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História You're My Home - Olivia


Escrita por: anagranger

Notas do Autor


Boa noite galera!!!!
Mil perdões pela demora, mas eu estava no meio de um bloqueio gigante, além da minha rotina que não anda fácil!!!
Parece que quanto mais eu rezo mais assombração me aparece! É faculdade (agora com TCC), estágio, projeto de extensão, enfim, um monte de coisas.
Mas eu vou tentar não ficar mais tanto tempo sem postar!! Prometo pra vcs!!!
Aviso que esse capítulo não vai ter muita interação Camren, mas eu prometo compensar no próximo capítulo!!!
A foto do capítulo é mais ou menos como eu imaginei a Olivia, não é exatamente assim, mas foi a foto mais próxima que eu achei!!!
Espero que vocês gostem!!!!

Capítulo 18 - Olivia


Fanfic / Fanfiction You're My Home - Olivia

Lauren's POV

 

Duas semanas haviam se passado desde que eu começara a sair com Camila. Nós duas conseguíamos passar pouco tempo juntas, mas aproveitávamos ao máximo quando podíamos nos encontrar.

Eu a levava para casa depois da aula, mesmo tendo que a deixar na esquina da sua rua, para a sua mãe não desconfiar. E nas sextas-feiras, dia em que sua mãe reservava para visitar seus clientes mais distantes, nós passávamos a tarde toda juntas, almoçávamos, assistíamos filmes e curtíamos o momento que estávamos vivendo.

Eu dividia o meu tempo entre Camila, a escola, minha família e ajudar Lucy e Vero a preparar as coisas para a chegada de Olivia. Os papéis da adoção dela podiam ficar prontos a qualquer momento.

Eu estava também passando mais tempo na casa dos meus pais. A Taylor ainda não estava falando comigo desde que eu havia esquecido de buscar ela para dormir lá em casa duas semanas atrás. Mas eu havia saído da casa de Normani tão atordoada com a nossa conversa que havia esquecido completamente que minha irmã dormiria na minha casa.

Claro que isso foi um prato cheio para minha mãe dizer que eu os estava abandonando. Eu estava tendo que trabalhar duro para tirar essa ideia da cabeça dela.

Eu pensava em tudo isso enquanto lanchava com Mani na sala dos professores.

- Está com a cabeça longe, ein, Jauregui? – Minha amiga me tirou dos meus pensamentos.

- Estava aqui pensando que sexta é definitivamente o melhor dia da semana. –Eu sorri abertamente para ela, que soltou uma risada alta.

- Isso é para você que pode aproveitar sua tarde. E você sabe mesmo aproveitar. – Ela disse em um tom malicioso.

- Você tem a mente muito suja, Normani Kordei. – Eu neguei com a cabeça, mas continuei rindo.

Nesse momento meu celular sinalizou a chegada de uma mensagem e eu tirei ele do bolso para lê-la. Era de Lucy:

 

Laur, os móveis do quarto da Olivia chegaram hoje. O Liam disse que vai vir para o almoço e depois irá nos ajudar a montar tudo. Você vai vir também?

 

Eu pensei por alguns instantes. Hoje era o dia que eu tinha para passar com Camila, para aproveitar com ela. Mas também havia prometido para as meninas que ajudaria a montar o quarto da pequena. Eu não sabia o que fazer.

Por fim, depois de alguns instantes pensando eu decidi que manteria a promessa feita às minhas amigas e iria para lá ajudá-las. Doía em mim ficar longe de Camila, mas eu daria um jeito de vê-la durante o fim de semana.

Eu respondi para Lucy:

 

É claro. Saio direto da escola e vou aí.

 

- Mudança de planos, morena. – Avisei Normani. – Eu havia combinado com o Liam de ajudar a Lucy e a Vero a arrumar as coisas da Olivia. E os móveis chegaram hoje.

- Vocês dois estão se dedicando mesmo.

Eu sorri largamente. Eu e Liam estávamos mesmo nos dedicando. Queríamos fazer bem o nosso papel de padrinhos.

Nesse momento o sinal tocou e nós duas nos levantamos para voltar para as aulas.

 

Quando o último sinal bateu eu saí rapidamente da sala e segui para a sala dos professores pegar minha bolsa. Me despedi de Normani ali mesmo já que ainda iria falar com Camila antes de ir para a casa das minhas amigas.

Quando a encontrei no corredor, já praticamente vazio, ela caminhava com Allyson.

Eu fiquei feliz quando a latina havia me contado que elas haviam feito as pazes, afinal, eu sei o quanto isso é importante para ela.

No entanto, a cada vez que nos encontrávamos, a baixinha fazia questão de demonstrar que não gostava nada de mim. Hoje não foi diferente.

- Senhorita Cabello! – Eu a chamei e as duas se viraram. Enquanto eu caminhava até elas, as outras pessoas que ali estavam deixaram o corredor. Eu cumprimentei Allyson com um aceno de cabeça: - Senhorita Brooke.

Ela me lançou um olhar fulminante, mas permaneceu quieta.

- Está doida? – Camila perguntou, olhando ao nosso redor para ter certeza de que estávamos sozinhas.

- Só precisava falar com você. Surgiu um compromisso de última hora hoje. Eu vou ajudar a Lucy e a Vero a montar o quarto da Olivia. – Eu já havia contado para ela sobre a minha afilhada. – Provavelmente vamos ficar a tarde toda fazendo isso.

Ela não escondeu a decepção com as minhas palavras, mas disse:

- Tudo bem. Eu sei o quanto você está animada com a chegada da sua afilhada, e o quanto quer ser presente para ela.

- Sério que está tudo bem? – Perguntei.

- Claro.

- Você vai levar a Sofia no parque amanhã?

- Eu não sei ainda, mas assim que eu souber eu te aviso.

- Eu vou esperar.

Eu estendi a mão para tocar sua bochecha.

- Me desculpa. – Eu pedi. Allyson bufou ao nosso lado.

- Está desculpada. Eu entendo seu lado, Lo. – Ela sorriu para mim de uma forma contida. – E agora vamos sair daqui antes que alguém apareça.

- Tem razão. – Eu falei e por precaução dei mais uma checada no corredor. – Tenha um bom final de semana, senhorita Cabello.

