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História Yuri!! On Hell - Quarto programa Ice


Escrita por: Makoshida

Notas do Autor


Bom, voltei, como toda sexta, faço sempre o que posso para atualizar.
Imprescindível que se ouçam as musicas de todos os capítulos que houverem musicas.
Obrigada por ler e também por favoritar e comentar, muito obrigada mesmo. Espero que estejam mesmo gostando. Ah, mafia russa foi um pouco alterada para adequar-se a histori.

Capítulo 4 - Quarto programa Ice


Fanfic / Fanfiction Yuri!! On Hell - Quarto programa Ice

 

 

― Yuri! ―  o garoto loiro desviou os olhos do homem de cabelos brancos, ao olhar para trás dele, seu tio estava segurando sua mala, já a colocando no chão, não parecia em nada satisfeito de ter que fazer aquilo, apenas para aparências, pois estavam antes falando com os americanos da escola, não queriam chamar atenção desnecessária. Afinal Yuri por si só chamava bastante atenção, assim que chegou ao local se viu rodeado de meninas e alguns garotos que os cumprimentaram, mostraram tudo. O garoto foi até ele, deixado para trás os dois estranhos, um deles certamente era russo, enquanto o outro um japonês, ele sabia que conhecia-os de algum lugar, mas naquele momento sua mente flutuava para aquele que lhe aguardava queria dele. ― Seu merda!

Yuri foi prensado na parede por um forte empurrão, em russo, seu tio lhe humilhava com palavras externamente grosseiras, como de costume, ser tratado como lixo não era sequer uma novidade que pudesse chocar o garoto, talvez os outros ali poderia ficar horrorizados. Ele olhou para onde estava os dois estranhos, mas eles não estavam lá, haviam desaparecido como fumaça.  Isso era bom, não queria que vissem aquela cena deprimente da sua vida ou o quão era deprimente ser ele. Sabia que seu tio se confiava no russo para falar com ele de maneira comum, contudo, Yuri sabia que o estranho de cabelos brancos, conseguiria entende-los muito bem, caso estivesse ali.

― Você está me ouvindo?

― De-desculpe... eu...

―Imprestável, leve sua merda. Eu vou dar uma volta por ai, não deixe de nos encontrar depois, sua tia e eu não falamos inglês tão fluente quanto você. Vamos estar naquele... recepção de alunos.

Dito isso, Ivanov se afastou, reclamando da gravata e do maldito terno que tinha que usar para ir naquela escola de ricos, descendo as escadas. Ainda podia-se ouvir seus resmungos, Yuri ficava feliz de ao menos as tatuagens dele, da máfia russa, estarem cobertas pelas camadas de roupa, seria muito estranho ter seu tio por ai, mostrando a quantidade de caveiras que ele tinha nos braços, já bastava os dedos todos tatuados.  Ele respirou fundo, tinha que ter paciência, havia apenas poucos dias para ele se ver livre daquele idiota, após a semana de adaptação, em que os pais ou responsáveis, deveriam ficar nos chalés de famílias internacionais, para adaptação dos alunos estrangeiros, sendo que era apenas uma forma os pais, no caso responsáveis, verem como a escola era segura. Coisas de ricos.

Carregando sua mala pelo corredor, subindo dois lances de escada, sentia-se quase ficar sem braços, muito embora não tivesse trazido muita coisa, afinal tudo o que ele tinha cabia em uma mala enorme e na mochila nas costas, ele ainda sim, estava cansado da viagem. Pelo que havia lido, o lado esquerdo do edifício era administrativo, com salas da tesouraria, conselho estudantil, professores e direção, já toda a ala direita e andares superiores era destinada aos alunos internacionais, alunos que por serem muito ricos, podia até reformar os apartamentos no andar superior, como desejassem. No seu terceiro lance de escadas, Yuri parou para ofegar, limpando suor do rosto, não que subir escadas fosse ruim, mas com a mala... elevando o olhar ao redor ele viu uma porta de metal ganhando uma coloração mais escura, e parando com um som de campainha suave, depois a mesma se abriu revelando o japonês que havia esbarrando anteriormente saindo... de um elevador.

― Brincadeira isso? ― gritou ele em russo, ganhando um sorrisão do japonês, que curiosamente o respondeu em russo fluente.

― Sério?  Subiu tudo de escada? Ual, Isso foi muito... idiota.

― Yuuri... Não seja sem educação.

O homem de cabelos brancos saiu do elevador, soltando uma mala no chão e pegando uma mochila grande, enquanto o japonês, que se chamava Yuri como ele, segurava a porta rindo de lado.

― Não nos apresentamos ― disse o loiro ―  Eu sou Viktor Nikiforov, este é Yuuri Katsuki.

― Merda! Digo... o campeão juvenil Yuuri Katsuki e o Grande patinador russo, e empresário de moda desculpem. É... é... Hum, é que vocês são...

― Ah, sim, sim. Tudo bem. Famosos... acontece.

― Pareço um idiota...

― Isso é verdade garoto, parece mesmo, mas é natural.

― Yuuri!

― Ok, ok, calei. Oh Viktor!! Me ajuda!

O mais velho sorriu dando de ombros, ambos seguindo para o final daquele corredor, ao chegarem Yuri, pegou uma chave no bolso, sendo imitado pelo outro Yuuri. Ambos se olharam e depois focaram-se as mãos para ao mesmo tempo pronunciarem a mesma frase. Viktor apenas sorriu e depois fez uma cara bem amável.

― Sério? Vamos ser colegas de quarto?

― Ah, eu achei fofo.

― Ahoka! ― Yuuri japonês falou algo com o mais velho que lhe respondeu em japonês, ambos iniciando uma discussão, que pelo rosto do Viktor parecia ser... Amável? Viktor provocando o Yuuri. O loirinho, parou para observar, tinham um grande espaço ali, havia uma decoração moderna com uma parede branca e depois uma ainda no cimento, o teto era de madeira, como se fosse desgastado, lembrava muito as casas russas, mas havia um toque japonês nela também, uma orientalizarão, e havia ainda uma escada que levava a um andar superior, os quartos talvez? O chão, de madeira polida, exigia que os sapatos fossem retirados, e assim ele o fez, percebendo que os outros já haviam tirado os seus. O russo percebeu na hora que aquele apartamento fora reformado segundo o gosto oriental e o gosto ocidental russo.

