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História You're bruning up, I'm cooling down. - I A purpose is needed before you know that you know


Escrita por: thai_stark

Notas do Autor


Esse capítulo faz parte de uma coletânea de três capítulos que se completam e acontecem de forma simultânea. Talvez o título não faça sentido, mas ele forma uma frase junto com os outros dois e só então o sentido estará completo. Espero que gostem.

Capítulo 9 - I A purpose is needed before you know that you know


Bran Stark se encontrava a caminho do Bosque Sagrado. Brienne o carregava com cuidado, como se ele fosse feito de vidro e qualquer movimento brusco o pudesse quebrar. Aquilo não o incomodava, no entanto. Os olhares das demais pessoas sobre ele, com pena, eram incômodos, sim, mas com a mulher era diferente. Havia se tornado uma presença constante em sua vida desde que chegara a Winterfell, parecia a pessoa mais qualificada para carregá-lo de um lado para o outro, atendendo suas necessidades. Brienne era muito alta e forte, o que o fazia lembrar-se de Hodor, a única diferença era que podia manter uma conversa com ela. Gostava dos diálogos que tinham. Porém, naquele momento, Bran não estava muito aberto a conversas. Sua mente estava longe, divagando em suas memórias. Pensava no Corvo de Três Olhos e em como se sentia perdido. Ainda não tinha controle de suas habilidades, tinha sonhos confusos que não sabia interpretar e muitas de suas visões, suspeitava, vinham para ele de forma involuntária, sem que pudesse escolher para que ponto da história ir. Brienne o colocou com cautela no chão coberto de neve do Bosque quando eles pararam em frente a grande Árvore Coração. Temia o que poderia ver, desde o que acontecera com Hodor sentia que tinha recebido uma maldição ao invés de uma dádiva. Gostaria de ver algo sobre Meera, se ela iria chegar a salvo em casa e se iria voltar para ele. A amiga já tinha partido há alguns dias, havia levado Jon e Arya consigo. Pensou na irmã mais nova e sorriu, mal havia chegado de uma jornada difícil e já encarava outra. Admirava seu espírito aventureiro.

Rastejou forçando seu tronco e braços para tocar a Árvore. Brienne havia lhe dado espaço, ela sabia estar presente sem parecer estar lá. Quando seus dedos agarraram o tronco, viu-se parado no alto da Muralha. A neve caía em flocos espaçados, de forma tímida. Percebeu que naquele ponto o Inverno estava próximo, mas não havia de fato chegado. Concluiu ser uma visão do passado. Ouviu risos ecoando e sendo carregados através do vento e percebeu que o elevador de Castelo Negro desafiava o silêncio melancólico ao se movimentar. Jon e Sansa saltaram dali e Bran notou os olhos brilhantes da irmã encararem a imensidão. Jon tinha um sorriso débil no rosto, pensou que talvez não fosse devido a paisagem, já que ele tinha os olhos vidrados em Sansa e parecia pouco se importar com o que o rodeava. A garota caminhou com cuidado até a beira e sorriu para Jon. A excitação era notável em cada gesto que fazia. O sol estava no topo do céu e o dia era muito claro, quase o cegando quando olhava por muito tempo para o branco do grande cobertor de neve que parecia cobrir o mundo do outro lado da Muralha.

— Isso é inacreditável! — a ouviu dizer animada. — Faz com que sinta vontade de me jogar, me fundir à neve e fazer parte de tudo o que toca. — comentou sem olhar para Jon.

— Não iria querer que se jogasse — Jon disse, a fazendo virar-se para o encarar.

— Não iria de verdade, é apenas um desejo. Embora tentador. — comentou divertida. Era um desejo mórbido. — Talvez eu caia sem querer. — Bran percebeu que tinha um pouco de verdade escondida por trás daquele comentário feito em tom de brincadeira. Jon concluiu o mesmo.

— Eu a seguraria se caísse — falou sério e tomou as mãos dela nas suas — Não vou deixar você voltar para as mãos dele, lhe prometi isso e nada mudou.

— Eu sei. Só estou considerando minhas opções caso não vença essa batalha — ela baixou os olhos, segurando as lágrimas que estavam prestes a cair. Era notável que se esforçava para não chorar.

Jon a tocou no queixo de forma leve, fazendo com que erguesse os olhos na altura dos seus. Bran se sentiu incomodado com o toque, não estava acostumado a vê-los tão próximos.

— Isso não vai acontecer, Sansa. — cessou a distância entre eles e beijou a testa dela delicadamente.