Eu pisquei para ela e me afastei, deixando que as duas seguissem o seu caminho.

 

Eu estacionei na frente da casa de Vero e Lucy alguns minutos depois, percebendo que o carro de Liam já estava ali.

Eu toquei a campainha e logo Lucy apareceu à porta.

- Ei, Laur. Entra. – Eu a abracei e entrei na casa. - Vero e Liam estão na cozinha.

Nós duas seguimos para o cômodo e encontramos os dois em uma conversa animada enquanto colocavam a mesa para o almoço.

Eu os cumprimentei e logo nos sentamos para comer. Enquanto nos servíamos eu perguntei:

- E os papéis da adoção, Vero?

- A juíza pode assinar a qualquer momento, Laur. E aí nós vamos poder trazer nossa menina para casa.

O sorriso dela era enorme e se refletiu no de todos que estavam ali.

Eu e Liam ainda não tínhamos conseguido ir até o orfanato para conhecer Olivia, mas as meninas haviam nos mostrado algumas fotos dela. Uma menininha de cabelos castanho-claros como os de Lucy e olhos castanho-escuros como os de Vero. E que apresentava um ar sapeca em todas as fotos.

Era nítida a mudança que ela causara nas nossas vidas em tão pouco tempo. Vero e Lucy estavam mais radiantes e pareciam ainda mais unidas. Preparadas para criar aquela criança da melhor forma possível. Eu e Liam estávamos nos empenhando em cumprir bem nosso papel de padrinhos e ajudar nossas amigas. Sem contar, é claro, os nossos amigos, que estavam se saindo muito bem no papel de tios babões e enchendo Olivia de mimos, antes mesmo de a conhecerem. A prova disso era a quantia de presentes que o casal Vives-Iglesias estava mantendo no próprio quarto, enquanto o da pequena não ficava pronto.

- E vocês dois, como estão? – Lucy perguntou.

- Está tudo bem. – Liam respondeu. – Eu nem sei como Niall me liberou para vir aqui hoje. Nós estamos prestes a fechar um contrato grande e as coisas estão um pouco agitadas por lá.

Liam e Niall são engenheiros civis e sócios em uma construtora. O negócio começou pequeno, dependendo quase totalmente do dinheiro injetado pelo pai de Liam. Mas as coisas cresceram para eles nos últimos dois anos. Eles já tinham pago toda a dívida com o senhor Payne e recolhiam os frutos do próprio trabalho.

- O Niall não é burro. Te deu folga agora porque você terá trabalho dobrado depois. – Vero falou divertida.

- Assim eu espero. – Liam falou sorrindo. – Depois de tudo o que passamos para nos estabelecer, eu quero cada vez mais trabalho. Ter trabalho é um bom sinal.

Nós três concordamos.

- E você, Laur? – Vero perguntou.

- Nenhuma novidade. – Falei e as duas me lançaram um olhar malicioso, mas permaneceram caladas, já que Liam ainda não sabia do meu envolvimento com Camila. – Está tudo calmo lá na escola.

- Seu trabalho é muito monótono. Credo! – Vero comentou divertida. – E a Taylor já voltou a falar com você?

Eu suspirei.

- Ainda não. Mas ela já não me olha com tanta raiva. O que já é um avanço.

- Também, eu não sei o que você esperava. A garota é uma cópia sua no quesito personalidade. Herdou seu gênio ruim.

- Cala a boca, Payne. – Eu falei séria e os três caíram na risada.

Logo que terminamos de comer nós subimos para o quarto de Olivia.

A casa da família Vives-Iglesias possuía dois andares. No térreo ficavam a sala, a cozinha e um quarto menor, que as duas usavam como escritório. No andar superior a casa possuía um banheiro e dois quartos: uma suíte, ocupada por Lucy e Vero, e um segundo quarto, que antes era usado como quarto de hóspedes, mas que agora estava sendo redecorado para Olivia.

O segundo quarto, no qual entramos, estava uma bagunça. Os móveis, ainda desmontados, estavam espalhados pelo local. Eu podia identificar partes de uma cama em madeira branca, de um guarda-roupa, um criado-mudo e uma penteadeira em tons de branco e rosa claro, a mesma cor que estava na parede do quarto.

As meninas haviam optado por não contar para a pequena que ela seria adotada, já que não tinham certeza se a juíza aceitaria o pedido e não queriam que ela criasse expectativas. Já seria ruim o suficiente lidar com a sua própria frustação se algo desse errado e não queriam a pequena envolvida nisso.

Mesmo assim, no meio de uma das visitas que elas fizeram ao orfanato, perguntaram inocentemente para a pequena como ela gostaria que seu quarto fosse. Olivia foi direta: queria um quarto de paredes cor-de-rosa e decorado com borboletas. E seu pedido foi atendido com maestria. A parede onde colocaríamos a cama estava coberta por um papel decorativo repleto de pequenas borboletas em fundo rosa. E o abajur que Normani havia dado, para colocar ao lado da cama da pequena, tinha a mesma decoração.

Durante as três horas seguintes nós nos dividimos montando os diferentes móveis e organizando tudo no seu devido lugar. Foi um trabalho cansativo e quando estávamos para terminar, Lucy me pediu para descer com ela preparar um lanche para nós, enquanto Vero e Liam colocavam as últimas coisas no lugar.

Quando nós chegamos na cozinha ela perguntou, ao mesmo tempo em que me alcançava os ingredientes para fazermos alguns sanduiches.

- Como está a Camila?

Eu não consegui evitar o enorme sorriso quando ela mencionou a latina.

- Está ótima. Sabe Lu, parece que as coisas estão finalmente entrando na linha. Quando eu estou com ela parece um sonho. Eu me sinto mais jovem, sabe? Mais leve, mais feliz. Como a Lauren de antigamente. – Eu desabafei.

- Isso, minha amiga – Lucy tocou nos meus ombros. – É você finalmente voltando a ser você mesma. Sem toda aquela carga emocional que te puxava para baixo. E ver isso me deixa imensamente feliz.

- Eu também fico feliz em ver sua felicidade e da Vero.

Ela sorriu e seus olhos brilharam.

