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História Youth - Faça por merecer.


Escrita por: kondzilla

Notas do Autor


Oi galera, esse capítulo é a continuação do outro ta, por isso não teve como eu mudar muito o foco, mas não se preocupem, todos os personagens foram aceitos! :D

Boa leitura.

Capítulo 3 - Faça por merecer.


Fanfic / Fanfiction Youth - Faça por merecer.


Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...

 

 

—  A única coisa que você merece é um soco bem dado nessa sua cara bonita! — Johnny disse, enquanto dava tapas na máquina de salgadinhos que havia sugado seu dinheiro e ainda não havia liberado seu pedido.

 

— Você queria que eu fizesse o que? Ela tava lá praticamente se esfregando em mim, ela pediu! — Maxwell respondia enquanto andava de um lado ao outro no corredor vazio que dava acesso a enfermaria.

 

— Filha da puta! — Jhonny chutou a máquina, assustando Maxwell.

 

— Para de fazer barulho, otário, se verem a gente aqui vão mandar a gente pro Wheels, e eu não tô afim de tomar mais uma suspensão.

 

— Que se foda, eu quero a porra do meu dinheiro de volta se não eu vou derrubar essa bosta e arrebentar tudo! — Esbravejava o mais alto.

 

— Sai daí, vai! — Max puxou o braço de Jhonny e afastou-o da máquina, e então, chegou mais perto e apertou o número do pedido pela segunda vez, não demorou muito até que o twix estivesse nas mãos de Jhonny, que olhava para a máquina pasmo, achando que isso era algum tipo de brincadeira.

 

— Nem tudo se resolve na brutalidade. — Max cruzou os braços na frente da máquina e sorriu para Jhonny, que abria seu chocolate. — Quero um pedaço, meus serviços vem com um preço.

 

— Nem fodendo. — Jhonny deu a primeira mordida e riu da cara de chocado que Maxwell havia feito.

 

— Vai logo, me da' a porra de um pedaço. — Max estendeu sua mão para pegar o chocolate, mas Jhonny desviou e levantou seu braço para cima, evitando que Max pudesse pegar devido a suas pernas curtas.

 

— Sai daqui, você comeu a professora. — Jhonny zombou.

 

— Eu tava' bêbado, merda! Bêbado eu pego até você. — Maxwell desistiu de tentar pegar o chocolate e estapeou o ombro de Jhonny.

 

— Você me pega até se estiver sóbrio. — Jhonny disse e deu mais uma mordida no chocolate, o que sujou o canto de sua boca e passou a ser observado por Max, que admite ter ficado levemente —ou talvez muito—desconcertado.

 

— Sai fora. Você não sabe o que tá' falando. — Max nem sabia o que tinha acabado de dizer, suas palavras saíram quase que de modo automático. Ele não despregou os olhos da boca de Jhonny.

 

— Uau, quatorze segundos, é seu recorde. — Jhonny riu.

 

— O que? — Max despertou de seu devaneio e fitou Jhonny.

 

— Quatorze segundos encarando descaradamente minha boca, que eu sujei de propósito só porque sabia que você ia olhar. — Jhonny passou o dedão no canto da boca e limpou o chocolate.

 

— Ah vai se foder, vai. Sabe que eu não consigo conversar com pessoas que estão sujas em alguma parte do corpo. Você que fica aí com essa viadagem. — Max disse, no tom mais sincero que conseguiu colocar em sua voz.

 

— Uhum, fala isso pra sua viadagem de encarar minha boca por quatorze segundos. — Jhonny sorriu vitorioso.

 

— Enquanto você fica aí falando merda já apareceram três gostosas com uma bunda grande pra eu comer, então, se me dá licença, tenho mais o que fazer. — Maxwell desviou o assunto e pegou sua mochila encostada no corredor e colocou em suas costas.

 

— Bunda grande é essa sua, que por acaso eu adoraria dar uns tapas e mordidas. — Jhonny sussurrou após o comentário de Maxwell.

 

— Como é que é? — Maxwell perguntou na esperança de que Jhonny repetisse tudo em voz alta.

 

— Nada não, Max. — Jhonny sorriu. — Você não tinha que me contar uma coisa, afinal, você veio aqui pra isso, não veio?

 

— Ah é. — Maxwell desarumou os cabelos e ajeitou-os com a mão para trás. — Hoje é sexta feira e você vai pagar a candle night no rust-eze, eu deixo.

 

— Que porra que é candle night? — Jhon disse.

 

— Aparentemente, uma noite em que vai rolar um show de strip-tease a luz de velas. — Maxwell começou a caminhar e foi seguido por Jhonny.

 

— Que brega. — Jhonny disse. — Por que você quer ir nessa merda?

 

— Por que eu não vou ficar em casa na sexta feira a noite. É contra as leis! — Maxwell gesticulava de uma forma desnecessária.

 

— Que leis, menino? — Jhonny deu a última mordida em seu chocolate e guardou o papel do mesmo em seu bolso.

 

— As leis que dizem que um adolescente não pode ficar sem sair de casa sexta e cair louco de goró' no chão. — Maxwell respondeu simplista.

 

— Você é um otário mesmo, hein?

 

— Otário é você, que passa o dia trancado no seu quarto com um cigarro de maconha mal bolado e agarrado no bom ar pra não desconfiarem que você ta' fumando enquanto deveria estar estudando.

 

— Meu beck não é mal bolado, você que não sabe segurar com carinho.

 

— Tanto faz, Jhon. Sei que a gente vai e é tudo por sua conta! — O baixinho deu risada enquanto estavam perto da porta de saída, que daria acesso ao estacionamento por onde eles poderiam sair sem grandes dificuldades.

