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História You're My Home - Conversas Complicadas e Situações Constrangedoras


Escrita por: anagranger

Notas do Autor


Boa tarde pessoal!!!
Desculpa a demora para postar, mas finalmente voltei com capítulo hahahaha
Como é dia das mães, o capítulo não podia ser dedicado a outra pessoa: mãe Say, esse é pra você, por ser especial, me aguentar e me apoiar sempre!!! Te amo de montão, velha!!! E eu disse que ia ter presente hahahaha

Capítulo 17 - Conversas Complicadas e Situações Constrangedoras


Fanfic / Fanfiction You're My Home - Conversas Complicadas e Situações Constrangedoras

Camila’s POV

Eu chorei durante todo o domingo, lembrando da minha briga com Ally, e também pensando nas atitudes que eu havia tomado desde sexta-feira.

Não que eu tivesse me arrependido de ficar com Lauren e de estar dando uma chance para nós duas. É claro que eu não me arrependo disso, afinal, eu gosto dela e quero que isso que está se desenvolvendo entre nós duas dê certo.

O motivo das minhas lágrimas era o arrependimento por ter usado um amigo durante um momento de fraqueza minha. A verdade era que eu estava com medo da minha conversa eminente com Shawn. Medo de machucá-lo e medo de estragar a nossa amizade.

O complicado disso tudo foi explicar para a minha mãe o motivo desse choro todo, sem contar que eu tinha me apaixonado pela minha professora de Literatura. E olha que minha mãe tentou mesmo arrancar isso de mim, e eu tive que dar um jeito de despistar os reais motivos da minha briga com Ally.

 

Flashback on

 

Já passava das dez da manhã quando minha mãe entrou no quarto. Eu dormira muito pouco durante a noite, e não queria levantar da cama ainda mais porque devia estar com uma cara de choro que podia ser vista a quilômetros de distância.

- Kaki, está na hora de levantar. – Dona Sinuhe disse, abrindo as cortinas.

- Eu não quero levantar, mama. – Respondi escondendo o rosto no travesseiro, tanto para me livrar da claridade, quanto para ela não conseguir ver meu rosto.

- Não é possível que ainda esteja com sono, hija. Ontem quando nós chegamos você já estava até dormindo.

Estava dormindo coisa nenhuma. Estava encolhida na cama, chorando em silêncio com as luzes todas apagadas.

- Mas ainda estou com sono. – Tentei, mesmo sabendo que a desculpa não seria o suficiente para a minha mãe.

E não foi.

- Camila, se você dormir mais não vai conseguir dormir à noite, e amanhã vai se atrasar para a escola. De novo.

Ela então puxou minhas cobertas e eu num ato de puro reflexo levantei para as puxar de volta sobre mim. Com isso, no entanto, acabei deixando à mostra o meu rosto, que devia estar muito feio mesmo, já que minha mãe exclamou:

- Camila! O que aconteceu, hija? – Ela tomou meu rosto entre as mãos.

Eu não consegui segurar e lágrimas escaparam novamente dos meus olhos.

- E-eu briguei c-com a A-Ally, mama. – Falei.

- Como assim, Camila? Você e a Ally nunca brigam, hija.

- Mas ontem nós discutimos, quando ela veio aqui a noite. – Obviamente eu omiti que havia uma terceira pessoa com a gente na hora da discussão.

- E por isso você chorou a noite toda? – Eu concordei. Ela sentou na minha cama, ficando de frente para mim e acariciou os meus cabelos. – Camila, hija, amigos discutem mesmo. Nem sempre nós iremos concordar com a outra pessoa. Eu tenho certeza que foi uma discussão boba, e logo vocês estarão bem. Você quer me contar sobre o que foi a briga?

Eu conhecia minha mãe o suficiente para saber que esse “Você não quer me contar?” na verdade queria dizer: “Eu quero saber porque você está assim.” Mesmo assim eu tentei despistar.

- Você sabe que eu não gosto de brigar. Ainda mais de brigar com a Ally. Eu fico sensível com isso.

- Mas então por que dessa discussão entre vocês? – Mama pressionou.

Eu sabia que ela não iria desistir enquanto não soubesse. Dona Sinuhe sabia ser persistente quando queria saber as coisas. Então, para evitar mais fadiga, eu decidi contar uma meia verdade.

