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História You're My Home - Conversa


Escrita por: anagranger

Notas do Autor


Boa tarde meu povo!!
Desculpa de novo a demora!!!
Vou explicar uma coisa para vocês!!
Meu plano para hoje é fazer uma maratona, mas é o seguinte, eu estou com dois capitulos prontos só e não sei se consigo escrever o terceiro!!!
Então é o seguinte: teremos com certeza, dois capítulos hoje, e talvez um terceiro!!!
Vou me esforçar demais para conseguir os três!! Prometo!!
No mais, vou deixar vocês lerem o primeiro capítulo do dia!!!
Espero que gostem

Capítulo 13 - Conversa


Fanfic / Fanfiction You're My Home - Conversa

Camila’s POV

 

Nunca antes uma semana passou de forma tão conturbada para mim. Minha cabeça continuava a mil. Não importa o quanto eu me esforçasse, eu não conseguia esquecer tudo o que havia acontecido desde a quinta-feira passada.

Nem mesmo o meu encontro com Shawn na sexta conseguiu me distrair. Apesar dele ter sido um fofo comigo.

 

Flashback on

 

Eu estava muito nervosa. Estava no meu quarto esperando Shawn chegar, mas minha cabeça ainda estava na conversa que eu tive com Lauren no dia anterior. Aquilo ainda estava me incomodando, e me incomodava ainda mais o fato de que eu não conseguia definir direito o que eu sentia por ela.

Eu queria muito acreditar que o que eu sentia por ela era apenas uma atração, um encantamento, mas no fundo eu sabia que um simples encantamento não me deixaria tão abalada. Eu apenas não queria admitir aquilo que eu já sabia, e estava realmente disposta a dar uma chance ao meu amigo. Afinal, Lauren deixou claro que nós não teremos mais nada, e ficar pensando nela apenas me machucaria mais.

Eu vi pela janela o carro de Shawn estacionar na frente da minha casa, e desci rapidamente para evitar que meus pais encontrassem com ele.

Quando eu cheguei na sala a campainha tocou e eu me despedi rapidamente dos meus pais:

- Mama, papa, estou saindo.

- Tudo bem, hija. Se divirtam. – Mama falou sorrindo de um jeito misterioso.

Eu sabia que por dentro eles estavam comemorando, afinal, sempre quiseram que eu saísse com Shawn.

Eu abri a porta e encontrei Shawn parado ali, sorridente como sempre, e muito bem vestido, com camisa social preta e o cabelo bem penteado.

- Boa noite, Mila. – Ele falou se aproximando e me beijando na bochecha.

- Boa noite. – Eu respondi um pouco tímida.

Nós seguimos para o carro e ele fez questão de abrir a porta para que eu pudesse entrar e só depois deu a volta e se acomodou no banco do motorista.

O caminho até a lanchonete foi feito em meio a conversas descontraídas. Shawn tinha esse dom de me fazer sorrir mesmo nos piores dias. Era uma das suas inúmeras qualidades. E hoje ele parecia ainda mais animado e risonho, o que de certa forma teve um efeito em mim.

Nós fizemos os nossos pedidos e nos sentamos para conversar, foi quando ele puxou o assunto sério da noite:

- Nós ainda não tivemos chance de conversar de novo sobre isso, e antes de tudo eu quero lhe pedir desculpas pela noite do baile. – Não, Shawn, não é você quem me deve desculpas por essa maldita noite. – Eu acho que eu joguei muita coisa em cima de você ao mesmo tempo, e não te dei muita chance de processar tudo isso. Então, me desculpe.

Deus, como ele pode ser tão fofo, e ainda assim parecer um irmão.

- Você não me deve desculpas, Shawn. De jeito nenhum. Sou eu quem devo me desculpar por não ter lhe procurado antes para conversar. Mas eu ainda estou realmente processando tudo isso.

E você não faz nem ideia do quanto é o “tudo isso”.

