1. Spirit Fanfics >
  2. Yuri!! On Hell >
  3. Quinto Programa Dias e meses...

História Yuri!! On Hell - Quinto Programa Dias e meses...


Escrita por: Makoshida

Notas do Autor


Então, olá todos vocês! Obrigada por lerem e comentarem e fico feliz que gostem da historia. Esse programa é bem longo, mas trás varias coisas, e vários momentos da linha temporal da historia. A principio pensei em trazer o dia a dia da escola, mas sei lá, nós sabemos como é uma escola então escolhi momentos que achei legais. Tem uma coisinha de um futuro, que espero poder escrever logo e por favor, escutem as musicas, links no final da historia.

Espero que divirtam-se e me deixem saber.

Capítulo 5 - Quinto Programa Dias e meses...


Fanfic / Fanfiction Yuri!! On Hell - Quinto Programa Dias e meses...

 

 

Em um futuro, não muito distante...

“Plisetsky beijou a boca do mais velho, usando seus lábios finos para aprofundar o contato com a outra boca, fazendo-o gemer, sua língua atrevida brincava na boca alheia, afastando-se apenas para deixa-lo respirar. O fio de saliva os conectava, mas logo foi partido pelo sorriso do mais novo. As mãos de Yuri enfiaram-se nos fios sal e pimenta e puxaram um pouco, tirando-lhe novamente a boca da sua, vendo aquele olhar azul frio. O velho estava embasbacado com ele, Yuri sabia que era bonito, sabia que podia ter quem quisesse na mão e sabia o que tinha que fazer com Victorio.

― Você gosta disso?

― Sim, gosto bastante... ― o loiro sorriu para o mais velho e rebolou no colo dele, vendo o outro gemer de prazer, afundou ainda mais aquela carne dura por causa do viagra dentro da sua bunda, gemendo pela dor que causava por ter tido pouca preparação...

― Era assim que fazia com Viktor?

― O que? Do que... ― ele rebolou comais força, iniciando uma subida e uma descida lenta, gemendo e jogando os cabelos para o lado, expondo o pescoço.

― Com Viktor, você fodia ele assim?

― Não, não era assim ahnn... por que...está falando dele...

Yuri levantou-se do colo dele, sendo segurado pela cintura pelo velho, sorriu de lado tirando as mãos dele, o beijando para distrair e dando-lhe as costas, voltando a ajeitar-se no colo dele, pressionando a carne dura em sua entrada, descendo devagar.

― Queria que ele estivesse vendo isso...

― Safado... ― Yuri começou a se mover violentamente, buscava a dor naquele ato, que a única coisa que de fato lhe dava prazer. Subia e descia arrancando gemidos alheios e os seus próprios.

― Ahh Viktor... queria... ahh ahh ele aqui...

― Pare de falar dele...

― VIKTOR!!

― Você está me ahnn ahnn...o que você....

Yuri sorriu amplamente com o gemido do outro inclinando-se para frente ele pegou o tanto que Yuuri havia escondido ali mais cedo, quando foi comido pelo velho, saiu dele e desembainhou a pequena katana, um tanto mais especificamente, desferido um golpe no ombro do velho que gritou pela dor, mas mantendo-se ereto pelo medicamento que havia tomado.

― BASTARDO!!! ― Yuri apenas sorriu de maneira enlouquecida, para depois passar a língua na arma enquanto a porta se abrir e Viktor entravar calmamente no local”

 

 

Atualmente...

 

Yurio estava alisando a calça justa da cor preta que usava, os patins bem colocados nos pés e camisa com suspensórios brancos davam a ele e a Yuuri um ar bem social, boêmio. Curiosamente estava sentindo-se melhor e Viktor havia ajudado a esconder as marcas no rosto com uma mala ― diga-se baú― de maquiagem que ele trouxera, para prevenir.

― Yurio, você á bem mesmo? ― Yuuri estava ajeitando sua roupa, ao contrário da camisa branca que o russo usava, o japonês estava inteiramente de negro e usava lentes vermelhas, coreografia de ambos era um tango, buscando na origem da dança que era entre homens[1], mas eles não se tocariam, apenas dançariam a uma distância segura os mesmos movimentos, saltos e spins, porém no fim, haveriam modificações feita por Viktor, para causar mais impacto.

― Bem melhor, onde está Vik... Oh meu deus!

Yurio falou em gritos o ver Viktor andar até eles, usava uma roupa azul meia noite com brilhos no azulados e cristais transparentes, os cabelos curtos estavam de um jeito meio cacheado, com ondas e volume, e ele estava sendo fotografado de todos os ângulos. O caso era que, alguém deixou escapar para imprensa que Viktor Nikiforov iria apresentar-se na escola e quando se viu, havia uma multidão de reportes nos portões da escola. O vice diretor Chamberlain quase enfartou com isso, mas o diretor D’Ângelo selecionou dois representantes de cada emissora que veio e permitiu a entrada deles. Uma verdadeira publicidade para sua escola, na visão de marketing grátis dele.

― Ele causou um grande impacto não? Essa roupa ele fez especialmente pra ele mesmo, nunca pensei que fosse ver ele com ela.

Yurio apenas acenou, vendo o mais velho se aproximar ainda ajeitando os dedos na luva negra, para depois sorrir para eles. Trocou um gentil afago com Yuuri e virou para olhar o outro russo. Arrumou uma mecha do cabelo loiro do menor e depois olhou o rosto dele com atenção.

― Belo, ficou boa sua maquiagem, nada está sendo visto e nem parece que está maquiado.

― Obrigado por isso.

― Não foi nada, agora vão lá meus garotos, mostrem que essa escola está ganhando estrelas.

Yurio achou um tanto estranho a frase dele, como se ele agora fosse propriedade de Viktor, mas pensou melhor, talvez fosse apenas uma maneira carinhosa de incentiva-los. Ambos os patinadores entraram no rinque, Yuri e Yuuri reconhecendo, mais uma vez, o gelo em que patinariam enquanto o locutor convidado iniciava as apresentações.

― Boa noite senhora e senhores, sejam bem vindos. Hoje, para a história da instituição, temos o prazer de inaugurar o rinque de patinação no gelo e o complexo de treinamento nesta modalidade. Abrilhantando nosso evento, temos Yuuri Katsuki, patinador do Japão, ouro no Juvenil 2014, ouro do juvenil europeu em 2015, disputará o Grand Prix esse ano, maior competição de patinação artística. Com ele, Yuri Plisetsky, campeão juvenil russo de 2015, ambos finalistas do Grand Prix. E para o deleite de todos, em apresentação especial, a lenda da patinação, o grande Viktor Nikiforov campeão de três Grand Prix consecutivos e inúmeros Juvenis, o patinador com maior vitorias na história da patinação artística masculina.[2]

As pessoas do local, algumas eram convidadas dos diretores, e funcionários, outros era o próprio corpo docente e discente, com seus familiares. Todos aplaudiram educadamente, alguns mais afoitos já gritando pelo nome dos meninos e de Viktor. Eles acenaram para todos no local, e foram para suas posições. Silêncio.

― Os patinadores Yuri e Yuuri irão demonstrar uma parte mais artística da patinação, o programa de saltos é mais simples, com apenas dois triplos e um quadruplo, haverá muitas combinações de spins. A música escolhida e coreografada por Roundtable Rival de Lindsey Stirling[3].