- É por causa do Shawn. – Minha mãe me olhou confusa. – A senhora sabe que eu estou saindo com ele, não é? – Ela concordou, sorrindo para mim. – Enfim... – Era realmente constrangedor contar minha vida amorosa para a minha mãe. E olha que essa não era nem a metade da história. – Nós saímos esses dias e percebi que não posso continuar iludindo ele. Eu o vejo apenas como um amigo.

- Hija! – Minha mão não escondeu o tom de decepção. – Você sabe que eu e seu pai éramos apenas amigos quando nos conhecemos. As vezes o amor surge primeiro como uma amizade e vai florescendo com o tempo.

- Não mama! – Interrompi. – Nós ficamos na sexta. – Eu senti minhas bochechas ficando vermelhas quando admiti isso. – E, sabe, foi estranho. Parecia que alguma coisa não estava certa. Era como beijar um irmão.

- Se é assim que você se sente eu não posso mudar isso. Mesmo que eu nunca tenha escondido que sempre achei que ele seria um ótimo namorado para você. Mas é uma escolha sua. – Ela ainda parecia decepcionada, mas mudou o rumo da conversa: - Eu só ainda não entendi onde a Ally entra nisso tudo.

- Ontem quando ela veio aqui eu contei tudo isso para ela. E ela tomou as dores dele. Disse que eu não devia ter ficado com ele sem ter certeza dos meus sentimentos e que dei falsas esperanças para ele. – Lágrimas voltaram a correr pelos meus olhos e minha mãe as enxugou. – Eu sei que ela está certa, mama. Eu não devia ter ficado com ele estando confusa sobre os meus sentimentos. Foi uma atitude impensada.

- Eu não vou dizer que você agiu certo, hija. Você sabe que não agiu. Mas o que resta agora é você conversar com o Shawn e ser sincera com ele, mesmo que seja difícil. E depois você deve conversar com a Ally. Tenho certeza que com uma conversa civilizada vocês duas irão se entender.

Eu tinha lá as minhas dúvidas sobre isso, mas não podia deixar de tentar.

- Eu vou fazer isso sim. Mas, por enquanto, eu posso curtir a minha fossa na cama? – Olhei para a minha mãe com uma cara pidona.

Ela riu e concordou, se levantando na minha cama.

- Apenas hoje, mocinha. Apenas hoje.

Ela deu um beijo na minha testa e saiu, me deixando sozinha com as minhas lágrimas, os meus pensamentos e os meus arrependimentos.

 

Flashback off

 

E essa era a minha programação de segunda-feira. Conversar com Shawn e com Ally. Era tudo o que eu pensava naquela manhã, quando entrei no carro do meu pai. Ou melhor, era quase tudo o que eu pensava.

Eu não podia calar a parte de mim que estava ansiosa para ver Lauren mesmo que dentro da sala de aula. Ontem ela havia me mandado uma mensagem perguntando se estava tudo bem. Foi o único contato que tivemos e confesso que eu já estava com saudades.

Meu coração apertou de uma maneira horrível quando eu entrei no pátio da escola e Shawn veio animado me cumprimentar, deixando um beijo na minha bochecha.

- Bom dia, Mila.

- Bom dia, Shawn. – Cumprimentei sem jeito. – Onde estão Troy e Ally?

- Já foram para a sala. O sinal já está quase batendo.

- Vamos então? – Perguntei e nós começamos a seguir para a sala da Senhorita Kordei.

Enquanto caminhávamos pelo corredor o sinal bateu e nós nos apressamos para chegar antes da professora.

Quando entramos seguimos para os nossos lugares. Troy nos cumprimentou normalmente, mas Ally fez questão de baixar o rosto e nem me olhar na cara, fazendo com que os garotos nos olhassem surpresos. Eu, então, me sentei em silêncio ao seu lado. Para evitar que os meninos perguntassem alguma coisa peguei meu celular do bolso. Foi uma sorte porque bem na hora Lauren me mandou uma mensagem:

 

Seu pai vem te buscar no fim da aula?

 

Eu respondi na mesma hora:

 

Não.