- Eu entendo, Mila. De verdade. E pode ter certeza que eu vou esperar você se decidir. Eu só penso que enquanto isso você permita que eu me aproxime de você. Bom, não como um amigo, mas como alguém que gosta de você e quer apenas o seu bem... Eu não quero te forçar a nada, ou apressar as coisas. Mas eu vou estar aqui, caso você decida que quer tentar alguma coisa comigo. E caso você decida que nós vamos continuar amigos, eu vou respeitar sua decisão, é claro, e continuaremos amigos.

Dava para ver no seu rosto que essa não era a opção que ele queria que fosse a escolhida, mas que iria aceitar se assim eu desejasse. E eu fiquei feliz por, pelo menos ele, ser compreensivo.

E lá estava ela de novo. Lauren. Tomando os meus pensamentos, em uma comparação estúpida.

Eu procurei afasta-la da minha cabeça e me concentrei na pessoa na minha frente, compreensível e carinhosa. A pessoa que eu estava aceitando dar uma chance para entrar no meu coração de uma forma completamente nova.

- Obrigada por isso, Shawn. Por me respeitar e esperar que as coisas caminhem no meu tempo. Eu não posso te prometer nada agora. Mas eu vou realmente abrir meu coração para tudo o que possa acontecer entre nós.

Ele sorriu de uma maneira fofa, e apertou minha mão por cima da mesa.

- E isso já me faz imensamente feliz.

Depois disso nossos pedidos chegaram e nossa conversa voltou a tomar o rumo divertido, e assim nós seguimos pelo resto da noite.

Quando nós chegamos em frente à minha casa, ele perguntou:

- Nós vamos sair de novo?

- É claro sim. – Eu falei, não encontrando motivo nenhum para negar esse pedido a ele.

- Isso significa que você gostou?

Eu sorri do leve tom vermelho em suas bochechas.

- Gostei, Shawn, eu gostei muito.

Eu me aproximei e deixei um beijo na sua bochecha que subiu um pouco mais o tom de vermelho.

- Boa noite. – Disse, abrindo a porta do carro.

- Boa noite, Mila. – Ele disse sorrindo.

 

Flashback off

 

Eu me perdi nos meus pensamentos, enquanto me vestia, lembrando do encontro e dos demais acontecimentos da minha semana agitada. Isso também incluiu a discussão de Ally e Lauren na segunda, o que, não nego, surpreendeu a todos na sala, incluindo a mim.

Conheço Ally desde que nasci, e nunca vi minha amiga discutindo assim com ninguém, muito menos uma professora. Quando elas saíram da sala eu fiquei com muito medo do que poderia acontecer, mas não nego que senti um alívio ao perceber que minha amiga estava ao meu lado e me defendia.

Fui tirada do meu estado reflexivo pela porta do meu quarto se abrindo e minha mãe entrando, com uma expressão muito, muito irritada. Eu me encolhi automaticamente:

- Ah! Pelo menos dessa vez você já está acordada. – Ela falou. – Você tem noção de que está extremamente atrasada, não é, mocinha? A Ally acabou de passar aqui.

Eu gemi.

- Desculpa, mama. Eu me distraí.

Ela me olhou brava:

- Francamente, Karla, suas desculpas já foram melhores. E, se quiser que o seu pai te leve desça agora, ele já está saindo.

Eita! Ela me chamou de Karla. Eu estou muito ferrada. Eu me apressei em pegar minha mochila, e saí do quarto com a minha mãe ainda no meu pé:

- Eu tenho que visitar a casa de um cliente e depois passar no escritório assinar uns papéis. Vou passar a tarde toda fora. A Sofi está sem aula hoje, então vai passar o dia na loja, com o seu pai.

Eu apenas concordei e saí, tropeçando nos meus próprios pés. Encontrei meu pai e Sofi quase no carro e só quando sentei e fechei a porta foi que parei para respirar.

- Ela te deu uma bronca, não deu? – Papa falou divertido, enquanto dava partida no carro.

- Nem tanto. Eu consegui sair rápido.