Após a breve narração do locutor, a música começou a soar, primeiro apenas barulhos de disco de vinil para então ganhar arranjos, ao som os sintetizadores eles começaram a patinar pela quadra, iniciando movimentos nos braços e pernas, dançando ao som o violino. Moviam-se pelo gelo cruzando um o caminho do outro em prefeita sincronia. Uma combinação de spins em pé, depois curvado e saindo para ganhar velocidade patinando de costas, dançando junto como ritmo da música. Eram uma imagem espelhada do outro, lanceando os passos de tango e passos de música irish, muito próximos um do outro e depois afastando entrando em velocidade para executarem um Triplo Axel, voltando a dançar calmamente, e iniciando para mais dois saltos seguidos, caindo com perfeição, fazendo agora coreografia, erguendo os braços e socando o vazio, movendo o ombro e a cabeça para os lados, patinando mais rápido, saltando no centro da arena e caindo em lados opostos iniciando aquela dança de sombras perfeitas.

― É uma linda apresentação senhoras e senhores, uma junção de músicas. ― disse o locutor encantado com eles. A plateia aplaudia ao ritmo da música, enquanto alguns alunos mais empolgados dançavam nas arquibancadas. Estava quase no fim, por ser uma apresentação não oficial eles fariam apenas metade do tempo, a outra parte seria Viktor, que nem mesmo Yuuri saberia dizer qual seria sua música ou performance, isso não diminuía em nada a empolgação da maioria das pessoas. Ao fim da apresentação, Yuri deu um salto caindo próximo a Yuuri, que deu um voleio com a perna, ambos parando em posições diferentes. Havia agitado as pessoas, todos estavam gritando o nome deles, alunos e professores, respiravam ofegantes, enquanto o público aplaudia. Eles agradeceram a todos e se retiraram, apesar da curta rotina, os passos e saltos focados mais na dança eram rápidos, fortes, seguiam o ritmo do violino e das batidas de fundo, como uma balada no gelo.

― Vocês estavam muito energizantes, queria pular dentro do rinque e patinar também!

― Parabéns garotos! ― disse o treinador Maximillian os cumprimentando e dando toalha e água.

― Foi bem divertido. ― disse Yurio pegando sua água e sorrindo, amplamente. Tal gesto fez Viktor e Yuuri sorrirem em reflexo, o loiro tinha o mais belo sorriso de todos, apesar de sempre parecer fechado por seus problemas. As músicas ainda continuavam tocando, iniciando uma balada eletrônica, com jogo de luzes psicodélicos, havia uma empolgação de festa no ar.

― O que vai dançar Viktor. ―perguntou Yuuri secando o rosto após beber água. O russo sorriu e aproximou-se do amante sussurrando algo no ouvido dele e afastando-se para entrar no rinque de patinação. Yuuri estava de olhos bem arregalados e o loiro aproximou-se dele.

― O que foi?

― Você... vai ver um deus. ― ele gargalhou alto e colocando a proteção das lâminas foi para a lateral do rinque observar. Todas as luzes apagaram-se. Maximillian também parecia eufórico, e Yurio já havia visto Viktor patinar, muitos vídeos dele adolescente eram analisados pelo antigo treinador.

― Mas o que?

― Veja criança, Viktor não patina a anos, estamos na expectativa, me surpreende ele patinar hoje.

― Viktor patina todos os dias na nossa casa, três horas por dia, uma rotina diferente todos os dias sete dias da semana. Só interrompe ela para viagens de negócios, mas mesmo assim ele toma uma hora e meia para treinar os passos. ― disse Yuuri focado na escuridão do rinque, tanto Maximillian quanto Yurio o olharam depois focaram-se no centro do rinque. Com as luzes apagadas, as pessoas foram se acalmando mais e mais até o completo silêncio, quebrado apenas pelo locutor.

― Viktor Nikiforov, Avicii ft Audra Mae - Feeling Good (Low Version)[4]. A versão original da música é cantada por Nina Simone.

 

A música começou lenta, sensual, a mão do patinador ergueu-se mostrando todo o brilho em apenas um único holofote que seguia suas mãos movendo-se acima da cabeça, desciam pelo corpo dele, até abrirem dos lados, quando a música de fato começou ele foi patinando de um jeito preguiçoso, voluptuoso, rodopiando pelo gelo, suas mãos tocavam seu corpo como as de um amante enquanto ele patinava por todo a extensão do rinque, erguendo as mãos, alisando o cabelo, pescoço peito e braços, para depois descer por entre as pernas de maneira rápida, soltando um riso safado. O holofote o seguia como uma luz divina, causando arrepios nos espectadores, pois a roupa lhe dava o brilho de uma estrela. Em dado momento da música, ele acelerou a patinação fazendo uma sequência de dois quádruplos e um triplo finalizando com uma parte artística, depois uma ine baer, indo para uma sequência de spins sit, camel e um salto lateral em sequência, voltando a patinação sensual. Erguendo os braços e parando no centro do rinque, Viktor deu algumas reboladas, sutis, enquanto seus braços erguiam-se acima da cabeça em um esticar sensual, um felino acordando, lambendo a boca e se fazendo ver no gelo, deslizando fluido como um anjo. Iniciando nova patinação, agora com o uma briga, onde ele disputava algo e girava, patinando até a borda do rinque onde Yuuri estava, girando em spins tão rápidos que ele parecia apenas algo girando e brilhando e sorrindo de lado ao finalizar, próximo da mureta, de frente para seu amante, ele o puxou puxando-o para um beijo apaixonado no rinque, depois afastou dando um tapa e patinando para o centro onde encerrou a apresentação na mais completa escuridão.

Silêncio.

Total e completo silêncio.

E depois...

Uma explosão de gritos, algumas garoas desmaiando e algumas mulheres mais velhas passando mal. O patinador havia voltado ao centro do rinque apenas para agradecer majestosamente a todos, para depois se retirar. Yurio sentia-se estranho, o coração batia rápido, e ele tinha calor, ofegava inclusive ao lado do rinque enquanto Viktor colocava a proteção das lâminas, os flashes das câmeras estavam surtando ao redor deles.

― Ele... ― Viktor acenava e jogava beijos, retirando-se dali com Yuuri, ambos indo para os vestiários enquanto Yurio seguia-os em modo automático, ainda sem acreditar que ele estava excitado. O loirinho sentiu uma mão pesada lhe puxar pelo ombro e no segundo seguinte ele estava atrás das arquibancadas, sendo arrastado para fora do local, como já havia tirado os patins, corria sendo puxado pela sombra enorme, depois foi jogado na parede de uma sala qualquer, e a luz foi acessa, apenas uma das quatro, e ele viu Ivanov.

― Quem...que porra foi isso?

― Ivanov! O que... ― o mais velho fechou a boca dele com a sua, o pegando de jeito enquanto o segurava na parede com o peso do corpo. Yuri se debateu chutando-o na canela, vendo o outro se afastar e depois bater-lhe no rosto.

― Bastardo, filho da puta! Que merda de apresentação foi essa, você dança daquele jeito, do jeito que aquele outro cara fez, o de cabelos brancos, estou duro por cus daquele puto.

Yuri apenas limpou a boca, estava sentindo gosto de sangue na língua e o olhou. Ele estava com raiva. Algo que ele nunca sentiu antes, queria-o morto.

― Não... me toque. Nunca mais me toque. ― disse ele entre dentes, não se permitiria ser tocado por aquele verme, aqui nos Estados Unidos Yuri sabia que poderia sim buscar por justiça justa e limpa, não era a Rússia, onde tudo podia ser comprado pela influência da máfia.

― O que? Eu ouvi direito? ― Ivanov se aproximou dele o pegando pelo cabelo o arrastando para o centro da sala que tinha o chão macio, talvez tatâmes, a sala de luta, sim Yuri havia lido algo sobre ela. ― Quem merda você pensa que é seu bosta! Você é minha propriedade!