 

— Então tá, né. Só não pensa que eu vou te carregar bêbado e ouvir você se lamentando por que comeu uma velha que tem as tetas no joelho, correto? — Jhonny disse franzindo uma de suas sobrancelhas.

 

— Vamos ver quem vai carregar quem, cusão'. Te vejo de noite. — Maxwell caminhou em direção ao portão maior enquanto Jhonny ponderava entre pegar mais um twix ou ir pra sua casa.

 

— Até de noite, Max. Use uma calça bem apertada!

                                                                                                                                                          

Maxwell virou-se para trás para mandar um sonoro ''vai tomar no cu'' para Jhonny, mas o garoto já não estava mais lá, e também, era algo muito vago pra se aborrecer atoa, ainda mais vindo de um babaca como Bass. Max saiu do prédio da enfermaria e logo que se viu do lado de fora chamou por um taxi, ele poderia ir de apé até seu apartamento, mas escolheu o taxi unicamente pela rapidez de chegar em casa mais rápido e se arrumar mais depressa, afinal, ele teria uma noite realmente muito longa.

 

[ . . . ]

 

— Ainda tentando saber o motivo dessa sua sensação de ter sido usada? Não é mais fácil admitir que você simplesmente foi... usada? — Bree disparou contra Paris, que sentada na mesa da biblioteca, passeava pelas páginas do livro velho fingindo que estava estudando ou fazendo algo de construtivo.

 

— Você não me serve pra nada mesmo, não é, Bree? Eu deveria pisar na sua bombinha de asma. — Bree levou a mão ao peito e se fingiu de ofendida perante o comentário da colega entristecida.

 

— Paris, você precisa entender que não pode-se apegar a pessoas como o Brandon Wosth. Sei, sei, ele é um cara legal e é exatamente isso que faz dele uma pessoa ruim. Ele ama de verdade as pessoas, ama todo mundo, até quem não merece, e no momento, aparentemente, ele ama alguém que não é assim tão digno de toda essa... boa vontade que ele tem.

 

— Bree, você não ta ajudando! Eu vim aqui falar com você por que achei que você ia me ajudar, sei lá, dizer alguma palavra motivadora, por exemplo ''Ah, Não fique assim Paris, o Brandon está te tratando bem por que gosta de você, não tem nada a ver com a gêmea sonsa.''

 

— Poxa vida... — Bree deu um tapinha acolhedor no braço de Paris. — Você sabe que eu não posso conter minha vontade de ser sincera.

 

— Você quer dizer sua vontade de ser grossa e fazer com que eu fique com minha cara arrastando no chão.

 

— Ei olha lá o Brandon, vou chamar ele aqui. — Bree fez sinal para trás de Paris, que tentava repreende-la mas não obtinha sucesso algum, visto que, assim que olhou para trás, Brandon já se aproximava vestindo o seu uniforme do time de basquete  — No qual ele ficava extremamente charmoso. — provavelmente se preparando para o treinamento do jogo de hoje a noite.

 

— Oi Bree, oi Paris! — Disse o garoto simpático, recebendo um oi em coro das garotas.

 

— S-se preparando pro jogo? — Disse Paris, toda desajeitada, recebendo um olhar divertido de Bree, que se dirigiu para Brandon que sorria encarando as duas garotas de forma intercalada.

 

— Sim! Estou sim, se vocês quiserem podem ficar lá pra assistir o treino. Quer dizer... não vão perder o jogo, não é? — Ele demorou-se um pouco no rosto de Paris, que ganhava uma coloração avermelhada e fazia com que ela quisesse esconder seu rosto no meio do livro que ela estava folheando. — Adoraria te ver por lá. — Ele disse por fim.

 

— Eu, eu é... é claro que claramente eu vou sim haha, nos vemos por.. nos vemos lá, bom treino. — Paris disse as palavras em modo automático e Bree não conteve seu riso. Brandon apenas sorriu e se despediu das garotas, voltando a uma prateleira e pegando algum livro de capa verde, possivelmente um daqueles anuários antigos de West High.

 

— Meu Deus, Paris, você parece uma idiota! — Bree disse assim que conseguiu recuperar seu fôlego por conta da risada.

 

 — Cala a boca, Bree, só cala a boca. Por que você fez isso? Morre!

 

— Ah, vai se foder garota! Você acha que vai continuar falando igual uma tonta perto dele até quando? Eu quem tenho asma e você quem perde o ar perto desse garoto?

 

— Vai dizer que você não tem ninguém que te roube o fôlego, Bree Woodward?

 

— Tenho, inclusive acabei de dizer o que é, é a asma.

 

— Você é grossa demais. — Paris baixou seus olhos para o livro que estava lendo enquanto era encarada por Bree que tentava desvendar como a garota tão esperta podia se tornar tão vulnerável perto de Brandon, fala sério, essa coisa de paixão é uma merda mesmo.

 

— Há uma grande diferença entre ser sensata e ser grossa, eu só tenho meus pés no chão e não saio me apaixonando pelo primeiro rapazinho que sorri pra mim. — Ela deu ombros.

 

Paris respirou fundo e desistiu de tentar entender o por que de Bree ser apegada mais a sua bombinha de asma do que a qualquer outra pessoa nesse mundo.

 

— Que seja, Bree. Sei que quando você se apaixonar vai sentir na pele toda a confusão que eu tô' sentindo. — Bree respirou fundo e revirou seus olhos.

 

— Enquanto isso não acontece eu tô' bem de boa, se quiser saber. — A loira se levantou da cadeira e ajeitou sua calça. — Agora você pode ficar aí com seu drama enquanto eu vou pra minha casa.

 

— Você vai vir pro jogo? — Paris perguntou.