- Obrigada, Laur. Por tudo. – Ela me abraçou e nós ficamos paradas por alguns instantes, entregues naquele momento. Quando ela se afastou, disse: - E você vai ter que trazer a Camila para jantar aqui. - Eu revirei os olhos e ela me deu um tapa forte no braço: - Não revira os olhos para mim. E nem vem com desculpinha esfarrapada para o meu lado. Eu ainda não acredito que a Keana conheceu ela e eu não.

Sim, Keana havia contado para Lucy que conhecera Camila. E minha melhor amiga não havia ficado nada feliz.

- Keana conheceu Camila por acidente. – Eu expliquei mais uma vez.

- Não importa. – Lucy falou.

Nesse momento nós ouvimos uma correria na parte de cima da casa e logo passos apressados na escada. Nem havíamos conseguido processar tudo direito quando o furacão Veronica entrou correndo no cômodo e só parou quando seu corpo se chocou com o de Lucy em um abraço. Eu percebi de relance que ela estava chorando.

Liam chegou nesse momento na cozinha e parou na porta, sorrindo abertamente. Eu fiquei confusa e Lucy, preocupada.

- Vero! Amor, o que foi? O que aconteceu? – Ela se afastou e olhou para a esposa.

Vero colou as testas das duas e respondeu respirando fundo:

- Nossa filha. Ela pode vir para casa. O Joe acabou de me ligar. A juíza assinou os papéis. Nós conseguimos, Lu!

Os olhos de Lucy brilharam e as lágrimas a tomaram.

- Isso é sério? – Perguntou.

- Eu nunca falei tão sério na vida. Nós podemos buscá-la amanhã.

As duas voltaram a se abraçar em meio às lágrimas. Eu estava tão concentrada na ação das duas que nem me dei conta de que eu mesma chorava. Percebi isso apenas quando Liam se aproximou e me abraçou. Ele continuava sorrindo, mas algumas lágrimas escorriam pelo seu rosto.

Logo nós quatro estávamos no meio da cozinha em um abraço coletivo. Era incrível o quanto uma única pessoinha podia nos causar tantas emoções.

Interrompendo o momento, Liam saiu do abraço e falou:

- Nós precisamos comemorar. Jauregui, pode enviar o sinal para o resto do povo. O jantar hoje é por conta dos padrinhos.

Eu sorri para ele concordando e depois perguntei:

- Vamos jantar onde?

- Pode ser naquele restaurante perto da praia? Que nós fomos no aniversário do Niall. Não é tão sofisticado e nós podemos comemorar.

- Nossa afilhada merece. – Eu disse já pegando o celular para ligar para Keana.

- Se vamos comemorar por que não uma balada? – Vero perguntou.

- Porque baladas acabam tarde e você e a Lucy tem que vir cedo para casa.

- Mas só vamos buscar a Olivia amanhã. – Lucy falou confusa.

- Não seja tão inocente, minha cara Lucia. Você e a Vero tem que vir para casa aproveitar sua última noite de sexo selvagem.

Eu não aguentei e soltei uma gargalhada, no mesmo momento em que Keana atendia o telefone:

- Ligou apenas para rir da minha cara, fantasminha? – Ela perguntou debochada.

- Desculpa, Kea. O Liam estava falando merda aqui.

- Não estava não. – Liam se defendeu, chegando perto de mim para Keana poder ouvi-lo. Eu coloquei o celular no viva voz para que todos participassem da conversa. – Diz se não tenho razão, Kea. A Lucy e a Vero tem que aproveitar para fazer sexo selvagem hoje, já que a partir de amanhã a Olivia vai estar aqui. E eu não quero minha afilhada traumatizada por ver as mães transando.

Keana também caiu na gargalhada e Vero e Lucy reviraram os olhos.

- Você até que tem razão, Payne. – Keana concordou.

- Viram? – Liam deu um sorriso convencido para nós três.

- A Olivia chega mesmo amanhã? – Keana perguntou.

- Os papéis da adoção saíram hoje. – Vero respondeu orgulhosa, abraçando Lucy ao seu lado.

- Foi por isso que ligamos, Kea. Vamos sair para comemorar. – Eu falei.

- Strippers? Estou dentro! – Keana respondeu e todos nós rimos.

- Você é mesmo uma pervertida. – Comentei.

- Pervertida, mas não pedófila. – Ela devolveu na mesma hora.

Eu fiquei vermelha e não sabia onde enfiar a cara. Foi a vez de Vero e Lucy rirem e Liam me olhar confuso.

- Você vai ou não no jantar, Issartel? – Perguntei séria.

- E perder sua companhia, Jauregui. Jamais.

- Você não se controla, não é? – Perguntei.

- Nunca. – Ela riu. – Onde vamos nos encontrar?

Nós explicamos para qual restaurante iríamos e ela disse que avisaria Erika e Harry. Então eu liguei para Normani e para Niall.

As duas outras ligações foram carregadas de piadas, como era normal entre nós e nem Mani nem Niall esconderam a felicidade ao saber que poderiam conhecer Olivia amanhã.

Eu e Liam lanchamos com as meninas e logo fomos embora. Enquanto Liam seguia para o seu carro, Lucy me chamou e disse, como quem não quer nada:

- Sabe que essa é uma ótima oportunidade para você nos apresentar a Camila, não sabe?

Vero que estava ao seu lado riu e eu as encarei séria.

- Esquece Lucia. Não vai rolar. Pelo menos por enquanto. Ainda está cedo para isso.

- Você quem sabe. – Lucy respondeu. – Mas saiba que eu não vou desistir até conhecer ela.

- Eu sei que não. – Eu conhecia minha amiga e sabia da sua persistência para conseguir aquilo que queria, mas eu não cederia tão fácil.

Com isso eu segui para o meu carro e deixei a duas na porta, rindo.

 

Já era perto das oito quando eu saí de casa. E ainda passaria pegar Normani e Keana antes de seguir para a praia.

Eu não havia falado com Camila durante a tarde e depois de chegar em casa nós conversamos rapidamente. Ela apenas me disse que Sofia sairia com sua mãe amanhã e que achava que não conseguiríamos nos ver durante o fim de semana.

Como ela estava ajudando sua mãe, logo se despediu e eu nem cheguei a mencionar que os papéis da adoção da Olivia haviam saído.