Yuri estava de joelhos enquanto ele sacodia o corpo do menor preso pelos cabelos, gritava com ele enquanto o submetia no chão, com a cara para baixo, movendo as mãos em seu corpo, Ivanov passou a mão pelo corpo magro, falando que ele era um fraco que mostraria o que um homem faz com lixo como ele, Yuri iria gritar até estourar a garganta, seria ouvido por alguém e aquele monstro seria levado dali. Não foi o que aconteceu. As luzes do local foram acesas totalmente e Ivanov parou seus atos de tentar tirar-lhe a roupa apertada, o folego voltando ao pulmão de Yuri, alguém havia vindo até aqui então.

― Solte-o seu babaca. ― a voz de Yuuri soou no local, ganhando a atenção de ambos, pois era em russo perfeito. O japonês não parecia nada feliz com a cena, e estava mesmo entrando a passos calmos no dojô. Yuri não queria que seu amigo visse ou passasse por isso, mesmo sendo dois, Ivanov era muito forte, poderia bater em Yuuri também. Pior, poderia abusar dele.

― Yuu...

― Olha se não é outro “viado” da patinação, cuido de você também seu japa idiota, fala até bem rus...

Ivanov não terminou de falar, Yuri sentiu o corpo do tio sair de cima dele e bater do outro lado da sala, atordoado o garoto olhou ao redor a tempo de ver Yuuri baixando a perna e assumindo posição de combate. Ele foi tão rápido, como uma sombra movendo-se apenas pelo poder do pensamento.

― Porra!! ― seu tio se levantou e puxou canivete do bolso da calça, desses que se abrem em dois, faria estragos se entrasse em contato com a pele do japonês. E Yuri sabia como aquela faca doía, tinha uma cicatriz na perna para provar, seu tio tinha habilidades em retalhar as coisas e algumas vezes gostava de torturar Yuri, só por diversão, além de lhe queimar as solas os pés, gostava de perfurar.

― Vou cortar você seu japa de merda, sushi dessa sua cara linda. ― Yuuri não pareceu se abalar, apenas trocando de base. O loirinho afastou-se daquilo, iria querer buscar ajuda, mas não queria deixar Yuuri sozinho com seu tio. Olhou ao redor procurando algo que pudesse usar como arma, Ivanov avançou para furar Yuuri, ele desviou e desferiu uma joelhada na barriga de Ivanov, depois fez um giro com um chute nos peitos jogando o corpo do maior para trás, novamente na parede. O russo caiu mole no chão, e ali ficou, parecia um saco de batatas, sem as batatas dentro.

― Você... MATOU ELE!

― Que? Não, claro que não ele desmaiou, deixa esse bosta ai, vem, Viktor quer você do lado dele, sempre.

― Eu, mas... ele ai... Por que eu?

― Você vai saber hoje, deixa esse idiota ai, avisamos a limpeza que tem um monte de esterco de cão no dojô de Judô.

Yuuri levantou o loiro e ambos saíram dali, caminhando pelo mesmo lugar que Yuri veio, depois ganhando a direção do corredor. O Yuuri, japonês, não parecia nem ofegante com tudo aquilo, ao contrário de Yuri que pela primeira vez havia enfrentado o tio apenas em se recusar a ceder. Ainda estava tremendo e não se sentia bem com tudo aquilo, não por seu tio, ele que se dana-se, mas os acontecimentos.

― Obrigado...er...você...luta bem.

― Não foi nada, até bom exercitar, obrigado pelo elogio, sabe... eu não só faço patinação.

― Percebi... Viktor...

― Já está no apartamento, ele foi na frente, muitos reportes, eu senti falta ai vim te buscar, ainda bem, aquele cara é sempre assim?

― Sim...oh! ― Yuri colocou as mãos na boca― ele vai descontar na minha tia!

Yuuri apenas colocou as mãos atrás da cabeça, olhando o céu parcialmente escuro, e as cores que o sol formava a oeste nas nuvens, laranja e roxo, com a base do negro da noite já se sobressaindo. Coçou a cabeça puxando um telefone celular do bolso e digitando algo. Guardou o aparelho e passou o braço em cima dos ombros do menor, aproximando-se do rosto dele.

― Já resolvi isso ― Yuuri sorriu diante do olhar incrédulo do loiro. ― Enviei uma mensagem a Viktor, ele pediu pra buscarem sua tia no chalé dos hospedes, vamos dar uma festa pela nossa estreia, mais para um jantar em família, quando seu tio acordar não vai acha-la, daí até lá, pensamos em algo para afastar ele dela, até decidimos o que fazer com ele.

-Ah... isso foi...

― Hai, hai, eu sou bem gênio mesmo, pode me adorar por isso. ― Yuuri sorriu de lado e depois tocou o rosto de Yurio, passando a mão na pequena sujeira de sangue que ele tinha ali. Limpou como podia, ambos parados embaixo de uma das imensas árvores da escola. Haviam muitos estudantes ali, familiares, todos se despedindo, ou comentando sobre a apresentação, mas os dois estavam protegidos pelo grosso tronco da árvore, ocultos do outro lado. ― Não gosto desse tipo de coisa, dessa violência. Queria tê-lo matado hoje mesmo, mas Viktor não ordenou nada.

― Você já matou alguém Yuuri? ― O mais novo perguntou tocando na mão do mais velho, tirando de seu rosto, para depois olha-la com cuidado, as mãos de Yuuri eram magras, dedos longos e delicados se não fossem os nódulos avermelhados, seriam mãos belíssimas.

― Mais do que você imagina. Sou um yakuza no fim, dado a Bratva como uma arma de grande potencial.

Yuri levantou os olhos verdes para o rosto dele, viu ali sinceridade, não havia com o mentir sobre esse aspecto da vida de ambos.  Por mais que desejasse que tudo fosse mentira ele sabia que o tipo de pessoa que ele havia se envolvido não seriam pessoas fracas ou sem coragem, eram pessoas que faziam crueldades e cometiam crimes, ele mesmo nunca havia feito nada fora da lei, Yuri era comum em todos os aspectos do mundo em que vivia, mas agora estava ali diante de um rapaz tão jovem como ele, que declarava ser um assassino frio. O que incomodava mesmo Yuri era que ele não sentia medo, nem o pavor de fugir daquela presença, curiosamente com Yuuri ele sentia-se tão acolhido e seguro como quando estava com Viktor.

― Você não está correndo.

― É não estou, isso me assusta.

― Já fez algo ruim Yurio?

― Não, sou bem chato nesse sentido.

― Acha que seria capaz de fazer?

― Não sei, não me conheço bem a muito tempo.

― Vou fazer uma coisa com você.

― O que...

Yuuri inclinou-se para ele, tomando seu rosto entre as mãos o beijando. Os olhos verdes de Yurio se tornaram pratos de tanto que ele arregalou, mas o japonês não viu, estava ocupado sugando o lábio inferior do mais novo, colando os corpos juntos enquanto inclinava o copo dele para trás, trocando a saliva e agora sugando o ar dos pulmões dele, brincando com a língua de Yurio. As mãos do japonês encontraram a base da coluna, depois a bunda dele e apertou, forçando Yurio a ficar nas pontas dos pés por estar sendo elevado durante o beijo. Não era nem de longe um beijo silencioso, os sons da sucção de lábios e línguas era alto o suficiente para ser o único som que Yurio conseguia ouvir, mesmo eles estando apenas atrás de um grosso tronco de árvore, cercados por alunos, ele só conseguia pensar em se perder naquele beijo. Contudo, mesmo tentando se perder, e esquecer que estava beijando um outro rapaz, Yurio teve a realidade jogada na cara em dois flashs rápidos. O primeiro, ele estava beijando um rapaz por vontade própria, sem ser coagido, espancado ou pressionado a fazê-lo, estava procurando na boca alheia a água para saciar sua sede, que havia surgido sem qualquer aviso. O segundo flash foi o que fez Yurio empurrar Yuuri e tocar os próprios lábios em chamas e olhar incrédulo para um pacifico japonês escorado na árvore.

