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História You're My Home - Montanha-russa


Escrita por: anagranger

Notas do Autor


Boa noite galera!!!
Segundo capítulo do dia, e ele vai explicar um pouco as atitudes da Lauren no capítulo anterior!!
Eu realmente não sei se vai dar para postar o próximo capítulo hoje, mas eu posto ainda essa semana!!!
Espero que vocês gostem!!!

Capítulo 14 - Montanha-russa


Fanfic / Fanfiction You're My Home - Montanha-russa

Lauren’s POV
 

Se eu precisasse encontrar uma palavra para definir a minha semana com certeza seria: montanha-russa.

Eu iniciei a semana decidida a continuar com a minha postura no que dizia respeito a Camila. No entanto, uma série de acontecimentos me fizeram mudar completamente de rumo.

O primeiro deles foi, sem dúvida, a conversa que tive com Allyson, e as coisas que ela me contou.

Eu me arrependi profundamente da maneira que havia falado com Camila, afinal, a latina não tinha culpa de todos os traumas do meu passado e pelos mecanismos de defesa que eu tinha criado em torno de mim.

Outra pessoa que ajudou no meu choque de realidade foi Normani, em uma conversa que nós na segunda-feira à noite.

 

Flashback on

 

No fim da tarde minha cabeça ainda latejava.

A conversa que eu tivera com Allyson ainda ecoava na minha cabeça, e eu começava a repensar minhas atitudes recentes.

Enquanto saía da escola, buscava algumas alternativas para não ter que ir para casa e inevitavelmente pensar ainda mais em tudo isso.

Decidi então visitar a tia Andrea e aproveitar para conversar um pouco com a Mani.

Eu segui rapidamente para a casa dos Hamilton Kordei, onde minha amiga me recebeu sorridente:

- Laur, estava mesmo querendo falar com você.

Nós entramos na casa e encontramos seus pais sentados no sofá, concentrados na televisão.

- Boa noite. – Os cumprimentei, e eles me olharam também sorrindo.

- Lauren, que bom te ver, filha. – Tia Andrea falou, fazendo menção de se levantar, mas eu a impedi.

- Não precisa levantar, tia. A senhora precisa fazer repouso.

Ela bufou e se acomodou novamente no sofá, falando:

- Eu pensei que você estava vindo me salvar desses dois guardas que estão aqui me controlando, mas você se junta a eles.

- Os dois guardas estão te controlando para o seu próprio bem, dona Andrea. – Tio Dereck falou divertido.

- Eu estou ótima! – A mulher mais velha falou, em um tom um tanto desesperado.

- Nós vimos o seu ótimo ontem, dona Andrea. – Mani falou. – E não queremos que as cenas de ontem se repitam.

- A Mani tem razão, tia. – Eu me intrometi. – É bom descansar para poder se recuperar totalmente e não nos dar mais sustos como aquele.

A mulher me olhou e falou:

- Você está mesmo do lado deles.

Ela voltou sua atenção para a televisão e nós soltamos uma gargalhada coletiva. Minha amiga me olhou e disse:

- Vou fazer um lanche rápido. Me ajuda?

- Claro. – Respondi, a seguindo até a cozinha. No caminho perguntei: - Você disse que queria falar comigo. Aconteceu alguma coisa?

- Nada. – Mani respondeu enquanto vasculhava a geladeira. – Só queria saber como foi o dia na escola.

Eu engoli em seco antes de responder:

- Foi normal. Nenhum... acontecimento extraordinário... – Minha voz falhou um pouco na resposta e eu mudei rapidamente de assunto. – E aqui? Correu tudo bem?

Mani me olhou um tanto desconfiada antes de responder:

- Sim. Tirando a teimosia da minha mãe. Você viu bem como é. – Nós duas rimos. – Às vezes lidar com os adolescentes é melhor. Eles me respeitam mais.

- Isso é porque você nunca viu a minha mãe doente. Não podemos nem falar nada que ela já vem: “Não tenta saber mais do que eu. Eu sou a médica aqui”. – Falei imitando a voz da minha mãe, o que fez a morena rir. – E ela fala a mesma coisa quando um de nós fica doente.

