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História You're bruning up, I'm cooling down. - I'll be sticking with her.


Escrita por: thai_stark

Notas do Autor


Gostei demais de escrever esse capítulo, espero que gostem de lê-lo também.

Capítulo 19 - I'll be sticking with her.


Mais tarde, após ouvir todas as reclamações de nobres senhores atônitos com a notícia dada, Sansa Stark estava sozinha em seu quarto, mirava os cantos pálidos do horizonte através das janelas, a lua brilhava prateada e gentil sobre o campo nevado. Era uma imensidão que se alastrava até onde seus olhos não eram capazes de alcançar. Havia pedido que o jantar fosse servido em seu quarto, pouca era a vontade de encarar tantos rostos e sussurros. Que Jon os encarasse por ela. Refletia se havia tomado a decisão certa. Não por ter recebido reprimendas e olhares culpabilizadores de Wyman Manderly, ou relances penetrantes de Robett Glover, aquilo pouco lhe importava, mas porque as palavras de Melisandre ainda a perturbavam. Eram como o beijo gelado de um punhal de aço em seu coração. Amava Jon, o amava tanto que certas vezes sentia seu peito doer e a dor apenas era aliviava quando estava nos braços dele. Parte de si, a parte cética e racional, a fazia questionar as palavras da Mulher Vermelha. No entanto, algo em suas entranhas lhe dizia que era tolo duvidar das profecias da sacerdotisa. Acreditava em seus Deuses, contudo, o que fazia com que os seus fossem reais e o da mulher não? Podia ser tão cruel quanto qualquer Deus já relatado.

Sentiu queimar sobre si a sensação de que alguém a encarava e, ao virar-se em direção à porta, Davos encontrava-se parado à soleira. Estava magro e os ossos de suas maçãs saltavam sob a pele fina. Os olhos cinzentos eram infinitamente cansados, infinitamente tristes. Sansa o observou por um tempo que pareceu eterno e sentiu dentro de si o desagrado que ele lhe lançava. Estava congelado no chão como uma escultura de gelo, sua expressão era rígida e desconcertante, a encarava profundamente. Sansa resfolegou, de repente sentindo-se exausta. No entanto, não sentiu a culpa que ele tentava lhe passar a encarando de forma tão incisiva. Sentiu alívio ao invés. Estava vivo, afinal. Os meios para alcançar aquilo não importavam.

— Minha Rainha — o homem disse com cortesia fria, passados os segundos eternos de silêncio desconfortável. Aprendera a ser gélido tanto o tempo que passara no Norte.

Sansa caminhou até sua cama, sentando-se, prevendo que deveria encontrar algum apoio para as pernas antes que elas lhes falhassem.

— Vejo que está melhor — tentou ensaiar um sorriso, mas não conseguiu. Teve que embalar a vontade de chorar que lhe tocou no momento em que viu a sombra de desgosto se formar na face de Davos.

— Sabe de meus sentimentos a respeito da bruxa. Sabe como me sentiria ao saber que usou de suas magias para me curar, quão pesado seria o fardo de ter que conviver com o fato de que devo cada uma de minhas respirações a ela e ainda assim o fez. Por quê? — Davos tinha o punho cujos dedos ainda estavam intactos segurando um objeto com muita força. Tanta que a mão estava vermelha pelo sangue que se acumulava ali, impedido de correr.

Sansa vacilou por um momento. Porque não queria perdê-lo, pensou. Mas era um motivo egoísta o suficiente para fazê-lo odia-la ainda mais.

— Porque seu tempo entre nós não acabou, sor Davor. Porque Jon precisa do senhor, porque...

— Basta! — ele a interrompeu. No entanto, não era ira que suas palavras carregavam e sim desgaste. Estava desgastado até os ossos. — Não minta para mim, Lady Sansa. — mesmo diante da situação, o homem ainda era polido.

Não era o momento para orgulho.

— Não podia perdê-lo, Davos. Posso conviver com seu desprezo, mas não com sua morte. Contanto que estivesse vivo e eu soubesse disso. Não podia perdê-lo. — não foi mais capaz de manter as lágrimas presas e logo as sentiu escorrerem por sua face, mornas e salgadas ao tocarem-lhe os lábios. — Estou tão farta de perder todos ao meu redor. É como um pai para mim, senhor.

A face de Davos suavizou naquele instante. Seu corpo relaxou e então se tornou brando. Caminhou com passos moderados até Sansa e estendeu a mão livre para ela, a que lhe faltava as falanges. Ergueu-se com cautela, e então foi tomada de surpresa quando o homem a puxou em um abraço. Era uma sensação agradável. O abraçou firme, desejando nunca mais soltá-lo. No entanto, ele se afastou passado algum tempo e a olhou. Entregou-lhe o objeto que segurava. Sansa o deixou rolar pelos dedos e o reconheceu. O veado de madeira que havia feito para a filha de Stannis Baratheon.