Quando eu e as meninas chegamos ao restaurante todos já estavam reunidos em uma mesa.

O local era simples e aconchegante. O típico restaurante praieiro, com música ao vivo e conversas animadas. Tinha também um barzinho um pouco afastado das mesas, onde as pessoas podiam pedir diretamente suas bebidas.

Nós nos juntamos a eles e logo estávamos entretidas na conversa.

Quando os nossos pedidos chegaram nós fizemos um brinde à pequena e começamos a comer na mesma animação. Até o momento em que Vero falou:

- Por que aquela garota não para de olhar para cá? Até parece que ela não gosta de alguém daqui.

Eu virei a cabeça ligeiramente para trás e recebi o já tradicional olhar fulminante de Allyson. Ela estava acompanhada do namorado.

- Eu nunca vi essa garota. – Erika comentou.

- Nem eu. – Harry concordou. – Não tem motivo para ela olhar assim para a gente.

- Ela é nossa aluna. – Normani esclareceu. – Minha e da Laur.

Foi o suficiente para a mesa inteira cair na gargalhada. Eu olhei de relance e percebi que Allyson que havia desviado o olhar voltou a nos encarar.

- Vocês devem ser péssimas professoras. – Louis falou entre um gole e outro de sua cerveja. – Olha o jeito que a garota olha para vocês.

- Nem me coloca no meio. Comigo ela é um amor e uma excelente aluna. O problema dela é com a Jauregui.

Eu fuzilei Normani com os olhos, mas o restante do pessoal continuava achando graça na situação.

- Você deve ser o demônio em sala, Jauregui. Tenho até medo de presenciar. – Vero declarou.

- Que nada. A Laur tem jeito de ser aquelas que ladra, mas não morde. Deve bancar a boa para amedrontar as crianças, mas deixa eles fazerem o que quiserem. – Liam falou.

- Se você me provocar mais eu te deixo pagando a conta sozinho, Payne. – Ameacei e todos caíram na risada deixando Liam indignado.

- Traíras. - Ele reclamou.

Nós voltamos a conversa para outros assuntos, mas eu não consegui me animar mais sabendo que era observada por uma pessoa que me odiava.

Era uma situação que eu não conseguia mais suportar. Essa minha briga com Allyson.

Ela é a melhor amiga de Camila e eu e a latina estamos vivendo um bom momento juntas. Estamos apaixonadas e queremos levar isso a diante. Mas saber que uma pessoa importante para ela me odeia, me faz sentir mal. Eu queria poder mudar isso, mas a baixinha parece irredutível.

A prova disso eu tive alguns minutos depois.

Como eu já não estava conseguindo mais ficar ali sendo observada me inclinei para Keana e perguntei:

- Você vai mesmo dirigir?

Nós duas havíamos combinado no carro que ela voltaria dirigindo, já que teria compromisso amanhã cedo e não poderia se dar ao luxo de uma ressaca. Eu também não poderia beber muito já que iria no orfanato buscar Olivia junto com as meninas e Liam, mas estava precisando de algo mais forte do que a cerveja para afastar os pensamentos sobre uma tentativa de conversa com Allyson.

- Vou sim. – Keana responde. – Você vai beber mais?

- Vou pedir alguma coisa no bar.

Eu pedi licença e me levantei da mesa seguindo até o bar. Pedi um dos drinks especiais da casa e me sentei para aguardar.

Eu já estava no segundo copo da bebida quando vejo Allyson passando perto de mim indo em direção ao banheiro.

Eu a observo passar e tomo coragem. Enquanto ela não voltava tomei mais um longo gole do copo à minha frente. Assim que a baixinha passa perto de mim novamente eu a chamo:

- Allyson!

Ela respira fundo e se vira em minha direção.

- Não! – Ela fala. – Você não! Hoje não!

- Eu só quero conversar. – Expliquei.

- Eu não quero conversar, senhorita Jauregui. Por favor, não me force a fazer isso.

Eu me levantei e me aproximei dela. Percebi que ela estava com uma expressão abatida.

- Está tudo bem? – Perguntei preocupada.

- Não. Não está tudo bem. – Ela me encarou fixamente. – Não me leve a mal, senhorita Jauregui, mas eu não estou no meu melhor dia. E eu não acredito que o que você possa ter a me dizer vai melhorar as coisas para mim.

- Eu apenas gostaria de explicar minhas atitudes e me...

- Desculpa. Eu não vou ficar aqui ouvindo seu discurso arrependido. Em outra oportunidade talvez eu lhe desse essa oportunidade, mas não agora.

- Eu entendo que o local não é o mais adequado, mas...

- Senhorita Jauregui! – Ela levantou o tom de voz, me fazendo parar. – A senhorita acha que é a única que tem problemas na vida? Eu já disse que não quero conversar com a senhorita hoje. Respeite a minha decisão.

- Meu único desejo é acabar com essa situação desconfortável entre nós. – Novamente eu tentei explicar.

- Não existe situação entre nós! – Ela foi decisiva, e continuava com a voz alterada. – Você está saindo com a minha melhor amiga. Eu não concordo. Mas vou continuar apoiando a Camila. Isso não diz respeito a você. É um assunto que eu tenho que resolver com ela. E eu já resolvi.

- Você não acha que seria melhor para a Camila...

- A única coisa que acho é que a senhorita está sendo inconveniente em insistir em um assunto que eu disse que já não quero falar.

- Laur? – Niall nos interrompeu com uma expressão preocupada. – Está tudo bem?

Eu o encarei por alguns instantes, antes de responder:

- Está sim. Nós estávamos apenas conversando.

- Não me pareceu uma conversa agradável! – Meu amigo comentou, depois se virou para Allyson. – Está tudo bem, moça?

- Estaria melhor se a senhorita Jauregui não fosse tão insistente. Se não se importam eu vou voltar para a minha mesa. – Ela olhou para Niall agradecida. – Obrigada por intervir. Essa discussão não nos levaria a lugar nenhum mesmo.

Ela então se afastou e o loiro se voltou para mim.

- O que estava acontecendo, Laur?

- Nada de mais, Niall. Eu apenas queria conversar civilizadamente, mas a senhorita Brooke não concordou.