- Até o seu pai?

- Com ele é pior. “Michael Jauregui, você sabe que tem que repousar. Se continuar assim vou começar a pensar que comprou seu diploma”. – A imitei novamente. – Engraçado que o repouso vale para todo mundo, menos para ela própria.

- É sempre assim. – Normani falou rindo, mas parou de repente ao me ver sentada no balcão da cozinha. – Pode descer daí, branquela. Eu falei sério quando disse que era para você vir me ajudar, e não para ficar parada olhando para a minha cara.

Eu desci do balcão e me pus a ajudá-la. Logo nós havíamos terminado alguns sanduíches e Mani arrumou tudo em duas bandejas colocando também uma jarra de suco e dois copos em cada uma.

Cada uma pegou uma das bandejas e seguimos para a sala. Quando chegamos eu descansei a minha bandeja na mesa de centro e olhei confusa para Mani que ainda tinha a sua na mão.

- Nós duas vamos comer lá fora. – Ela esclareceu.

Eu segui então com ela até a porta de vidro que dava para o amplo jardim da casa, e para uma área coberta que possuía uma mesa, para onde Mani se dirigiu.

Nós nos sentamos e começamos a comer. Entre uma mordida e outra em um sanduíche, ela perguntou:

- Foi tudo bem mesmo lá na escola?

Eu quase engasguei com um pedaço de pão que mastigava.

- Claro. – Disse depois de me recompor, mas sem olhar para ela.

- Sério? – Ela perguntou. – Porque você mente mal pra caramba.

Eu a olhei espantada.

- Eu percebi quando você me respondeu lá na cozinha. Ninguém gagueja quando supostamente não aconteceu nada de importante. E você sempre desvia os olhos quando mente.

- Droga! – Me xinguei baixinho, mas minha amiga ouviu e falou rindo:

- Viu! Eu te conheço. Agora fala de uma vez o que aconteceu.

- Você sabe que eu não gosto de falar sobre isso. – Falei.

- Sobre a escola? – Ela perguntou confusa.

- Sobre a minha vida pessoal. A escola. Anda tudo misturado ultimamente. – Soltei sem pensar.

- Como assim?

Nesse momento eu sabia que teria que conversar com alguém. Alguém que pudesse me ajudar a resolver essa situação dentro de mim. E esse alguém era Normani.

- Eu discuti com Allyson Brooke na frente da sala toda. – Soltei a parte mais fácil da história.

A morena a minha frente caiu em uma gargalhada alta.

- Allyson Brooke? – Ela disse ainda rindo. – Allyson Brooke, Lauren? – Ela tomou um gole do seu suco para se acalmas. – Você já olhou para Allyson Brooke? Aquela pequena criatura falante, sorridente e extremamente fofa? Allyson Brooke não briga nem com uma mosca, Lauren, e muito menos com uma professora.

- Pois acredite que ela pode ser bem ameaçadora quando quer. – Falei, lembrando da minha conversa com a baixinha.

- Você brigou mesmo com ela? – Mani me perguntou, séria.

- Nós discutimos na verdade.

- Você deve ter feito uma coisa muito séria para ela ter discutido com você.

- Sim. Eu beijei Camila Cabello. – Soltei a bomba de uma vez só, fazendo com que minha amiga, que tomava seu suco, engasgasse com o líquido.

- Lauren! – Ela me repreendeu quando se recuperou. – Você não fala uma coisa dessas assim.

- Desculpa, Mani. Mas se eu não falasse assim eu não teria coragem de contar.

- Você beijou mesmo ela? – Minha amiga perguntou, como se tivesse a esperança de que tudo não passasse de uma brincadeira.

Eu concordei com a cabeça e disse em seguida:

- Mas o pior não é isso.

- Confesso que eu estou com medo de saber, mas me conta essa história desde o começo.