― Eu gostei, parece nosso apartamento em NY. Só que bem minúsculo.

― Que bom que gosto um, pedi a reforma. Os quartos eu deixei todos japoneses, espero que goste Yuuri, eu não consultei você por que, bom os japoneses dormem melhor que nós ocidentais.

― Ah, isso explica muita coisa. ― Yuuri aproximou seu corpo de Viktor, tocando na gravata dele, pondo sua mão na nuca do outro e dando um beijo na boca dele, devagar, deixando-se ser abraçado para depois o abraçar, soltando-se devagar com um suspiro do mais velho. Yuuri sorriu apenas apreciando o sabor do beijo.  O loirinho não conteve um suspiro de susto, sendo enfim, lembrado de que estava ali, de plateia e que ambos não estavam a sós.

― Ops.. hum, desculpe por isso.

― Que? Como se nunca tivesse beijado ninguém.

Yuuri apenas andou pelo local, subindo os degraus, já escolhendo seu quarto, enquanto Yuri sentia o rosto corar fortemente. Nunca havia mesmo beijado ninguém, isso não cabia na sua vida.

― Seu pai não veio ajudar?

― Ele não é meu pai, é marido da minha tia, meus pais estão mortos.

― Ah... sinto. Num, você então e Yuri Plisetsky, já patinei com seus pais, sinto muito, de verdade.

― Tudo bem, foi a muito tempo.

― Não quer dizer que não doa.

Yuri certamente sabia que isso era verdade. Ainda olhando tudo, não pode deixar de perceber que estava sendo encarado pelo russo. Então, mesmo que fosse falta de educação, reuniu coragem e fez o mesmo ganhando um sorriso enorme dele.

― Que foi?

― Nada, nada, é que você é muito bonito, estava imaginando uma roupa pra você, algo angelical. Ah, vou fazer algo pra você.

― O que? Ah... mas eu hum. Não terei com o pagar.

― Você é meio idiota ou o que? Viktor vai fazer por que quer, apenas aceite, ele não dá presentes assim. Viktor, vai ficar hoje?

― Hum, não, fico no hotel e amanhã estou indo para Nova York.

― De boa, trouxe os patins? Podíamos treinar para a noite.

― Ah... Yuri ― ele dirigiu-se ao loiro – você recebeu a coreografia em conjunto que a escola quer que faça com Yuuri não é?

― Sim, achei meio estranho, mas muito bonita, porque será dois partiners masculinos.

― É que eles ainda não têm meninas inscritas na patinação e a apresentação ficou mais como algo de equipe, você trouxe os patins?

― Sim, aqui, na mochila.

― Fabuloso, Yuuri e Yuri vão treinar comigo.

― Você vai patinar?

― Eh... Não posso?

― Claro que pode, eu hum... é que.

― Eu coreografei, nada mais justo do que acertar você, já que não tiveram ensaios juntos. Hum?

Yuri assentiu, sendo apenas ajudado pelo Viktor, levou a mala ao quarto que sobrara, tendo o loiro um forte golpe de cultura.  Era um quarto tipicamente japonês, com um futon, e as paredes, armários até a plantinha no canto e tudo mais, parecia que ele havia saído de um país e ido para o outro. Ou talvez em um anime de samurai.

― Nossa... isso é tão...bonito.

― Não é? Eu gosto, é relaxante, acho que um quarto deve cumprir essa função, de relaxar. Bem, vou deixá-los, agora tenho que resolver algumas coisas, encontro vocês no ringue de patinação em uma hora e meia.

Ambos se despediram, Yuuri com mais um beijo apaixonado em Viktor enquanto Yuri Plisetsky estava fuçando a geladeira, muito bem abastecida. Yuri, japonês estava sentado no sofá da sala, zapeando pelos canais quando Yuri chegou, lhe estendendo um suco.

― Valeu! E ai, quem era aquele velho o da máfia? ― Yuri se engasgou com o suco enquanto Yuuri Katsuki bebia calmamente, o loirinho apenas deixou os ombros caírem.

― Hum, marido da minha tia, tecnicamente meu tio.

― Ohw! Seu tio é da máfia russa, que coisa.

― Como pode dizer isso?

― O que?

Yuuri Katsuki sorriu muito largo e depois gargalhou vendo a cara de pastel de Yuri Plisetsky, o loiro apenas bufou voltando seus olhos para televisão, sentindo pouco depois a presença do japonês no ombro dele.

― Né, falando sério, eu sei sobre a máfia russa por que o Viktor, sendo russo, me fez ter interesse na história do seu povo, daí eu me interessei pelas tatuagens por que elas são diferentes pro meu povo, apesar de que meu pai tem várias em função da posição dele no clã. Mesmo de relance eu pude ver os dedos dele, supus que era da máfia e você me confirmou isso se retraindo todo.

Yuri afastou-se dele, erguendo um pouco a gola da camisa, se aquele cara podia ver isso só de relance e tirar tais conclusões certamente ele poderia deduzir que o fato dele estar machucado não fora uma simples sequência de quedas. Queria esconder seu problema o máximo possível.

― Yurio...

― Não... está certo, meu nome é Yuri.

― Sei, ahan, mas o meu também é Yuuri, daí fica difícil diferenciar, então vou te chamar de Yurio.

― Como um apelido?

― Pode ser.

Yuri pensou por alguns segundos, ele nunca tivera apelidos e certamente os nomes que seu tio lhe chamava não serviam de apelidos. Concordou com o mesmo quando a porta foi batida. Os dois olharam para ela e Katsuki levantou-se, abrindo a porta e lá encontrando dois rapazes e uma moça.

― Olá, somos do Conselhos Estudantil, eu sou Jack e esse é meu irmão Joshua, somos os gêmeos Patterson, e essa é Ellie Carter.

― Olá! Oh nossa que reforma, ficou bem legal. ― disse ela passando pelos gêmeos e pelo patinador entrando no apartamento.

― Ellie, não vai entrando assim...

Mas a garota nem sequer se importou, já estava em cima do sofá, olhando para Yurio com atenção e depois tirando uma foto dele com celular.

― Foto para rede social da escola, Ok, vamos a legenda “ Aqui com os Patinadores, estrelas de outro da escola. #vitoria # patinação #Plisetsky #Katsuki # Lawrenceville”

― Jack, é assim que se usa para tirar fotos, eu não vou ter tempo de ensinar mais que isso, tenho minha formatura para coordenar, então deixo vocês ai, bye!