Sansa sorriu e o abraçou com força. Era sua forma de agradecer. Então o largou e voltou a olhar para o lado oposto à Muralha. Seus olhos passavam rápidos de um lado para o outro, tentando decorar cada detalhe. Nunca havia visto algo tão bonito, que ao mesmo tempo lhe encantava e lhe inundava de medo. Ergueu a cabeça alguns centímetros e fechou os olhos, deixando que a neve caísse em sua face. Cada floco que derretia em contato com sua pele lhe dava pequenos choques gelados e não se lembrava de ter sentido uma sensação tão boa quanto aquela. Jon a observou, mantendo sua distância. Bran notou que os olhos dele se demoraram demais sobre Sansa.

A memória se desfez e então se viu dentro das Criptas de Winterfell. Viu a si mesmo passar com Brienne e Meera. Era o dia em que havia chegado e foram ver o sepulcro de Rickon. Jon e Sansa haviam ficado sozinhos. Ela chorava e ele a consolava. Então, de repente, o tomando de surpresa, Jon a beijou. Bran abriu os olhos de súbito, despertando. Olhou ao redor e estava de volta ao Bosque. Brienne o olhou curiosa, estava pálido e sua respiração, descompassada.

— O que houve, pequeno Lorde? — perguntou se aproximando dele.

— Pode me levar até Sansa, por favor? — sua voz falhou. Precisava tirar a limpo o que havia visto. Torcia para ser uma confusão que ele mesmo havia criado. Porém, caso não fosse, ela precisava saber o que ele sabia.

***

Sansa estava em sua sala de reuniões. Não era sequer metade do dia e já se encontrava exausta. Sentia falta de Jon e de Arya. Haviam partido há poucos dias e sentia que haviam passado meses. Embora tenha sido sua ideia mandar Jon junto de Meera para o Gargalo, aquilo não queria dizer que não tinha saudades de sua presença. Esperava sufocar o que nutria por ele, mas sentia-se falhando em sua missão. Quando seus dias eram cheios, Jon visitava pouco seus pensamentos. Quando tinha que encarar Mindinho, táticas de batalha para a tomada das Gêmeas, ouvir reclamações de Lordes insatisfeitos. Contudo, sempre encontrava um tempo para ele. Tinha um pergaminho em mãos e a caligrafia grossa e inclinada de Jon formava palavras ali. Já havia decorado o conteúdo da carta que o irmão havia lhe deixado antes de partir. Deixara junto de seu casaco que havia derrubado no dia em que se beijaram. Recriminava-se por pensar tanto em Jon, mas não parecia capaz de evitar. Leu mais uma vez a carta com um sorriso nos lábios.

“Meu próximo beijo em você não será em seus lábios. Será em suas cicatrizes, aquelas que os olhos não enxergam. Minha intenção é que quando olhar para elas sinta o amor sobrepondo-se a dor. Eu preciso que você sinta o toque de minhas mãos e de meus lábios, não a agonia que essas cicatrizes causaram a você. Preciso que me sinta e como pretendo amá-la da cabeça aos pés, da pele aos ossos, cada pedaço, um por um”.

Havia se distraído fantasiando uma realidade onde eles não fossem irmãos, onde não tivesse tantos cacos dentro de si a perfurando. Onde nada a impedisse de simplesmente se entregar. Mas sempre que pensava naquilo parecia que a dor se tornava mais intensa, porque todas a intempéries possíveis existiam para lembra-la de que não era possível viver aqueles devaneios. Ouviu quando batidas pesadas foram depositadas na porta. Despertou de suas divagações, contrariada. Amaldiçoava o maldito Lorde que vinha a interromper naquele momento de paz.

— Entre — disse enquanto revirava os olhos, irritada.

Arrependeu-se das azarações quando viu Brienne surgir com Bran em seus braços. Sua carranca havia sido substituída por um sorriso. Bran não a visitava com frequência.

— Lady Sansa — Brienne cumprimentou. — Lorde Bran deseja lhe trocar a palavra — disse enquanto o colocava sentado na cadeira que ficava de frente para Sansa. Então ela saiu, os deixando a sós.

— Que bom que veio, Bran. Como se sente? — Bran observou enquanto ela recolhia um pergaminho de forma habilidosa, o guardando em uma das gavetas.

— Precisamos conversar — seu olhar perfurou Sansa de forma gélida. A irmã se remexeu desconfortável. Assentiu esperando que ele falasse. — Sei que tem consciência de minhas visões. Hoje fui até a Árvore Coração, esperando ver algo que nos fosse de alguma utilidade. Não sou capaz de controlar o que vejo, no entanto. Vi algo que espero que não seja real, Sansa. Você precisa me dizer que não é verdade.

— O que foi? — perguntou agitada. Aquela conversa era completamente desconfortável por algum motivo.