― Viktor... você é amante do Viktor, com o pôde? ― o moreno sorriu de lado, e levando um indicador a boca, em um sinal mundial de silêncio e voltou a caminhar. Yurio o seguiu, alguns passos arás, as pernas ainda vacilavam tanto do susto do beijo quanto das revelações que ele havia tido por causa do beijo. A mais chocante era que ele havia gostado de ser beijado. Beijado de verdade.

― Eu fiquei excitado com você e ele hoje no apartamento. Estavam lindos enquanto ele olhava e falava dos seus machucados... Queria ter feito sexo com vocês dois ali, naquela hora, eu beijaria seu corpo todo, depois chuparia cada pedaço seu pra tirar essas marcas sujas, deixaria marcas de prazer ― ele aproximou-se do menor, prensando-o na arvore, falando seu ouvido, esfregando a ereção nele. ― pode sentir Yuri? Quero entrar em você hoje, vai deixar? Se não quiser, posso deixar você entrar em mim? Hum? Já fez isso, já entrou em outro corpo, no corpo de um homem? Opa! Opa! Yurio. Você vai desmaiar? Está silencioso e meio pálido. Yurio?

― Foi meu primeiro beijo...

― Sério, pensei que seu tio...

― Ele não me beija, nunca me beijou, não desse jeito, ele só... Se impõe na minha boca. E você estava...dizendo essas coisas eu nunca...

― Entendo, eles nunca beijam de maneira agradável mesmo. Foi bom? O meu beijo?

― O que? Hã, ah... eu... ― ele tocou nos lábios novamente, e assentiu. Yuuri sorriu de lado, ambos já dentro do elevador que os levaria ao apartamento deles no prédio administrativo. ― Viktor... ele e você...

― Yuri, vamos conversar depois do jantar, tem coisas que o Viktor quer dizer para você que...

― Como eu vou encarar ele depois que você me beijou?

― Diga a ele.

― O que?

― Se te faz sentir melhor, diga a ele que eu te beijei.

― Mas... ele vai ficar irritado.

― Você não conhece o Viktor, por que não diz a ele e depois vemos o que ele faz. Aposto que ele não vai se importar, o máximo é se irritar por não ter participado.

Yuuri saiu irritado do elevador assim que ele abriu as portas, seguiu para dentro do apartamento e não esperou pelo outro. Yurio estava atordoado, saindo mais devagar e entrando no local, que ele ainda se impressionava de ser sua residência. Estava sendo o dia mais longo da sua patética vida, sem falar que o dia mais movimentado que se ele mesmo escrevesse, daria um romance muito louco.

― Yurio! Bem-vindo, o que... O que houve com a sua boca? ― Yurio arregalou os olhos, achando que Yuuri havia contado, mas deu-se conta de Viktor pegando sua boca e olhando-a. ― Te bateram?

― Foi o tio ele, tentou pega-lo no dojô de Judô, cuidei dele.

― Cuidou dele? O matou?

― Não tinha ordens pra isso, mas como disse na mensagem, chutei aquele puto.

― Fez bem, ainda não é o momento, vá se lavar, sua tia vem para cá hoje e ela não pode gostar de ver isso... pedi comida japonesa.

― Minha tia gosta, ela come uma vez a cada trimestre.

― Ah nós também gostamos, vá, subo já, tenho que conversar com Yuuri.

― Viktor... – o mais velho arqueou uma sobrancelha e o menor apenas negou, subindo as escadas, corado e envergonhado. Se falasse aquilo possivelmente o outro iria mata-lo, afinal ele era um pakhan, ninguém tocava nas posses de um chefe da máfia e saia inteiro, Yurio já devia estar acostumado que sua vida não era feita para ter boas coisas. Em seu quarto, sozinho tentou se acalmar, em vão. Estava uma pilha de nervos.

― Yuri? ― Viktor estava do outro lado, afastando a porta e entrando um pouco no seu espaço privado.

― Beijei Yuuri, ele e eu nós beijamos em uma arvore, e eu senti... senti que queria transar com ele. Pela primeira vez eu...desejei me entregar a alguém. Sinto muito Viktor, eu sei que fui...

Viktor o girou para ficar de frente com ele, aqueles olhos zuis encarando os verdes. Talvez Viktor fosse bater em Yuri, e o loirinho estava pronto para aceitar uma surra. Não foi o que recebeu. Viktor o beijou, assim como Yuuri, porém mil vezes mais forte, ele estava ocupando os pensamentos do menor, destruindo suas inibições e atiçando um desejo enorme dentro dele, o mais velhos segurou aquele corpo em seus braços, apertando a carne nos ossos, tirando seu ar pela boca, derrubando-os no futon, os beijos prosseguiram assim como a mão de Viktor em seu corpo, chegando ao meio das suas pernas constatando que Yuri estava duro e pingando, já que sua calça se encontrava úmida na frente.

― Ahnn...Viktor...isso é...loucura nós nem nos... Conhecemos...

― O que você quer?

―Hã?

― O que quer? Temos uma hora, o que quer? A mim, Yuuri, os dois? ― o loirinho arregalou os olhos, em que vida estava vivendo? Mal conhecia ambos e sentia-se fortemente ligado a eles, sentia-se amado por eles como se os conhecesse a milênios, em outras vidas. ― YUURI!

O japonês apareceu na porta, estava só de calças, adentrou o quarto joelhando-se do lado de ambos, ajudando Viktor a despir Yuri, eles eram cuidadoso, nunca violentos apesar de estarem visivelmente excitados, o loiro gemeu quando uma boca foi de encontro ao seu pênis duro, estava sendo sugado, seus olhos correram pelo quarto, soltando um gemido mais profundo, um que nunca antes havia ouvido sair da sua boca. Ao focar seus olhos no que ocorria nas suas partes baixas, pode ver os dois trabalhando me seu sexo, a visão do prazer. Uma definição carente, pois não havia palavras para descrever tal cena.

― Eu vou goz... ahnn ahnn... ―ele se derramou na boca de ambos, jogando jatos quentes e curtos de sêmen espesso. Yuuri lambeu a própria mão, dedo por dedo enquanto Viktor o limpava, as forças haviam abandonado aquele corpo magro. Viu a si mesmo sendo beijado no corpo, e depois viu ambos beijando-se, com Viktor ajeitando para que Yuuri ficasse de quatro por cima do corpo de Yuri, conectando os olhos de ambos, gemendo quanto Viktor investia no corpo dele. Podia apreciar as expressões dele ao recebeu as investidas, parecia prazer o que sentia, Yuri gostava de ver aquilo, seu corpo estava mole e cansado, mas gostava de ver aquela cena entre eles. Yuuri Katsuki era lindo gemendo de prazer. Apesar de tudo, aqueles dois completos estranhos, que transavam agora em cima de seu corpo, deixavam-no feliz, ele sentia no coração que estavam conectados de algum modo, sentia que eles eram os dois corpos que faltavam em sua vida. E Yuri iria ficar com os dois para si, seria egoísta o suficiente para fazer parte daquele casal, agora como um trio. Ele nunca foi tão possessivo, mas agora, com eles estava sendo, por que ambos, Viktor e Yuuri, eram dele, e ele era de ambos.