Ela largou o celular nas mãos de um dos gêmeos e saiu, causando um furacão quando entrou e uma calmaria ao sumir.

― Mas que porra... o que foi isso?

Yurio apenas deu de ombros, movimento que se arrependeu imediatamente, conseguindo esconder a dor que teve, notando que ninguém notava ele por estarem ainda olhando a porta.

― Ah desculpem, ela é nossa presidente de impressa, está saindo da escola esse ano. ― um dos gêmeos, o que estava sem o celular respondeu, provavelmente Joshua, já que o outro ela chamara de Jack. ― Desculpem, viemos só dar boas-vindas e ajudar a leva-los aos prédios que precisarem.

―Hum... vamos ao ginásio treinar.

― Ouw, mas já? Nem chegaram direito. ― disse o que parecia ser o Jack, e agora que olhava bem, tinham olhos de cores diferentes, o com o telefone na mão, Jack, tinha olhos azuis, o outro, Joshua, olhos verdes.

― Ah, então. Não nós conhecemos pessoalmente, daí temos uma apresentação em conjunto e temos que acertar o tempo da coreografia.

Yuuri explicou voltando a sentar-se no sofá e convidando os outros dois que se sentaram em um sofá a frene dos patinadores. Yurio sentia-se deslocado, mesmo sendo cheio de conhecidos na Rússia, estar ali, com estranhos era perturbador. Puxou um pouco mais as mangas do moletom que vestia, apesar de que ali era bem mais quente que a Rússia, não queria mostrar as marcas que carregava no corpo, já bastava o hematoma que escondia com maquiagem e parte do cabelo no rosto, se descobrissem que acontecia com ele, talvez o jogasse fora com nojo. Suspirando levantou-se dali, não queria mesmo interagir com eles, murmurou uma desculpa qualquer e foi para seu novo quarto, ainda tinha que processar aquele luxo todo que viveria, era demais. Esperava estar em um dormitório comum, mas estava ali com um super patinador que era odre de rico enquanto ele só conhecia a miséria, que droga.

Sua antiga vida podia se resumir dentro desse quarto, só pelo tamanho do apartamento em que vivia. Yurio arfou se deixando cair de joelho no que era chamado de futon e retirou o moletom, de fato aquela cidade era muito mais quente que sua terra natal. O loiro levou a mão a cabeça afagando os fios, lembrar daquela casa o fazia lembrar daquela noite, da dor e da vergonha. Iria tomar um banho para se limpar, sempre se sentia sujo quando lembrava daquilo e ainda tinha aqueles testes que receberia o resultado. Talvez uma sentença de morte.

― Você tem um amante violento.

Yurio virou-se na cama olhando ali do chão para Yuuri que estava em seu quarto, não havia ouvido a porta ser aberta, aliás por quanto tempo ele ficou remoendo as dores de seu coração e mente? Havia tido um apagão de quinze minutos, ofegou quando Yuuri veio para cima dele e o derrubou na cama, tirando sua camisa e abaixando suas calças até a linha da baixa cintura.

― Não... par-pare...

― Seu amante não foi cuidadoso, isso aqui não é machucado de quem ama ou de quem caiu no gelo.

― Me solte ― Yurio apenas fechou os olhos, não queria ser tocado por ele, ou por mais ninguém, mas ainda assim Yuuri não se mexeu, apenas acarinhou os cabelos dele, as mãos quentes do patinador mais velho estavam apenas consolando-o, forçando Yurio a abrir os olhos para encara-lo por detrás das lagrimas que queriam sair.

― Eu sou um cara muito ruim Yuri, na verdade eu não sou boa influência, mas odeio abusos físicos. Quem foi?

― E-eu cai no gelo.

― Mentira, deixe de falar merda, eu sou patinador, eu sei as marcas de cair no gelo, e além disso o gelo não morde no ombro. Não morde nas costas...

Yurio apenas se remexeu, os toques do japonês eram diferentes em sua epiderme, eram contrários aos que sentia com Ivanov, havia uma eletrizante descarga em sua pele, que lhe causava arrepios e um calor estranho. O japonês afastou-se, permitindo que ele levantasse e sentasse na cama, cobrindo o corpo com a camisa que ele abaixava, encolhendo-se.

― Alguém da escola? Seu treinador antigo, isso acontece muito... ― Yurio não manifestou nenhuma reação, não queria falar sobre aquilo, nem mesmo com o psicólogo que deveria consultar. — seu Tio?

Yurio arregalou um pouco os olhos, mas foi o suficiente para Yuuri entender, arfando sentou-se direito no futon e encostou-se um pouco no próprio braço.

― Você deveria conversar com o Viktor...

― Por que eu faria isso?

― Vou lhe contar uns segredos agora, você poderia guardar eles para você?

Yurio olhou para Yuuri e concordou, o moreno arfou coçando a cabeça e depois deixando os ombros cair. Sentou-se perto dele, de um jeito diferente para Yuri, era meio formal.

― Viktor é chefe da máfia russa, tipo ele não é um dos chefes ele é o chefão mesmo, se seu tio for da máfia, o que eu acredito que seja, ele deve obediência a seu general, como você tem essas roupas velhas e parece ser bem esforçado, creio que seja pobre, então seu tio deve ser apenas um soldado bucha de canhão, ele nem deve conhecer o chefe do chefe dele, logo ele nem sabe quem Viktor é. E o Viktor odeia abusos como os que você sofre, principalmente por que ele foi você num passado não tão distante. Ok, vamos nos ajeitar, você ficou um tempo aqui, temos treino, pense nisso, não está só Yuri, mesmo que ache isso, você não está só.

Yurio ficou olhando para Yuuri, só podia ser brincadeira. Não parecia que nada que ele havia dito fosse verdade, o japonês levantou-se, mas Yurio deixou de lado um pouco da sua vergonha de ser visto sem camisa e engatinhou até ele, pegando seu pulso, impedindo-o de sair. O japonês olhou para ele e o loiro largou seu pulso, abaixando o rosto e depois voltando a posição inicial no meio do futon.

― Você está mentindo, não é, só uma brincadeira.

Ele baixou-se ficando de cócoras, o fitando nos olhos e sorriu de lado. As mãos quentes de Yuuri foram para o rosto de Yurio, afagando-o, e o sustentando para que visse seus olhos.