— Sinto muito. Por favor, me perdoe, por favor. Não sabia o que fazer. Sinto muito. — um lamento de suplica tomou conta de sua voz.

— Posso perdoá-la, Sansa. Tudo o que precisava era de suas palavras honestas. Sufocarei os sentimentos de rancor. A verdade é que não seria capaz de descansar em minha morte sabendo que a deixei sozinha no mundo. — as palavras eram gentis como um beijo de mãe e Sansa lhe sorriu.

— Obrigada, senhor. — ela o abraçou novamente, com força excessiva, quase lhe esmagando os ossos frágeis.

— Irei agora, então, Jon Snow me espera. Soube que um casamento se aproxima.

— Espere. Tenho algo para você.

Sansa caminhou até uma cômoda de madeira escura e polida que ficava na lateral do cômodo e abriu uma pequena gaveta. Tirou dali um embrulho de veludo cinza e o estendeu para Davos, aproveitando para devolver o objeto de madeira. O homem guardou o veado e trabalhou com certa dificuldade nos nós de lã que amarravam o pacote. Quando, por fim, o abriu, tirou de lá um broche de ouro branco cintilante com o fecho de metal escuro. Havia o desenho de uma pata de lobo, ligada por um traço ao símbolo da casa Stark, porém o lobo gingante estava coroado.

— O que é isso? — ele perguntou intrigado, analisando o objeto com fascínio.  

— Meu pai certa vez usou um broche que carregava o mesmo significado, no entanto espero que tenha um fim melhor que o dele em sua função, meu senhor. Gostaria que fosse minha Mão, se for de seu desejo. — um sorriso tocou os lábios da Stark e ela o olhou com uma agitação no peito.

Davos ouviu as palavras com um sobressalto. Foi um anuncio inesperado. No entanto, sentiu-se tão honrado quanto quando Stannis lhe fizera o mesmo pedido. Ele se ajoelhou perante sua rainha.

— É uma estima que não mereço, minha rainha. Sou velho e por vezes tolo demais, mas se deposita tanta confiança em mim, seria uma honra ser sua Mão. O aceito de bom grado.

— O declaro então Mão da Rainha do Norte, Davos Seaworth. — ela ajudou o homem a levantar-se novamente e colocou o broche no gibão que ele vestia. — Pode ir ter com Jon agora. Já tomei seu tempo o suficiente. Conto com o senhor para me acompanhar no casamento. — ela sorriu.

— Não cansa de me honrar. — ele disse e partiu.

Sansa suspirou, preparando-se para dormir. A noite já avançara e sentiu-se cansada. Estava quase dançando em sonhos quando uma figura escura se revelou. Era uma sombra pequena e esguia, de passos cautelosos e silenciosos. Não teve medo, no entanto.

— Quem está aí?

***

Era final de tarde, o sol poente se derretia em ouro no céu cinzento acima de Winterfell e a noite logo chegaria. Arya guardava agulha em sua bainha após mais um dia de treinamento. Os ensinamentos de Syrio Forel ainda lhe eram frescos na memória. Tanto tempo havia se passado desde então. Nenhum homem com o qual duelara tinha a destreza de seu professor. Nem mesmo em Bravos, nem mesmo os homens vindos do Sul, dorneses e homens da Campina. Todos lutavam de forma bruta, com investidas pesadas. Investiam contra ela como se seu oponente fosse um homem grande e forte. Subestimavam-na. Era esse seu erro. Arya desarmara todos, rodopiando junto com a neve com pés leves como os flocos que caíam. Esquivava-se dos golpes com facilidade, seu corpo esguio dançando com suavidade e rapidez. Alguns praguejavam irritados. Outros, envergonhados. E ela apenas sorria satisfeita. Apenas Jon representava uma ameaça real. Ele aprendera a não subjugar as habilidades da garota, a conhecia como ninguém e por vezes era capaz de prever seus golpes.

— Janta comigo? — Jon se aproximou dela e começaram a caminhar juntos.

— Poderia comer um javali — ela comentou gulosa alisando a barriga reta como uma tábua.

— Pergunto-me como pode ser tão magra se come mais que Lorde Manderly — ele sorriu irônico e lhe assanhou os cabelos. Como sentira falta daquele gesto.

— Pare com isso — fez uma reclamação, mas ambos sabiam que não deveria ser levada a sério.

Entraram no salão principal e encontraram lá uma porção de gente. Os pratos já começavam a ser servidos. Pães escuros, aves banhadas de mel, tortas de carne com ervas, jarras de vinho quente e cerveja preta. Sentaram-se no lugar que era deles por direito. Sansa não estava ali, no entanto. Não foi uma surpresa para Arya, refletiu sobre o que havia ouvido na noite anterior.

— Jon Snow deve ser aquele a tirar sua vida. — ouvira a voz da Mulher Vermelha através da porta. Estava prestes a entrar no quarto quando deu meia volta, atordoada.