Então eu contei. Contei para Mani tudo o que havia acontecido desde a primeira vez que havia saído com Camila, para a palestra do meu pai, até a minha briga com Allyson. Quando eu terminei de contar Mani me encarava, e assim nós ficamos por alguns instantes até que ela falou, espantada:

- Então, em resumo, você está me falando que a mulher de quem você tem me falado. A mulher pela qual você se apaixonou, e eu venho apoiando incondicionalmente o envolvimento de vocês, é, na verdade, uma aluna nossa?

- Sim. – Respondi.

- Minha amiga – ela falou. – Você está numa confusão e tanto.

- E eu não sei. – Eu suspirei. – Nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo, Mani. Me apaixonar novamente, e ainda mais por uma aluna.

- Sabe do que mais, Lauren? – Mani falou, depois de alguns instantes de silêncio. – Sem falsos moralismos?

- O que? – Perguntei, ávida por receber uma solução para a minha situação.

- Se você realmente gosta dessa garota, fique com ela.

- Mas, Mani... – Eu tentei argumentar, mas ela me interrompeu:

- Eu já sei todas as desculpas que você está dando para si mesma. Está usando o fato de esse ser um relacionamento condenado socialmente para negar aquilo que o seu coração está gritando para essa sua mente empacada. Mas Lauren, foda-se a sociedade, e a sua mente empacada. Pela primeira vez, se deixe viver, minha amiga. Esqueça o passado, e esqueça o julgamento alheio. Viva por você. Escute o seu coração. Se a sua felicidade está ao lado dessa garota, seja feliz. É claro, eu não vou dizer que você e ela vão poder sair felizes e de mãos dadas, ou trocar beijos na porta da casa dela. Pelo menos, não por enquanto. Mas eu não vejo motivos para você negar a sua felicidade por causa daquilo que os outros vão pensar.

- Não é tão fácil lidar com as regras morais, Mani.

- Sabe o que não é fácil? – Ela perguntou.

- O quê?

- Você derrubar todas as defesas que colocou em torno de si mesma depois que terminou com a Alexa. Esse é verdadeiro problema, Lauren. Você precisa fazer isso. Antes de tudo. Antes de se resolver com a Camila. Antes de encarar essa sociedade falso-moralista. Antes de viver a história de vocês Antes de tudo isso, você precisa derrubar os muros que você construiu nos últimos quatro anos. Você precisa se libertar dos seus fantasmas, Lauren. Só assim você vai conseguir seguir em frente.

Eu comecei lentamente a processar tudo o que Normani me falava.

Eu lembrei da minha conversa com Allyson e também lembrei de Camila. Do seu jeito de menina doce, do seu sorriso enorme no dia em que estávamos na palestra do meu pai, do modo como ela colocava a língua entre os dentes quando estava concentrada em alguma coisa.

Uma parte de mim, a que estava lembrando de Camila, queria acreditar no que Normani estava falando, e que seria fácil resolver toda essa confusão. Mas a outra parte de mim, a parte extremamente racional, dizia que tudo o que minha amiga dizia era impossível, que eu nunca poderia deixar essa minha história com Camila ir adiante.

Pelo jeito não seria fácil me livrar desses fantasmas.

 

Flashback off

 

E realmente não foi. Ou melhor: não está sendo.

Naquela noite, após me despedir de Normani e de seus pais, eu segui para casa, ainda pensando nas coisas que minha amiga havia me dito, e em guerra comigo mesma.

Quando cheguei em casa fui direto para o meu quarto, já que não estava com a mínima fome. Tomei um banho rápido e me joguei na cama.

Ali, encarando o teto do meu quarto, eu me vi chorando, uma coisa que eu já não fazia a algum tempo.

Era um choro que beirava o desespero. Um choro onde, finalmente, eu descarregava tudo o que eu estava sentindo nos últimos quatro anos. Entre os soluços e as lágrimas que me tomavam eu me perguntava o porquê de ter parado de viver por tanto tempo por causa de uma pessoa que simplesmente me largou para poder viver a vida dela. E enfim, depois do que me pareceram horas deitada, e depois de alguns murros dispensados ao meu travesseiro, eu parei. Os soluços pararam. O meu peito se acalmou. As lágrimas que continuaram caindo, dessa vez silenciosas, eram de alívio. Alívio por eu finalmente ter acordado e estar tentando seguir em frente.