◊― ◊―◊―◊

― Yuri!!! ― sua tia acenou com uma tacinha na mão e sorridente, levantou-se, dando um abraço apertado no sobrinho, beijando-lhe as faces. Estava linda e radiante, e parecia levemente alcoolizada pelo champanhe. ― Você vai ficar com um rapaz que fala russo, isso é maravilhoso, não vai sentir tanta falta da sua língua materna. Sentirá falta de mim contudo?

― Ah, sim tia, isso é bem legal. E sim, eu já sinto sua falta, sabe que a amo.

― Ah essa casa, você... merece meu amor. Eu te amo tanto, merece tudo de bom na sua vida meu precioso tigre do gelo. ― ela soltou uma lágrima, abraçando-o novamente. Yurio até ficaria constrangido, se ele fosse um desses adolescentes normais idiotas que desprezam a família, mas como ele não tinha nenhuma, apenas abraçou-a, gostando de saber que ao menos as preocupações de sua tia com sua estadia na América estariam sanadas, acalmando o coração dela. Acalmava também sua mente, seria menos um peso na vida de quem amava.

― Você não sabe da maior novidade, seu tio recebeu uma ligação, de emprego, ele foi promovido! Vai para tantas viagens agora, ele ficou feliz eu acho, vai entrar mais dinheiro, já estão inclusive pedindo que ele volte mais cedo para Rússia, para agilizar processos, até as passagens já enviaram, ele embarca amanhã, estou tão feliz Yuri.

― Me-mesmo? ― Yurio olhou de esguelha para Viktor que bebia em um copo normal, um liquido alaranjado, whisky certamente, ao lado dele, em pé havia um homem de cabelos cor de ferrugem e olhos diferentes, um de cada cor, como os dos gêmeos do conselho, a diferença é que eles estavam diferentes em uma só pessoa. Era um homem bonito apesar do rosto frio e firme, usava um terno de bom corte e algumas poucas joias.

― Uhum, vai viajar a negócios agora, ele disse que quase não pararia em casa.

― Onde... hum ele está?

― Aqui, querido sobrinho. ― Yurio se virou para seu tio que o abraçou, encostando a boca no ouvido dele. ― Sua tia tem sorte, que não vou ter tempo de quebrar a cara dela, não pense que esquecerei isso seu bastardo, um dia, por que vingança se aprecia fria.

― Pa-parabens...t-tio. Obrigado pelas felicitações.

― Obrigado, bom, agradeço, também, por tomar conta dele, senhor Nikiforov. Um nome incomum, acho que já vi em algum jornal.

― Ah, será um prazer cuidar de alguém da mãe Rússia. Farei como se ele fosse meu irmão menor ou sobrinho. Certamente deve ter visto em algum jornal falando sobre moda, sou um grande empresário internacional.

Viktor ergueu o copo em um brinde e depois o deu ao ruivo, que foi encher o copo. Obviamente seu tio havia notado que aquele russo não era ninguém de pouco calibre na máfia, Ivanov não era tão idiota e sabia se portar quando havia uma força maior. Tornava-se um perfeito cavalheiro, que não era, quando estava diante de alguém que poderia ser de seu interesse financeiro ou de contatos. Yuri achava que ele era um mestre em “puxasaquice”. Sentando-se perto de Viktor, ele sorriu apontando Sasha que voltava com o copo de whisky novamente, entregava e se afastava.

― Não pude deixar de notar que seu segurança tem certas marcas nos dedos...

― Ah, e eu notei que você também as tem. Que coincidência hum?

―Hum, somos irmãos então. Isso seria fabuloso, de que gangue você seria?

― Você e Sasha, talvez, eu sou uns níveis acima, sabe? Sou o principal motivo dele estar aqui, para ninguém me tocar. Minha família, Gruzinsk, conhece?

― Ah entendo... Conheço sim, muito forte inclusive, o grande urso, o chefe de todos. Como não vejo marcas nos seus braços, você é de luxo.

― Precisamente. Quando voltar a Rússia, pergunte ao seu chefe quem eu sou, acho que ele vai dizer “ a puta do chefe” daí você cava mais para saber okay?

Ivanov sorriu de lado, recostando-se na poltrona, observando Yurio conversar com sua tia e Yuuri. Outra risada do russo, droga ele sabia bem que alguém que falava daquele jeito tinha tanto poder quanto ele queria ter, ou seja, muito. Inclinou-se para Viktor, que se inclinou para ouvir.

― Quanto acha que ele renderia? Para ser como você, um de luxo?

― Yuri? Hum... está interessado em vender? Posso conseguir um comprador bom. Daria muito dinheiro, ele é bonito, jovem. É virgem?

― Ah, isso eu sei que ele não é mais, da frente é, nunca enfiou em ninguém, é inexperiente. Vamos fazer negócios, futuramente, fui chamado a pátria, tenho negócios, mas futuramente. Podemos negociar.

― Claro, certamente, o garoto me interessa, deixarei meu japonês de olhos na mercadoria, vamos manter contato, Sasha! Dê seu número a este cavalheiro, vamos manter contato com ele, temos negócios em vista.

 

◊― ◊―◊―◊

 

Yurio estava de pileque. Não que não fosse normal um rapaz russo de quase dezesseis anos, que vinha de uma família desfeita e tinha contato com o mundo da máfia era culturalmente normal beber na idade de Yurio, não se podia vender para menores, isso não. Contudo, o consumo era liberado, o problema aqui era que Yurio não bebia, nunca foi um jovem de se embriagar, de cair em festas e noitadas bebendo até desmaiar em coma alcoólico, mas hoje, naquele jantar ele tomou um vodka aqui, outra acolá e no fim, quando só restou ele, Viktor e Yuuri, o garoto bebeu, encheu a cara para tentar apagar qualquer coisa que ele quisesse, era uma vida nova, então iria começar em um “reset”, mesmo que tal ideia de mudar fosse idiota tanto na sua mente quanto na de quem o via assim.

― Você é meio que fraco para álcool. ― comentou Yuuri o carregando escada acima com Viktor apoiando o menor e rindo, também alterado pela bebida, porém, muito consciente dos atos dele. Era bem verdade que a bebida não causava um efeito prolongado nas veias do russo mais velho nem do japonês, ambos tinham um metabolizo acelerado, principalmente pelo que eram.

― Eeeu não sou fracooouu...essa porcaria que você deeeu é que é forte... Viiiktorrr, tovarishch... pode, iac, dar poderia... pegar mais... sabe eu deveria beber mesmo... sou um fodido, iarc, meu tio me come todo dia... iac... eu não tenho onde cair vivo nem iac...morto... Eu não estou bem... podem e...acho que vou vomitar...

Viktor pegou o menor nos braços, falando para Yuuri ajeitar a cama dele, e as roupas, rapidamente o colocou o banheiro e segurou seus cabelos para ele vomitar, daria banho nele e um pouco de suco, aspirinas e cama. Que droga, via-se bem que ele não era acostumado a beber, tinha tantos sentimentos dentro daquele garoto, eles contagiavam a essência de Viktor assim coo a de Yuuri, podiam sentir ele, com toda certeza ele era um receptáculo. O terceiro para unir-se a eles, mas não agora, eles tinham conseguido chegar ao menor antes que ele ficasse a beira da morte, certamente sua vida difícil iria influenciar para ele morrer de maneira violenta, mas não agora, Viktor e Yuuri estavam com ele, ele seria protegido. Chegada a hora certa, eles revelariam tudo a Yuri e se ele aceitasse, fariam a transferência.

― Calma criança... calma, põe para fora, vai ficar melhor... isso mais um pouco, Yuuri, traz água gelada e gelo. ― disse ele acariciando as costas dele, era muito para um primeiro dia, e ainda sim nada perto do que eles podiam viver juntos.