 

— Acha que eu perderia a oportunidade de ver o Brandon suado naquele uniforme? — Provocou Bree antes de dar as costas a Paris, que a encarava de forma fuzilante.

 

Paris fechou o livro velho de filosofia na sua frente e pegou seu celular no bolso, deslizou a tela e viu que tinha uma mensagem no mínimo inusitada.

 

Thomas Campbell, aquele garoto de braços longos que era sempre o maior destaque do jogo de lacrosse e que ela já foi melhor amiga em uma época muito distante havia lhe mandado uma mensagem dizendo que precisava de ajuda, coisa que ele não fazia nunca, admitir que precisava de outras pessoas pra ajudá-lo. Ela demorou-se alguns instantes lendo e relendo a mensagem e respondeu:

 

Do que você precisa, Thomas?

 

A resposta veio instantaneamente, assustando Paris.

 

Eu estou prestes a ser preso, se meu pai souber eu estou fodido.

 

Caralho, garoto! A onde é que você ta?

 

Delegacia. Consegui mandar mensagem pra você por que subornei um dos policiais. Vai me ajudar ou não?

 

Paris mordeu o lábio inferior e respondeu de forma que tinha certeza que se arrependeria futuramente.

O que eu tenho que fazer?

 

[ . . . ]

 

Nico não se lembrava da última vez que estivera tão nervoso e ansioso para alguma coisa. O lusco-fusco já banhava a cidade quando Floyd apareceu, vinte minutos antes dele iniciar sua entrevista para trabalhar na empresa de Stephen Park, aquele cara que vende os apartamentos na região e é tão rico que já não sabe mais onde enfiar seu dinheiro.

 

— E aí, cara, como você ta? — Floyd sentou-se ao lado dele na sala  e deu um tapinha em seu ombro.

 

— Sentindo como se estivesse prestes a ser enforcado. — Niccolo respondeu.

 

— Relaxa, vai dar tudo certo. — Floyd tentou tranquilizar o amigo, que se pudesse daria um soco na cara de Floyd por estar tão calmo.

 

— Não sei não, se for o Stephen que vai me entrevistar eu sinto que vivo eu não saio daqui. — Niccolo cruzou suas mãos apertando os dedos uns nos outros.

 

— Corleone, o que ta acontecendo com você, hein? Murchou foi, cara?

 

— Caralho, Floyd, eu nem lembrava que tinha mandado currículo pra esse cara e aí de repente a secretária dele me liga falando pra eu estar aqui nesse horário, cara, eu não tenho qualificação nem pra gari e do nada eu vou ter uma entrevista com um dos empresários mais ricos de Oregon?

 

— É, ué, você está com sorte. — Disse Floyd e Niccolo riu.

 

— Eu? Com sorte? Floyd, você esqueceu com quem está falando? — Corleone frisou sua expressão em algo indagativo, Floyd pareceu pensar por uns instantes, é verdade, tinha muita coisa pra se desconfiar dessa entrevista de emprego.

 

— Só relaxa, Nico. Vai ficar tudo bem. — Quando Floyd terminou de falar a porta do escritório se abriu e uma menina passou aos berros pela porta de tom avermelhado, assustando as pessoas que estavam ali pra entrevista.

 

Eu vou processar todos vocês, seus filhos da puta! — Ela gritava e rasgava folhas de papel antes do segurança aparecer e praticamente arrastar a garota pra fora daquele lugar, enquanto ela gritava esganada algo para que ele a soltasse ou ela ia acabar com a vida dele.

 

Quando os gritos da garota podiam ser ouvido apenas do final do corredor, a secretária apareceu na porta do escritório e disse as palavras que provocaram em Nico um efeito catatônico.

 

— Niccolo Verona, Senhor Park vai recebê-lo agora. — Ela disse, Nico enrijeceu. Se Floyd não estivesse lá pra empurrá-lo para a porta, possivelmente ele já estaria correndo para longe dali.

 

Nico se levantou e pigarreou antes da secretária lhe lançar um olhar impaciente. O garoto baixou a cabeça e passou por ela, que guiou ele por um corredor estreito repleto de quadros de Van Gogh.

 

Ao chegarem no fim do corredor haviam três portas, em uma delas as letras SP estavam gravadas em dourado, que contrastava bem com o preto. A secretária bateu na porta duas vezes e então abriu, dando passagem para Nico e em seguida fechando-a, assustando Nico, que olhou para trás e depois voltou-se para a figura em sua frente.

 

Não nega que se surpreendeu ao se deparar com Stephen sorridente, ele pensava que o homem ia recebe-lo com uma carranca, como ele habitualmente havia escutado.

 

— Sente-se. — Stephen se levantou da cadeira e estendeu a mão para Niccolo, que até então não tinha feito nada, apertasse, o menino mais novo retribuiu o gesto e se sentou na cadeira de couro confortável, reparando na mobília escura, dando a sala um ar completamente profissional.

 

— Niccolo Verona Corleone... — O Park mais velho torceu o nariz  analisando alguns papéis em cima da sua mesa. — Você é meio inexperiente, não é mesmo? — Stephen falou sem rodeios, sendo direto e simplista.

 

— Sim... Sim senhor. — Nico tentou transparecer o mínimo de nervosismo possível em sua voz.

 

— Hm, dezessete anos... trabalhou como criador de conteúdo... no mínimo interessante pra alguém da sua idade.

 

— Desde pequeno eu sempre tive gosto pela informática, senhor Park.

 

— Muito bem, Niccolo, chegou a hora em que eu te pergunto qual é o seu interesse em trabalhar para mim. — O mais velho sorriu e ajeitou-se na cadeira.