Depois que as lágrimas me abandonaram, eu finalmente caí no sono, decidida a procurar Camila e conversar com ela. Me desculpar e esperar que ela deixasse que eu me reaproximasse dela.

Eu a vi na terça, conversando com os amigos, mas não tive oportunidade de conversar com ela, e pedir que me ouvisse.

Essa oportunidade surgiu ontem, quando, depois de uma reunião com a diretora Moralez, eu a vi parada, sozinha, esperando a tempestade que caía sobre a cidade abrandar para ir embora.

Para a minha surpresa ela aceitou minha carona e o meu convite para almoçar. Nós conversamos e acabamos ficando novamente. Não preciso nem dizer o quanto eu fiquei feliz ao ver que poderíamos sim nos acertar.

Você pode então se perguntar: Lauren, se ontem você estava decidida a tentar com a Camila, por que hoje, em plena quinta-feira, você está parada diante de um espelho, se arrumando para ir na casa da Keana?

Simples. Para poder começar de fato a minha história com a Camila eu preciso estar completamente livre, e para isso eu preciso colocar um ponto final nas transas ocasionais com Keana. E hoje eu irei fazer isso.

Me olhei pela última vez no espelho antes de sair de casa e segui para a casa da minha amiga.

Quando me recebeu na porta Keana debochou:

- Farra em plena quinta-feira, senhorita Jauregui?

- Desculpe desapontá-la, senhorita Issartel – eu entrei na brincadeira dela. – Mas hoje o assunto é sério.

- Uiii! – Ela riu. – Entra então, senhorita “Assunto Sério”.

Ela me deu espaço para entrar e eu, que já era íntima do local, me acomodei no sofá, enquanto ela seguia até a cozinha. Não demorou muito para ela retornar com duas taças de vinho nas mãos.

- Beber em dia de semana? – Perguntei. – E além do mais eu quero mesmo conversar com você.

- É apenas uma taça, fantasminha, não é como se fossemos dar aula bêbadas amanhã. – Keana dava aula de Inglês em uma escola próxima da sua casa, mas ao contrário de mim, que prefiro literatura, ela se dedica às questões gramaticais. – E eu entendi muito bem o lance de “conversa séria”, e por isso mesmo tenho que beber. Odeio conversas sérias.

Nós duas rimos e eu acabei pegando a taça da sua mão.

- Devo temer a “conversa séria”? – Ela perguntou se sentando ao meu lado e se virando para me encarar.

- Eu acho que não. – Respondi insegura.

- Acha? – Ela tornou a perguntar. – Qual o assunto dessa conversa, afinal?

- Nós. – Eu e minha velha mania de ser direta e fazer minhas amigas engasgarem.

- Nós? – Ela buscou a confirmação quando se recuperou e eu apenas assenti com a cabeça. Ela me olhou preocupada. – Lauren Jauregui, não vai me dizer que...

Ela parou abruptamente.

- Dizer o quê? – Eu questionei quando vi que ela não iria continuar.

- Não. Não é possível.

- O que foi, Keana?

- Não vou tirar conclusões precipitadas. Mas eu te juro Jauregui, se for isso que eu acabei de pensar, eu te mato. Mas vai, pode falar.

- Assim, sob ameaça? – Perguntei nervosa.

- Aham. Fala de uma vez! – Ela disse, impaciente.

Eu respirei fundo e decidi falar de uma vez:

- Kea, eu acho melhor nós voltarmos a ser só amigas. Você sabe, sem o lance do sexo casual.

Minha amiga de repente explodiu em uma gargalhada estrondosa, e eu a encarei confusa, até que ela tomou fôlego, e disse:

- Sério que é só isso?

- Sim. – Respondi, ainda confusa.

- Caralho Lauren, você me assustou. Por um instante eu pensei que você ia dizer que tinha se apaixonado por mim.