 

Ela retornou:

 

Me espera na frente daquela lanchonete. Eu te levo embora.

PS: A Mani pediu para te avisar que ela está entrando na sala e que é para você guardar o celular hahahaha

 

Eu fiquei olhando espantada para a tela do celular por alguns segundos.

Como assim? A Senhorita Kordei sabia sobre nós?

Eu não tive muito tempo para pensar, já que no mesmo momento a morena entrou na sala e falou:

- Celulares guardados e de preferência desligados, Senhorita Cabello.

Eu olhei para ela, sentindo meu rosto esquentar e provavelmente ficar mais vermelho do que um pimentão. Ela exibia um sorrisinho zombeteiro que me dizia que ela sabia perfeitamente com quem eu estava falando e, se é que é possível, eu fiquei ainda mais vermelha.

Maldita Lauren Jauregui! Ela havia contado para a Senhorita Kordei sobre nós!

Eu guardei o celular rapidamente e durante toda a aula procurei me concentrar apenas nos números e esquecer de tudo ao meu redor. Normalmente eu já enfrentava problemas com a matemática, e com a cabeça cheia minha situação na matéria apenas piorava.

Quando o sinal bateu nós seguimos para a aula de Literatura. Enquanto caminhávamos pelo corredor Troy preencheu o silêncio constrangedor que se instalava sobre nós quatro. O loiro estava animado. Começaria hoje a trabalhar na pequena concessionária que os Ogletree administravam. Ele não parava de falar no quanto estava feliz por seu pai estar disposto a ensiná-lo a administrar os negócios da família. Eu estava realmente feliz por ele, mesmo não tendo prestado muita atenção às coisas que ele dizia.

Nós entramos na sala de Literatura e eu vi Lauren concentrada lendo algumas partes de O Morro dos Ventos Uivantes, o livro que estávamos lenda na matéria. Quando a turma toda havia chego ela levantou a cabeça e sorriu abertamente para todos.

- Bom dia, turma. Espero que hoje possamos continuar de onde paramos. Senhorita Cabello e Senhorita Parkinson, deixem seus resumos na minha mesa no final da aula. – Ela disse, se referindo ao trabalho que havia me passado na semana anterior. – Senhor Wate, o senhor conseguiu alcançar o restante da turma?

O moreno acenou afirmativamente com a cabeça e ela começou a aula.

Eu me reservei a manter o silêncio que me era exigido já que eu não havia feito a leitura no tempo exigido. Aproveitei o tempo para admirar a beleza da minha professora.

Era nítido o entusiasmo que Lauren tinha dando aula, e o quanto ela adorava a matéria que ela ensinava. Eu me peguei reparando nos pequenos detalhes dos seus movimentos. Como ela gesticulava enquanto debatia com os alunos, o modo como ela virava as páginas do seu livro, o modo como ela declarava cada palavra de modo apaixonado quando lia pequenos trechos do livro para ilustrar a sua explicação.

- Mila, vamos? – Shawn perguntou, me tirando do meu devaneio. Eu nem havia reparado que o sinal havia batido.

Guardei rapidamente o meu material e enquanto seguia para fora da sala ouvi uma voz me chamar:

- Senhorita Cabello! – Eu me voltei para a professora que me encarava divertida: - O seu resumo!

Eu bati na testa, me punindo pelo meu esquecimento. Abri minha mochila e retirei da minha pasta o resumo. Me aproximei da mesa dela e falei:

- Me desculpa, Senhorita Jauregui.

- Sem problemas. – Ela sorriu para mim.

A aula seguinte passou de forma monótona e eu mal via a hora de sair daquela sala. Mesmo sabendo que teria a minha conversa com Shawn durante o intervalo. Eu não poderia adiar mais.

Quando o sinal bateu eu me levantei e segui para o refeitório, mas parei na porta esperando que Shawn aparecesse. Quando o vi seguindo até mim eu falei:

- Nós podemos conversar em um lugar mais sossegado?  -Perguntei.

- Claro. – Ele sorriu.

Nós seguimos para o campo de futebol. Apesar de algumas pessoas passarem o intervalo por ali, ao ar livre, a arquibancada era grande o suficiente para que pudéssemos encontrar algum lugar menos movimentado e termos alguma privacidade.