Ele e Sofi deram risada.

- Kaki. – Sofi me chamou e eu olhei para trás a vendo presa pelo cinto de segurança. Mesmo assim ela me estendeu uma banana. – Eu peguei para você.

- Brigada Sofi. – Eu agradeci pegando a fruta e admirando a fofura da minha irmã.

- De nada. Eu sabia que a mama não ia te deixar comer.

Eu comi rapidamente enquanto meu pai dirigia. Tivemos sorte de não pegar trânsito no caminho, mas, mesmo assim, quando chegamos o senhor Jensen já havia fechado o portão.

- A Moralez vai me matar! – Sussurrei.

- O que? – Meu pai perguntou.

- Nada, papa. Brigada pela carona. Tchau, Sofi. – Eu me despedi e saí correndo pelo estacionamento.

Quando me aproximei, o senhor Jensen me avistou e falou:

- Não precisa correr, senhorita Cabello. A diretora Moralez não pretende sair da sala dela até conversar com a senhorita.

Eu não esbocei nenhuma reação, porque já sabia que minha conversa com a diretora não seria legal. Eu me lembrava com perfeição da última conversa que tivemos. Apenas guardava uma esperança de que ela desistisse de chamar meus pais, afinal, eles não ficariam nem um pouco felizes.

O senhor Jensen me acompanhou até a sala da direção e bateu na porta, entrando logo em seguida e deixando a porta aberta.

- A senhora pediu que trouxesse a senhorita Cabello até aqui caso ela se atrasasse novamente. – Eu ouvi-lo dizer.

- Pode deixá-la entrar, senhor Jensen. – A diretora respondeu. – E obrigada.

O senhor Jensen saiu me indicando que entrasse e fechando a porta atrás de mim.

- Pode sentar Camila. – Ela me indicou uma das cadeiras à sua frente e foi direto ao assunto. – Acho que você lembra da nossa última conversa, não é?

Eu concordei com um aceno.

- Eu não vou ter outra alternativa a não ser conversar com os seus pais.

- Não, senhora Moralez, não será necessário. Eu não irei me atrasar mais. Eu prometo.

Ela suspirou:

- Olha, Camila, você é uma excelente aluna e eu não queria chegar a esse ponto com você. Afinal, não tenho mais nenhuma reclamação a seu respeito. Pelo contrário, só escuto elogios dos professores ao seu comportamento em sala de aula.

- Eu prometo para a senhora que vou controlar mais os meus horários. Não precisa chamar os meus pais.

Ela avaliou minuciosamente a minha expressão desesperada. Depois de alguns instantes ela relaxou a postura.

- Tudo bem. Eu não vou chamar seus pais. – Eu também relaxei depois dessa frase. – Mas você ainda será punida.

Eu assenti. Contanto que ela não chamasse meus pais, estava tudo certo.

- A senhorita irá cumprir uma detenção hoje, e se não conseguir cumprir com a sua promessa eu serei obrigada a conversar com os seus pais.

Eu concordei com a cabeça.

- Pode ir para a sua aula. E encontre o senhor Jensen após o fim das aulas, na sala ao lado da recepção.

- Obrigada por me dar uma chance, diretora. – Falei me levantando.

- Espero não me arrepender.

- Não irá. – Eu garanti saindo apressada da sala.

Segui direto para a aula do senhor Coleman, mesmo sabendo que ele também me daria um esporro por chegar atrasada.

Ele era um dos professores mais velhos aqui da escola, e disparado o mais chato. A aula dele era insuportável e eu não entendia nada do que ele falava, mas era necessário assisti-la, já que eu precisaria dela para me formar.

Eu bati na porta e entrei.

- Licença, professor.

Ele se virou para olhar e falou:

- Um pouco atrasada, não é?

- Desculpa. Eu já conversei com a diretora Moralez. – Avisei logo de cara, e ele me olhou atravessado. Eu ainda acho que o plano secreto dele é sumir com a Moralez e assumir a direção da escola. Eu continuei: - Ela liberou a minha entrada.