- Eu estou sim apaixonada. – Ela me encarou com os olhos arregalados. – Mas não por você, relaxa.

Ela respirou aliviada e depois retornou ao seu tom debochado e brincalhão de sempre:

- Então, Lauren Jauregui, você está me chutando porque está, finalmente, apaixonada por alguém. Conte-me tudo sobre isso.

- Você realmente acha que eu estou te chutando? – Perguntei preocupada. – Porque eu nunca quis...

- Lauren! – Ela falou alto fazendo com que eu me calasse. – Foi uma brincadeira, relaxa. Eu estou muito bem com isso. E fico feliz que você esteja se encontrando novamente. Nossa amizade colorida sempre foi apenas isso: uma amizade colorida. E nós duas sabíamos que nunca seria nada mais do que isso. Eu sou livre demais, e você, bom... é complicada demais. – Eu a encarei incrédula. – Não me olhe assim, fantasminha, você sabe que é verdade. Mas, eventualmente, uma de nós iria encontrar o seu caminho, e nós iriamos manter a nossa amizade acima de tudo. Apesar de que, agora que esse dia chegou, eu deva confessar que vou sentir falta da sua pegada, fantasminha.

Ela riu e eu me peguei rindo também.

- É bom saber que você entende, Kea. – Falei.

- Claro que entendo, Laur. E tenho certeza que se a situação fosse inversa você também entenderia.

- Entenderia sim.

Nós sorrimos uma para a outra demonstrando todo o carinho que sentíamos uma pela outra e então nos abraçamos, e eu pude sentir no toque a verdade de suas palavras.

- Vamos parar com a viadagem que está ficando demais até para nós. – Keana quebrou o momento com uma das suas piadinhas habituais, e nós rimos. – E, por favor, me conte mais sobre a mulher que me tirou da mordomia te ter uma boa transa com facilidade.

- Hoje não Kea, outro dia. Estou cansada de contar essa história. – Nós duas rimos.

- Tudo bem. Deixamos para outro dia. Só me responde uma coisa. – Eu concordei com a cabeça e ela continuou. – Aquele dia na sua casa que você não conseguiu entrar no clima, era ela não era? Que estava na sua cabeça.

- Era sim. – Não havia sentido em negar. – Eu não conseguia tirar ela da cabeça.

Quando Keana não falou nada, eu perguntei:

- Você está brava por isso?

- Claro que não. – Ela respondeu. – Eu teria ficado brava se você tivesse transado comigo pensando em outra mulher.

- Eu nunca conseguiria fazer isso. – Declarei.

- Eu sei que não.

Depois disso nós duas conversamos sobre diversos outros assuntos antes que eu me lembrasse que ainda era meio de semana e decidisse ir embora.

 

 

Na sexta-feira eu acordei animada, como a muito tempo eu não acordava. Estava pensando em chamar Camila para jantar comigo. Eu não queria que ela pensasse que eu iria desistir dela.

Minha animação se refletiu nas minhas aulas, que estavam notavelmente melhores e os alunos estavam claramente gostando daquele modelo um pouco mais descontraído de ensinar.

No entanto, como tudo o que é bom dura pouco, na hora do intervalo eu ouvi uma coisa que fez a minha animação ir por água abaixo.

Eu estava passando no corredor, indo em direção a sala dos professores, quando eu vi Shawn Mendes e Troy Ogletree conversando encostados em alguns armários, e a conversa dos dois me chamou muito a atenção:

- Ontem eu tomei coragem. – Shawn contava ao amigo. – Chamei a Camila para sair comigo de novo.

- E aí? – Troy perguntou animado.

- Nós vamos ao cinema hoje à noite.

- Você está confiante nessa sua história com a Mila, não está? – O mais alto perguntou.

O garoto não precisou nem responder. Era óbvio que ele estava confiante. Dava para ver no sorriso estampado no rosto dele.

E foi isso que me derrubou. Ela aceitou sair com ele. Mesmo depois de termos conversado.

No mesmo instante minha mente me corrigiu.

