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História You're bruning up, I'm cooling down. - There is a shade of red for every woman.


Escrita por: thai_stark

Notas do Autor


Gente, meu final de semana foi uma loucura. Eu realmente não tive nenhum tempo de sentar a bunda na cadeira e postar! Agora foi meu único tempinho livre porque com o feriado eu também não conseguirei usar o computador! E ainda to tentando ser beta, que maluca haha
Então, eu adoro esse capítulo e ele vai tirar muitas dúvidas sobre a minha visão do Willas!
Espero que gostem <3

Capítulo 17 - There is a shade of red for every woman.


O quarto tinha uma atmosfera pesada e enfermiça. Era um cômodo onde a doença pairava no ar e o deixava denso, dificultando a respiração. Sansa estava ali há tempo demais, mas não tinha planos de sair. Segurava de forma firme a mão ossuda de Davos, a mão que lhe faltava as pontas dos dedos, cortadas por Stannis Baratheon. Sentia câimbra nos próprios dedos, mas não largava a mão do homem, apenas quando era obrigada por Jon a comer, embora seu estômago rejeitasse qualquer alimento. Sentia-se enjoada. Sentava-se sobre uma cadeira de madeira pouco confortável e seu corpo já não sentia mais as dores do desconforto. Ao olhar para o Cavaleiro das Cebolas e ver sua face muito esguia e pálida, sentia uma fisgada no coração. A morte parecia abraçá-lo mais de perto a cada dia que se passava. Já fazia uma dúzia de dias que estava ali e sua situação não melhorava. Sua presença era requisitada a todo o momento, mas não conseguia encontrar forças para cumprir suas obrigações. Falho miseravelmente a cada dia, pensava com frequência. Mas a possibilidade de perder Davos a afetava de uma forma que fingir não estar triste com a situação sequer passava por sua cabeça. Não preciso fingir força, sofro e que todos vejam e falem se assim preferirem, já não se importava mais com os sussurros traiçoeiros que circulavam o castelo.

Jon vinha vê-la todos os dias, mas agora estava ocupado demais tentando cumprir um papel que era dela e pouco era o tempo que passavam juntos. Menor ainda era a quantidade de palavras que trocavam. Lembrava-se do dia em que seus homens tinham voltado com a vitória das Gêmeas e do festim preparado para a comemoração. Dissera que não deveriam gastar aquela quantidade de comida e bebida sem necessidade, que o inverno havia chegado e precisavam estocar todo e qualquer alimento, mas Lorde Manderly insistira e viu-se sem ter como negar. Foi nesse dia que conheceu Willas Tyrell. Era um homem de presença marcante, mesmo sua perna coxa não o fazia parecer menos galante. Tinha um sorriso cortês e olhos que a faziam perder o foco por alguns segundos. Mas Willas era o menor de seus problemas. As pessoas passaram a aceitar Jon de uma forma mais amigável e ela sabia que era devido a sua origem. No dia do banquete, Jon pediu para que lhes contasse toda a verdade e assim o fez, se era seu desejo que soubessem que Eddard Stark não era seu pai, que fosse. Já não tinha mais vontade de protestar contra o que quer que fosse e seus pensamentos eram voltados para Davos.

— Lorde Howland Reed manteve o segredo por anos, mas agora que meu pai nos deixou viu a necessidade de contar a verdade. Jon é filho de Lyanna Stark e Rhaegar Targaryen. — viu quando Jon abriu um sorriso que variou entre medo da reação e satisfação. Mas logo a satisfação tomou conta quando ouviu Lorde Manderly urrar em seu favor.

— O Lobo Branco! — e todos os homens, já altos o suficiente devido ao vinho, bradaram em uníssono aquele título atribuído. E então Sansa se recolheu para o quarto novamente, deixando Jon com um beijo na testa e um sorriso.

Willas havia vindo ao seu encontro na terceira noite. Ele puxou uma cadeira para o lado oposto ao que estava e sentou-se próximo a Davos, apoiando sua bengala na cama.

— Sinto muito, minha senhora — o ouviu dizer, mas sua voz era um eco distante e ela apenas deu um aceno positivo. — Sei que não é o momento para tal, seus doentes precisam de suas preces, mas acredito que temos assuntos a tratar. — o homem disse de forma cuidadosa. Sansa o olhou por meio segundo e depois voltou a prestar atenção em Davos.

— Acredito que qualquer assunto pode ser tratado com Jon — ela disse, a voz era fria como gelo.

Willas se remexeu desconfortável em sua cadeira e o silêncio se instaurou por alguns minutos. Sansa parecia sequer notar sua presença ali. Tinha as mãos hábeis trabalhando em colocar lenços úmidos por água morna na testa de Davos e lhe ajustar as cobertas ao redor do corpo. Queimava como uma fogueira.

— Seu irmão... Quero dizer, primo, tem sido de grande auxílio, é verdade — Sansa o mirou para notar que suas palavras tinham uma cortesia forçada. Sabia que Jon não devia tratar Willas da melhor forma. — Mas existem assuntos que cabem somente a nós dois.

— Fala do casamento — ela concluiu.