 

O empresário reparou que o garoto chacoalhava sua perna e uma gota de suor escorria pela sua têmpora esquerda, nítidos sinais de nervosismo, que Stephen aprendeu a decifrar muito bem pelo tempo que teve que passar com esse tipo de situação.

 

— Bom... como dito, eu tenho muito gosto pela informática, acredito que posso ser um incremento dentro da empresa com meus conhecimentos, como montar planilhas online, computadorizar suas vendas, registrar pagamentos com mais rapidez, registrar os dados de vendas com mais segurança, creio eu que minha aptidão com sistemas será de grande utilidade pra que seu nome continue intacto e respeitado nesse meio. — Nico pareceu nervoso no começo de seu pequeno discurso, mas depois, deixou-se levar pelo que sua mente mandava que ele fizesse e bom, aqui estávamos, com ele usando a palavra aptidão — Que ele só sabia o significado por estar a muito tempo jogando *Skull, e lá tinham frequentes testes para aumentar a habilidade dos personagens, que lá os jogadores conheciam como nível de aptidão. — em uma entrevista de emprego.

 

Niccolo rangia seus dentes enquanto era observado por Stephen, sentia-se prestes a entrar em colapso, quando o rico começou a falar.

 

— Você chegou até aqui por uma indicação, sabia? — Park arcou uma das sobrancelhas.

 

— Indicação? Mas... de quem? Digo, se for permitido que me diga. — Indagou o menino.

 

Park estreitou seu olhar, o garoto estava apertando muito seus dedos em cima da perna, logo, presumiu que ele fosse ansioso e estivesse usando muito de seu auto-controle para uma situação como aquela, faria daquilo algo breve para os dois.

 

— Uma pessoa muito especial pra mim. Por isso levei tanto em consideração chamá-lo aqui hoje. Achei que me arrependeria a partir do momento em que entrou por aquela porta... mas eu gostei de você.

 

Nico não conteve um sorriso cheio de dentes para Stephen, que achou a cena no mínimo hilária, mas conteve-se a um pequeno sorriso de canto para o garoto.

 

— Vou te fazer mais uma pergunta, depois você vai com a Miranda, minha secretária meio incompetente que vou demitir daqui algumas horas, pra preencher uns papéis e entraremos em contato com você, de acordo? — Stephen se debruçou na mesa e Niccolo apenas assentiu com um pigarreio acompanhando.

 

— Niccolo, responda-me com clareza, qual a sua maior ambição? — Não fez rodeios para uma pergunta meio piegas e incomum, apenas observou Niccolo abaixar o olhar e desgarrar os dedos, limpando as mãos suadas na calça e voltando a ajunta-los, para só então responder:

 

— Acho que a vontade de crescer, ser alguém maior do que eu mesmo posso imaginar é uma coisa que me fascina e tem estado presente comigo desde que comecei a estudar informática.

 

Stephen não disse nada, apenas balançou sua cabeça e espalmou suas mãos repletas de anéis dourados nas mãos em cima da mesa de madeira escura.

 

— Obrigado, Niccolo. Acredito em seu potencial, agora, pode ir encontrar Miranda e pedir para que o próximo candidato entre. — Park fez um aceno de cabeça e voltou a se concentrar nos papéis em cima de sua mesa.

 

Niccolo saiu da sala sem dizer nada e a secretária já estava a sua espera, ela o guiou até uma das outras portas e começou a separar uma papelada para ele assinar, ele o fez com rapidez e agradeceu a ela antes de abandonar o corredor com os quadros daquele pintor bizarro e indo de encontro a Floyd, que ainda estava lá esperando pelo amigo.

 

 — Ué, mas já? — Floyd ficou de pé, colocando as mãos nas costas de Nico e reparando o quando ele estava suado.

 

— É... aquele cara é... estranho, sei lá, parece que ele sabe de tudo que ta lendo meus pensamentos, é horrível. — Disse enquanto caminhava ao lado do amigo.

 

— Pelo menos ele falou que ligaria? Foi grosso? O que aconteceu? — Floyd perguntava sem parar enquanto Niccolo estava tentando assimilar o ocorrido.

 

— É, falou que ligaria, mas não sei não, ele falou na minha cara que ia demitir a secretária e chamou ela de incompetente. — Nico dizia enquanto afrouxava a gravata que usava.

 

— Você precisa relaxar, mano. — Floyd disse. — Quer ir beber?

 

Niccolo torceu o nariz enquanto os dois desciam do prédio pelo elevador, e então olhou pra Floyd que apenas riu da cara que o amigo fizera, pois era como se o mesmo já soubesse da resposta.

 

— Sinto muito, amigo, mas hoje é dia de lolzinho.

 

[ . . . ]

Mark mordia seus lábios com tanta força que já sentia o gosto amargo do próprio sangue na boca. O garoto olhava de um lado para o outro e olhava para a tela do seu celular o tempo todo para ver se havia alguma mensagem. Ele esperava na cafeteria que ficava a  sete quadras da escola, por motivos de que presumiu que seria mais fácil para aquele que ele esperava há quase meia hora.

 

Perguntas cercavam sua cabeça, uma delas, excepcionalmente talvez a que mais o incomodava, era se ele realmente viria.

 

A dúvida de Mark não demorou a ser respondida, pois quando ele se preparava pra colocar seus fones de ouvido, o garoto apareceu em frente ao vidro da cafeteria, vestindo roupas monocromáticas, como se fosse um caronte. Mark esboçou apenas um sorriso quando o outro reparou os olhares do menino na cafeteria sobre si.

 

Matthew entrou na cafeteria que tocava uma música clássica bem baixa, e juntou-se a Mark na mesinha de canto.