- Sobre o que quer conversar? – Ele perguntou quando nos sentamos.

Eu comecei a tremer sem perceber.

- E-e-eu...

Shawn pegou na minha mão e falou:

- Calma, Mila. Não precisa ficar nervosa.

Eu respirei fundo.

- Shawn, eu pensei muito nesse fim de semana. Sobre o que aconteceu na sexta. E, eu gosto muito de você, muito mesmo. Mas agora eu sei que é apenas um sentimento de amigos. – Eu vi o olhar de tristeza estampado no rosto dele. – Eu sei que eu errei com você. – Algumas lágrimas escorreram dos meus olhos. – Eu não devia ter ficado com você sem ter absoluta certeza do que eu sentia. Eu estava confusa. E eu não devia ter agido por impulso. Mas eu não queria te machucar, eu nunca quis. Por favor, me perdoa.

Ele me encarou por alguns minutos, com aquela tristeza no olhar. Meu coração se apertou ainda mais ao ver ele assim e saber que era por minha causa.

- Você tem razão. – Ele falou por fim. – Você não devia ter me usado em um momento de confusão. Eu sempre tive certeza do que sinto por você, Camila. Mas eu nunca poderia te forçar a sentir o mesmo. Eu sei que não tenho esse poder. E você também não tem. Mas eu te agradeço por ser sincera comigo agora. E não deixar que eu vá adiante com os meus sentimentos. Eu não esperava menos de você.

- Me desculpa, Shawn. Me desculpa por não ter conseguido gostar de você como você gosta de mim.

- Como eu falei, não é uma coisa que se possa escolher ou que se tenha o poder de mudar. Nós voltaremos a ser amigos e eu não vou tentar mais nada com você. Vou respeitar seu espaço. Eu só peço que você também respeite o meu. Se eu me afastar nesses próximos dias, por favor, respeite isso. Até que eu me recupere totalmente.

- É claro. Eu vou respeitar.

Ele beijou minha testa e se levantou.

- Nós nos vemos na aula.

Ele se afastou andando cabisbaixo.

Eu sabia que estava doendo nele. E estava doendo em mim também. De uma maneira diferente, é claro, mas estava doendo. Por isso eu iria manter minha palavra, e respeitar o seu espaço.

 

 

Eu saí da escola, após o fim das aulas, e segui em direção a lanchonete onde iria encontrar com Lauren. Esperei por alguns minutos até que o carro preto aparece à minha frente e logo entro.

- Bom dia. – Ela disse sorrindo.

- Eu não acredito que ela sabe, Lauren. – Falei ao invés de cumprimentá-la.

Ela começou a rir descontroladamente:

- A Mani? – Perguntou na maior cara de pau, enquanto colocava o carro em movimento.

- Você faz ideia da vergonha que eu passei hoje?

- Relaxa, a Mani é minha amiga. – Ela disse enquanto seguíamos para a minha casa.

- E minha professora de Matemática.

- Eu confio nela. – Lauren esclareceu. – Ela é uma boa amiga e eu precisava conversar com alguém. Ela me ajudou a entender melhor tudo isso. E, além disso, ela apoia incondicionalmente o nosso envolvimento.

Eu estava surpresa sabendo disso.

Nós fomos interrompidas pelo toque do meu celular. Eu busquei rapidamente por ele no bolso da minha blusa. Congelei ao ver que era a minha mãe. Lauren vendo a minha reação e quem me ligava, disse:

- Atende. Se você não atender aí que ela vai se preocupar.

Ela tinha razão. Seria pior se eu não atendesse. Então eu atendi e levei o telefone ao ouvido:

- Oi, mama.

- Oi, hija. Já saiu da escola?

- S-sim. – Gaguejei.

- Eu tive um imprevisto no trabalho, ok? Vou precisar visitar um cliente. Vou para casa apenas mais tarde. Se importa de almoçar sozinha?

- Claro que não, mama. Resolve suas coisas tranquila.

- Obrigada, hija. Agora eu tenho que ir. Estou atrasada. Até mais tarde.

- Até mais tarde, mama.

Eu desliguei e Lauren me olhou:

- Tudo bem?

