amor entre esse casal. –– O padre voltou a falar. –– Vocês foram convidados para compartilhar este momento com a Vanessa Martins e com o Rafael Lange porque são as pessoas mais importantes para eles. O respeito, a compreensão e o carinho que sustentam o relacionamento deles têm suas raízes no amor que todos vocês deram a este jovem casal. Por isso, é uma honra para os noivos contar com a sua presença, aqui, hoje.

–– Vocês são parte insubstituível do seu ontem, do seu hoje e de todos os seus amanhãs. –– Ele continuava dizendo mais algumas coisas que eram realmente importantes para a cerimônia. –– Eles escolheram um ao outro como sua família, e hoje estão celebrando o amor que já começou e que vai continuar crescendo ao longo dos anos. Pois o casamento é a união, é uma caminhada rumo a um futuro, que envolve abrir mão do que somos, separados, em prol de tudo o que podemos vir a ser, juntos.

Rafael olhava para meu olhos, enquanto mantinha um sorriso deslumbrante nos lábios. 

–– Vanessa e Rafael, vocês já foram muitas coisas um do outro, amigos, companheiros, namorados e noivos. Agora, com as palavras que vocês estão prestes a trocar, vocês passarão para a próxima fase. 

Nos entre-olhamos. 

–– Pois, com estes votos, vocês estarão dizendo ao mundo: “este é meu esposo”, “esta é minha esposa”.  –– Assentimos. –– Rafael Lange, é de livre e espontânea vontade que você aceita a Vanessa Martins como sua companheira em matrimônio? 

–– Sim, aceito. –– Rafael disse sem pensar muito. 

–– Vanessa Martins, é de livre e espontânea vontade que você aceita o Rafael Lange como seu companheiro em matrimônio? 

–– Claro que sim. –– Suspirei, animada. 

Admito que odeio essas coisas de cerimônia. Acho um saco. Mas só de estar aqui, ao lado dele, vendo que todo esse senho realmente se realizou, só me faz querer ficar aqui mais e mais. 

Minhas mãos suavam como nunca. 

Uma das primas de Rafael entrou com as alianças em uma almofada. Ela era um amor. 

–– Vanessa, eu te dou esta aliança como sinal de que escolhi você para ser minha esposa e minha melhor amiga. –– Rafael colocou a aliança no meu dedo anelar. 

Eu não queria chorar, mas está ficando bem complicado de segurar todas essa emoção. 

–– Rafael, eu te dou esta aliança como sinal de que eu escolhi você para ser meu esposo e meu melhor amigo. –– Repeti o mesmo processo. Ele sorriu, beijando a minha mão. 

–– Vanessa e Rafael, ninguém além de vocês mesmos detém o poder de proclamá-los esposo e esposa. Porém, vocês nos escolheram como anunciantes desta boa nova. E assim, tendo testemunhado sua troca de votos diante de todos que estão aqui hoje, é com grande alegria que nós declaramos que vocês estão casados. –– A última frase do padre foi o suficiente para me fazer derramar uma lágrima. 

Eu realmente não acredito que estou fazendo isso. 
 

–– Eu te amo. –– Rafael se aproximou um pouco de mim, enquanto segurava minhas duas mãos. 

–– Eu também te amo –– Respirei fundo, não contendo o sorriso. –– , muito. 

–– Pode beijar a noiva. 

"Laços de sangue são fortíssimos, no entanto, os laços de almas jovens são inexplicáveis"