― Não, só estou te falando isso por que você já conhece o lado ruim da vida, mas ele sempre piora. Vamos, se veste, vamos treinar.

 

◊― ◊―◊―◊

Viktor estava o ginásio, reconhecendo o rinque de patinação, usava uma calça comum e camisa de mangas compridas com luvas negras. Apenas flutuava pela pista para depois parar de costas para onde Yuri e Yuuri estavam, ao lado do rinque havia um senhor, de cabelos negros e usando um casco, por causa da temperatura do local, para conservar o gelo.

― Ah, ai estão vocês, sou Maximillian Debussy, serei o treinador de vocês, Yuri Katsuki e Yuri Plisetsky, que bom conhece-los.

― Ah... oi. Igualmente.

― E ai, quanto tempo ele está aqui?

― Ah eu cheguei tem dez minutos, Nikiforov estava aqui antes.

― Viciado, ele podia competir por mais tempo OE!  ― Yuuri já estava berrando na ponta do rinque, chamando atenção de Viktor, que se voltou para ele com um sorriso, chamando-o a entrar ali. O moreno deixou de lado os sapatos e enfiou os patins de maneira ágil, entrando no rinque, Yuri ficou a borda, enquanto observava os dois interagindo.

― É, ele podia ter continuado.

― Por que ele parou, ainda é jovem, podia ter continuado até os 27 anos. Você sabe o motivo?

― Ah, pelo motivo da vida dele. Você sabe, toda aquela coisa envolvendo ele e os amantes dele, os amigos da máfia.

Yurio olhou para o seu técnico que lhe sorriu e depois dando de ombros, para coçar a bochecha.

― Então... você é muito jovem, não deve saber da história. Eu sou tão acostumado com ela que me esqueço que os mais jovens não conhecem... vejamos...

O russo esperou pelo que ele iria dizer, mas teve que olhar para o rinque, Yuuri estava patinando e recebendo conselhos de Viktor que ainda parado o observava. A voz do seu treinador parecia saudosa e com angústia.

― Ah alguns anos, Viktor sofreu um sequestro, o pai dele era um importante membro da ONU, foi um inferno na Rússia, a polícia batendo todos os locais perigosos, procurando por ele, acharam ele em uma casa velha, lastimável lembrar das cenas dele saindo da casa enrolado em um cobertor sujo, cortou meu coração e o coração da Rússia também. Quando o garoto voltou a competir, estava visivelmente abalado, digo, ele tinha machucados no rosto e dizem as más línguas que competiu com hematomas por todo o corpo e uma costela quebrada, Viktor também estava triste, apesar de patinar e interpretar bem, ele tinha um olhar tão triste, mesmo assim ele continuou sendo o melhor, mas naquela noite ele não voltou para casa. Entenda a minha afirmação, aminha teoria é que o que ele passou no cativeiro o mudou profundamente, aquele garoto que foi resgatado não era mais o mesmo Viktor que foi levado. Quando a competição acabou ele nem foi para casa, o pai dele foi a rede nacional pedir que ele voltasse, que não se perdesse, e foi totalmente ignorado, Viktor agora pertencia a outro mundo...

 

Alguns anos antes...

Viktor estava sentado a sala da grande casa de Victorio, usava um conjunto de roupas novas, um jeans claro com tênis, uma camiseta vinho com listras amareladas e um casaco por cima, com cachecol, os cabelos longos estavam soltos caído por sobre os ombros. A punica joia que possuía era um crucifixo no peito, com ramos desenhados envolvendo a peça, a corrente e o pingente eram delicados, porem sólidos. Viktor distraia-se com o brilho prateado da peça, era sua peça favorita.  Esperava pacientemente pela filha de Victorio, ambos iriam ao cinema, depois a uma lanchonete, nada de um encontro, apenas iriam sair. Bom, para ela talvez fosse um encontro, para ele era só mais uma saída com uma fã. Assim que ela apareceu na porta ele se levantou, Alexandra estava usando calças negras, bem justas com um vestido roxo com flores negras e bancas por cima, e um longo casaco que parecia aquece-la mais que qualquer coisa.

― Você está bem linda! ― ele comentou e a viu ficar corada, dando um risinho de lado. Victorio apareceu atrás dela, dando um riso também de lado, mas sem o efeito da filha, o dele era um riso cheio de interesse.

― Obrigada por... concordar com isso, sei que deve ser ocupado com os treinos e a escola e todo a ideia de ser famoso.

― Não muito, agora estou mais em casa, estou com dias livres, afinal eu ganhei o mundial juvenil, tenho folga.

 

Viktor apenas acenou para Victorio e ele e a menina saíram, não se demoraram muito em nada, e Alexandra sentia-se feliz em orbitar Viktor, que volta e meia tinha que parar para dar um autografo, uma foto, responder aos fãs. Parecia que ela iria se sentir feliz.

― Desculpe... acabamos voltando mais cedo por causa dos fãs. Podemos marcar outro dia.

― Não tem problema, eu me diverti no filme, podemos sim, marcar outro dia, talvez um piquenique...ah, se fizer bom sol.

- Claro. ― ele sorriu para ela, que despediu-se dele, subindo apressada os degraus da escada da sala. Viktor colocou as mãos nos bolsos, suspirando e dando meia volta para porta quando viu Victorio escorado na parede, nada foi dito. Apenas um gesto de cabeça e o patinador o seguiu pelos corredores da mansão, adentrando um escritório que também parecia uma biblioteca.

― Minha filha parece ter ficado bem feliz com você.

― Ela é bem adorável, gosta de patinação, entende do assunto muito bem, tivemos bons comentários das minhas apresentações e dei dicas a ela sobre com as melhoras os spins e a tem bom gosto musical. Temos muito em comum na verdade.

― Bom, vai namorar ela?

Viktor o olhou e deu de ombros. Não conseguia entender por que ele faria a proposta e serem amantes e depois o empurrava para sua filha. Talvez um jogo doentio dele, para satisfazer algo. Viktor jogaria qualquer jogo, e esperaria o tempo que fosse, faria tudo por sua vingança que ele preferia comer bem gelada.

― O que você quer que eu faça?