- Faz o seguinte. Volta para a mesa. Eu vou ao banheiro e quando eu voltar você vai me explicar essa história direitinho.

Eu já devia saber que a história da conversa civilizada não iria colar.

Eu nunca tive segredos com os meus amigos. Nunca precisei disso. Nós nos conhecemos a muito tempo e somos unidos demais para guardar alguma coisa uns dos outros.

Eu conheci Vero e Lucy no jardim de infância e logo nos tornamos inseparáveis. Eu vi o relacionamento delas passar por todas as etapas, das mais alegres até as crises mais difíceis. Quando entramos na quinta série conhecemos Niall, Liam e Erika. E eles também logo não desgrudavam de nós três. Durante o Ensino Médio, Harry se mudou para a cidade, e nós o acolhemos no nosso círculo de amizade. Ele sempre diz que nós fomos a sua salvação. Nunca é fácil para um adolescente mudar de cidade e se adaptar em uma nova escola. E tudo se torna ainda mais difícil se você é assumidamente homossexual. Então nós trouxemos Harry para perto de nós e o defendemos das provocações que ele sofria dos valentões da escola. E então nós fomos juntos para a faculdade. Cada um em sua área obviamente: Vero cursava Direito, Liam e Niall cursavam Engenharia Civil, Erika fazia Psicologia, Lucy e Harry acabaram indo juntos fazer Jornalismo, e eu, claro, cursava Inglês. Na faculdade eu conheci Keana e, bem... Alexa. Keana e eu nos aproximamos logo no primeiro dia, durante as apresentações, e dali em diante nos tornamos cada vez mais amigas. Alexa nunca foi realmente próxima dos meus amigos, mas participava de algumas das nossas reuniões. Como Lucy costuma dizer, ninguém, além de mim, sentiu realmente a falta dela. Harry e Louis começaram a namorar durante o nosso segundo período na Miami University, o que trouxe Louis para o nosso grupo cada vez maior de pessoas. E então, eu conheci Normani na escola, e ela se adaptou super bem às loucuras dos meus amigos.

Nós estamos sempre juntos, apesar de todas as nossas ocupações. Então nada mais justo do que todos poderem participar da minha felicidade. Era hora de contar a todos sobre Camila.

Eu voltei para a mesa e me sentei em silêncio, enquanto todos continuavam a conversa.

Percebi que Allyson e o namorado já haviam ido embora.

Eu estava distraída e nem percebi quando Niall voltou a se sentar na mesa. Notei a presença do loiro apenas quando ele conseguiu sobrepor sua voz na conversa geral e chamou minha atenção:

- Pronto Laur, você já pode contar o que estava acontecendo lá no bar.

- Aconteceu alguma coisa no bar? – Mani perguntou.

- Sim. – Niall respondeu. – A Lauren estava discutindo com a aluna de vocês.

Normani me olhou preocupada, mas eu a tranquilizei.

- Não foi nada de mais, Mani. Eu só queria conversar com ela, mas você sabe que ela não vai muito com a minha cara. – Então eu me virei para todos: - Pessoal eu tenho uma coisa para contar para vocês.

Lucy me olhou toda orgulhosa já sabendo o que eu iria falar e Mani me lançou um olhar encorajador. Então eu comecei:

- A alguns meses atrás eu conheci uma pessoa, e bom... Não foi fácil no começo. Vocês me conhecem e sabem da resistência que eu criei para me envolver com alguém. Mas, enfim, eu me apaixonei por essa garota, e nós estamos saindo a algumas semanas.

O olhar de surpresa tomou a mesa. Todos ficaram um tanto boquiabertos. Até que Erika comentou:

- Quer dizer que Lauren Jauregui está apaixonada? – Eu concordei com a cabeça. Erika continuou: - Isso definitivamente não se vê todos os dias.

- Essa mulher deve ser incrível para ter conseguido demolir os seus muros. – Liam comentou.

- Ela é sim incrível. – Eu disse sorrindo. – Eu errei muito com ela até aceitar demolir esses muros. Mas eu estou tão feliz que ela me deu uma chance de mudar. Eu só quero aproveitar esses momentos com ela.

Niall me olhava um tanto confuso.

- Ainda não entendi o que isso tem a ver com a discussão no bar. – O loiro falou.

Eu suspirei.

- Vocês perguntaram porque a Allyson não gosta de mim. O fato é que a pessoa por quem eu me apaixonei e com quem eu cometi todos esses erros é a melhor amiga dela. A Camila. – Eles me olharam espantados. – Sim. Eu me apaixonei por uma das minhas alunas.

Eles ficaram em silêncio. Erika, Harry, Louis, Liam e Niall me olhavam espantados. Keana fazia cara de tédio, Normani e Lucy sorriam e Vero tentava conter uma gargalhada.

- Viado – Harry falou – eu estou me sentindo em uma novela daquelas mexicanas.

Era o que bastava para Vero soltar a gargalhada que estava presa na garganta dela.

- Jauregay, tu tinha que ver a sua cara na hora que contou. Parecia um porco indo pro abate.

Lucy deu um tapa no braço da esposa e sorriu novamente para mim:

- Eu fico feliz que você tenha contado Laur. Agora você já pode levar a Camila para jantar lá em casa.

- Ainda está com essa ideia, Vives? Esquece. – Eu descartei a possibilidade.

- Leva sim, Lauren. – Harry falou. – Eu estou doido para conhecer a garota que conseguiu te dobrar.

- Gente, não precisa fazer tanto estardalhaço. – Normani falou.

- Você fala isso porque já conhece a garota. – Erika falou.

- Eu já conheço ela também. – Keana falou. – E digo: vocês vão se surpreender. Ela é o estilo fofinha, tímida. Nenhuma garota que a Lauren já ficou na vida se parece com ela.

- Qual é? A Keana já conhece ela? – Liam falou. – Você apresentou sua namorada para sua amiga colorida? Corajosa, Jauregui.

- A Camila não é minha namorada. – Neguei. – Nós ainda estamos nos conhecendo. E foi um acidente. Keana apareceu lá em casa quando a Camz estava lá.

- Camz? – Louis zombou.

Harry olhou para ele emburrado.

- Não zoa. Eu achei fofo.

Louis parou na mesma hora de rir, o que causou zombaria de todos na mesa.