- Então sente-se e copie os exercícios. – Falou ríspido. – E que isso não se repita. Na próxima a senhorita não entrará nem com uma autorização assinada pelo presidente.

Eu concordei e me sentei rapidamente ao lado de Ally, que se contentou em apenas me lançar um olhar de reprovação, já que ninguém estava autorizado a conversar nessa aula.

Quando a aula acabou e nós saímos ela falou:

- Da próxima vez que você se atrasar eu juro que subo e te acordo com um balde de água.

- Aí você vai se atrasar também. – Eu brinquei e ela me olhou séria.

- Eu estou falando sério, Mila. Você ainda vai se prejudicar com isso.

- Eu já me prejudiquei. – Suspirei.

- A Moralez vai chamar seus pais? – Minha amiga perguntou preocupada.

- Não. – Respondi e ela suspirou aliviada. – Mas eu vou ter que ficar na detenção.

- Putz. – Ally lamentou.

- Relaxa. É melhor do que ela chamar meus pais. E a mama vai trabalhar a tarde toda. Nem vai perceber que eu cheguei mais tarde.

- Você ainda deu sorte. Se ela estivesse em casa iria te esfolar viva.

Eu concordei e nos separamos no corredor, já que tínhamos aulas separadas.

O restante das aulas passaram de forma rápida e logo eu estava me dirigindo para a sala do senhor Jensen, enquanto ouvia a chuva pesada, que começara a cair no meio da manhã, e não dera trégua até agora.

As detenções aqui na escola consistiam em permanecer meia hora a mais na escola, em uma sala com o senhor Jensen, sem poder conversar com ninguém. O objetivo era que pudéssemos pensar nas coisas erradas que havíamos feito.

Devido ao meu estado pensativo da última semana eu não acredito que precise pensar mais nas coisas erradas que andei fazendo, mas eu não poderia discutir isso com a diretora Moralez.

- Vocês sabem porque estão aqui e sabem o que não devem fazer. – O senhor Jensen falou para mim e para as outras pessoas na sala. – Serão liberados ao final da meia hora de castigo.

Como esperado a meia hora seguinte serviu para que eu pensasse nos meus erros, mas não aqueles que a diretora Moralez queria que eu pensasse.

Mais uma vez meus pensamentos foram tomados pela noite do baile, e também na conversa que eu tivera com Lauren quinta-feira passada.

Não importa o quanto eu tentasse, não conseguia tirar essa mulher da cabeça, e todas as vezes que me lembrava do nosso beijo, não podia deixar de desejar sentir o seu toque em mim mais uma vez.

Mas eu sabia que isso era impossível. Ela foi muito clara na nossa última conversa.

Foi um alívio quando o senhor Jensen disse que a meia hora havia acabado e que nós poderíamos ir embora. Mas o alívio só durou até eu chegar na porta da escola.

A chuva ainda caía sem parar e ventava forte, o que, com certeza, dificultaria e muito a minha ida para casa. Até que eu chegasse a um ponto de ônibus estaria com as roupas todas molhadas. Eu parei em uma área coberta perto do estacionamento, de onde podia visualizar o ponto de ônibus. Não era longe, mas eu não tinha chance nenhuma de chegar lá seca.

Enquanto avaliava as possibilidades que eu tinha para ir embora, um carro preto muito conhecido parou à minha frente e a janela do passageiro se abriu. A morena que o dirigia se curvou um pouco para poder conversar comigo.

- Entra, eu vou te levar para casa. – Lauren falou.

Quem ela pensa que é para vir falar comigo como se nada tivesse acontecido? Ou melhor. Que ela acha que EU sou? Poxa, eu tenho o meu orgulho.

- Eu não preciso de favores, senhorita Jauregui. Eu consigo me virar sozinha. – Falei de forma dura.

- Se você for embora a pé ou mesmo de ônibus pode ficar doente. Não terá problema eu te dar uma carona.

