Depois de a Brenda fazer a droga do body shot em mim, o jogo continuou.
- Justin? - Levantei o olhar - esse é o seu quarto?
- Sim - ele falou baixinho, provavelmente por conta da dor de cabeça que ele também devia estar sentindo. Mas a minha estava muito forte.
Já havia bebido 5x mais em outra festa e a ressaca não tinha sido tão forte assim.
- o que aconteceu? - perguntei fechando os olhos.
Estava bem fresquinho dentro do cômodo por conta do ar condicionado estar ligado. Constatei isso quando abri um olho e avistei o eletrodoméstico no alto da parede acima de nós dois. Senti Justin passar seu braço por cima da minha barriga com delicadeza e colocar o rosto no vão do meu pescoço. Me arrepiei, admito.
- Você bateu muito em uma garota qualquer - ele fala soltando um risinho - mas também apanhou demais Aspen. Seu rosto está todo marcado e ontem tinha muito sangue saindo da sua testa, sobrancelha, canto da boca e nariz - ele fala em um tom mais sério
- Sério isso? - Perguntei meio assustada. Já havia discutindo com MUITA gente, mas nunca caí na porrada com ninguém
- Sim - ele fala baixo. Pude sentir ele sorrir quando passei meus braços devagar pelo seu pescoço com dificuldade por conta da posição
Ele me puxou rápido me fazendo deitar em cima dele.
- Ai Justin. Não faz isso. Tô com dor de cabeça - Fechei os olhos e quando abri o rosto de Justin estava muito perto do meu, tão perto que nossos narizes se tocavam
- Desculpa - ele falou baixinho e sorriu.
- Eu quero voltar pra minha casa - falo já emburrada novamente
- Você já me disse isso e eu já falei que não me importo. Pode andar por semanas e nunca vai achar a saída pra estrada.
- E os meus pais? Eles devem me ligar praticamente todos os dias e a essa altura já devem estar em Los Angeles me procurando. Devem ter visto que todo o nosso bairro está em ruínas e que a filha deles não está lá - falo me soltando dele e ficando de pé mesmo com toda a dor de cabeça
- Você vai ficar comigo, nessa casa - ele deu de ombros
- Você é um egoísta, drogado, idiota, imbecil, imprestável - Falo brava. Justin levanta e me puxa pra um abraço mas eu fico socando seu peitoral sem sucesso - seu traste
- Eu sou tudo isso que você falou, e mais um pouco - fala no meu ouvido. Imediatamente me sinto tonta de novo
- Preciso deitar - falo voltando pra cama. Justin deita ao meu lado. Fecho os olhos mas não pego no sono de imediato
O que estava acontecendo comigo? Eu estava em uma casa no meio do nada, sem sinal de internet, sem comunicação nenhuma a não ser pelos rádios que os meninos usavam mas aquilo não me era muito útil, rodeada de drogados, membros de uma gangue. Tudo bem, minhas amigas estavam lá agora e os meninos, tirando Justin, até pareciam ser legais.
Ryan, Chris e Chaz, desde que cheguei, só me fizeram rir.
Com a chegada das minhas amigas no dia anterior eu só me preocupei ainda mais.
De uma forma ou de ou de outra, aquilo era um sequestro e eu acabei arrastando minhas amigas pra essa loucura. Eu não me sentia tão desconfortável e a cada dia que passava eu me sentia em uma casa, com meus amigos, de férias. Mas eu sei melhor do que ninguém que isso é uma ilusão, que se eles quiserem colocar uma arma na minha cabeça cada um e me estuprar, eles fariam. Por mais que eu seja independente, auto-suficiente e segura de si, não teria chance contra todos aqueles homens.
Só então adormeci novamente.
(...)
- VOCÊ IA ATIRAR NA MENINA PORRA! - Alguém gritava.
Acordar de ressaca com berros no andar de baixo não é lá as melhores sensações do mundo, dica de amiga.
- ELA BATEU E XINGOU MINHA MELHOR AMIGA. E VOCÊ TEM QUE AGRADECER QUE EU IA SÓ ATIRAR NELA PORQUE A MINHA VONTADE MESMO ERA DE PEGAR AQUELA ARMA E ENFIAR GOELA ABAIXO NAQUELA PUTA - Uma voz femina gritava.
Não reconhecia as vozes. Se bem que eu havia acabado de acordar e ainda estava tentando lembrar meu próprio nome.
- NÃO INTERESSA GAROTA! SE VOCÊ TIVESSE ATIRADO NELA IA DAR UMA MERDA GIGANTESCA. OS AMIGOS DELA TAMBÉM ESTAVAM NESSA FESTA E ELES SABEM QUE ELA FICOU AQUI ATÉ MAIS TARDE. - A outra voz gritou. Era mais grave e tinha mais impacto. Era uma voz masculina
- PRA COMEÇO DE CONVERSA, POR QUE ESSA CASA ESTÁ CHEIA DE ARMAS? POR QUE MINHA MELHOR AMIGA ESTÁ AQUI E NÓS TAMBÉM? - Era Phoebe. Reconheci a voz.
Houve um momento de silêncio e eu decidi sair da cama e ver o que estava acontecendo. Desci as escadas e imediatamente vários gritos começaram. Apressei passo e me deparei com Justin no chão com Phoebe em cima dele deferindo socos e tapas na superfície do seu rosto
- PHOEBE! TA LOUCA? - Gritei ignorando o incômodo na minha cabeça e arrastando ela de cima do Justin - Vocês são retardados?
- Essa menina que não sabe nem da metade e ficou bravinha porque encontrou um fuzil na cozinha. - Bieber se levantou sangrando. Quando viu que estava pingando sangue, seus olhos queimaram de raiva. - sua vadia - ele falou indo em direção a Phoebe mas eu me coloquei entre eles.
- Se você encostar um dedo na Tonkin eu juro por deus que enfio a minha mão no teu cu até tu sentir os meus dedos encostando na tua faringe. - falo devagar pra ele entender
Ele ficou quieto e então me olhou apreeensivo.
- Aspen... - ele falou baixinho
- Não me venha com "Aspen". Você é um babaca e se continuar assim eu vou te explanar garoto. Você realmente se acha o fodão só porque faz o que faz mas eu também tenho meus segredinhos. Na verdade não é segredo o fato de eu ser extremamente raivosa certo Phoebe? - Encarei minha amiga e ela assentiu rapidamente
- Aspen... - Justin tornou a repetir meu nome
Que raiva
- Eu só queria entender o que te faz pensar que eu quero ficar aqui presa nesta casa. Justin, EU NÃO QUERO FICAR AQUI COM VOCÊ. Eu tenho uma vida, meus pais, meus outros amigos, minha escola, minha casa incendiada no momento, eu tenho OCUPAÇÕES.
- Aspen... - Justin falou novamente. Seus olhos emanavam raiva e desespero ao mesmo tempo
- O QUE FOI PORRA? - Extravasei
-
-Abaixem. As duas. Se abaixem. - Justin olhou pra janela. - AGORA
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