— Vi você e Jon se beijando. Não é verdade, não é? Diga que me confundi. — a irmã arregalou os olhos, assustada. Sua expressão havia entregado tudo, não precisava dizer nada. — Deuses, Sansa. Como pôde?

— Posso explicar, Bran. Não foi nada. Não significou nada.

— Não minta. Posso não ter notado antes, mas agora consigo juntar todas as peças. O modo como Jon olha para você, sempre demorando os olhos mais do que o necessário. Você gosta dele?

— Não. — pareceu confusa por uns instantes, não tendo certeza do que dizer. — Quero dizer, eu não sei! Desculpe, Bran. Sei como isso deve soar repugnante, mas apenas me ouça. Não tive a intenção, tenho certeza que Jon também não teve. Apenas aconteceu, não irá se repetir. Prometo isso a você. Eu nunca faria isso se não fosse por um momento de insanidade.

— Não vim para pedir que reprima o que sente, Sansa. — ela estudou a expressão dele, tentando entender o que queria dizer. — Não falei nada antes porque minhas visões são confusas e não são muito confiáveis. Além do mais, quem acreditaria se eu dissesse? Mas agora...

— O que quer dizer?

— Quero dizer que Jon não é nosso irmão.

O silêncio reinou por um tempo demasiado longo. A expressão de Sansa era de horror, como se tivesse acabado de ouvir um absurdo. Era o que era. Um completo e total absurdo. Como não era seu irmão? Sabia que seu pai havia trazido Jon e o tomara como filho. Fora criado como tal.

— Não diga loucuras. Do que está falando? — conseguiu questionar quando a capacidade de formar uma sentença lhe voltou após o choque inicial.

— Eu vi tudo. Vi o dia em que tia Lyanna morreu. Ela morreu dando a luz a Jon.

— Pare com isso, Bran. — Sansa balançava a cabeça em negação. — Com quem quer que tenha combinado essa brincadeira, saiba que não há nada de engraçado. — olhou ao redor, esperando que alguém entrasse e risse dela junto com Bran.

— Não estou brincando, Sansa — disse muito sério, ela nunca havia visto o irmão tão duro. Resolveu apenas ouvi-lo. — Deve saber da história do sequestro de tia Lyanna. Porém, Sansa, estou inclinado a acreditar que fugiu com príncipe Rhaegar por vontade própria. Ela estava sangrando e segurava um bebê quando a vi. E... Pediu ao pai que lhe prometesse não contar. Disse que rei Robert o mataria se soubesse que era filho de um Targaryen. O chamou de Jaehaerys.

— Não é Jon — constatou depressa. — Quem quer que seja, não é Jon.

— Vamos lá, junte as peças. Faz sentido. O pai volta para casa com um filho bastardo, tendo traído seus votos com a mãe. Realmente o vê traindo seus votos? Sempre achei que fosse fora de sua personalidade, mas agora há uma razão para isso. Prometeu a tia Lyanna em seu leito de morte. Jamais quebraria uma promessa feita a ela. — Bran falava entusiasmado enquanto sua teoria começava a fazer sentido.

— Supondo que isso seja verdade — falou gesticulando com as mãos. — O que não é — completou. — Por que não disse nada a Jon?

— Não queria alimentá-lo com uma falsa esperança. Além do mais, não havia ninguém para confirmar o que digo. No entanto, agora que o mandou para o Gargalo, talvez as coisas mudem.

— O que quer dizer?

— Quero dizer que pai não estava sozinho quando fez a promessa. Howland Reed estava presente e você mandou Jon diretamente para ele. Se for verdade e se ele for sensato, sabendo que pai está morto e que é o único que sabe sobre a origem de Jon, ele contará toda a verdade.

Sansa não sabia o que falar. As palavras embaralhavam-se em sua mente. Queria dizer tudo e, ao mesmo tempo, não havia nada para ser dito. Queria acreditar que aquela história era verdadeira. Que seu pai nunca havia traído sua mãe. Que Jon tivera uma mãe que o amara e um pai que morreu por ela, que iniciou uma guerra em seu nome. Que não era seu irmão. No entanto, alimentar tais fantasias, sendo elas mentiras, poderia ser o pior a ser feito. Encontrava-se presa, encurralada entre possibilidades. Ela olhou para Bran que a olhou de forma acolhedora. Acreditava no irmão. A certeza de que o que tinha ouvido era verdade começou a lhe inundar por dentro e, por um momento, sentiu-se dentro de um de seus devaneios de realidade alternativa. Admitiu para si mesma, finalmente, que amava Jon Snow.


Notas Finais


Espero muito que gostem. Digam o que acharam, gosto de conversar com vocês, vamos trocar ideias.


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