- Não? – Perguntei erguendo uma sobrancelha e cruzando meus braços em frente ao corpo de forma defensiva.

- Não. – Ela respondeu.

- E todo aquele papo de relação profissional? – Mantive minha postura.

Ela suspirou.

- Por favor, Camila. Esse temporal não vai passar tão cedo, e você sabe tão bem quanto eu que é melhor aceitar minha carona e permanecer seca do que se molhar e arriscar ficar doente.

Alguma coisa na forma que ela falou conseguiu me convencer a entrar naquele carro com ela. Eu me sentei no banco do passageiro e ela logo estava saindo do estacionamento. Eu abracei minha mochila de uma forma defensiva e estava decidida a permanecer calada o caminho todo, mas minha resignação foi por terra quando uma pergunta me surgiu na cabeça, e minha curiosidade venceu o orgulho.

- Estava um pouco tarde para você ainda estar na escola, não está?

- Eu tive uma reunião com a diretora Moralez.

Após esse pequeno diálogo o silêncio dominou o carro. Até que nós paramos em um semáforo e Lauren olhou para mim.

- Camila, eu quero conversar com você.

- Outra conversa? – Perguntei em um tom irônico. – Você não ficou feliz com a última?

Ela respirou fundo antes de continuar:

- Me desculpe por aquilo. Eu fui uma tremenda filha da puta com você.

- Foi sim. – Não me importei e concordar.

- Não era a minha intensão, me...

Nesse momento uma buzina soou e ela olhou para frente, percebendo que o sinal estava aberto.

Ela andou mais alguns metros e parou em um engarrafamento. Ela então voltou a me olhar e perguntou:

- Almoça comigo?

- O quê? – Eu a olhei espantada, me perguntando o que diabos havia acontecido com ela. Na segunda ela me tratou do mesmo jeito frio que tratou na última semana e menos de dois dias depois estava me chamando para almoçar com ela.

- Almoça comigo. Eu quero mesmo conversar com você, e tentar explicar o meu comportamento desde o baile.

Ela me pareceu sincera, então eu concordei com a cabeça.

Quando o carro voltou a se movimentar ela virou à esquerda tomando um caminho diferente daquele que nos levaria para a minha casa, e também menos movimentado.

Ela dirigiu por mais uns cinco minutos antes de entrar na garagem de um prédio elegante.

Nós saímos do carro e seguimos diretamente para o elevador. Quando nós entramos percebi que ela apertou o botão da cobertura e depois falou:

- Achei melhor almoçarmos na minha casa. Poderemos conversar melhor. Espero que você não se incomode.

- Está tudo bem. – Falei, mesmo não tendo muita certeza disso.

Até o elevador chegar na cobertura minha cabeça deu voltas e mais voltas sobre o que estava acontecendo e o que poderia acontecer depois dessa conversa. Eu simplesmente não consegui chegar a conclusão nenhuma.

O elevador parou no último andar e nós saímos. Ela abriu apressadamente a única porta do corredor e entrou, me convidando a entrar com ela.

- Fica à vontade. – Eu entrei timidamente e ela reparou nisso. – Pode deixar sua mochila no sofá.

O apartamento de Lauren era espaçoso, com a sala e a cozinha integrados e moveis todos em tons escuros, contrastando com as paredes e o chão claros. Na sala uma porta em vidro parecia levar para um jardim de inverno e eu pude ver uma mesa, também na parte de fora. Uma escada levava ao segundo andar. Eu deixei minha mochila no sofá, como Lauren havia sugerido, e me voltei para ela:

- Eu vou apenas terminar o almoço. – Ela disse indo para a cozinha. – Não irá demorar. Pode ficar à vontade.

Eu continuei olhando o apartamento curiosa e minha atenção foi levada para uma estante grande que tomava a parede atrás do sofá, e que estava repleta de livros. De alguma forma era algo que eu esperava encontrar na casa de Lauren.

