Lukas POV:
Acordei cedo no dia seguinte, me arrastando até o banheiro para tomar um banho gelado, que me faria despertar. Me vesti, e desci, eu estava um pouco mais animado do que ontem mas minha animação acabou por sumir, após eu parar no primeiro degrau da escada e observar a cena que se passava lá embaixo. Jade estava ajoelhada ao chão, segurando uma caixinha felpuda sobre as mãos na qual continha uma aliança, enquanto Daniel estava parado de pé a sua frente sorrindo de canto. Então ela murmurou tais palavras, que fizeram meu estomago revirar. Sete palavras, trinta e oito letras, e apenas um sentimento: desgosto. Sim, eu contei.
— Quer namorar comigo, só que agora oficialmente? — disse a garota sorrindo abertamente. Daniel desviou o olhar para a porta de entrada da sala de estar, parecia pensar.
— Quero. — foi curto e grosso, ainda com o sorriso de canto, encarando a loira. Jade se levantou pulando nos braços de Daniel e enchendo seu rosto de beijos até chegar em seus lábios.
— Você não sabe o quanto me deixa feliz, merece até uma recompensa. — sorriu travessa, mordendo os lábios. A partir dali, eu tomei uma decisão que eu acho que será o melhor para todos nós. Eu já estava com ela em mente, e tudo que queria era que Daniel me entendesse, entendesse que não dá mais.
No fundo eu sabia que não seria fácil, e que as coisas poderiam se complicar bastante, mas era preciso. Tem certas situações em que você não consegue se manter firme o tempo todo. O que eu mais precisava no momento era ter uma conversa séria com Daniel e finalmente lhe dar uma chance para ser feliz. Esperei eles irem até a cozinha para eu poder descer.
— Bom dia. — digo entrando na cozinha. — Daniel, eu sei que é cedo, mas podemos conversar? — tento não manter contato visual com nenhum dos dois.
— Ah não, você não vai me deixar sozinha por causa disso outra vez! — Jade cruzou os braços.
— Eu prometo que será rápido, e que depois dessa conversa terá todo o tempo do mundo para ficar com Daniel. — respondo sua birra.
— Vamos até meu quarto então. — Daniel disse e eu assenti o seguindo até seu quarto.
— Eu pensei que você nunca mais fosse falar comigo. — disse ao fechar a porta. — Eu fiquei com tanto medo de te perder dessa vez Lukas! — ele vem para me abraçar, mas eu me esquivo.
— Daniel, o que eu tenho para falar com você é sério. — digo.
— O que houve?
— Eu quero te deixar ser feliz com a Jade. — respondo.
— Mas... Você também quer ficar ao meu lado e esperar que tudo se resolva? — pergunta.
— Daniel... Eu estou terminando com você. — sou direto.
— O que? Por que? O que eu fiz de errado? — começa a fazer uma pergunta atrás da outra.
— Você não fez nada de errado, eu é que sou um intruso. — suspiro pesado. — A verdade é que, infelizmente a Jade chegou primeiro, e amarrou você a ela. — digo, tentando não manter contato visual com ele.
— Lukas me escute, você não é um intruso, Jade não me amarrou a ela, e eu posso muito bem terminar com ela agora por você! — exclama.
— Você não consegue pensar nos sentimentos dela? — pergunto incrédulo. Jade pode ter feito o que fez comigo, mas ainda é um ser humano e bem lá no fundo deve ter sentimentos.
— Você não pode fazer isso, você prometeu que iria esperar por mim! — retruca.
— Eu sei que eu prometi, e eu queria muito poder cumprir, mas você não vai conseguir larga-lá, e a cena que vi hoje mais cedo confirma isso. — digo.
— Você viu? — pergunta abaixando o tom de voz.
— Sim eu vi, e espero que sejam felizes. — sorrio de canto.
— Jade não pode me fazer feliz, como você pode!
— Mas ela tentará, e não tenho dúvidas que irá dar o seu melhor. — respondo. — Eu não quero roubar a chance dela de ser feliz com você. — me aproximo.
— Eu não consigo entender. — responde.