Eu concordei:

- Ela só queria avisar que teve um compromisso de trabalho e vai chegar mais tarde.

De repente um sorriso abriu no rosto de Lauren.

- Vai almoçar sozinha?

- Vou sim. – Respondi.

- Almoça lá em casa. Nós duas fazemos companhia uma para a outra e passamos mais um tempo juntas.

- Tem certeza?

- Claro. Eu te deixo em casa antes de voltar para a escola.

Eu concordei e ela mudou o caminho, indo para a casa dela.

- Sabe, você nem me cumprimentou direito quando entrou no carro.

- Você não estava merecendo. – Devolvi.

- Não?

- Não. Você não havia me dito que a Senhorita Kordei sabia sobre nós.

- Só por isso?

- Sim. Eu fiquei constrangida, Lauren.

Ela me encarou:

- Eu já disse que adoro a sua inocência?

Ela então me roubou um selinho, que acabou se transformando em um beijo longo.

Meu Deus, o que essa mulher faz comigo? Nós havíamos saído juntas a dois dias e eu já estava com saudades dela.

Ela se afastou e nós finalmente descemos do carro. Lauren me surpreendeu quando entramos no elevador, me puxando para os seus braços e me beijando novamente. Por sorte o elevador subiu direto e não fomos surpreendidas por ninguém.

Eu já estava começando a me familiarizar com o apartamento dela e dessa vez a segui até a cozinha para ajudá-la a terminar o almoço, que consistia numa lasanha pré-preparada.

Foi um momento descontraído. Nós brincamos uma com a outra. Enquanto eu implicava com o tipo de alimentação que ela tinha. Que consistia basicamente em alimentos industrializados ou de preparo rápido.

Nos sentamos para comer no mesmo clima, porém, mal tínhamos tocado na comida quando a campainha soou.

Eu levantei minha cabeça rapidamente, olhando para Lauren assustada.

- Não se preocupa. Deve ser alguém conhecido, se não fosse o Benjamin teria interfonado. – Ela disse se levantando para atender.

Bom, isso livrava a possibilidade de serem meus pais. Mas podia muito bem ser alguém da família dela. Gelei ao pensar que fossem seus pais ou seus irmãos.

- Fala fantasminha. – Disse uma voz feminina.

- Kea? – Lauren falou bloqueando a porta.

Meu estômago revirou na mesma hora.

O que ela está fazendo aqui?

 Lauren parece ter pensado a mesma coisa, porque perguntou:

- O que está fazendo aqui?

- Vim buscar teu amor, ó meu Romeu. – Ela disse em tom debochado e eu senti a raiva crescer dentro de mim.

- Ein? – Lauren perguntou.

- O livro, Lauren. Romeu e Julieta. Você disse que iria me emprestar, lembra?

- Ah, claro. – Lauren pareceu se lembrar. – Entra. Eu vou pegar.

Ela se afastou para que Keana pudesse entrar. E... Caramba! Ela era ainda mais bonita do que eu me lembrava. Quando me viu ela falou para Lauren, que estava na estante procurando o livro:

- Desculpa atrapalhar, não sabia que tinha visita.

- Keana esta é a Camila, Camila essa e a Keana. – Lauren apresentou rapidamente, enquanto voltava da estante com um livro na mão. O qual ela entregou para Keana. – Está aqui.

- Brigada, fantasminha. Fico te devendo uma. – Ela se virou para mim e explicou: – Normalmente eu não trabalho com Literatura, mas os meus alunos estão me pedindo para trabalhar escrita clássica. Então eu preciso ler esse daqui. – Ela levantou o livro. – Ainda bem que o Gasparzinho aqui tem uma biblioteca em casa, e gosta de ajudar as amigas desesperadas.

Lauren olhou feio para ela por conta do apelido.

- Não me olha com essa cara. – Keana falou. – Eu vou embora e vou deixar vocês almoçarem em paz.

- Não quer almoçar com a gente? – Lauren perguntou. Eu pedi internamente para que Keana recusasse. Eu já estava desconfortável o suficiente com ela apenas me olhando.

- Não. Eu vou almoçar em casa, e ver se eu consigo preparar essa aula de uma vez. A noite eu passo aqui para você dar uma olhada nela. É sua especialidade, não a minha. – Lauren riu, e Keana continuou. – E você também vai ter que me explicar direito essa história de estar saindo com uma aluna.