 

— Me desculpe, estou atrasado. Tive que ir pro treino do basquete e não quis ficar aqui fedendo a peixe, por isso parei pra tomar um banho. — Matthew explicou-se.

 

— Tudo bem, Matt, não se preocupe, prometo que vou ser rápido. — Mark passou seus dedos finos pela borda do copo de café que ele bebia. — Estou aqui pra te propor uma coisa.

 

Matthew ergueu as sobrancelhas, o que um garoto de dezesseis anos teria de tão tentador pra propor a ele? Certo de que Mark Campbell não era lá o que podemos chamar de um garoto comum, mas não dava pra ignorar o fato de que ele era só um garoto.

 

— Estou ouvindo. — Disse Matt.

 

— É sobre a vortex. — Mark  revelou.

 

Vortex era a república que os garotos dividiam uns com os outros, moravam em quinze, assim seguia-se por quase um ano todo, porém uns não estavam cem por cento satisfeitos com a situação.

 

— Eu acho que não está mais dando certo, sabe? Essa de ter que conviver com certas pessoas. Não acho que eu estou me encaixando mais lá, e acho que você entende o que eu quero dizer.

 

— É, tenho certeza que entendo. — Matt respondeu.

 

Na última semana, a vortex estava dividida entre dois lados, os que acreditavam em Matthew e os que acreditavam em Bernard. O que ocorreu foi que: os dois garotos tiveram uma discussão imensa pra decidir quem seria o novo responsável pela vortex, já que o responsável anterior havia saído pois ia começar a faculdade em outro país. Pensaram em vender a casa da vortex e ir pros apartamentos que o prédio da escola fornece, mas não estavam afim de preencher papeladas nem nada, sem contar que a mensalidade não é algo barato, visto que dos doze, apenas três são os que trabalham. Bernard quer o posto de responsável por que alega que ele sabe o que está fazendo, diferentemente de Matthew, que só se importa com os que trazem lucros para a república.

 

— Qual sua proposta? — Matthew perguntou.

 

— Minha proposta é que você seja meu sócio pra que demos início em uma nova república, com pessoas decentes, se é que me entende. — Mark disse, e depois beberricou seu café esperando uma resposta.

 

— A onde você arrumou grana pra essa casa? — Matthew cruzou os braços.

 

— Eu tenho meus métodos. Já cuidei de toda a parte burocrática.

 

— Fez isso sem nem saber se eu ia aceitar? — Matthew franziu as sobrancelhas.

 

— Eu sei que você vai aceitar, por que se não vai acabar na cadeia por matar Bernard com nove tiros na cabeça. — Matthew sorriu, Mark ficou levemente corado e um pouco desconcertado, obrigando a si mesmo a repetir as palavras ''foco, Mark, foco'' dentro de sua cabeça, ou acabaria falando bobagens, mas que culpa ele tinha se Matthew Visser tinha um efeito sobre ele que ele mesmo desconhecia?

 

— É, tentador... mas quem garante que vamos ter membros? — Matt debruçou-se na mesinha e encarou Mark.

 

— Essa é a parte fácil, inclusive, a que você entra. Você é muito mais influente que os outros caras da vortex, inclusive, mais do que eu. Por isso, você vai falar com os garotos que você sabe que estão querendo se mudar pra alguma fraternidade e vai falar pra eles sobre wolfgang.

 

Wolfgang? Que exótico, nem parece algo de uma florzinha como você. — Zombou Matthew, mas Mark não se incomodou, pelo contrário, aquilo só contribuiu pra ele corar mais um pouco.

 

— É... p-podemos rever o nome, se você quiser. — Mark praticamente sussurrou depois que percebeu que gaguejou na frente de Matt.

 

— Não! Eu gostei, gostei mesmo. Achei bem mais original do que vortex ou kappa alguma-coisa. Você mandou bem. — Matthew dissse, despertando em Mark um sorriso.

 

— Então você pode me encontrar hoje mesmo com o nome dos membros, tente não deixar isso chegar nos ouvidos dos caras da vortex, prefiro evitar transtornos.

 

— Tudo bem, prometo ficar quieto. — Matthew fez como se tivesse fechando sua boca com um zíper, Mark soltou uma risada fraca e levantou-se, dando as costas para Matt.

 

— Ei, Mark! — Matthew chamou, segurando o mais novo pelo ombro e falando no pé de seu ouvido antes de deixar que o menino seguisse. — Espero te ver no jogo de hoje a noite, use sua camiseta rosa, você fica bem vestido nela.

 

Depois disso, Matt simplesmente saiu na frente de Mark, dando uma última olhada para trás e lançando-lhe um sorriso.

 

Mark não conseguia ver seu rosto, mas tinha certeza que estava vermelho feito um tomate. Ele respirou fundo e saiu com calma da cafeteria, se segurando para não surtar.

 

Os dois garotos dariam início a algo que eles presumiam ser fácil, mas como de praxe, tudo o que vem fácil, vai fácil, e com a vortex em seu caminho, eles tinham certeza que as coisas ficariam mais difíceis, mas, enquanto eles não soubessem sobre a wolfgang, tudo estaria sob controle, certo?

 

Errado.

 

Olhos curiosos e ouvidos atentos estão por todos os lugares.

 

A garota de cabelos  escuros escorridos até a altura da sua cintura havia visto a conversa do começo ao fim, não demorou nem dois minutos pra que ela visse Mark fora da cafeteria para que ela pegasse seu celular e fizesse o que ela achou coerente.

 

Para: Bernard Wolff

Oi, bonitinho. Aparentemente, você estava certo. Seus amigos estão prontos pra te dar uma facada nas costas. Me encontra hoje quando você terminar o seu segundo horário, no meu apartamento, leve maconha, e camisinhas. XOXO.