— Um dia você irá entender, pode não ser hoje, mas um dia irá. — acaricio sua bochecha com o polegar, sorrindo fraco tentando conter as lágrimas que insistiam em escorrer.
— Lukas não me deixe. — pede.
— Sozinho você não vai estar. — me refiro a Jade. Saio de seu quarto com a alma lavada mas ainda sim com uma enorme vontade de chorar. Eu o amo, e esse amor se desenvolveu tanto que chega a doer. Foi tão estranho para mim admitir que estava apaixonado por ele, e agora eu nem ao menos tenho medo de gritar esse amor para o mundo. Mas não podemos ficar juntos, seria tão injusto com a Jade, eu não a suporto, não me importaria se ela quisesse ir embora de nossas vidas, mas ela confessou seu sentimentos por Daniel primeiro, foi ela quem tomou a primeira iniciativa, e é por isso que acho que Daniel não deva larga-lá assim.
Eu a agradeço, pois foi ela que me ajudou a perceber que o que Daniel sentia por mim era mesmo recíproco, e essa é a única coisa boa que ela me proporcionou nesses últimos tempos, mesmo ela achando que não foi algo bom.
Desisti de tomar o café e peguei minhas chaves, indo a caminho da casa da primeira pessoa que me veio em mente: Luba. Se fosse para eu chorar ou até mesmo me lamentar, eu preferia que fosse longe de Daniel, eu não queria tornar as coisas mais difíceis do que já estavam. Estaciono em frente a sua casa, e bato na porta, esperando ser atendido.
— Lukas? — Quem atende a porta é Rafa.
— Oi Rafa. — digo.
— Você não me parece bem, aconteceu algo? — pergunta me analisando. Só de ouvi-lo me perguntar, me sinto mais deprimido ainda.
— Eu posso entrar? — pergunto, ignorando um pouco sua última fala.
— Oh, mas é claro. — me dá espaço para entrar.
— Lukas, o que houve? — sou recebido por Luba lá dentro.
— Senta aqui. — diz Rafa dando alguns tapinhas no sofá para que eu me sentasse e assim o fiz.
[...]
Contei toda a minha conversa com Daniel e a minha decisão para os dois.
— Oh Lukas, eu sinto muito. — Luba me abraça.
— Essa Jade é uma pessoa horrível! — resmunga Rafa.
— É, mas ela chegou primeiro. — relembrou.
— Do que adianta chegar primeiro, e agir de uma maneira suja não só com Daniel, como com você também? — pergunta Luba.
— Você deveria ter a enfrentado! — Rafa.
— Eu não consegui, eu me sentia tão fraco. — suspiro. — E agora me sinto um idiota por isso!
— Não se sinta assim, você não merece sofrer mais por causa dela! — retruca Rafa.
— Rafa tem razão! — concorda Luba. — Se me dão licença, irei fazer uma ligação. — ele diz e sai para a cozinha.
— As coisas vão se acertar com Daniel. — Rafa me abraça de lado.
— Eu chamei uma pessoa que eu acho que é a que mais poderá te ajudar neste momento. — diz Luba.
— Quem é? — pergunta Cell todo curioso.
— Sayuri está vindo para cá. — sorri confortante. Sayuri tem sido uma grande amiga, mesmo tendo terminado comigo, ela está sempre disposta a me ajudar em tudo que preciso e eu a valorizo muito por isso.
[...]
Luba me levou até seu quarto, dizendo que seria melhor eu conversar sozinho com Sayuri. A campainha toca, e o loiro desce para atender.
— Eu não sei se ele quer te ver. — ouço a voz do loiro lá em baixo.
— Lukas Marques! — a voz de Daniel ecoa no quarto.
— Como soube que...— tento falar mas ele me corta.
— Perguntei para alguns amigos se eles sabiam de você e me disseram que você estaria aqui. — responde. — Eu queria tentar te fazer mudar de idéia, eu não posso ficar sem você.
— Daniel... — peço.
— Pode subir. — ouço a voz de Luba novamente.
— Luk! — Sayuri estava parada na porta.
— Espera... Então foi por isso que terminou comigo? — Daniel pergunta incrédulo. E o que eu achava que não podia piorar, piorou...
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