Me aproximei para observar os livros, vendo vários estilos, desde clássicos, alguns que nós lemos em sala, e também livros de literatura moderna.

- Acho que você achou minha parte favorita da casa. – Lauren comentou e eu me virei para olhá-la.

- É muito legal. Você lê muita coisa. – Falei um pouco sem jeito.

Ela riu:

- Eu aposto que não é tanta surpresa assim. A maioria das pessoas deve imaginar que minha casa é tomada por livros e que eu tropeço neles.

- Você é organizada. – Devolvi. – Não deixa suas coisas por aí.

- Você nunca entrou no meu quarto. – Ela falou divertida, mas parou de rir quando percebeu o meu rosto corado. Para quebrar o silêncio que se instalou, ela falou: - O almoço está pronto.

Nós duas nos acomodamos na mesa grande que ocupava o espaço entre a sala e a cozinha e ela falou:

- Desculpa pelo cardápio, mas morando sozinha fica difícil cozinhar.

- Não precisa se desculpar. – Eu falei me servindo da macarronada, que estava com um cheiro maravilhoso por sinal.

Nós comemos em silêncio e ela não parecia disposta a terminar com isso.

- Você chamou aqui porque queria conversar, não foi?

- E eu quero. – Lauren respondeu. – Camila, eu preciso que você me entenda. Eu estou em uma situação muito complicada. Você é minha aluna, é menor de idade. Eu posso ser presa se alguém descobrir o que aconteceu.

- Você já me disse isso. – Falei, procurando esconder o tremor da minha voz.

Depois disso nós terminamos de comer em silêncio e depois seguimos para a sala, onde ela falou:

- Camila, me desculpe por aquela conversa. Eu não conseguia pensar com clareza e achei que a melhor solução era me afastar completamente de você.

- E o que mudou em dois dias? – Perguntei curiosa.

- Algumas pessoas me deram um choque de realidade.

- Ally? – Perguntei. Confesso que estava um pouco curiosa para saber o conteúdo da conversa que elas tiveram segunda, e a baixinha insistia em não me contar nada.

- Também. – Lauren respondeu sem mais detalhes. – O fato é, Camila, que durante muitos anos eu construí um muro ao meu redor para me afastar de qualquer envolvimento com alguém. Eu construí um muro tão alto, que eu tenho dificuldades em me livrar dele, e eu quase entrei em parafuso.

- Se você construiu esse muro, porque me beijou naquele dia? – Perguntei mesmo com medo da resposta, e minha voz acabou saindo embargada.

- Eu não consegui me controlar. Quando eu te vi tão perto, eu simplesmente perdi a razão. Mas ao contrário do que eu te disse naquele dia, eu não acho que tenha sido um erro. E eu não me arrependo.

- Não? – Perguntei com o coração batendo acelerado dentro do peito.

- Não. Eu me arrependo apenas da forma como eu te tratei depois. Você não merecia passar por isso. Eu não deveria ter descontado meus traumas em você, e nem ter estragado esse momento especial para você. – Ela se aproximou de mim. – Eu fugi durante muito tempo dos meus sentimentos. Eu me privei de sentir. Mas eu não sei se consigo mais fugir de você.

Ela estava perigosamente perto de mim e eu já não conseguia mais pensar com clareza. Nossas respirações se misturavam quando ela se aproximou ainda mais.

- Eu quero muito te beijar de novo. Mas eu não vou mais fazer isso sem o seu consentimento. Eu quero ter certeza de que você quer também. – Ela falou, me olhando em expectativa. – Eu posso?

Eu poderia ter toda essa confusão dentro de mim, e não saber direito o que pensar. Eu só sabia que estava vendo nos olhos de Lauren que ela estava sendo sincera, e sentia que podia confiar em suas palavras. E sabia que naquele momento, a sentindo tão perto, tudo o que eu desejava era sentir seus lábios novamente.

Tudo o que eu consegui fazer foi assentir com a cabeça, antes que ela pudesse segurar na minha cintura e inclinar seu rosto para encontrar o meu.

