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História You're bruning up, I'm cooling down. - War Pt. II: Falling Soldiers.


Escrita por: thai_stark

Notas do Autor


Esse capítulo tem um formato meio diferente, mas eu queria trazer pra vocês outras visões sobre tudo isso, pra dar uma dimensão maior. Espero que gostem ♥

Capítulo 30 - War Pt. II: Falling Soldiers.


Randyll Tarly

Ele nunca quis se envolver em assuntos do Norte. Muito pouco se importava com seres místicos e com noites intermináveis. Quando soube da morte de seu suserano, porém, permanecer em inércia já não era uma opção. Sabia que Mace resistiria pouco quando partiu para Porto Real, mas admirava Willas Tyrell, mesmo que o herdeiro da Campina não fosse exímio em artes marciais devido à sua perna falha. Era um líder nato, algo que seu pai jamais havia sido, e Randyll admirava homens que sabiam se impor e impor comando. Sempre tinha sido duro, intolerante e difícil de lidar. Sabia daquilo. Achava que um homem de verdade deveria abraçar sua natureza e aquela era a sua. Sabia seu valor, era esperto e capaz. Portanto, quando lhe foi solicitado que marchasse para a Muralha e escoltasse a Rainha Dragão, o fez sem oferecer resistência. Contudo, a razão pela qual enfrentou uma viagem tão longa e implacável era diferente, mesmo que seu coração de pedra custasse a admitir.

Quando a garota selvagem chegou até Monte Chifre com uma criança em seu colo e disse que era seu neto, Randyll automaticamente criou uma afeição pelo menino. Tinha cabelos negros e ralos, as bochechas eram gordas e a pele, flácida. Concluiu facilmente de quem era filho. Mesmo que tivesse mandado Samwell para longe e o deserdado, o pequeno Aemon ainda era seu sangue e ainda era a continuação de sua linhagem. Viu-se sentindo orgulho pelo filho mais velho. Um orgulho que jamais sentira. Então, quando a oportunidade surgiu para que o pudesse rever, mesmo o tendo mantido longe de sua memória por muito tempo, mesmo que tivesse apagado qualquer resquício de que um dia tinha existido, ele simplesmente marchou. Deixou Dickon como seu representante em Monte Chifre e partiu. Deixou sua esposa para trás e deixou seu Castelo. Mesmo que pudesse nunca mais retornar.

Quando o reviu, sentiu o quanto havia sido injusto com Sam. O ouviu falar com ressentimento sobre sua partida. Mas viu também como estava mudado. O modo de se portar era diferente, e relatou coisas sobre seu tempo na Patrulha que Randyll achava difícil mesmo de imaginar. E viu o brilho em seus olhos quando lhe contou sobre a estadia na Cidadela. Havia julgado mal seu filho. Havia subjugado seu potencial, querendo que ele fosse bom com espadas e armaduras, quando sua vocação era com livros e penas. E aquilo lhe deu orgulho. Porque pela primeira vez entendeu que existiam outros tipos de valor que não o da guerra.

E foi a imagem do pequeno Aemon, o bebezinho rechonchudo e sorridente, que passou por seus olhos quando a espada atravessou seu peito. Foi um sorriso caloroso que tocou seus lábios quando a criatura de gelo lhe fincou o cristal e o girou, rasgando sua carne. E foi pelo orgulho que sentia de ambos os filhos que resistiu. Resistiu até o ponto de avançar, mesmo com a dor opressiva que sentia, mesmo que a cada passo que desse em direção ao Outro o gelo se enterrasse ainda mais fundo dentro de si, e cravou Veneno do Coração na carne pálida e leitosa, macia feito neve, fria como o vento. E foi sabendo que seu nome jamais seria esquecido que aceitou quando enfim a morte lhe afagou o coração de pedra e o quebrou. Foi quando enfim parou de bater, parou de bombear seu sangue, que soube que seu nome ecoaria através de Dickon e Sam. Através de Aemon.