Não percebeu que encarava Jon de forma descarada enquanto ele se servia de vinho, ignorando a criada que estava parada ao lado dela com uma bandeja.

— Arya? — Jon chamou. — Está longe, irmãzinha? — ele riu. Mesmo após saber que não eram irmãos, ele nunca havia deixado de tratá-la como tal. Era grata por aquilo.

— Fiquei tão encantada com a comida que perdi o foco por algum tempo — inventou qualquer coisa e se serviu de um pedaço de torta, dispensando a mulher que estava parada ao seu lado impaciente.

Começou a comer sem se dar tempo para respirar, enfiando pedaços grandes demais para a própria boca goela abaixo, empurrando a comida com alguns goles de cerveja. Seu pai nunca a deixara beber senão em ocasiões especiais, mas ali ninguém parecia se importar. A bebida era forte e ardia em sua garganta, mas o gosto era de uma liberdade prazerosa. Já repetia o prato pela terceira vez quando observou atenta a aproximação de Wyman Manderly e cutucou Jon para que ele visse.

— Lorde Snow — Arya percebeu que o sorriso no rosto do homem era demasiado forçado. Estava contrariado. — Não tive a oportunidade antes, mas peço perdão por minha reação exagerada essa manhã, porém há de entender. Fomos todos tomados de surpresa.

— Não há o que perdoar, senhor. — Jon disse com falsa cortesia, Arya o conhecia bem demais para saber que não comprara aquelas palavras.

Lorde Manderly se remexeu desconfortável e forçou uma tosse. Sua face gorda estava vermelha e as veias saltavam em suas têmporas.

— Fico feliz pelo casamento de minha Rainha. Isso é tudo. — ele então se retirou apressado. Não suportaria mais nenhum momento daquele teatro.

Arya desatou a rir, deixando escapar pedaços de comida. Algum tempo antes sofreria uma reprimenda da mãe, lhe dizendo que não eram modos de uma dama. Receberia também o olhar indignado de Sansa e as exclamações de reclamação de Septã Mordane. O sorriso morreu em seu rosto ao lembrar-se daquilo.

— Está bem? — Jon perguntou.

— Sim. Apenas lembranças. — ela o olhou.

Era fácil sorrir para ele, mas dessa vez não conseguiu. Sentia-se feliz em saber do casamento com Sansa, pensava que a irmã merecia alguém como ele, mas ao lembrar-se das palavras de Melisandre sentiu seu corpo gelar como quando estava sozinha na Mata de Lobos antes de Jon encontrá-la.

— Não parece bem. O que há?

A expressão na face de Jon a fez lembrar-se de seu pai. Eram tão parecidos que por vezes achava difícil acreditar que não era filho de Ned. No entanto, lembrava-se de ouvir como era parecida com sua tia Lyanna. Portanto, como ela e Jon eram muito semelhantes, concluiu que suas expressões Stark eram herança da mãe. Porém, não era parecido com Eddard apenas em feições, o seu modo de portar era o mesmo, a face de preocupação voltada para ela naquele momento também. E isso a fez recordar de uma frase que seu pai lhe dissera tanto tempo antes, quando ainda estavam em Porto Real.

— Sansa é sua irmã. Vocês podem ser tão diferentes como o Sol e a Lua, mas o mesmo sangue corre em seus corações. Você precisa dela, assim como ela precisa de você.

Eddard Stark parecia tão cansado das brigas entre as filhas que Arya se sentiu triste. Não compreendera aquelas palavras até aquele momento. Passou tanto tempo odiando Sansa que ficara cega sobre o amor que sentia pela irmã. Sabia que Sansa sentia o mesmo. Não era necessária uma palavra. Compreendeu, então, que isso bastava. Que a amava tanto que daria sua vida em troca.

— Preciso ir — disse se embolando nas palavras tamanha era a pressa. Deixou Jon com uma expressão de dúvida quando partiu correndo.

Esgueirou-se para fora do salão, esbarrou com Davos na entrada e correu pela noite sem pedir desculpas, os pés afundando na neve acumulada, se afastando das janelas brilhantes como joias. Entrou no castelo e o encontrou escuro e vazio, quando chegou ao corredor do quarto de Sansa, apenas Brienne estava ali parada na porta, montando uma guarda silenciosa. A mulher acenou para ela e lhe deu passagem, sem nada dizer.

Quando entrou, Sansa parecia dormir. Observou a irmã à meia luz. Sabia o que tinha que fazer, não sentia menos medo, no entanto. Já imaginava como Sansa bateria o pé em negação, mas nada a impediria. Quando a viu se sentar na cama e a luz bater em sua pele alva a fazendo parecer um fantasma, Arya respirou fundo.

— Quem está aí? — as labaredas que dançavam na lareira faziam com que o cabelo de Sansa parecesse como fogo. Arya estremeceu e engoliu o nó que havia se formado em sua garganta.

— Precisamos conversar.


Notas Finais


Espero muito que tenham gostado. Eu amo tanto a relação da Arya com o Jon ♥


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