— Sim, minha senhora. No entanto, não é do meu feitio desejar a infelicidade de alguém. Sei que conheceu minha avó e sabe como é uma mulher que torna difícil o ato de questioná-la, mas sou eu o Senhor de Jardim de Cima e cabe a mim decidir sobre alianças. Vim dizê-la que não a forçarei a se casar comigo para manter um acordo, apoio sua causa porque era amiga de minha irmã e porque acredito que Margaery teria feito o mesmo.

Sansa então o olhou. Encontrou em seus olhos bondade e sinceridade e foi muito fácil sorrir para ele. Sentiu um alívio tomar posse de si e não conseguiu encontrar palavras para agradecê-lo.

— É muito gentil, senhor. — se ateve a dizer.

— Não é gentileza, é sensatez. Não iria querer casar para ter uma esposa que gostaria de estar em qualquer lugar senão ao meu lado. Uma mulher que já passou por tanto e que jamais gostaria de fazer parte dos pensamentos ruins nutridos por ela. Não tenho intenção alguma em aumentar seus traumas, Sansa Stark. — então ele levantou-se e caminhou até ela, se ajoelhando ao seu lado com certa dificuldade.

— Não precisa, meu senhor. Sei como deve ser difícil. — ela lhe tocou as mãos e o impediu. Levantou-se enquanto ele voltava a se erguer.

— É muito gentil, senhora — ele sorriu enquanto a referenciava. Ela retribuiu.

— Sente-se, então, podemos conversar.

E foi assim que seu primeiro diálogo com Willas havia se passado. Ele havia lhe contado tudo sobre os planos de sua avó. Contou a respeito de uma Rainha Dragão que viajava rumo aos Sete Reinos no dorso de um dragão tão negro quanto a noite, acompanhada por mais dois gigantes de fogo. Tinha uma frota de mil navios ao seu lado e Asha e Theon Greyjoy viajavam com ela. Disse que todas as forças da Campina ainda não estavam ali pois escoltavam Daenerys Targaryen. Explicou também porque os homens de Dorne estavam ali, era mais uma aliança. Sansa concluiu, quem quer que fosse essa Rainha, que não teria dificuldades em enxotar Cersei Lannister do Trono de Ferro. Pouco se importava, no entanto. O inimigo é o frio, se forçava a jamais esquecer daquilo.

E então os dias haviam se passado até aquele momento. Inúmeros pensamentos viajaram por sua mente confusa, no entanto, era uma única mulher que não saía de sua cabeça. Uma mulher que brilhava tão rubra quanto o rubi em seu pescoço, tão quente quanto um dia de verão em Dorne. A Mulher Vermelha havia trazido Jon de volta a vida, imaginava o que poderia fazer por Davos.  Mas não estava ali então tinha que se contentar com o pouco a ser oferecido para manter a vida circulando nas veias ferventes de Davos. Sua atenção se voltou a Brienne quando viu a mulher irromper no cômodo carregando uma bandeja com comida. Sabia que Jon havia mandado.

— Trouxe torta de limão — a mulher sorriu, abrindo seus lábios cheios em um gesto desajeitado. Colocou a bandeja sobre a cômoda ao lado de Sansa.

— Obrigada — agradeceu apenas por hábito, não tinha fome.

— Ele vai ficar bem — Brienne lhe disse, tinha confiança na voz, mas Sansa não tinha certeza.

— Rezo aos Deuses para que sim. Já perdi pessoas demais — fez uma reclamação. Sentiu a mão pesada de Brienne sobre seu ombro e então a mulher saiu dali.

Era final de tarde. Olhou através das grandes janelas e conseguiu ver a beleza do sol poente. O céu era colorido por um laranja vibrante e o astro rei baixava-se sonolento. Podia ver a mancha que seria a lua daquela noite. Ansiou por um milagre. Os Deuses eram cruéis. Haviam lhe dado dias de esperança e calmaria, para logo depois açoitá-la com mais uma perda. Jon chegou quando a noite já havia caído. Ele a puxou, a erguendo daquela cadeira dura, e a abraçou. Transpassou seus braços ao redor dela e então lhe beijou os lábios. Ela lhe agradeceu mentalmente por aquilo. Jon era o único capaz de fazê-la esquecer da realidade. Mas sabia, também, que aquele gesto tinha um preço.

— O que aconteceu? — ela perguntou quando se separaram.

— Por que pergunta isso? — ele desviou os olhos dos dela, sabendo que se a olhasse por muito tempo cederia.

— Se algo ruim aconteceu, conte-me, consigo suportar — então voltou a sentar-se sobre o assento e tomou as mãos de Davos.

— Não sei se é algo ruim. Mas há alguém que gostaria de vê-la. — ele disse. Sansa sentiu o sabor amargo nas palavras de Jon. Não era alguém por quem nutria muita afeição.

— É Willas?

— Não. — disse seco.  Observou enquanto ele caminhava até a porta e a abria. Sorriu com a presença ali revelada.