Lauren já era pálida por natureza, mas ficou ainda mais parecida com um fantasma. E eu não devia estar muito melhor.

- Keana! – Lauren repreendeu.

- O que foi? – Ela tinha um sorrisinho divertido no rosto: - Achou que eu não ia reparar? Lauren, a garota aparenta não ter nem 18 anos. É só juntar os pontos para saber que ela é sua aluna. Não menospreze a minha inteligência.

- Eu menosprezo esse seu jeito de falar as coisas na cara das pessoas.

Keana soltou uma gargalhada.

- Eu sempre fui assim. E você me ama do mesmo jeito. – Ela me olhou, então. – Desculpa pelo meu jeito, Camila. Eu simplesmente não consigo controlar.

Eu sorri amarelo para ela, mas não respondi. Eu não estava me sentindo bem com ela aqui. Eu tinha medo de que, ao nos ver no mesmo lugar, Lauren se tocasse da besteira que era ficar comigo e desistir de Keana.

- Eu vou indo embora. Foi um prazer te conhecer, Camila.

- Igualmente. – Eu respondi a contragosto.

- Até depois, fantasminha.

Lauren a levou até a porta e depois retornou para a mesa. Me deu um selinho carinhoso e falou:

- Desculpa pela Kea, ela não tem filtro na língua e nem conhece limites para as brincadeiras.

- Tudo bem. – Eu menti.

Nós acabamos comendo em silêncio, já que eu ainda remoía as minhas inseguranças.

Keana era mais bonita do que eu e muito mais experiente. Ela conseguia dar prazer a Lauren. Não era uma adolescente boba que tinha medo de se entregar completamente. Eu tinha medo de Lauren perceber isso em algum momento. Perceber que era um erro ficar comigo.

Nós lavamos a louça do almoço e sentamos no sofá. Lauren me abraçou, fazendo com que eu encostasse a cabeça na curva do seu pescoço.

- Você ficou quieta durante o almoço. – Ela observou.

- Estava só pensando. – Falei.

- Posso saber em que?

- Nada importante.

- Você conversou com o seu amigo? – Ela perguntou.

- Sim. – A tristeza de Shawn invadiu de novo os meus pensamentos. – Ele ficou triste, e me pediu para respeitar o espaço dele enquanto ele tenta superar tudo isso.

- É o certo a se fazer. Ele precisa desse espaço. – Ela beijou minha testa de forma carinhosa. – Como você está?

- Mal. Por ter magoado ele.

- Existem algumas coisas que não podemos controlar, Camila. Nos apaixonar ou não por uma pessoa é uma delas.

- Eu sei. – Eu respondi. – Não vamos falar sobre isso.

- Não mesmo. – Lauren falou. – Existem coisas melhores que podemos fazer.

Ela ergueu minha cabeça e tomou meus lábios de uma forma calma, que foi se tornando mais intensa conforme nós duas nos entregávamos ao momento.

Nós gastamos nossos últimos minutos juntas assim, entre beijos e carícias. Era uma droga que nosso tempo juntas fosse tão limitado, mas logo ela tinha que voltar para a escola, e eu ir para casa.

Quando nós estávamos saindo da garagem da casa dela, eu me lembrei do meu outro compromisso do dia.

- Lauren, você pode me deixar na casa da Ally? – Perguntei.

- Claro. Você vai conversar com ela?

- Sim. Tenho que resolver isso. Eu não aguento brigar com ela.

Lauren então seguiu para a casa da minha amiga. Não levou mais do que 15 minutos para ela estacionar na frente da casa dos Brooke. Eu tirei o cinto e me virei para ela.

- Brigada, Lolo.

- Lolo? – Ela perguntou.

- No sábado você me chamou de Camz. Eu queria te dar um apelido também.

- Lolo é legal. Ninguém nunca me chamou de Lolo.

- Ninguém nunca tinha me chamado de Camz.

Nós duas sorrimos uma para a outra e ela tomou meus lábios de forma delicada.

- Vamos tentar nos ver amanhã? – Ela perguntou.

- Vamos sim. – Eu respondi.