- Estamos vendo quem manda na relação. – Normani deu risada e foi acompanhada de todos nós.

Nós terminamos a noite assim, em meio a risadas. Se é que era possível minha felicidade havia se multiplicado após dividi-la com os meus amigos.

Eu senti que todos ali estavam felizes por mim. E reafirmei aquilo que já sabia: eu sempre vou poder contar com todos naquela mesa.

 

Eu acordei cedo no sábado seguinte. Felizmente os dois drinks que havia tomado a noite não fizeram tanto efeito e apesar da leve dor de cabeça eu estava em plenas condições de ir buscar minha afilhada.

Já passava do meio-dia quando eu mandei uma mensagem para Camila perguntando se poderíamos nos encontrar amanhã à tarde e ela respondeu afirmativamente, pedindo para que eu a encontrasse no parque perto da minha casa. O que eu aceitei rapidamente.

Tendo nosso encontro confirmado para amanhã, eu saí de casa e segui diretamente para o endereço que Vero havia me passado.

Vero e Lucy já estavam lá e Liam não demorou a chegar.

O orfanato era grande, e nós podíamos ver algumas crianças brincando no enorme quintal que rodeava a casa. Vero e Lucy entraram na casa e eu e Liam as seguimos um pouco perdidos. Elas cumprimentaram uma moça que estava ali na frente e ela falou:

- A diretora quer falar com vocês. Ela está esperando no escritório dela.

As duas entraram por um corredor e eu e Liam nos sentamos na sala para esperar. Elas não demoraram mais do que 10 minutos para retornar com aquele enorme sorriso que estava se tornando tão característico das duas.

- As coisas da Olivia já estão arrumadas. Nós só precisamos achar a pequena e ver se ela aceita morar conosco. – Lucy falou e por um momento seu sorriso vacilou.

- Relaxa, Lu. – Liam falou colocando a mão no ombro da nossa amiga. – Ela vai adorar a ideia. E vocês duas serão ótimas mães.

- Obrigada, Liam. – Lucy agradeceu.

- Agora vamos. – Vero interrompeu. – Eu quero ver logo a minha filha.

Nós saímos e fomos em direção às crianças que brincavam no quintal. Não precisamos nos aproximar muito, logo uma garotinha morena, como eu tinha visto nas fotos, se destacava das outras crianças e corria até nós, gritando:

- TIA LU, TIA VELO!!! – Ela pulou no colo de Lucy que a abraçou apertado.

- É. Eu fui oficialmente trocada. – Vero falou fingindo um tom ofendido.

- Não fita tiste, tia Velo. Tem abaço pa você também. – Olivia falou passando do colo de Lucy para o de Vero. Eu e Liam rimos da esperteza da criança, o que fez com que ela olhasse para nós.

- Ollie, lembra que nós falamos que tinha dois tios que queriam te conhecer? – Vero falou. – Então, estes são o tio Liam e a tia Lauren.

A garotinha sorriu timidamente para nós e depois, envergonhada, escondeu o rosto no pescoço de Vero, que sorriu toda boba com a ação da filha. Não preciso dizer que eu e Liam já estávamos praticamente babando na criança. Nossa afilhada.

- Ei, não precisa ficar com vergonha. – Eu falei me aproximando.

Depois que eu e Liam conversamos com ela, a pequena ficou mais solta e logo já estava distribuindo sorrisos para nós também e nos chamando para brincar com ela.

Foi aí que Lucy puxou o assunto sério.

- Ollie, eu e a tia Vero temos uma coisa para perguntar para você.

- É sobe o que a tia Jullie tonveisou hoje?

- A tia Jullie conversou com você? – A pequena confirmou com a cabeça. – E o que ela falou?

- Que eu ia molar tom vocês. Que vocês são minha família, e que vão tuida de mim.

- Ela tem razão, meu amor. – Vero falou acariciando a bochecha da pequena que estava sentada no colo de Lucy. – Agora somos eu e a tia Lu que vamos cuidar de você.

- E eu e o tio Liam vamos ajudar. – Eu falei para a pequena que sorriu animada.

- Você quer morar com a gente pequena? – Lucy perguntou.

- Aham. – A pequena concordou com a cabeça ao mesmo tempo em que falava. – Eu quelo.

Lucy e Vero sorriram animadas e abraçaram a pequena. Após a nossa conversa, eu e Vero subimos até o antigo quarto de Olivia e pegamos as duas malas de roupas que eram da pequena e que já tinham sido deixadas arrumadas pelo pessoal do orfanato.

Nós colocamos no carro das meninas e depois voltamos para dentro da casa. Encontramos Olivia abraçando a diretora do orfanato.

- Tchau, tia Jullie.

- Tchau, pequena. E se comporte.

- Eu vou. – Olivia prometeu.

A mulher soltou a pequena e olhou para Lucy e Vero. Eu percebi que ela segurava as lágrimas, assim como a outra funcionária do local, que olhava tudo afastada.

- Cuidem bem dela. – A diretora, Jullie, falou.

- Nós iremos. – Lucy falou. – Eu prometo.

Olivia ainda se despediu das crianças. Os pequenos, assim como ela, não entendiam muito bem o que estava acontecendo, e a fizeram prometer que iria voltar para brincar, o que Lucy e Vero garantiram que aconteceria. Já as crianças maiores, que já entendiam toda a situação, se contentaram em dar-lhe um abraço e se afastaram rapidamente. Eu me peguei pensando em como deve ser difícil para eles ver uma criança pequena ser adotada. Não é segredo que crianças menores tem mais facilidade em serem adotadas e deve ser difícil para os maiores entenderem toda a situação e, além de se despedirem de uma amiga, saber que as chances de eles próprios serem adotados e encontrar uma família era pequena.

- Vamos, Laur? – Eu fui tirada dos meus pensamentos por Liam.

- Vamos sim. – Eu saí do local abraçando meu amigo e seguimos até os nossos carros.

Quando chegamos no carro das meninas Olivia correu para abraçar Liam.

- Tchau, tio Liam.

- Tchau, Ollie.

Liam a abraçou e prometeu que logo iria levá-la para brincar com ele no parque de diversões. Lucy e Vero o fuzilaram com o olhar e eu ri da expressão das duas.