Nossos lábios se encontraram de uma forma suave e ela iniciou movimentos lentos quando nossas línguas se encontraram. Ela conduziu todo o beijo dessa maneira, parecendo explorar a minha boca e me dando chance de fazer o mesmo. Foi um beijo muito diferente do anterior e eu tive a chance de finalmente sentir todas as sensações de beijar alguém. O nervoso antes dos lábios se tocarem, as famosas borboletas no estômago quando senti nossas bocas juntas, e o coração acelerado quando nos separamos e ela me olhou de forma intensa.

- Esse deveria ter sido o seu primeiro beijo. – Ela falou. – Me desculpa por ter tirado isso de você.

- Acho que eu acabei de te perdoar por isso. – Respondi sorrindo.

Ela também sorriu e se aproximou colando nossos corpos em mais um beijo lento. Quando o ar se fez necessário, nós nos afastamos e ela disse:

- Eu definitivamente não consigo ter uma simples relação professora-aluna com você.

Professora. Essa palavra me lembrou de uma coisa e eu me afastei assustada:

- Lauren, acho que você está atrasada para a sua aula.

Seus olhos se arregalaram e ela olhou para o relógio.

- Merda! Eu estou MUITO atrasada.

Ela procurou sua bolsa rapidamente, enquanto eu ria.

- Acho que agora quem vai receber uma detenção por se atrasar é você. A diretora Moralez não costuma perdoar esse tipo de infração.

Ela achou a bolsa e falou:

- Vamos logo ou eu te tranco aqui dentro.

Foi a minha vez de arregalar os olhos:

- Você não faria isso.

- Experimenta para ver. – Ela falou, mas percebi um sorrisinho brincando em seus lábios.

Eu procurei minha mochila rapidamente e saímos do apartamento. Quando chegamos na garagem eu falei:

- Você vai se atrasar ainda mais se me levar para casa. Eu vou de ônibus.

- Está doida? – Ela devolveu. – O temporal pode ter diminuído, mas ainda está chovendo, e eu não vou te deixar ir embora na chuva. Além disso, eu já estou atrasada e vou levar um sermão da Moralez. Me atrasar um pouco mais não vai fazer diferença.

Nós entramos no carro e ela seguiu o mais rápido possível para a minha casa. Quando ela estacionou na minha porta eu fiquei um tanto sem graça, e sem saber como me despedir. Minha vontade era beijá-la de novo, mas eu não sabia se deveria, então optei por uma despedida neutra.

- Acho que nós nos vemos na escola.

Ela assentiu e quando eu me virei para sair do carro ela me segurou e disse:

- Eu acho que eu quero um beijo de despedida.

Eu fiquei vermelha na mesma hora e ela contornou apressada:

- Se você quiser, é claro. Eu não quero te pressionar ou...

- Eu quero. – Falei apressada e ficando ainda mais vermelha, se é que era possível.

Ela sorriu e falou se aproximando:

- Eu adoro esse seu jeito.

Depois colou nossos lábios em um selinho prolongado antes de pedir passagem com a língua e me tomar novamente explorando a minha boca. Foi um beijo longo e quando nos separamos eu novamente a trouxe de volta a realidade:

- Lauren, você tem que dar aula.

- Estraga prazeres. – Ela disse, fazendo um bico um tanto fofo.

Eu não resisti e deu um selinho rápido nela, a fazendo desfazer o bico.

- Sou realista.

- Estou vendo. – Ela riu e depois falou. – Nós nos vemos na escola.

Eu desci do carro e entrei rapidamente em casa já que a chuva ainda insistia em cair.

Quando me joguei no sofá foi que me permiti pensarem tudo o que aconteceu. Por fim, só cheguei a uma conclusão: eu não sei o que Lauren e eu temos, e nem onde isso vai dar, mas eu definitivamente posso me acostumar com isso.


Notas Finais


Espero que vocês tenham gostado!!!
Logo volto com o próximo!!
Bjão


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