― Haaaaiii, já estou indo pegar!

― Eu... eu... ― voltou a vomitar, sendo ajudado pelo mais velho que agora havia amarrado o cabelo loiro do menor, usando uma das ligas e cabelo que levava nos bolsos por puro hábito, ele não tinha mais o cabelo tão grande. Ainda assim sempre tinha uma liga de prender cabelos, aquela ideia o divertiu um pouco.

― Caramba, ele realmente não deveria beber, ainda bem que não ficamos bêbados.

― Isso seria impossível com nosso metabolismo, aqui o gelo. ― Viktor pegou uma pedra e passou na nuca de Yuuri, o fazendo se arrepiar todo, tirando dele um gemido entre um vomito e outro. Segurava com delicadeza aquele corpo, lembrava do seu primeiro porre ainda muito jovem, Alexis havia lhe ajudado da mesma forma.

― Por que...

― Yuri, não fale, pode ficar ruim de novo.

― Por que me ajudam tanto... eu não sou nada, sou lixo.

― Você não é lixo.

Viktor o sentou no chão mesmo, escorando-o na parede de vidro do boxer de banho, Yuuri segurava o rosto dele, aproximando o copo e dando água que o mais velho forçou o menor a beber, era preciso beber muita água depois daquilo, de beber tanto. Viktor passou gelo no pescoço dele, na cabeça, massageando um pouco, vendo-o ofegar e depois suspirar, fechando os olhos.

― Melhor?

― Uhum... obrigado...

― Certo... Yuuri, me ajude, vamos dar um banho nele e depois cama.

― Eu po- posso tomar...

― Garoto não discute, só fica em pé... isso, eu vou tirar essa roupa aqui... Yuuri segura ele. ― O patinador japonês o fez, enquanto Viktor tirava as calças e depois cuecas do garoto, já estava livre da camisa a tempo, pois havia derramado algo nela.  O japonês ainda segurava ele quando Viktor começou a se despir, ficando apenas com o par de boxes pretas, ligou o chuveiro e esperou a água esquentar, pegando ele dos braços do amante oriental e levando para dentro do boxer do banheiro.

― Vi-Viktor... não precisa ah...ah... ― o loirinho agoniou-se com a água e segurou-se no russo mais velho, que lavou seus cabelos com cuidado. Que vergonha Yuri estava sentindo, mal começara sua nova vida e já estava fazendo uma porcaria. Tinha vontade de chorar, tanto que chegava a doer no coração.

― Desculpe...

― Pelo que? Hum... Yuri, entre aqui, me ajude a segurar ele.

Katsuki livrou-se das roupas, pegando o loirinho por trás e o sustentando como um boneco de espantalho, os braços por baixo das axilas dele, e segurando sua cabeça para não pender ou o corpo escorregar. Viktor pegou sabonete e passou rapidamente no corpo dele, evitando as partes intimas. Não que tomar banho a três fosse algo ruim, só que Viktor sabia que aquela não era a hora para nenhum relacionamento, Viktor não era molestador, não abusaria nunca da confiança de ninguém, mesmo ele sendo quem era, um mercador da morte da máfia. Viktor não queria traumatizar Yuri, não abusaria dele bêbado, nem ele nem Yuuri concordavam com essa política. Não queriam infringir tal dor que sofreram para alguém como Yuri.

― Vocês dois estão... sempre tomando conta de mim e nem faz um dia que...

― Ah isso, nós nos apegamos fácil a fracassados.

― Yuuri! Educação.

― Gomen... Desculpe Yuri, mas você tem algo que nos inspira cuidados.

― Terminei ― o mais velho lavou o mais novo e depois o saiu, pegando um roupão para si mesmo e outro para Yurio, o envolveu no grosso material e depois entregou algo para seu amante. ― Yurio, pode cuidar dele sem mim, tenho que trocar de roupa, não vou dormir aqui hoje.

― Tudo bem, amanhã começamos nossas aulas, acho que para ele vai ser pesado. Nem sei se ele vai para as aulas da manhã. Viktor, vejo você no fim de semana certo?

― Sim, venho fim de semana, resolverei algo em Nova York, e depois venho pra cá, tudo pode ser resolvido por telefone ou e-mail. Cuide dele meu adorável katsudon ― Viktor afagou os cabelos negros de Yuuri, ambos já na porta do quarto de Yurio, haviam deixado ele bem agasalhado na cama, dormia como uma criança cansada, volta e meia franzia a testa, com certeza em algum sonho que o fazia interagir no mundo real.

Viktor aproximou-se de Yuuri, dando um suave sorriso para seu menino, depois aproximou ainda mais os corpos e o beijou, devagar, cuidadoso. Primeiro na testa, depois nas pálpebras fechadas, ambos os lados do rosto e por fim nos lábios. A mão do mais velho foi suavemente para nuca dele a outra na base das costas, quase na bunda do japonês.

― Viktor... ― O russo sorriu de lado, pegando o pulso de Yuuri e o tirando do quarto do loiro, indo para o da frente, o quarto do japonês, que já havia colocado seus pôsteres, maioria de Viktor quando patinava, bandas e coisas mais que Yuuri achava interessante e havia uma quantidade enorme de livros empilhados por todos os lugares. Ali ele deitou-se no futon, abrindo o roupão e recebendo o mais novo por cima de si, continuando aquele beijo, tocando aquela pele macia, mordiscando os lábios alheios.

― Você disse que tinha que ir...

― É eu disse, mas não agora.

― Você é um demônio...literalmente.

― Ah, nós somos mas que isso...Ahh...você está frio, está se descontrolando com seu poder Morte?

― Só quando estou perto de você, Luxúria.

Yuuri beijou o corpo exposto do seu amante, começando pela clavícula, descendo para o peito e lambendo o mamilo rosado até ficar durinho e então o mordeu e puxou com os dentes, ganhando um gemido do seu russo favorito. Gosta demais daquele russo safado, mesmo ele sendo a Morte em carne, gostava da vida e do prazer que seu amante lhe dava e de proporcionar o mesmo nele. Como seres cósmicos, em um corpo de carne, sentiam muito mais que qualquer outro, saber que eles estavam livres, o deixava feliz.

―Você prefere ser chamado de Viktor não é?

― É quem eu sou, suas mãos ainda estão frias, controle seu poder. Não queremos ninguém morto.

― Perco minha cabeça com você, sabe disso, hoje mais cedo quando você transou comigo em cima do humano do outro quarto... Eu fiquei com tanto tesão...

― Nós precipitamos... Ele não...

― Você sentiu uma ligação com ele não foi? Eu senti e como se não pudesse mais ficar sem ele. Nossa ligação começou forte assim... não lembra?

― Não é estranho a Morte amar a Luxúria?

― Viktor...eu te amo mesmo que você não fosse A Luxúria e em A Morte. Simplesmente te amo.

― Ah, o Amor nunca tomou forma corpórea, nunca sentiu aquilo que ele mesmo é, sua essência nunca foi sentida pelo próprio Deus Amor, mas se o fizer... Acha que será tão forte quanto o nosso amor?

― Eu te amo, muito. Sempre por todas as eras e milênios, eu amo tudo em você, seu prazer, sua dor, sua alegria... eu te amo Viktor.

― Yuuri... ― o russo tocou seu rosto bonito e sorriu, ganhando um sorriso do que descendo as lambidas, e chupadas, dando mordidas no processo, marcando aquela pele macia e branca, mordiscando a barriga dele, descendo os beijos até a virilha, lambendo aquela pele e dando uma forte chupada ali, vendo logo ficar marcado devida a palidez do corpo de Viktor.  Gostava daquele corpo magro, gostava até dos pelos dele, os quais Yuuri esfregaram o rosto para senti-los.