 

[ . . . ]

 

Na entrada da borracharia, os três adolescentes impertinentes montaram sua guarda, enquanto os mecânicos, com seus uniformes azuis e mãos sujas de graxa trabalhavam de forma árdua trocando o pneu de uma caminhonete enorme.

 

— Prepara seu celular aí, Maya, vai começar. — Gotye disse ao perceber que Arden largou sua bolsa do outro lado da rua enquanto caminhava até a frente da borracharia e era acompanhado pelos outros dois.

 

— Ah não... — Harley foi o primeiro a perceber a aproximação e cutucou Jay.

 

Jay saiu de debaixo da caminhonete e ajeitou seus óculos fundo-de-garrafa no rosto.

Arden já estava na porta do estabelecimento, encarando Jay de forma ameaçadora.

 

— Então é aqui que você se esconde, cusão? — Arden entrou no local, chutando alguns pneus que estavam próximos de si.

 

— Qual é o teu problema, cara? Não viu que a gente ta trabalhando? — Harley disse, mas Gotye se intrometeu antes que Arden pudesse rebatê-lo.

 

— Fica na tua aí que o assunto é entre eles.

 

— Se é entre eles, cê' não tinha nem que estar aqui. — Harley respondeu, Gotye moveu-se pra perto de Harley e o agarrou pela gola do uniforme.

 

— Você acha que é quem pra falar assim comigo? — Ele sussurrou.

 

Brother, é melhor você tirar a sua mão de mim. — Harley disse no mesmo tom, empurrando Gotye pelo peito com uma chave de fenda.

 

Gotye passou a encarar a briga que começava a surgir ali dentro.

 

— O que você quer, Arden? — Jay cruzou os braços. — Não podia deixar pra resolver enquanto eu estivesse fora do trabalho?

 

— Então quer dizer que você faz a merda e quer sair ileso? — Arden caminhou até Jay e deu um empurrão no garoto, que cambaleou para trás porém se manteve de pé.

 

— Arden, cresce, cara. Para de querer fazer drama por causa do seu ego ferido, caralho. — Jayjay não se limitou na irritação em sua voz, e parece que essa foi a deixa para que Arden também não limitasse sua raiva. O mais alto partiu para cima de Jay como se fosse um cão faminto por um pedaço de carne. Tentou socar o rosto do garoto, mas por diversas vezes errou ou fora atingido.

 

Arden jogou Jay em uma prateleira repleta de óleo para motos e carros, fazendo a mesma em estilhaços de um vidro fino que caíram  no chão, quando se preparou para dar um soco na cara do garoto de óculos sujos, um sedã BMW de cor fosca parou na frente da borracharia e um homem forte repleto de tatuagens desceu do automóvel.

 

— Que merda que tá acontecendo aqui? — Crawford disse, com sua voz se sobrepondo a todos os gritos desesperados.

 

Um filete de sangue escorria pelo supercílio de Arden enquanto o nariz de Jay assim como sua boca também sangravam.

 

— Eu quero vocês três fora daqui em três segundos ou eu vou meter bala em cada um de vocês. — Falou o chefe tentando transparecer o máximo de seriedade possível. E funcionou, visto que os três saíram correndo de dentro da borracharia e moveram-se pra longe em dois tempos.

 

Ele olhou para os dois garotos, Jay, que estava sendo amparado por Harley, que também tinha o rosto arranhado por ser segurado por Gotye quando tentou apartar a briga.

 

Jota, você ta bem? — Zhong se aproximou de Jay que gemia de dor enquanto era amparado pelo ombro do amigo.

 

— Foi mal, Ford. Eu arrumei confusão no ônibus vindo pra cá e esse garoto me seguiu... eu prometo pagar por tudo, pode descontar do meu salário. — Jay disse em tom mórbido, enquanto Harley juntava uns pneus pro amigo sentar e pegava um copo d'água.

 

— Não se preocupa, Jota. O que me interessa agora é saber se você ta bem. — Crawford baixou-se na altura de Jay e pousou sua mão nas costas do garoto, que deu um sorriso fraco em resposta.

 

— Ford, você vai processar esses caras, né? — Harley perguntou enquanto recolhia alguns frascos de óleo do chão.

 

— São só adolescentes, Harley, assim como vocês, mas eles vão ter o que merecem sim. — Crawford tranquilizou os garotos e se levantou olhando a bagunça que seu estabelecimento havia se transformado.

 

— Você vai me despedir, Ford? Se quiser, eu entendo. — Jay disse em um tom quase choroso.

 

— Relaxa, Jota. Não é culpa sua. Só tenta ficar longe de confusão, certo? Mais uma dessas e eu não tenho mais como ajeitar as coisas.

 

Jay deu a Crawford um sorriso amarelo de vergonha e baixou seu olhar. Se arrependia muito de ter arrumado aquele prejuízo pro seu chefe.

— Eu passei aqui pra ver como vocês estavam e ia pro rust-eze ver como estão os lucros por lá, mas eu vou ficar por aqui pra ajudar vocês hoje. Harley, tem algum uniforme sobrando?

 

— Tem sim, Ford, trago um agora mesmo. — Harley disse e entrou pela porta do estoque, saindo minutos depois com um dos uniformes azul-marinho.

 

Crawford observava Jay, que ainda tinha sua cabeça baixa e parecia piscar de forma pesada.

 

— Jayjay, você tá bem? — Harley perguntou ao deixar o uniforme em cima do balcão para Crawford.

 

— Ahn... tô, claro. — Jay disse, levantando sua cabeça para os dois, que ainda viram os filetes de sangue e seu rosto empalidecendo aos poucos. Crawford e Harley se entreolharam.