Jon

Havia recebido um nome comum. Assim como era um garoto comum, então lhe servira como uma luva em um dia frio. Ali todos os dias eram frios. Ordinário até os ossos. Quando foi para a Muralha, Jon imaginou enfim encontrar algum tipo de glória. Ledo engano, no entanto. Encontrou ali nada mais do que homens tão banais quanto ele. E arrependeu-se amargamente quando a construção colossal começou despencar bem diante de seus olhos. Suas pernas tremeram como galhos de uma árvore fraca e seu sangue gelou como se fosse neve lhe correndo nas veias. No entanto, quando a viu, seu coração se aqueceu tanto que por um momento sentiu-se queimar. Ele deveria apenas ajudá-la com seu cavalo, quando aquela mulher alta lhe pediu ajuda, Jon jamais imaginou o que veria em seguida. Ela lhe olhava com piedade nos olhos, seus doces e assustados olhos azuis. Os cabelos como fogo que contrastavam violentamente com todo aquele frio mórbido. Era a mais bela criatura na qual havia pousado seus olhos pálidos. Embora tivesse uma beleza triste, embora cada expressão sua gritasse uma dor maior do que a que podia carregar. E mesmo que seus olhos frios lhe lançassem uma sentença de morte da qual não podia escapar, mesmo assim, ele encontrou dentro de si forças para lutar.

Pensou em si como Jon Stark. Pensou em si como o Lorde Comandante da Patrulha da Noite, marido da Rainha do Norte, Protetora de Winterfell. Mesmo que fosse apenas Jon. Sem um nome nobre, sem títulos ou conquistas. Mesmo que um dia o tivessem chamado de Jon Moss, quinto filho de Lorde Moss. Mesmo que fosse um patrulheiro esguio e covarde, com não mais do que quinze voltas da lua, que jamais teria uma esposa ou filhos com cabelos acobreados. Mesmo que a pequena adaga negra que segurava tremesse tanto em suas mãos que quase a derrubou quando a criatura sem vida pulou sobre si. E, quando o morto lhe golpeou tantas vezes que perdeu a conta, quando fez seu sangue jorrar, ele sentiu-se tão corajoso quanto jamais havia sido. E mesmo que os olhos azuis que o mirassem fossem vis e cruéis, mesmo que sorrissem satisfeitos com sua dor, ele imaginou os olhos dela. E a última visão que teve antes de tudo escurecer foi a dela. Sansa Stark.

Tormund

Era um homem duro. Sempre havia sido. O Norte exigia aquilo dele. Deveria ser frio e implacável como uma pedra de gelo. Mas se viu vacilar quando assistiu tantos dos seus morrerem. Já eram tão poucos... Já havia perdido tantos guerreiros para o frio, para a fome, para a guerra. Quase não era capaz de perder mais. O que o confortava, no entanto, era saber que Sansa e Jon haviam sido tão bons para ele que pelo menos parte de seu povo ainda estava segura. Voltaria pra eles. Era uma promessa que havia feito para si mesmo. Eles precisavam de um líder e ele seria um.

Talvez tenha matado mais Caminhantes Brancos quanto qualquer outro homem naquela guerra. Era uma luta pessoal para ele. Era uma luta que marcava a retomada de sua terra, de seu lar. Eles não podiam afugentá-lo. Então cravou seu machado revestido de negro, de um vidro tão duro quanto pedra, tão quente quanto fogo, em tantos quanto encontrou. E jamais sucumbiu. E jamais sucumbiria. Ele era o frio. E o próprio frio não teme quando a neve cai sobre si. Ele a abraça, ele a acolhe.

Nizhat          

Foi nomeado pela coragem. Sua mãe deu a si um nome que significava “ser forte, ser difícil”. E assim cresceu. Conforme os anos se passaram e foi tornando-se um homem, cada vez mais forte se tornara. Venceu um tanto de batalhas, talvez cem, talvez mais. Havia perdido apenas uma única vez, mas aprendera com seus erros e depois disso jamais havia experimentado o sabor amargo da derrota novamente. Até aquele dia. Até o dia em que viu tanto gelo quanto jamais pensou que existisse. Quando sentiu falta do calor e da poeira, do suor e sol. Ali não tinha sol, nada queimava sobre sua pele quente e confortável, ali apenas queimava-lhe o gelo, ardia em sua carne cor de bronze como se fosse fogo, mas não o era. Penetrava-lhe e lhe enchia de vazio. Jamais pensou que um homem pudesse sentir-se tão cheio de nada. Era a impressão que lhe causava. Toda aquela extensão coberta por um manto tão alvo que lhe cegava, lhe inundava de uma sensação absurda de solidão.