Victorio sorriu, sentando-se em uma das muitas poltronas duplas. Ele inclinou-se para o porta cigarros na mesinha do lado e de lá tirou um, junto com isqueiro e acendeu o mesmo, recostando-se. Observava Viktor parado ali, apenas olhando pela grande janela de vidro que dava para o imenso jardim gelado da mansão. Outra tragada displicente e depois um riso baixo.

― Você está irritado com a morte de Alexis e com a surra que levou?

― Ele mentiu para mim, estou chateado, triste se quer saber. Mais pela mentira a surra que levei... doeu muito tudo o que sofri, foram os piores dais que já tive. E-eu... ― Viktor abraçou a si mesmo, fragilizado por lembrar de tudo aquilo. Suspirando passou as mãos nos cabelos e depois voltou a postura anterior, não podia pensar nisso, não agora. ― Eu não entendo porque ele foi morto e eu sofri tanto.

― Serguei não me pediu permissão para mandar matar você, nem para atacar Alexis, fique claro isso. Não sei o que faço com esse paspalho, você tem alguma ideia do que fazer?

― Não sei, não cabe a mim decidir nada.

― Foi você que foi machucado pela idiotice dele. Não acha justo?

― Não sei Victorio, eu não entendo de nada disso, até outro dia eu jamais sonharia estar com um cara como você, chefe de uma máfia poderosa conversando sobre o futuro de alguém.

 Victorio sorriu e passou a mão nos próprios fios sal e pimenta, suspirou, parecia que o velho tinha muito interesse de saber o que Viktor queria ou não da vida e isso o irritava. Viktor sabia que estava sendo testado e por mais que quisesse degolar ele ali, junto com aquela família de merda dele e toda máfia, iria saborear lentamente o veneno que ele espalharia.

― Você tem razão, cuidarei de Serguei outra hora é justo, você não sabe, como poderia é só um menino bonito, enfim, estou te falando que vou tomar os maiores territórios de Serguei, ele tem muito lucro financeiro e vai doer bastante para ele isso, deixarei bem claro que foi em represália pelas merdas que ele fez. Vem aqui, isso, eu acho tão curioso termos o nome parecido. Me diverte, e você. ― Viktor o fez sentando-se ao lado dele, esperando para ver o que o velho iria exigir.

―Se te diverte, é meio estranho

 Victorio nem de longe aparentava ser forte ou era bonito como Alexis, que apesar da idade, era muito bem conservado e cuidado, ninguém daria mais que quarenta para ele. Victorio tinha cara de ter cinquenta anos, o cheiro também não era dos melhores, cheirava cigarro e o perfume era enjoativo, sem falar que ele bebia muito.

Uma das mãos de Victorio, a que tinha a aliança de casamento foi para o rosto de Viktor e afagou a boca dele, abrindo-a e pondo um dedo ali, em sinal mudo para ser chupado, e Viktor o fez, engolindo o dedo e depois lambendo olhando para ele, sem desviar os olhares.

― Isso, que delicia, faça isso em mim, mas lá em baixo, preciso relaxar. Tive um dia agitado, algumas entregas de mercadorias não saíram bem. Perdi várias cabeças.

Viktor tirou o dedo da boca, pelo jeito o velho gostaria de falar com ele sobre os problemas, talvez ali houvesse uma brecha. Ele ocupou-se em ajoelhar na frente de Victorio, amarando os cabelos longos e abrindo-lhe o zíper da calça e pondo o membro mole do mais velho para fora, depois o levando a boca. Chupando e lambendo até ele ficar duro, e dali continuou seu oral. Subia e descia sua cabeça, para depois engolir tudo, descendo até o saco dele onde engoliu e chupou enquanto o punhetava. Sentia nojo, o maior tipo de nojo de estar fazendo aquilo, nunca havia sentindo-se tão imprestável com Alexis, com ele era tudo diferente. Tinha vontade de vomitar, principalmente pelo sabor de Victorio ser azedo, salgado e azedo.

― Ah... você é bom nisso... mais rápido. ― Victorio segurou a cabeça de Viktor e puxando seus cabelos, começando a conduzir a chupada, forçando a cabeça do mais novo a ir mais fundo e demorando a puxar, quase o sufocando com isso, e gostando dos sons de sufocação que ouvia, repetindo o movimento várias vezes.

― Assim... isso estou quase, engula, engula tudo.

Ele segurou a cabeça de Viktor quando gozou, gemendo e puxando os fios pratas, causando dor no couro cabeludo do patinador que após toda a ejaculação caiu sentado limpando como podia os resquícios que ainda estavam na sua boca, ofegando pela lufada de ar que agora podia respira. Olhava para ele, dali do chão e pensava em mil maneiras de mata-lo, mas nenhuma delas seria tão doce quanto a que ele queria, iria destruir cada um dos alicerces de Victorio.

― Você... será meu maior tesouro... Nunca deixarei você ir garoto.

― É o que deseja?

― Sim, quero você todo pra mim, por inteiro.

― Então venho viver com você.

― O que?

― É o que quer? Ser meu dono? Me ter sempre que desejar? Então serei só seu, irei sair de casa, irei ficar a sua disposição, poderá fazer o que quiser com meu corpo.

Victorio sorriu amplo e assentiu, inclinou-se para ele, tocando seu rosto bonito.

― Você era assim com Alexis?

― Eu fazia exatamente tudo por ele. Qualquer coisa que ele me pedisse eu faria.

―Vai fazer tudo o que eu desejar? Se eu quiser que você faça com outros na minha frente?

― Eu farei.

― Com animais, com objetos, com brutalidade. Qualquer coisa?

― Sim, será meu dono e poderá até me matar se desejar.

Victorio sorriu, um riso demente, e depois passou mão na cabeça, bagunçando os cabelos negros e brancos. Estava de fato com um maldito objeto de prazer nas mãos.

― Estou ficando muito feliz com nosso acordo, vou fazer os preparativos, montarei uma casa para você, lhe darei seguranças...

― Sasha.

― O que disse?

― Sasha foi o homem que Serguei mandou para matar Alexis e me bater, gostaria que ele fosse responsável por mim, daí ele teria que me proteger, mesmo que me odeie.

― Ah, isso sim é uma boa vingança, vai humilha-lo hum?  Concordo com isso, vai ser divertido ver ele de orgulho quebrado. Você mandando nele.

― Não preciso mandar nele, você pode e deve comanda-lo, mas quero que ele seja espectador VIP de tudo.