 

— Jay, tem certeza que você não tem nada? — Crawford insistiu.

 

— Tenho, claro, olha só! — Jay se levantou do amontoado de pneus e começou a andar, no terceiro passo para a frente, as pernas de Jay fraquejaram e ele foi ao chão, desfalecido.

 

Crawford e Harley correram até o garoto e notaram o que tinha acontecido. Em suas costas, havia um pedaço de vidro da prateleira, que havia aberto uma ferida profunda no meio de suas costas, manchando de sangue o uniforme azul.

 

Harley pensou em tentar tirar o vidro de lá, mas sabia que algo ruim como um sangramento maior poderia ser causado, então não pensou duas vezes antes de pegar Jay com a ajuda de Crawford e levá-lo para dentro do carro luxuoso do chefe.

 

O hospital mais próximo ficava há dez minutos da borracharia, eles só esperavam que Jay aguentasse até lá.

 

 

[ . . . ]

 

Matilda estava em sua rotineira atividade de entregar flores para pessoas aleatórias na rua durante toda aquela semana, era pra seu projeto social, que se tratava dela entregar uma determinada flor pra uma pessoa e dizer-lhe o seu significado enquanto gravava suas reações, um ato sutil mas que vinha proporcionado a ela momentos muito memoráveis, assim como novas pessoas para seu círculo de amizades.

 

Ela viu em uma praça um garoto  sentado em baixo de uma árvore, com um livro grosso em suas mãos, pelo que ela reconheceu tratava-se de um exemplar de ''o código da vinci.''

 

Ela chegou até mais perto do garoto e estendeu a ele a última de suas flores, uma rosa branca, enquanto filmava a reação dele, que demorou-se uns instantes na flor, até fechar seu livro e pegá-la e só então, olhar para Matilda, que começou a falar olhando para o garoto enquanto filmava seu rosto.

 

— As rosas brancas representam a pureza e a inocência e podem ser associadas a grandes uniões e a novos começos. Essa flor também é um símbolo de...

 

— Honra, reverência, respeito, esperança, lembrança e espiritualidade. — O garoto concluiu o pensamento de Matilda com um sorriso acolhedor para ela. — O que posso fazer? Rosas brancas me agradam.

 

Matilda sorriu e desligou sua câmera, simplesmente por que se interessou muito pelo garoto que fora o único que soube qualquer coisa sobre uma flor, de todas as quinze flores que ela havia entregado, essa foi a única que aquele que recebeu sabia dizer o que ela significava.

 

— Eu sou Alexey, e você? — Perguntou o garoto da forma mais adorável que Matilda já se lembrava de ter visto em sua vida.

 

— Sou Matilda, me lembro de você da minha aula de literatura na West High... a menina que citou a sociedade dos poetas mortos. — Ela se sentou ao lado dele  que não parava de admirar a rosa branca em suas mãos.

 

— Oh, eu me lembro de você, achei sua apresentação muito boa, uma das únicas que prestei atenção. — Revelou o menino, Matilda corou.

 

— Não sabia que outras pessoas tinham gosto por livros como esse. — Ela disse, ele olhou para ela e voltou-se para o livro em seu colo.

 

— Gosto de como as pessoas tentam compreender a cabeça de alguém que não tem que ser compreendido. —Alexey disse enquanto girava a rosa entre seus dedos. — Inclusive, obrigado pela rosa!

 

— Ah, não foi nada, pra falar a verdade eu não esperava que alguém conhecesse qualquer flor que eu entreguei, acho que você foi a maior surpresa de todo o meu projeto.

 

Alex moveu-se de forma que ficasse de frente para Matilda.

 

— Que projeto? — Ele pareceu curioso.

 

— É uma coisa que eu tenho pensado durante um tempo. Eu entrego uma flor pras pessoas e filmo a reação delas, acho que esse tipo de coisa muda o dia dos outros, e se eu sentir que estou ajudando, mesmo que de uma forma mínima, me sinto.. bem, entende?

 

Alex sorriu, nunca tinha ouvido alguém com um pensamento tão bonito,  ficou ainda mais curioso pra saber tudo o que podia sobre aquela garota.

 

— Pode me contar mais? — Pediu ele com um sorriso ainda mais adorável do que o anterior.

 

Matilda sorriu. Ela sabia que seu projeto resultaria em reações diferentes, tando dos outros quanto dela, mas a surpresa de Alexey foi sem dúvida a mais interessante, na verdade, ela viu ali uma oportunidade de uma possível parceria pra ajudá-la em seus futuros projetos, que eram muitos.

 

— Posso, mas só se você aceitar tomar um café comigo antes que fique mais escuro! — Ela convidou. Alexey pegou seu livro e sua flor e levantou-se, estendendo a mão pra que Matilda fizesse o mesmo, e assim se fez.

 

— Aparentemente, rosas brancas simbolizam realmente novos começos. — Ele disse.

 

Os dois caminharam e conversaram durante aquele resto de tarde, sem olhares em cima deles, sentiam-se como se estivessem sozinhos andando nas ruas daquela cidade. Acabou que sim, Matilda conseguiu um novo parceiro para seu projeto, e sentia que aquilo só tinha a progredir, mas como sabemos, nem tudo são flores, Matilda aprenderia aquilo, mais cedo ou mais tarde.

 

[ . . . ]

 

No armário do zelador, faltando meia hora pro sinal do segundo horário bater, Theodore e Kiran não estavam nem perto de se darem por satisfeitos. As mãos de Kiran estavam apressadas em tirar a camiseta de Theodore, que sequer fazia questão de resistir, simplesmente deixava que o outro fizesse o que queria fazer enquanto buscava por mais contato com sua pele, empurrando o garoto na mesa e maltratando seu pescoço com chupões e lambidas.