A pequena veio me abraçar.

- Tchau, tia Lau... Laul...

Nós quatro rimos das tentativas dela em falar meu nome.

- Pode me chamar de Lo, Ollie. Ou Lolo. – Só espero que a Camila não me bata por permitir à criança me chamar assim, afinal, esse foi o apelido que ela me deu.

- Tchau, tia Lo.

- Tchau, princesinha.

Vero e Lucy a colocaram na cadeirinha e depois elas mesmas vieram se despedir.

- Vão jantar lá em casa, tudo bem? – Lucy falou e eu e Liam concordamos. – Laur, se quiser levar a Camila...

- Chega, Lucia. – Cortei. – Você vai conhecê-la quando tiver que conhecer.

- Então que seja logo. – Lucy devolveu. – Eu estou curiosa. E não se brinca com a curiosidade de uma jornalista. Eu estou até pensando em invadir sua aula um dia desses.

- Você não seria louca. – Eu falei, preocupada.

- Experimenta me testar.

Vero e Liam observavam tudo divertidos.

- Você vai conhecê-la, Lucy. Só tenha paciência. Eu não quero assustar a garota.

- Dessa vez vai passar, Jauregui. Mas não se acostume.

Eu revirei os olhos e me despedi de todos ali, seguindo direto para casa.

 

Lucy’s POV

 

Finalmente o momento que eu e Vero tanto estávamos esperando chegou. O dia que nós iríamos levar a nossa pequena para casa.

Ollie pareceu aceitar bem a ideia da mudança, mesmo não entendendo direito o porque de estar indo morar com a gente. Ela também adorou os padrinhos, e nem preciso dizer que Lauren e Liam estavam quase babando perto dela. Liam tinha até prometido levar a garota em um parque de diversões. Se eu não me cuidar esses doidos roubam a minha filha.

Nós ainda não havíamos conversado com a pequena sobre a adoção, já que não tínhamos certeza se daria certo e não queríamos que ela criasse expectativas. Nós apenas perguntamos algumas coisas para ela, por exemplo, como ela imaginava um quarto para ela, e procuramos fazer tudo do jeito que ela havia descrito. Hoje nós explicaríamos tudo para ela.

Depois que nos despedimos de todos no orfanato, de Lauren e de Liam, seguimos para o carro de Vero e fomos direto para casa. Durante todo o trajeto eu podia ver o sorriso radiante da minha esposa e tinha certeza de que o meu não estava diferente. E a cada vez que eu olhava a criança sentada no banco de trás eu sorria ainda mais.

Olivia observava tudo atentamente e quando paramos em frente a nossa casa, ela perguntou:

- Vocês molam aqui?

- Nós moramos aqui, princesa. – Vero disse frisando o nós, enquanto tirava o cinto da pequena e a pegava no colo.

- É bonita. – Ela disse olhando a casa.

- Você gostou? – Vero perguntou.

- Aham. – Olivia respondeu.

- Então espera só para ver a surpresa que nós temos para você.

Ela abriu um sorriso iluminado, que para mim já é a melhor coisa do universo.

Nós entramos na casa e Vero perguntou, com um falso tom de dúvida:

- Lu, será que nós mostramos a surpresa agora?

- Mosta sim, tia Velo, mosta sim.

A pequena quase pulava no colo de Vero, tamanha era a sua ansiedade.

- Nós vamos mostrar sim, pequena. Vamos subir. Sua surpresa está lá em cima.

Ela imediatamente passou do colo de Vero para o meu, o que fez minha esposa demonstrar toda a sua maturidade fazendo um enorme bico.

Olivia riu da atitude dela e eu não evitei rir também.

Nós três subimos as escadas e quando nós chegamos até a porta do quarto da pequena, eu a coloquei no chão e perguntei:

- Está pronta?

- Tô! – Ela respondeu animada.

- Tem certeza? – Vero perguntou.

- Tenho!

Eu abri a porta do quarto e deixei que a pequena entrasse. Ela ficou imediatamente encantada ao ver o quarto do jeitinho que ela havia nos falado, e seus olhinhos brilharam.

- Gostou? – Vero perguntou da porta do quarto. Como se nós precisássemos de uma resposta.

- Gotei! – Olivia falou olhando para tudo ali. – De quem é?

Vero e eu sorrimos e minha esposa respondeu:

- É seu, minha princesinha. Nós fizemos para você.

- Meu? – Eu e Vero concordamos com a cabeça e ela sorriu ainda mais.

Nós ficamos ali apenas observando o seu encantamento por alguns minutos, até que ela nos olhou um pouco confusa.

- Tia Lu, tia Velo?

- O que foi pequena? – Perguntei.

- A tia Jullie disse que vocês são minha família. E que vão tuida de mim. Então vocês são minhas mamães?

Eu fiquei nervosa de repente. Chegou a hora. Ter uma conversa assim com uma criança de dois anos não é fácil. Eu não sei se estou preparada. E se eu não souber ser mãe?

Respirei fundo e olhei para Vero, que parecia tão nervosa quanto eu, mas tomou a frente da conversa:

- Senta aqui, pequena. – Ela sentou na cama e fez sinal para Olivia sentar no colo dela. Depois olhou para mim: - Senta aqui também, amor.

Eu me sentei ao lado delas e Vero começou:

- Ollie, antes de tudo, nós queremos te explicar que existem muitos tipos de família. Existem famílias que tem um papai e uma mamãe, existem famílias com dois papais, existem famílias que tem os vovôs e os seus netos, famílias que só tem um papai ou só uma mamãe e também existem famílias com duas mamães.

- E existe a família do ofanato. – A pequena interrompeu. – Que não tem papai e mamãe, mas tem a tia Jullie.

- Isso mesmo, princesinha. – Vero continuou: - Acontece o seguinte, não importa se são duas mamães, ou uma mamãe e um papai, ou se você sempre morou com os seus papais, ou se você veio da família do orfanato para uma nova família. A família sempre vai ser formada por aquelas pessoas que você ama acima de tudo. É isso que faz uma família. É isso que forma a NOSSA família. Eu amo você e a Lucy acima de tudo. Vocês são a minha família.

- Então vocês são minhas mamães?