― Yuuri... não... ― Sorriu em pensar assim, Viktor era tão corrompido, tão senhor de tudo que envolvia prazer e ainda sim envergonhava-se com esse gesto. Naquela cama ambos não eram os demônios, deuses, entidades ou qualquer nome usado por qualquer civilização, eram só duas pessoas de carne e osso com corações batendo um pelo outro. Yuuri ergue uma mão, levando a boca de Viktor que chupou dois dedos, deixando-os molhados, direcionando a entrada do mais velho.

― Acho que vou te preparar dessa vez... Pelos deuses que quero tanto de foder Viktor... mas hoje, vou te preparar adequadamente. ― sorrindo ele acariciando o orifício, inserindo um dedo, pode sentir ele se contrair, sugando o primeiro dedo e ali dentro era quente e macio, sedoso. Dobrou o dedo dentro, arrancando um gemido arrastado do loiro, retirou o mesmo voltando com dois dedos, repetindo o processo adicionando um vai e vem, procurando aquele pontinho macio dentro dele, movendo e rodando os dedos, abrindo-os.  A sua outra mão foi até o pescoço de Viktor, envolvendo-o nos dedos, apertando um pouco, vendo seu russo sufocar, e depois o deixou respirar, sabia que ele gostava daquele tipo de sexo, por tanto repetiu o processo até ver lagrimas nos olhos dele, tirando a mão, vendo as marcas dos dedos.

― Gosta?

― Se for com você...

― Espere... ― Yuri saiu de Viktor sobre protestos, vasculhando uma das malinhas de coisas pequenas, tirando um tubo de lubrificante, sujando os dedos e a entrada dele, voltando agora com três, sendo impiedoso ao estocar com os dedos dentro dele.

Uma das mãos de Viktor desceu até seu membro, acariciando suas próprias bolas, depois o sexo, iniciando uma masturbação. Viktor contorcia-se na cama, as pernas abertas e apoiadas ali, o quadril erguido por uma almofada que havia posto, quando o outro foi buscar o lubrificante. Estava delirando com seu amante e queria mesmo gozar, entretanto, teve sua mão e seu pênis presos e apertados até a dor, e a agonia da falta de prazer levando-o a chorar de frustração.

― Yuuri... n-não... por... por favor...

― Não disse que podia se aliviar disse? Você só goza quando eu permitir, tire a mão.

― Yuuri...

― Tire. A. Mão! – ele retirou os dedos de dentro do russo e levantou para cima do corpo de Viktor, colando testa com testa, segurando suas mãos no alto, ambos encaravam-se, trocando olhares enquanto Yuuri sorria. ― Não se toque.

― S-im.

― Como se diz?

― Sim senhor... Yuuri...

― Bom garoto, gosto assim minha vadia russa. ― o mais novo lambeu a boca dele e não deixou ser beijado quando Viktor quis fazer, voltou para baixo, alisando as coxas definidas do amante, adorando demais aqueles músculos rígidos sobre a pele macia e cheirosa, não resistiu a cheirar ela, lambendo para sentir o gosto do suor dele, afastou-se um pouco, puxando os quadris dele, e virando-o de costas, erguendo um pouco para ver aquela abertura aberta e lambuzada, caindo de boca ali, queria devora-lo. Viktor era lindo, seu amante lindo, não sabia por que havia sido escolhido e quando lembrava do primeiro encontro deles, ainda ficava maravilhado. Yuri deu uma forte chupada naquela bunda deliciosa, friccionado os dedos dentro dela junto com a língua, ouvindo os gemidos de Viktor, afastou o rosto dali e o olhou, o russo estava vermelho, ofegante e seus olhos tinham o brilho da luxuria, estavam desnorteados.

― Yuuri... por favor...me foda.

― Sempre apressado... ― o moreninho abaixou sua mão na cabeça do sexo do russo brincando com aquela parte sensível, masturbando-o mas também apertando a cabeça para suprimir que ele gozasse. As mãos de Viktor seguravam os lençóis com tamanha força que talvez rasgasse os tecidos ou machucasse suas unhas bem cuidadas, ele se contorcia em agonia, os gemidos tornando-se mais fortes. Yuuri afastou as bochechas da bunda dele pondo a cabeça de seu sexo ali, investindo nele, sorrindo com o pensamento que era a lembrança da sua primeira vez com Viktor, como fora idiota, não havia preparado o mais velho bem e machucou-o, depois havia ficado deprimido com o ato.

Yuuri sorriu de lado investindo nele, deixando Viktor sentir todo seu cumprimento em uma estocada forte, causando um grito mudo e lágrimas aos olhos do russo. Havia sim uma dor, aquela dor de quem não estava preparado para o golpe, mas ela ia se desfazendo aos poucos, com a sequência de movimentos fortes. Havia o deleite mais sujo entre os dois, o limite entre a dor, prazer, morte e vida. A loucura consumia a ambos naqueles minutos.

― Vik― Viktor... ahnn eu vou...—o mais velho, entre gemidos pediu para seu amante parar de fazer aquilo, Yuuri o fez, vendo Viktor sair daquela posição, Yuuri afastou dele, ficando de costas no futon, recebendo seu amante que sentou-se nele, cavalgando rapidamente buscando ambos o prazer máximo.

Yuuri o olhava. Nunca desviando os olhos do corpo suado de seu amante ao cavalga-lo e Viktor retribuía aquele olhar apaixonado, focando-se nas expressões de prazer de seu amante. Ambos perdidos buscando o sublime gozo, só fechavam os olhos quando estavam abarrotados, Yuuri gemendo pela liberação e poucos minutos depois Viktor deixando-se cair no corpo do moreno, ambos arfantes, Viktor muito vermelho enquanto Yuuri afagava seus cabelos prateados.

― Você me ama Viktor?

O russo riu, erguendo o corpo um pouco no peito do amante e o beijando, mordendo o queixo dele. Com a mão livre tirou o pênis de dentro de si, arrepiando-se com o vazio que havia ficado.

― Desde que nos conhecemos e mais ainda quando você me defendeu do Victorio.

― Ah aquilo... foi...

― Você me defendeu. Você foi para cima dele enquanto ele me violentava, nunca esquecerei.

― Não fui muito efetivo. Eu o odeio...

― Mas você esteve lá por mim. Você estava lá por mim, eu me apaixonei outra vez naquele momento.

Yuuri ficou vermelho, mais do que já estava e fechou os olhos. Odiava lembrar daquele passado, quando era tão inútil quanto uma barata morta Queria mesmo poder dormir com seu amante, mas sabia que ele logo iria embora. Então o abraçou apertado, sentindo o cheiro de seus cabelos sedosos, tocando suas costas suadas e sentindo como ele era quente em seus braços.

― Eu me apaixonei por você quando eu vi seu sorriso na casa do meu pai, era a coisa mais bonita que eu jamais havia visto.

― Hum... estou com um pouco de sono...

― Eu te protejo Viktor, dorme um pouco.

◊― ◊―◊―◊

 

 

Yuri estava morrendo.

A cabeça dele estava dando voltas e mesmo ele deitado sentia que toda a terra firme não estava tão firme assim, que ela girava de modo contrário. Além é claro de uma dor de cabeça incômoda. Abriu os olhos devagar, fitando através dos cílios a luz disforme e amanteigada que entrava pela janela, gemeu de dor e virou-se de lado, era muita luz, mesmo que fosse uma luz aconchegante, ele não suporia muito. Péssima ideia em se mover. Ficou tão enjoado que quase botou tudo o que não tinha mais no estômago para fora. Levou os finos dedos ar a boca, não poderia vomitar ali, não sabia limpar tatames.