Sentia-se só. À medida que foi assistindo seus irmãos perecerem, fosse pelo frio que caía do céu, fosse pelo frio que criava vida e cravava aço em seus peitos. Mas ele lutou. Lutou tanto que se sentia exausto até os ossos. Sentia cada uma de suas articulações protestarem. Sentia-se pesado pelo tanto de roupas que lhe fizeram vestir. Lutou porque era tudo o que conhecia da vida. A luta para se manter vivo. Sentia falta de sua mãe lhe embalando ainda criança, sentia falta de seu cavalo entre as pernas. Amargava o dia em que cruzara aquele mar salgado e mortífero. Aquela não era sua casa. E amargava o fato de morrer tão longe de seu lar. Então, quando, em meio às tantas peles que vestia, várias criaturas cheias de morte pularam sobre si, Nizhat morreu sozinho. Os sinos de seu cabelo cantando a sua última derrota. Quando aqueles seres lhe tomaram a vida, sentiu-se tão sozinho que até mesmo o frio de sua sepultura de neve foi capaz de acolhe-lo.

Meistre Moryn

Havia se recusado a participar daquele ritual. Fé alguma tinha por um Deus que exigia um sacrifício tão pesado aos seus fiéis. Pouca fé nutria por um Deus que castigava homens já tão castigados. Mas, quando ouviu os estrondos ecoarem tão altos por todos os lados, e saiu para olhar o que se passava, ele se viu rezando para um Deus que jamais havia sido seu. Viu-se apegando à qualquer crença que existia, tantas eram essas, para que livrassem os homens daquele fim tão cruel. Mas nenhuma de suas preces fora ouvida, nenhum de seus pedidos desesperados para que lhes poupassem da morte fria. Não havia ninguém para ouvi-lo.

E então já não rezava por Deus algum. Quando viu tantos homens morrerem em seus braços sem que os pudesse ajudar. Quando viu homens feitos e outrora corajosos chorarem como crianças verdes pedindo por suas mães. Quando assistiu guerreiros perecerem sem que suas espadas fossem de qualquer utilidade. E quando, por fim, viu demônios e bestas caindo sobre eles como neve. Havia tanta morte que o campo de batalha muito se assemelhava à sua visão do que seria o inferno. No fim, concluiu, não havia Deus algum intercedendo por eles.

Tyrion Lannister

Tyrion sempre teve medo de morrer. Tanto era o apego que tinha por sua vida. Tanto que havia lutado para manter-se mesmo quando todas as circunstâncias o queriam morto. E ele lutou por cada uma de suas respirações, cada um de seus dias amaldiçoados. Cada noite em que se deitava sobre sua cama de ouro e refletia se devia tirar a própria vida. Jamais o fez. Viver em si já era uma experiência de quase morte. Tendo que lidar com a rejeição. Aquilo apenas o tinha fortalecido. Portanto, quando chegou o dia em que julgou que seria seu último, o encarou como havia encarado Tywin Lannister toda a sua vida: apenas mais um desafio. E o venceu. Assim como vinha vencendo desde o dia de seu nascimento aquela batalha que conhecia como vida.

Porém, mesmo que ele jamais tivesse sucumbido aos horrores que o cercaram durante todos aqueles anos, assistiu à tanta morte que desejou que ele mesmo não estivesse ali para ver. Quando viu um homem não mais velho do que ele, não mais afortunado, não mais vivido, perecer em chamas que o queimavam a carne e até a alma, desejou que já não tivesse olhos. Quando se sentiu responsável, quando viu o fogovivo consumir tudo o que era e o que havia sido, toda a sua história, o seu nome, a sua origem. Desejou que já não mais tivesse um coração pulsando. Então pensou em Shae, pensou em seu pai e pensou nos tantos homens, poucos, era verdade, mas o suficiente, dos quais havia tirado a vida com suas próprias mãos e sentiu-se tão morto por dentro quanto eles.

Daenerys Targaryen

Seus dragões eram tudo o que tinha. Eram o que a mantinha sã quando a insanidade queria invadi-la, dominá-la e afogá-la. Havia perdido o controle poucas vezes antes, nunca como naquele dia, no entanto. Nunca como quando sentiu prazer ao ver as chamas consumirem tudo o que tocavam. Fosse vivo ou morto. Tivesse ou não uma história. Sem remorso, sem lágrimas, sem lamentações. Milhares de histórias chegavam ao fim naquele instante e ela era responsável por findá-las. Mas apenas uma lhe importava. Era quase como se estivesse perdendo um pedaço de si. Um pedaço tão importante que sentiu quando a fraqueza quis dominá-la de vez. Sentiu dor física quando o viu perecer.