Vocês não têm nada Lauren. A garota pode sair com quem quiser. E logo depois eu pensei: Mas cabe a você mudar isso.

Mesmo com a cabeça a mil eu continuei o meu caminho. Virando no fim do corredor eu percebi Camila seguindo sozinha na direção do refeitório. Eu apressei o passo para alcançá-la.

- Bom dia. – Falei baixinho quando me aproximei, fazendo com que ela se assustasse.

- Bom dia. – Ela respondeu quando viu que era eu quem estava ao seu lado e continuou caminhando calmamente comigo.

Eu demorei alguns segundos admirando seu sorriso, até que me lembrei do motivo de estar falando com ela. Sendo cuidadosa com as palavras, já que não queria que ela se sentisse pressionada, eu perguntei em tom baixo:

- Tem compromisso para hoje à noite?

O sorriso dela diminuiu perceptivelmente.

- Eu combinei de sair com o Shawn. – Ela disse por fim, no mesmo tom que o meu. – Você estava pensando em alguma coisa?

- Eu ia te convidar para jantar comigo. – Fui sincera.

Ela me olhou com uma expressão culpada.

- Desculpa. – Ela pediu.

- Você não precisa se desculpar. Eu quem devia ter te chamado antes.

Nós chegamos na porta do refeitório e paramos. De repente uma ideia me ocorreu: se ela não pode passar a noite comigo, porque não passarmos a tarde juntas?

- Está com a tarde livre? – Perguntei.

Ela pensou um instante antes de responder.

- Estou sim.

- Quer passar a tarde lá em casa, comigo? – Convidei.

Ela me lançou novamente aquele sorriso cativante.

- Claro que sim.

- Me espera no estacionamento no fim da aula.

- Não é melhor eu ir para a minha casa e de lá ir para a sua?

- Você está de carro? – Perguntei.

- Meu pai me trouxe. Ally não veio hoje.

- Então não faz sentido você ir para casa. Vamos direto para a minha.

- Mas e se alguém vir a gente? – Ela estava visivelmente preocupada e a preocupação dela fazia sentido.

- Tudo bem. – Eu disse, por fim. – Siga a pé por duas quadras a direita da escola, até uma lanchonete verde. Eu te alcanço de carro.

Ela concordou com a cabeça e eu me afastei, falando alto para que as pessoas que estavam ao nosso lado não desconfiassem de nada:

- Nos vemos segunda, senhorita Cabello. Espero ter esclarecido suas dúvidas.

Ela entrou na minha mentira:

- Esclareceu, senhorita Jauregui. Muito obrigada. Até segunda.

Voltei para o prédio principal da escola e segui direto para a sala dos professores.

O restante das aulas passaram de forma lenta, acho que devido à minha ansiedade para me encontrar com Camila.

Quando o último sinal tocou eu saí apressada da sala e encontrei com Normani no corredor.

- Credo, Jauregui, tudo isso é pressa de ir para casa fazer nada? – Minha amiga riu, quando percebeu a minha pressa.

- Quem disse que eu não tenho planos para hoje? – Perguntei lançando para ela um olhar sugestivo.

Mani entendeu tudo na hora, já que eu havia contado para ela sobre a minha conversa com Camila.

- Jauregui, você não perde tempo mesmo. – Ela debochou.

- Cala a boca, Normani. – Eu repreendi, mas acabei rindo com ela.

Nós deixamos nossas coisas no nosso armário na sala dos professores e pegamos nossas bolsas para ir embora. Já no estacionamento ela se despediu e entrou no seu carro.

Enquanto eu seguia para o meu, percebi de relance Camila se despedindo dos amigos e Shawn se aproximando para dar um beijo na bochecha dela.

Ver isso me fez ferver de ciúme e para não fazer nenhuma besteira eu peguei meu celular para checar as mensagens que eu havia recebido.

Havia uma da minha mãe perguntando porque eu tinha sumido a semana toda. E outra de Keana que dizia:

 

Fala, fantasminha. Niall mandou avisar que o jantar hoje é na casa dele. Você vai?