- Somos sim, pequena. – Eu falei tentando conter as lágrimas que as palavras de Vero haviam feito eu derramar. – E nós te amamos acima de tudo. Nunca duvide disso. Mesmo que te digam o contrário, e te digam que é errado ter uma família diferente. O amor não nasce do fato de você ter nascido de uma de nós duas, Ollie. O amor nasce aqui, no seu coraçãozinho. É isso que te faz ser nossa filha. É isso que faz nossa família completa. Eu amo vocês duas.

- Nunca é elado amar. A tia Jullie disse.

- Nunca mesmo, meu amor. – Vero disse. – E você é uma garota muito esperta para a sua idade.

Eu ri e Olivia riu junto comigo. Vero nos olhou boba.

- O que foi amor? – Eu perguntei.

- Esse é o meu som favorito no universo. Sua risada misturada com a risada da nossa filha.

Meu coração se derreteu com a frase dela, mas eu não perderia a oportunidade de zoar a minha esposa.

- Quem te viu, quem te vê, Verônica Vives-Iglesias. Você sendo romântica?

- Uma hora teria que acontecer. – Ela riu e me deu um selinho, antes de levantar com a nossa filha no colo. – Agora eu vou apresentar o resto da casa para a Ollie.

- E eu? – Perguntei ofendida.

- Toma um banho e relaxa. Depois eu desço para te ajudar com o jantar.

E assim nós fizemos. Eu tomei um banho e depois fui arrumar as coisas de Olivia no guarda-roupa dela. Era notável que a quantia de roupas dela dobrou. No orfanato eles não mantinham muitas coisas com as crianças. Apenas algumas mudas de roupa, de boa qualidade, mas apenas o suficiente para que as crianças pudessem conviver. E convenhamos, deve ser difícil manter tantas crianças vestidas, apenas com o dinheiro de doações ou o mandado pelo governo. No entanto, tendo Normani, Keana e Harry como tios, Olivia já tinha uma enorme quantia de roupas novas dentro do guarda-roupa. Eu apenas juntei a elas as roupas que a pequena havia trazido.

Eu desci e encontrei a cena mais linda do mundo. Vero deitada no sofá, com Olivia deitada sobre ela. As duas estavam concentradas na TV, onde passava um desenho qualquer, e não me viram descendo.

- Pode ir tomar banho, amor. – Eu falei e ela me olhou assustada. – Desculpa te assustar, mas você tem que ir. Logo o pessoal começa a chegar.

- Tudo bem. Vamos tomar um banho com a mama, princesa?

- VAMOS! – Olivia gritou animada, praticamente pulando do sofá.

As duas subiram correndo e eu ri das duas crianças que tenho em casa.

Eu estava na cozinha preparando o jantar quando uma criaturinha entrou correndo:

- Tia Lu, tia Lu. – Olivia me chamou, mas parou de repente e me olhou assustada.

- O que foi princesa?

- Eu chamei de tia. Você não vai bigar?

Eu me abaixei para ficar da altura dela e expliquei:

- Eu não vou brigar, filha. Você pode me chamar do que estiver bem para você. Se você por enquanto quiser me chamar de tia, pode chamar. Eu não vou brigar com você.

Ela sorriu e me abraçou apertado. O que eu retribuí do mesmo jeito.

Logo minha casa já estava tomada pelos meus amigos. Todos estavam animados e fizeram a maior festa quando conheceram Olivia. Ela, claro, não ficou atrás. Apesar da vergonha inicial, adorava ser o centro das atenções e ter vários adultos babando nela.

Quando Liam e Lauren chegaram, então, foi que ela liberou toda a energia dentro dela.

- Tio Liam! Tio Liam! – Ela pulou no colo dele assim que o viu. – Nós já vamos no paque?

- Calma, pequena. Agora já está de noite. Mas eu venho te buscar qualquer dia desses.

- Prometeu agora cumpra, Payne. Só cuida da minha filha. – Eu falei séria.

- Claro que vou cumprir, Lucy. Relaxa.

Ele beijou minha bochecha e seguiu para perto do sofá se jogando em cima de Normani que conversava com Louis.

A noite passou assim entre risos e piadas, e todos babando em Olivia. Estou até vendo que desse jeito a garota ficará desacostumada.

Eu tentei novamente fazer com que Lauren me apresentasse Camila, mas ela deu um jeito de escapar.

Fazer o que se minha curiosidade jornalística me faz querer conhecer a ficante da minha melhor amiga. Eu não consigo controlar.

Depois que todos foram embora eu e Vero subimos para colocar Olivia para dormir. Não foi difícil fazer a pequena pegar no sono, já que ela tinha gasto todas as suas energias com os tios. Após brincar um pouco com as luzes do abajur que Normani havia dado para ela, a pequena dormiu tranquilamente. Quando tivemos certeza de que ela não iria mais acordar, eu e Vero nos levantamos da cama e deixamos um beijo na sua bochecha.

Enquanto Vero escovava os dentes eu troquei de roupa. Eu me olhava no espelho, pensando no quanto a minha vida tinha mudado, e no quanto ainda iria mudar. Era tanta coisa nova que eu e Vero ainda tínhamos que descobrir. Tantas sensações novas. E tudo isso se devia a pequena que dormia no quarto ao lado. Eu percebi Verônica se aproximando de mim, já vestida para dormir.

- No que tanto pensa, meu amor? – Ela perguntou me abraçando e me deixando um beijo nos ombros.

- Na nossa filha. E no quanto tudo vai mudar agora. E se nós não dermos conta?

- Ei. – Ela me virou fazendo com que eu ficasse de frente para ela. – Olha para mim. Você vai ser uma mãe incrível. Você já é uma mãe incrível. Uma esposa incrível. A melhor escolha que eu já fiz na minha vida. Nós vamos dar conta. Juntas. Como sempre foi.

Eu concordei com a cabeça e deixei um beijo suave nos seus lábios.

- Eu te amo, Verônica Vives-Iglesias.

- Eu também te amo, Lucia Vives-Iglesias. E amo a nossa filha.


Notas Finais


Bom é isso por hoje pessoal!!!
Novamente desculpa a demora!!!
Espero que tenham gostado!!!
O próximo capitulo já está bem encaminhado então pretendo postar no próximo fim de semana!!
Bjão


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