Viserion voava poucos metros acima do chão, cuspindo fogo no que encontrava, sob seus comandos, obedecendo à sua voz. Foi naquele momento que incontáveis mortos de gelo pularam sobre ele. Tão próximo do solo... A culpa é sua, sua tola. Dominaram-no de forma fácil, estavam em maior número, eram mais ágeis, mais sedentos. O golpearam centenas de vezes. Não, milhares. Milhões. Ela não contou. Mas sentiu todos os golpes. Eram como aço em seu peito. Eram como a dor de ter perdido Drogo. Rhaego. Até mesmo Viserys. E viu o irmão em seu dragão. Viu quando perdeu a ambos. A dor foi tanta que chegou a um nível de não sentir-se triste. Sentiu-se irada. Tinha tanta raiva que seu único instinto foi seguir com Drogon para queimar tudo o que encontrava.

Viu quando alguns homens que lutavam ao seu lado morreram. Viu quando ela mesma foi responsável por tirar-lhes a vida. E percebeu, enfim, que não sentia nada.

Jaime Lannister

Jaime pensara que havia perdido tudo em sua vida. Quando reencontrou Brienne percebeu que havia uma parte de si que ansiava por revê-la. Mesmo que tivesse lutado contra aqueles sentimentos, ele jamais tinha sido capaz de apagá-los. Não era amor. Não era carinho. Não era nada daquele tipo. Era admiração. A mais pura e simples. Brienne era o que Cersei jamais fora. Era doce, era gentil e era fiel. Cersei nunca havia lhe sido fiel. Era fiel apenas a si mesma. Não amargava o fato de ter-lhe tirado a vida. Eram doces os sonhos que tinha com a face de sua irmã tornando-se púrpura até o ponto de não conseguir mais respirar. Mas, desde aquele dia, ele passou a se sentir vazio. Como se nada mais tivesse que fazer em sua vida.

Aquilo havia mudado, porém. Quando marchou para o Norte esperou uma morte comum. Foi com a certeza de que iria de encontro ao seu fim. Estava pronto. O fato de estar pronto ainda era uma verdade, mas estava enganado a respeito de como morreria. Era um herói no fim das contas. O que sempre tinha almejado em ser. Quando estavam na torre, ele, Brienne, Bran Stark e Meera Reed, Jaime se viu sendo capaz de dar sua vida por um bem maior. Estavam completamente cercados de mortos. Não tinham sido capazes de vê-los chegar. Mas eles chegaram. E chegaram aos montes.

— Vá! Leve-os com você! — Jaime havia dito para Brienne. A mulher não se moveu. — Vá agora, mulher teimosa! — foi o tempo de deter um golpe e matar algo que sequer tinha vida.

— Não irei! — Brienne era tão determinada que por vezes o irritava.

— Têm que mantê-los a salvo. Sansa espera encontrá-los depois de tudo isso. Eles têm uma família para quem voltar. Ninguém espera por mim em lugar algum. Apenas tire-os daqui. — ele a viu vacilar, mas não se demorou a olhando. Tinha dezenas de criaturas semi-vivas para lidar.

Viu-a hesitar. Viu-a questionar-se. Mesmo que não a olhasse, ele conseguia vê-la. E talvez aquilo fosse o mais importante de tudo. Talvez aquilo tivesse lhe dado forças para lutar até o fim. Ele podia vê-la sem algo tão banal quanto os olhos. Ele podia sentir sua alma boa e honrada. E então partiu e ele se sentiu grato. Cavalgou para longe, perdendo-se na escuridão. Jaime lutou com um, cinco, dez e tantos mais. Derrotou uma duzia deles. Mas aceitou então a morte quando caiu sobre si algo que não era humano, jamais poderia ter sido. Era alto e cristalino. Pálido como a neve. Era a neve em si, ele pensou. Os olhos tão brilhantes que o leão julgou serem a própria lua roubada do céu. O gelo que o perfurou não foi capaz de fazê-lo sentir frio. O calor que sentia e a dor que percorria o seu corpo levava-lhe até à boca o doce sabor de vitória. Viveu tendo olhos sobre si o mirando como um vilão, no fim, morrera como um herói. Queria que Ned Stark, o homem que o julgou no instante em que o viu estivesse ali para vê-lo dar a vida por seu filho.


Notas Finais


Vocês gostaram? hahaha
Esse Jon não é o nosso Jon Snow. Sei lá, vai que não tenha ficado claro hhahaha


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