 

Theodore empurrou Kiran para a parede e arrancou-lhe sua camiseta, começando assim a trilhar beijos por todo o seu corpo, parando por fim em sua intimidade que praticamente implorava pra ser liberta de dentro das calças apertadas.

 

Theo fez questão de fazer do processo de desafivelar o cinto um processo lento e desesperador, enquanto encarava Kiran ele sorria pelo desespero do garoto que mordia seus lábios em uma necessidade louca de ser fodido pela boca de Theodore.

 

Quando por fim, Kiran se viu livre das calças, reparou que Theodore puxava o elástico de sua cueca e lambia sua ereção por cima da roupa, fazendo com que libertasse gemidos sôfregos, só querendo que ele acabasse com aquilo logo, e foi então que Theodore simplesmente parou.

 

— O que... o que você está fazendo? — Kiran perguntou enquanto via o mais velho vestir sua camiseta regata de volta.

 

— O que pareço estar fazendo? — Theodore disse.

 

— Teddy... — Kiran pediu manhoso, praticamente gemendo o apelido de Theodore, por que sabia que o mais alto gostava desse tipo de coisa, ainda mais vinda dele.

 

— Kiran, eu ainda não desculpei você. — Ele disse e ouviu o mais velho levantar as calças.

 

— Você vai ficar nessa até quando, hein? Que saco, vai se foder.

 

— Eu acho que você precisa mais do que eu nesse momento. — Teddy disse olhando para as calças desafiveladas de Kiran e mirando sua ereção.

 

— Eu devia me tocar na sua frente, seu otário. — Kiran abotoou as calças e pegou sua camiseta no chão, Theodore pagaria por aquilo, mais cedo ou mais tarde.

 

— Fique a vontade, eu sei me controlar. — Ele disse a última frase soando nitidamente como uma indireta pra Kiran.

 

— Foi só em uma festa, Theodore! Só naquela ocasião em que eu beijei o Landon, nada sério!

 

— Você estava comigo, Kiran, a única pessoa que você tinha que ter beijado era eu.

 

— Que culpa eu tenho se ele roçou aquela monstruosidade que ele tem no meio das pernas em mim? Eu sou fraco, você sabe.

 

Theodore não podia acreditar na promiscuidade de Kiran, certo que ele não era lá um exemplo de menino comportado, mas Kiran conseguia ganhar dele, em todos os aspectos.

 

— Kiran, você não vale o que você come.

 

Kiran sorriu para Theodore, sabia que o garoto conseguia provocá-lo quando queria, mas Kiran sabia que seu jogo não deixava dúvidas de que ele não aceitava ser deixado na necessidade daquela forma. Kiran se vingaria.

 

Theodore surpreendeu Kiran ao se aproximar dele e lhe beijar, descendo as mãos até sua bunda e colocando um papel no bolso de sua calça, logo depois de apertá-la.

 

— Depois do jogo de basquete, gracinha, vamos ver se você passa no meu teste. — Teddy sussurrou para Kiran, que pegou o papel dentro de suas calças e o leu com atenção:

 

RUST - EZE, SEXTA-FEIRA

CANDLE NIGHT.

Open bar, entrada de menores permitida até as 22:00.

Uma noite com atrações exclusivas a luz de velas, uma das noites mais exclusivas que você já teve.

Entrada: U$ 10,00.

Não perca, vamos adorar te ter por aqui.

 

Kiran mordeu o lábio e susprirou antes de sair do armário do zelador e ouvir o sinal indicando que o segundo período havia acabado.

 

— Vocês não perdem por esperar...

 

[ . . . ]

 

Casey e Jesse terminaram de arrumar o lugar até mais cedo com a ajuda de Lee. Eles conseguiram comprar velas eletrônicas, muitas delas, poucas das velas ai eram de fato, velas que pegavam fogo, acharam que assim o risco seria menor e estavam certos.

 

— Agora é só dar um jeito no calor desse lugar, mas acho que com sorte, a noite isso aqui vai esfriar. — Jesse disse.

 

— A única coisa pela qual eu lamento são as luzes do bar, eu gosto das luzes de lá, mas tudo bem né. — Casey disse em tom desapontado.

 

— A caixa de som deve dar conta do recado, se precisar, eu dou um dos meus pen-driver, não se preocupem, eu tenho um bom gosto musical. — Lee disse.

 

— Precisamos só ligar pra confirmar com as outras garotas... e garotos que arrumamos, eles vão ser a salvação de hoje. — Jesse lembrou-se indo até o balcão e pegando o telefone.

 

Casey foi até atrás do bar e começou a passar um pano na bancada, foi quando Lee resolveu ir até a porta e verificar como estava o movimento da rua, até que reparou uma quantidade anormal de adolescentes do outro lado da rua, caminhando em direção ao bar.

 

— É... Casey, acho melhor você aumentar a música aí.

 

Casey saiu de de trás do balcão e olhou para a rua, entendeu imediatamente do que Lee estava falando, aquela noite ia ser cheia.

 

E talvez, saísse fora do controle, mas isso não era de todo ruim. 


Notas Finais


*Skull é um jogo que os caras do curso de criação de games na escola criaram pros estudantes (informação relevante.)


O próximo capítulo vai ser o jogo de basquete + a festa do rust-eze. O foco vai ser completamente nesses dois eventos, certo?


PS: Tentei procrastinar o menos possível nesse capítulo pra dar início a festa, mas eu gosto de fazer cenas separadas e dar uma atenção separada pra cada personagem, vocês tão ligados, né? Só isso mesmo, obrigada por ler até aqui! Até breve.


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