Deixei mais um beijo calmo nos seus lábios e abri a porta do carro para descer.

- Boa sorte. – Ela falou.

- Brigada.

Eu desci e me dirigi para a casa de Ally. Eu nem tinha chegado à porta, quando ela se abriu e minha amiga apareceu.

- Já estão assim? – Falou irônica. – Não vai me dizer que agora ela te busca para irem juntas para a escola.

- Ally, por favor, sem provocações. Eu só vim aqui para conversar.

Ally me deixou entrar e eu me sentei no sofá enquanto ela foi até a cozinha pegar um copo de suco para nós. Enquanto voltava para a sala, ela falou:

- Sabe que é perigoso ela te deixar aqui na frente de casa. E se eu não estivesse sozinha? Minha mãe poderia perguntar alguma coisa. – Ela descansou a bandeja com os copos na mesa de centro, mas nenhuma de nós duas fez menção de pegá-los

- Eu sabia que ia estar sozinha. A tia Patricia está na loja, e o Troy está na concessionária. São as duas únicas pessoas que poderiam estar aqui.

Era verdade. Eu tinha certeza que ela estaria sozinha. Por isso eu quis vir para cá agora. Troy as vezes passava as tardes ali, mas agora ele está trabalhando. E a tia Patricia está sempre em casa, mas ela havia combinado de passar a próxima semana na loja dos nossos pais, para que Peter, o funcionário que havia casado, pudesse viajar na sua lua-de-mel.

- Sobre o que você quer conversar? – Ela sentou no sofá à minha frente.

- Ally. – Suspirei. – Eu odeio discutir com você.

- E você acha que eu gosto de discutir com você? Eu não gosto, Camila. Mas se for o único jeito de você encontrar na razão...

- Eu não preciso encontrar a razão. – Cortei.

- Camila, você está saindo com a nossa professora de Literatura... E não pense que eu falo isso por ela ser uma mulher, ou por ser mais velha, ou nem mesmo por ser nossa professora... Eu falo isso porque ela já te machucou, e eu vi como você ficou. Eu só não quero que você fique daquele jeito de novo.

- Eu entendo o seu lado. Mas eu peço que você entenda o meu. E principalmente o dela. Eu gosto dela, Ally. Nós duas conversamos. Ela me pediu perdão. Eu sei que ela foi sincera.

- Você é inocente demais, Camila. Não consegue encontrar maldade nas pessoas.

- Ela não tem maldade, Ally. Eu sei que ela me machucou. Me tratou como um nada. Mas eu também sei que ela está arrependida. E nós duas estamos dispostas a tentar.

- Eu consigo entender o seu lado, Camila. Você gosta dela. Mas eu não consigo perdoá-la com tanta facilidade, me desculpe. Eu sei que isso nem cabe a mim. Perdoá-la ou não. Mas eu não consigo simplesmente esquecer o que ela te fez passar.

- Eu só preciso de você do meu lado, Ally. Mesmo que você não concorde com a minha decisão. Eu só preciso saber que você está aqui.

Ela se levantou, contornando a mesa de centro e sentou ao meu lado.

- Eu nunca vou sair daqui. Eu sei o que eu disse. Que eu não iria te apoiar. E foi tudo da boca para a fora. Eu nunca conseguiria fazer isso. Muito menos contar para os seus pais. Eu estou do seu lado, minha amiga. Como sempre estive. E como sempre vou estar.

Ela me abraçou e nós duas nos deixamos tomar pelas lágrimas.

- Pode contar comigo para tudo, Camila. Mas não me peça para perdoar a Jauregui. Pelo menos, não agora. Não enquanto eu tiver dúvidas se ela é realmente o melhor para você.

Eu concordei com a cabeça. Sabia que não valia a pena discutir, e que no momento certo Ally iria perceber que Lauren é uma boa pessoa.

- Me perdoa por tudo o que eu te falei. – Eu disse entre as lágrimas.

- É você quem tem que me perdoar. – Ally devolveu, no mesmo estado.

Nós voltamos a nos abraçar e eu soube que nós duas havíamos nos perdoado. Está tudo bem entre nós.


Notas Finais


É isso por hoje pessoal!!
Espero que tenham gostado!!!!
Bjão


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