 

Como meus planos de jantar com Camila haviam ido por água abaixo mesmo, eu não vi problemas em aceitar o convite.

 

Vou sim, claro. Vamos em um carro só, não é? Não faz sentido irmos em dois. E pelo menos uma de nós vai poder beber.

 

Esse era um velho hábito nosso. Usarmos apenas um carro, ou irmos juntas de taxi, para podermos beber com responsabilidade.

Keana não demorou a responder:

 

Vamos sim. Eu confirmo o horário com ele, e depois aviso a hora que vou passar na sua casa.

 

Eu respondi rapidamente e logo arranquei com o carro para poder encontrar Camila.

Ela me esperava em frente a lanchonete que eu havia falado, e não demorou a entrar no carro, assim que eu estacionei. No entanto, eu pude logo perceber que ela ainda parecia um pouco sem jeito perto de mim.

Quando arranquei com o carro, eu coloquei minha mão sobre a perna dela e falei:

- Não se importa em almoçar lá em casa de novo, não é? Se você preferir podemos ir até algum restaurante.

- Claro que não me importo. – Ela respondeu, mas ainda encarava minha mão na sua perna.

- Qual a hora do seu encontro? – Perguntei, tentando conter o ciúme na minha voz.

- Ele vai me buscar às sete. – Ela respondeu.

- Prometo que não deixo você se atrasar. – Eu olhei para ela e sorri fraco, um sorriso que ela retribuiu do mesmo modo.

Nós chegamos ao meu prédio não muito tempo depois. Quando eu estacionei e tirei meu cinto, me virei para olhá-la.

- Você está desconfortável? – Perguntei, com medo da resposta. – Quer ir para casa?

- Não. – Ela respondeu e eu me senti aliviada. – Eu só não sei direito como agir.

Eu coloquei minha mão no rosto dela e o ergui até que seus olhos encontrassem os meus.

- Eu não vou te forçar a nada que você não queira. Você pode agir de forma natural comigo.

- É natural eu querer te beijar?

Eu ri um pouco com a sua pergunta inocente, mas me controlei para que ela não se retraísse ainda mais.

- Você quer me beijar?

Ela concordou com a cabeça e eu falei:

- Então me beije.

- Mas e se você não quiser?

Deus, como uma criatura pode ser tão fofa, e ao mesmo tempo me despertar tantos desejos.

- Na dúvida. – Eu respondi. – Basta você lembrar que eu sempre vou querer te beijar.

Eu me inclinei para frente e encostei nossos lábios suavemente. Primeiro foi apenas isso: um encostar de lábios. Depois de alguns segundos eu procurei aprofundar o contato, pedindo passagem com a minha língua. O beijo se tornou mais intenso e eu procurava grudar mais os nossos corpos, mas a nossa posição no carro não me permitia ter o contato que eu queria, então interrompi o beijo e perguntei:

- Vamos subir?

Ela concordou com a cabeça e nós descemos do carro. Enquanto íamos para o elevador eu procurei a sua mão e a puxei para mais perto de mim. Eu sabia que ela precisava desses contatos para se sentir mais confiante e confortável e eu precisava dela perto de mim, então resolvíamos dois problemas ao mesmo tempo.

Nós almoçamos em meio a conversas diversas. Ela estava se soltando cada vez mais ao meu lado, e eu adorava isso. Ela me contou sobre o seu amor por bananas, e também pelo Ed Sheeran. Me contou sobre o primeiro show a que fora com o pai, sobre seus livros preferidos, e sobre as brincadeiras que gostava de fazer com a irmã.

Em contrapartida eu contei sobre minha preferência por Lana Del Rey, pela cor preta, e que eu não gostava de chocolate (algo que fez com que ela ficasse extremamente chocada). Falei sobre a faculdade, sobre os meus irmãos e sobre a rotina de ter dois médicos em casa (ela estava realmente interessada nessa parte).