Tormund tinha um sorriso largo aberto em sua face selvagem. Os lábios eram uma linha perdida no emaranhado de cabelos ruivos de sua barba desgrenhada. Perguntou-se porque Jon ficaria em duvida se era uma presença não quista.

— Rainha Loba — então ela correu na direção do homem e o abraçou. Sansa gostava de Tormund e havia sentido sua falta.

— Quando chegou?

— Agora mesmo, minha senhora — o homem se ajoelhou diante dela e lhe beijou as duas mãos.

— A que devo a honra de sua visita, Tormund Terror dos Gigantes? — perguntou intrigada.

— Trago alguém que insistiu que deveria ser trazida até sua presença. — Sansa ia perguntar do que se tratava, mas Tormund já havia se precipitado para fora do cômodo e voltado segundos depois trazendo consigo uma mulher.

A mulher tinha o cabelo em um tom cobre muito profundo, como as chamas de uma lareira, porém os fios eram molhados e Sansa concluiu ser devido à neve. Era esguia e movia-se de forma graciosa. A pele era muito clara e os olhos vermelhos se destacavam em sua face com formato de coração. Vestia-se com um longo e pesado vestido escarlate de veludo. Em sua garganta, uma gargantilha de ouro vermelho se agarrava ao seu pescoço enquanto um único rubi brilhava forte.

— Desejou por mim e aqui estou — Melisandre anunciou com sua voz sonora e profunda.

Sansa observou Jon trocar o peso dos pés e desviar os olhos da mulher. Tormund tinha o rosto impassível.

— A mulher insistiu que deveria ser trazida até Sansa Stark de Winterfell. Insistiu tanto que não pude lhe dizer não. Tem um poder de persuasão sinistro — o selvagem olhou para Melisandre como se a temesse.

— Vi nas chamas que precisa de mim, Jovem Loba. O frio de seu coração agora a comprime e teme que as estacas de gelo a perfurem até que a angustia a tome em dor. Teme perder sor Davos. — a mulher falou e Sansa sentiu seu corpo tremer. Sabia sobre algo que apenas desejou em seus sonhos.

— Pode ajudá-lo? — perguntou incerta.

— Não pode pedir isso, Sansa. Davos a odiaria se fizesse — Jon preveniu.

— Quer que o deixe morrer? — ela perguntou aflita. — Que me odeie, então, mas só poderá fazê-lo se estiver vivo. Faça o que tem que fazer — ela olhou para Melisandre e a mulher assentiu.

— Não vou fazer parte disso — Jon saiu com passos pesados para fora do quarto. Tormund saiu em seguida.

Sansa observou enquanto Melisandre se aproximava de Davos. Sabia que o homem jamais a perdoaria, mas não o perderia também. Poderia ser um motivo egoísta, mas contava que ele encontraria em seu coração espaço para perdoá-la. A Mulher Vermelha puxou as cobertas de Davos e o homem tremeu. Uma brisa gelada entrou pelas janelas e pairou no cômodo, mas Sansa não sentiu frio. A mulher emanava calor. Então a observou tocar a testa do homem e fechar os olhos. Saíam de sua boca palavras em um idioma que Sansa não conhecia. Eram palavras que poderiam ser mau agouro, jamais saberia. Estava sem esperanças, no entanto, Melisandre era uma alternativa desesperada e havia desejado por ela durante todos os dias em que esteve ali. E ali estava. As chamas da lareira pareceram alimentar-se do que a Mulher Vermelha dizia, parecia combustível. Observou enquanto o fogo crescia e dançava de forma sombria e teve medo. Seu peito se encheu de alívio, porém, quando viu Davos puxar o ar de forma profunda. Abrindo os olhos há muito fechados.

— Davos — ela correu até o homem e Melisandre se afastou. — Pode me ouvir? — o corpo dele já não era quente, pelo contrário, parecia uma pedra de mármore. O homem assentiu.

— O que houve? — ele perguntou com a voz falha.

— Não fale, poupe suas energias. — então ele fechou os olhos novamente e adormeceu.

— Ele ficará bem? — Sansa perguntou temerosa.

— O Cavaleiro das Cebolas viverá — ela afirmou. — Agora, você, Rainha do Gelo, terá que se preparar para o que está por vir — a mulher prometeu. Sansa a olhou.

— Do que fala? — teve medo da resposta, mas se forçou a encarar a mulher enquanto ouvia.

— Quando a Grande Noite chegar e o Rei da Noite caminhar sobre os inúmeros corpos daqueles que perderá, o Senhor da Luz irá intervir, sim, mas através de um guerreiro. Azor Ahai é o príncipe prometido. Jon Snow, filho do fogo e do gelo. Brandindo uma espada fumegante. — Sansa já sabia de tudo aquilo, porém, quando Melisandre prosseguiu, sentiu-se tomada por um medo que jamais tinha experimentado na vida. — Você, Sansa Stark de Winterfell, deverá morrer. Enquanto viver, o mundo jamais verá a luz do dia novamente. Tem que morrer. Tem que morrer. Tem que morrer. E Jon Snow deve ser aquele a tirar sua vida.


Notas Finais


É isso, espero muito que vocês tenham gostado, até a próxima <3


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