― Total dedicação, gosto disso. Hum, namore minha filha, sue pau sobe pra mulher?

― E-eu nunca...

― Tanto faz, se não subir, tenho drogas pra isso, namore com Alexandra, transe com ela também, ela vai gostar de ter alguém como você para exibir para as amigas.

― Sim senhor.

― Vem cá, quero brincar com o seu rabo um pouco, talvez me excite de novo e te foda.

 

No rinque de patinação, dia atuais...

 

― Ele simplesmente saiu de casa, foi um escândalo, um dia ele estava com família, umas semanas depois ele sumiu, foi levado dizem que pela máfia, de fato ele engatou um namoro com uma menina, Alexandra, dizem que o pai dela é ainda, um poderoso chefe do crime russo. Depois só se via ele em competições ao redor do mundo, cercado de seguranças.

― Por que dizem que era a máfia? Podida ser só o pai super protetor.

Yurio observou Viktor rir de algo e depois mostrar um passo para Yuuri, e depois voltou a atenção para o seu técnico.

― Ah, além da namorada mafiosa, ficou bem claro isso em uma competição, Viktor vinha ganhando todas as competições que participava, notas altas, recordes, mas ele estava morrendo para a indústria dos famosos, não que fosse ruim, criava-se uma aura de mistério. Ele não era visto mais em nenhum lugar, os risos que ele dava eram apenas no rinque, na interpretação, não se tinha notícias dele saindo e quando se tinha era usando máscara, e cercado por homens da máfia. Ficou bem claro que ele pertencia a alguém da máfia na sua última competição, ele chegou com um belo machucado no rosto, e outro no pulso, enfaixado claro, mas o do rosto, não tinha como cobrir. Os olhos dele, meu Deus eu estava lá, o vi de perto, aqueles olhos estavam tão sem vida e vermelhos, provavelmente ele chorou muito antes de competir.

Yurio tocou no próprio rosto, a marca da sua desgraça ainda estava lá, ele podia as vezes sentir a dor do olho roxo. Assustado com o gesto olhou em pânico para seu treinador que apenas focava em Viktor, que agora estava patinando pelo gelo para mostrar um salto a Yuuri, Maximillian parecia encantado de ver o loiro patinando e chegou até suspirar.

― O que houve?

― Hum? Ah sim... ele foi competir, a música era triste, no meio da apresentação ele caiu, Viktor nunca havia caído, mas nesse dia ele caiu e levantou-se, os olhos dele estavam atordoados, os locutores nem falavam, todos estavam em silencio, depois dessa queda ele errou mais dois saltos e no fim...foi assustador, ele acertou o último salto mas depois de finalizar ele saiu mancando por assim dizer. Entenda, Viktor nunca errou um salto simples e ele caiu no mais simples dos simples, nem era triplo, minha nossa era só um salto de transição. Dava para ver a dor nos olhos dele e o desespero. Ficou claro que ele pertencia a alguém quando um rapaz de olhos estranhos, de duas cores puxou para fora do rinque. Ele o pegou pelo braço e arrastou dali, nem a nota ele viu, simplesmente foi retirado, sabe, Viktor ainda estava no rinque e o rapaz de terno entrou, deu dois passos e puxou ele, não se importava se ele estava com patins ou não só o levou. Cruzei meu olhar com Viktor naquela noite, eu estava com um dos meus alunos, nunca mais esqueci aqueles olhos azuis, tinham medo. Dias depois a notícia de que ele havia abandonado o esporte foi chocante, ele simplesmente enviou uma nota, lembro que foi fria, dizia que ele estava se retirando da patinação, sem nenhuma explicação. Depois, uma notícia da entrada dele no hospital de São Petersburgo, ao que parece ele foi espancado com brutalidade, depois disso ele simplesmente sumiu por alguns meses. Quando voltou, estava de cabelos curtos, no ramo da moda e mais sombrio, ainda cercado de seguranças, mas agora produzia trajes de esportistas de alto nível, organizava e agenciava desfiles por assim dizer, então ver ele patinando é algo maravilhoso. Achei que jamais iria ver isso.

Yuri apenas ficou calado, olhando para o loiro, ele parecia feliz, apesar do que acabara de ouvir ele estava sorrindo enquanto falava com Yuuri. Naquele segundo Viktor o olhou, ambos os olhos se cruzaram e ele chamou com a cabeça.

― Vem logo Yurio! Quero ver como você patina, podem fazer isso sem música?

A cabeça de Yurio estava cheia de pensamentos. Se a história de Yuuri fosse de verdade, então Viktor era sua solução ou talvez sua sentença de morte. Após pôr os patins ele entrou no rinque, fazendo um breve reconhecimento, para depois chegar perto dos mais velhos.

― Lembra da coreografia?

― Sim.

― Bom, você poderia executar os movimentos, o Yuuri vai ver e adequar o tempo dele o seu.

Yuri assentiu indo para o meio do rinque, posicionando-se começou a apresentação, fazendo os gestos artísticos e depois movendo-se para os saltos, executando-os com perfeição, era um programa curto, com mais apresentação teatral do que saltos, mas os que eram exigidos possuíam um grau de dificuldade maior. A ideia era muito boa, Yurio gostava do conceito. Jogando os braços para o lado ele parou no gelo, dando uma corrida e picando o mesmo no processo, iniciando a patinação, depois parando no fim, e fazendo a pose que havia visto.

― Ual, você é muito bom! Caramba, eu acho que você está bem preparado para entrar na categoria sênior. Que acha Viktor?

― É bom, um trabalho bom, consegue mais alma se por menos perfeição nos movimentos artísticos, isso impressiona se por emoção.

― Chatooooo!

― Yuuri, sincronize com ele.

O japonês apenas bateu continência indo para o lado de Yurio, o loirinho o olhou de lado e contaram mentalmente, iniciando toda coreografia, Yuuri parecia uma sombra, imitando-o com perfeição, para depois ambos pararem na posição combinada, porém diferente. Ofegantes eles saíram da posição, mas logo ouviram palmas, não de aprovação, mas para chamar atenção.

― Yuuri, sua perna estava muito livre nos axels, tente segurar mais, Yurio, você não estava se expressando corretamente, a sua cara estava concentrada na sequência, tem que interpretar, não deixe transparecer que está pensando nos saltos, de novo.