Depois que almoçamos nos sentamos no sofá e ela perguntou se podia ver os livros na prateleira. Eu concordei, me sentando no sofá e ela começou a folha-los me fazendo algumas perguntas sobre o conteúdo.

Ela me olhou com uma cara debochada quando encontrou meu exemplar extremamente surrado de Harry Potter e a Pedra Filosofal.

- O que foi? – Perguntei. – Também é literatura inglesa, sabia? Literatura contemporânea.

Ela se aproximou com o livro na mão e se sentou no sofá ao meu lado.

- Nós vamos ler Harry Potter na aula?

- Se eu conseguir chegar em 1990 com a sua turma, e a maioria concordar em ler, não vejo porque não.

- Eu amo esse livro.

- Você comentou isso durante o almoço.

- Sua edição é diferente da minha. – Ela comentou analisando, e se acomodou melhor no sofá, permitindo que eu a abraçasse e pudesse ver o livro com ela.

- Essa é a edição britânica. Meu pai me trouxe depois de uma viagem para Londres. Eu tinha uns 9 anos.

- Dá para ver que ele está bem usado. – Ela falou rindo.

- Qual é? Eu gosto desse livro. – Eu ri também. – Eu ainda vou dar uma checada nos seus livros da Jane Austen.

- Aí é golpe baixo. – Ela disse fazendo bico.

Eu não resisti e desfiz o bico dela com um selinho.

Ela então colocou o livro sobre a mesa de centro e voltou para sua posição anterior do sofá, me abraçando.

Eu tomei seu rosto em minhas mãos e a beijei novamente. Como havia acontecido no carro o beijo se intensificou de forma rápida, mas diferente do que havia acontecido no carro, onde o espaço me impedia de juntar mais os nossos corpos, dessa vez eu consegui, pegando na cintura dela, trazê-la para mais perto de mim.

Quando o ar se fez necessário eu desci meus beijos pelo pescoço dela, e virei meu corpo sobre o dela, fazendo com que nós duas deitássemos.

Ela puxou meu rosto para perto do dela e eu ataquei seus lábios novamente, deixando que minha mão percorresse seu corpo. Sem perceber, e no calor do momento, minha mão escorregou para dentro da camiseta que ela usava, tocando a pele quente da sua barriga, e subindo em direção aos seus seios.

Nesse momento, eu senti suas mãos me afastando e ela cortou o beijo.

- Lauren! Lauren! Para! – Ela falou e eu tirei rapidamente minha mão de dentro da sua camiseta.

- Camila! Desculpa! Eu não queria avançar as coisas assim. Aconteceu no calor do momento. – Ela estava vermelha e, sentindo o quanto meu rosto estava quente, eu não devia estar muito melhor.

- Sou eu quem peço desculpas, por te fazer parar. – Ela falou.

- Ei, ei, ei. Não fala isso. Nunca mais. – Eu segurei seu rosto e fiz com que ela me encarasse. – Eu nunca, nunca vou te forçar a nada que você não queira. Nem um beijo, nem uma carícia, nem sexo. Eu vou respeitar seu corpo, e o seu tempo. Sempre.

- Lauren, eu nunca... você sabe... – Ela falou nervosa. – Você vai mesmo esperar?

- É claro que vou. Tudo no seu tempo, Camila. Quando você estiver pronta. E, claro, se você quiser ter esse momento comigo. Eu vou esperar.

Eu deixei um beijo casto nos seus lábios, e inverti nossas posições, deitando no sofá e a trazendo para perto de mim a abraçando novamente.

- Mas você tem seus desejos. – Ela falou.

- No momento meu desejo é deitar aqui, abraçada com você. Nada mais do que isso.

Nós ficamos em silêncio depois disso, com a minha mão percorrendo o cabelo dela, até que eu percebi que ela dormia tranquilamente nos meus braços. Eu a admirei por alguns minutos, dormindo, com uma expressão tão serena, e depois disso também me entreguei ao sono.


Notas Finais


Bom pessoal, acho que é isso!!
O que vocês acharam?
Eu realmente não sei se consigo postar hoje mas ainda essa semana saí
Bjão


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