Yuuri arfou deixando os ombros cair, mas patinou para o centro do rinque, assim como Yurio, ambos começando novamente a coreografia, era engraçado que Viktor estava sendo mais técnico que Maximillian, porém era fácil entender, afinal a apresentação de hoje era toda monitorada por Viktor, desde a coreografia a música sabia que o treinador oficial havia deixado isso caro dele par ter que ver mais uma vez Viktor patinar. Desta vez se empenharam nas caras e bocas, no gestual em sim, meio estilo hip hop, a patinação também estava perfeita, sincronizados com cada toque, as mãos envolviam o ar no rimo da música, e os altos se encaixavam com a batida. Tudo na cabeça deles sendo executado, mesmo que sem o áudio no local. Trocaram posições e executaram nova sequência de dança, picando o gelo com as lâminas e voltando a patinar.

― Muito bom, continuem! ― encaminharam-se para o final da sequência e no último salto Yurio caiu feio, batendo o rosto e rolando pelo gelo, ficando caído ali por alguns segundos. Tanto o treinador quanto Viktor chegaram ao loirinho em segundos e Yuuri estava ali, olhando.

― Yuri, sente dor, sente tontura? Quantos dedos tem aqui? ― Viktor afastou os cabelos dele e viu o arroxeado no olho, depois notou o rosto machucado, não se deixou abalar por aquilo. Apenas moveu os cabelos para esconde-los enquanto Maximillian estava entretido verificando se havia quebrado algum osso.

― Estou bem, só preciso descansar.

― Plisetsky... o que ele disse?

― Precisa de repouso, está exausto, talvez ele não faça a apresentação hoje.

― Mas... contávamos com eles para lançar o curso.

― Posso fazer só, se quiser...

― E-estou bem...

― Não está, vai descansar, eu cuidarei dele, Maximillian, avise ao diretor, eu patinarei como show. Se, e somente SE, ele ficar bom, vai patinar. Yuuri, vamos!

― O que? ― foi a frase dita pelo Yuuri e pelo técnico. Viktor já estava de pé, com Yurio no colo, patinando para a borda, sendo seguido pelos outros dois, ambos saíram e Viktor o deitou no chão, ajeitando-o com o podia.

― Esse garoto está exausto e creio que eu chamarei bem mais atenção, afinal vai vir jornalistas e eu não patino a anos.

― Não publicamente, vai mesmo patinar?

― Yuuri, você me vê sempre patinando, que emoção é essa?

― Nunca patinando de verdade, vou querer ver.

― Patinarei antes de você, claro que vai ver.

― Avisarei aos jornais então.

Yurio podia ouvir tudo, estava sendo excluído da apresentação, mas não se importava de um todo, sentia-se mesmo mal, cansado e tonto. Talvez o fato de não ter descansado nada na viagem ou de mal se alimentando durante esses dias, que ele apenas focou no treino tenham, enfim, cobrado suas forças na pior das horas. Queria se deixar levar e o fez, dormindo ali enquanto ouvia os gritos de Maximillian para ele se manter acordado.

 

O loiro acordou em algo macio, estava deitado no sofá da sala e o cheiro de sopa invadia o ambiente, assim como as vozes sussurradas de Yuuri e Viktor, falando sobre alguma coisa, em um idioma diferente, japonês, ele conhecia ser japonês. Yurio tentou se levantar e sentiu um peso em cima da sua cara, um saco de gelo já meio quente. Tocou no próprio rosto e não sentia dor. Percebeu também que tinha sido enfiado em algum tipo de roupão de seda, muito grande, com flores desenhadas nas mangas. As ergueu vendo que ficavam enormes, e só então tomou consciência que estava nu embaixo da roupa e que possivelmente eles viram seu corpo.

― Isso é um kimono, uma yukata se quiser saber mais, na verdade esse é meu, por isso está enorme em você. Fiz sopa, de legumes, não sabia se é vegetariano.

Yurio olhou para atrás do seu ombro, e Viktor estava ali, as mangas da roupa dobradas até os cotovelos, não usava o terno que o viu de manhã, mas estava de colete e gravata. Yuuri chegou logo atrás dele, trazia uma bandeja com frutas e suco, tudo foi arrumado na mesinha da sala. Viktor sentou-se em uma das poltronas, abrindo o colete para ficar mais confortável, Yuuri apenas ajoelhou-se, ajeitando os pratos e servindo o caldo da panela em uma tigelinha.

― Bebe, tem que ficar forte para apresentação.

Yurio pegou a tigela, estava quente em suas mãos, mas ele não se queimou, estava pegando com cuidado pela alça. O caldo estava bom, tinha sabor de frango e as verduras estava bem cortadas, nada salgado ou insosso, nem temperado demais. Talvez, o chão pudesse se abrir, e de lá um grande mostro saísse, levando Yurio para longe da vergonha que ele estava passando. Estava apenas com um tecido macio lhe envolvendo o corpo, não precisava ser um Sherlock Holmes para saber que havia sido banhado e vestido. Nem para saber que seu corpo fora visto pelos homens ali presentes.

Viktor apenas estava observando o vazio a sua frente, a cabeça inclinada e apoiada na mão, um dos dedos nos lábios. Parecia mesmo incomodado ou irritado tamanha sua concentração. Terminando de comer, ele se esticou para pôr a tigela na mesinha da sala, mas Yuuri tomou de suas mãos e deu a ele um copo de suco de laranja com bastante gelo, ele bebeu avidamente, devolvendo o copo para ele.

― Obrigado, estava tudo muito bom.

― Fico feliz que tenha gostado, agora vamos falar sobre seus hematomas, mordidas e os visíveis sinais de abuso. Não sou um conhecido intimo seu...

― Isso, não é. Então não temos muito o que conversar. ― Yurio interrompeu Viktor, falando baixo, cobrindo o rosto com os cabelos loiros. Não podia nem deveria dar trabalho ao alguém assim, um desconhecido. Ser um peso para si mesmo era uma coisa, arrastar outros com ele era diferente.

― Como eu estava dizendo, não somos íntimos, mas não posso parar de pensar que você aqui pode acarretar problemas para Yuuri.

O loiro levantou o olhar para o mais velho, ele estava tão sério o encarando que sentiu-se retrair na própria pele. Estava sendo muito mal educado, ele sabia, mas não podia suportar a pena alheia, entretanto, não parecia haver pena no olhar frio de Viktor, apenas ódio, do mais profundo e frio. Viktor o odiava tanto assim.

― N-não quero causar pro-problemas para o Yuuri e-eu...

― Você já causou no entanto, pelo que ele me disse isso foi feito por seu tio. ― Yurio olhou para o outro patinador, que apenas bebericava o suco e comia umas frutas, recostado na poltrona, mas sentado no chão. ― Olhe para mim.

Yurio olhou para Viktor e este estava sentado ao seu lado, não viu o mais velho se mover nem se quer o ouviu se sentar ao seu lado. Viktor tocou seu rosto com gentileza, afastando os cabelos para ver a parte do rosto machucado, menos inchada. Acariciou os lábios e depois o pescoço que estava om uma marquinha bem clara de dedos, tão passional o agressor que quase o sufocou. O barulho de reprovação foi feito na boca dele, Viktor estalou os lábios, reprovando totalmente tal abuso. Depois ele tirou a mão dele, levando até o ombro, deslizando a yukata de maneira devagar, deixando a seda caricia a pele branca do menor, foi abrindo a mesma até a cintura, um pouco mais abaixo mostrando a pélvis dele, havia uma marca feia ali, de mordida.  E outras nas coxas dele, mancadas, uma surra talvez, Viktor havia visto no banho, eram de cores diferentes o que dizia que não foram feitas no mesmo dia. Yurio arfou ao toque do mais velho, seus olhos verdes foram desesperados para Yuuri que observava tudo com desejo? Sem entender, o loiro olhou para Viktor que anda estava ocupado lhe olhando, avaliando. Yuri sentia-se estranho, o coração palpitava. As mãos quentes dele corriam por seus machucados no ombro e peito, depois barriga e quadril expostos, subindo para o ombro novamente, tocando sua boca e aproximando-se u pouco, a voz dele era tão gostos de se ouvir, baixa e grave, um gemido sensual para Yuri que nunca havia ouvido nada tão bonito.

― Pobre criança... não conheceu o amor de um homem, só a intolerância. Ele te machucou mais do que uma surra Yuri? ― O loirinho parecia hipnotizado pelo som da voz e por aqueles olhos frios, apenas sentiu sua cabeça mover-se afirmando que havia sido machucado em outro lugar. ― Onde?

Yurio tocou na cabeça, no rosto, sentindo as lágrimas molhando-o, depois desceu a mão tocando o peito onde havia seu coração. As mãos tremeram enquanto ele descia até o meio das pernas, sendo acompanhado pelos olhos azuis. Viktor segurou seu pulso antes dele se tocar, elevando sua mão e beijando os finos dedos dele, depois o pulso e cheirando a pele branca.

― Eu já entendi, ele destruiu você. Foi doloroso e vergonhoso e com toda certeza você quis morrer, mas ficou vivo, sei exatamente do que está falando.

Yuuri estava sentado ao lado de Yurio, oposto a Viktor, tocando-lhe nas costas, nas marcas de mordida e nas marcas roxas de chutes e socos, alguns cortes.  A boca dele foi de encontro a pele do menor, beijando-o.  A pele de Yurio se arrepiou toda, e ele moveu-se aproximando-se de Viktor, olhando por sobre o ombro para Yuuri. O que acontecia com ele? Estava conchegado nos braços de Viktor lhe trazia paz, mas também tinha um forte desejo de ser mais que um afeto de pena. Ele queria possuir Viktor e isso o assustou demais. Nunca quis possuir nada, e agora queria aquele homem. Yuri tinha algo errado, ele sabia que era doente, mas não tanto.

― Agora não meu amor, ele ainda está sensível, deixe-me com ele um pouco mais. ― Disse Viktor afagando os cabelos negros de Yuuri, que sorriu, apenas dando um beijo na mão do russo, era como um cão dócil, gostando do carinho para depois levantar-se e pegar as coisas, devolvendo-as a cozinha, ficando por lá. Yurio estava confuso, sentia-se inebriado pela voz do outro e assustado, e também estava excitado, nunca havia ficado daquele jeito, mas também nunca havia recebido tamanho carinho. Yuri era tão pervertido por estar excitado agora. Incomodava-se com o próprio corpo.

― O que...vocês...

― Você o odeia Yuri? Seu tio.

― Sim, mais que tudo. Eu o desprezo... tudo o que ele fez comigo, esses anos todos, o que ele fez a tia...

― Não a odeia?

― Não, ela é vítima, ela não sabe, nunca falei para ela.

― Entendo. Quer que eu faça alguma coisa?

― Yuuri disse que você é...

― Sim, eu sou. Um Pakhan[1].

Yurio se afastou um pouco dele, levando as mãos à cabeça, coçando os cabelos e chorando. Estava cansado demais do mundo em que vivia, e quando achava que iria ter um sopro de liberdade se via preso mais uma vez na sua realidade, nesse Inferno.

― Você quer se vingar dele?

― Sim... eu o odeio, eu...ele me machucou tanto.

― Vou cuidar disso, mas primeiro teremos que ajeitar algumas coisas.

― Do que está falando, o que tem para ajeitar, você é um pakhan, e ele é só um Torpedo[2]

― Não criança, tudo tem seu tempo, eu mesmo tenho coisas a resolver e o Yuuri também, não sei se saber mas ele pertence a uma importante família da Yakuza, e estou tendo problemas com eles, quebras de acordos, nada que precise saber agora, mas eu tenho planos de vingança contra meus próprios captores também.

― Seus...

― Shii, vou explicar tudo, depois das apresentações iremos ter uma longa conversa. Você agora faz parte da minha proteção Yuri, nunca vou deixar que você se machuque novamente, agora você é um Solntesevskaya Bratva, está sob meus cuidados.

 

Fim do quarto programa.

 

 

[1] Também conhecido como krestinii é o chefe da gangue e controla todas as suas ações. Aqui, para fins da história, Viktor conquistou várias gangues, em nome de Victorio e tornou-se o Pakhan dos Pakhans, obviamente isso não aconteceria na vida real. Para mais detalhes vide: http://omhso.blogspot.com.br/2014/12/serie-gangsters-4-mafia-russa.html

 

[2] Um tipo de assassino. Para mais informações vide: http://omhso.blogspot.com.br/2014/12/serie-gangsters-4-mafia-russa.html



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