― Ah que idiota, acorda, bebe isso aqui, vai melhorar 80% ― Yuri ouviu uma voz familiar, abrindo os olhos e focando-se no moreno com uniforme da escola, estendendo um gigantesco copo de suco de laranja com gelo e um comprimido. ― Vem cá eu te aju... ahh monte de ossos pesado.

Yuri sentou-se no futon com a ajuda de Yuuri e pegou o copo, colocando o comprimido na boca e bebendo o suco todo, em grandes goles. Era refrescante e acalmou consideravelmente seu estômago revolto. Deitou-se em seguida e enrolou-se até o pescoço, agora que lembrava da outra noite, ele sentia-se envergonhado.

― Eu vou fazer dezesseis anos neste fim de semana. —murmurou ele― e ontem fui tratado como criança.

― Oh, então vamos comemorar sua festa, Viktor vai adorar saber que você faz aniversário.

― Não quero importunar.

― Sabe esse seu complexo de pobre lixoso já dá nos nervos, entenda que você é um atleta de alto rendimento que está sendo pago para uma escola apenas para estudar na mesma escola que te paga, ganhar umas competições, elevar o nome da instituição, o que tem que fazer agora é, comprar roupas novas, parar de se apiedar da sua bunda magra e russa e aprender a beber. Além disso, você não foi tratado como criança, e sim como um adulto bêbado que tem amigos.

Yuri sentiu-se estranho com aquela afirmação, seu coração bateu mais forte, e podia sentir seu rosto corar. Durante o sono ele reviu a cena do banho, reviveu a cena anteriores, naquele futon com os dois aos beijos, e ele também, e aquela cena do banheiro não terminava apenas em um banho a três, chegou mesmo até a ouvir os gemidos de Yuuri e Viktor em seu sonho, causando nele uma grande ereção. Era o pior dos piores.

― Acho... Que... está certo... ― Yuuri arrancou a coberta dele revelando o corpo nu de Yurio, o mais novo arregalou os olhos e se cobriu, olhando para o japonês que estava agora ajoelhado do seu lado. Com uma boxer de onça na mão.

―Eu não sei se te mato ou se te faço usar essa cueca ridícula de oncinha.

― Merda, me devolva!

Yuuri ergueu a cueca acima da cabeça, forçando o menor a levantar e ficar de joelhos, tentando alcançar a cueca, mas se arrependendo do movimento, sentindo dor de cabeça, fazendo-o se encolher.

― Ai ai... ― Yuuri sorriu pegando o rosto dele com as pontas dos dedos e o beijando na boca, suavemente, apenas um selinho e devolvendo a cueca. Levantou-se indo para a porta, ajeitava o casaco do uniforme quando foi interrompido de sair.

― Yuuri?

― Hum? ― disse ele olhando para o loiro.

― Porque vocês me ajudam tanto? E porque você me beija? Aliás, por que fizemos aquilo juntos...sabe...o sexo.

― Viktor e eu sentimos que você deveria ter mais do que lhe foi dado. Você é um excelente patinador, ele e eu amamos patinação, se você não for ajudado agora, vai acabar se destruindo. Nós sabemos o que é ser destruído, então só queremos te ajudar. Além disso, sentimos algo por você, uma ligação muito grande,como se...

― Fossemos um e depois três?

― Você também sente?

― Sim, quando os vi no corredor ontem de manhã eu senti algo, um choque na coluna, meu coração acelerou e eu me perdi em mim mesmo por poucos segundos.

Yuuri concordou, sabendo bem que isso também fora um sinal para Viktor e ele. Já estava de saída quando foi chamado, teve de se virar e olhar o loirinho na cama.

― E o beijo?

― Ah... é que eu quero possuir você futuramente, mas não sou um bastardo, vou conquistar você primeiro. Daí terei sua alma além do corpo, quero que seja bom para você como Viktor fez ser bom para mim. Os beijos, são só o começo, ontem fomos além, mas vamos além sempre com você.

Yuri não entendeu muito bem as palavras do seu colega de apartamento, ser bom para ele, com Viktor fez ser bom? Do que ele estava falando, talvez de sexo. Yuri arregalou os olhos e arfou.

― Não pode ser... eles querem...comigo?

◊― ◊―◊―◊

― Atenção classe, atenção meninas, aqui por favor, atenção!

As bailarinas pararam seus aquecimentos e juntaram-se, formando um semicírculo ao redor da professora e dos dois garotos parados com suas mochilas ao fundo da sala. Finalmente, depois de duas semanas na escola eles puderam iniciar os treinos de balé, que estavam de férias, diferente dos outros elas havia retornado de apresentações e estavam cansadas para treinos rotineiros, agora com elas de volta, os dois foram se apresentar e iniciar, de fato, os treinos de dança com uma supervisão apropriada. Yuuri e Yurio estavam de calças de ginastica feitas de algodão e camiseta, com casaco, e descalços, olhavam para a estrutura da sala de balé, nenhum dos dois se importava muito com as bailarinas amontoando-se, era mais a estrutura, tinha boas barras, e bons espelhos, o chão era polido e brilhoso, tudo do melhor. Yurio podia se ver nos espelhos e sua aparência parecia bem melhor do que na manhã, quando ficou enjoado o dia todo, as manchas do abuso que sofrera também estavam quase desaparecendo, tanto que ele podia usar o cabelo preso, talvez os remédios que Viktor aplicou nele fossem mesmo tão bons quanto ele disse que serem, apesar de serem estranhos e virem de potes sem rótulos específicos. Os olhares das bailarinas, cerca de doze, iam e vinham para a professora e para eles dois, pareciam curiosas com eles e então o russo devolveu o olhar, analisando-as, todas magras, altas, esguias, exceto por duas ou três que tinha peitões, até demais para bailarinas, nenhuma verdadeiramente destacada em beleza, apesar de serem lindas, não havia nenhuma de tirar o folego.

― Meninas, como somos as bailarinas do curso avançado vamos ganhar dois novos membros, os senhores Yuri Katsuki ― Yuuri deu um passo na frente fazendo uma reverencia perfeita em noventa graus. ― e o senhor Yuri Plisetsky – Yurio apenas deu um passo à frente e acenou para elas, dando um risinho de lado.

― Muito prazer em conhece-las. ― disse ele no seu inglês carregado de sotaque russo, causando risinhos nas meninas que começaram a comentar, como os dois eram bonitinhos e que como Yurio era lindo e o Yuuri era forte e interessante, como se eles dois não estivessem ouvindo.

― Meninas... Atenção! Eles dois, infelizmente, não vão fazer parte do nosso corpo de balé... ― houve um uníssono som de tristeza vindo delas que voltaram a conversar baixinho ― Meninas! Eles são da patinação artística, e como devem saber, tal esporte exige dança, e eles estarão treinando vários ritmos, utilizando nosso estúdio para o balé. Meninos, gostariam de dizer algo?

Yuuri sorriu de lado e negou com a cabeça, levantando os óculos que havia descido um pouco, Yurio também não fez questão de falar nada. Já as bailarinas, agitavam as mãos querendo perguntar algo. Ah sim, Yuri tinha que se acostumar com entrevistas, ele não era fã disso, mas fazia parte do pacote de atleta.

― Selena, seja breve. Vamos começar o treino.

― Sim senhora Bronner, eu apenas quero desejar boas-vindas a eles e perguntar ao Yuri, Plisetsky se ele já treinou com alguém do Bolshoi. ― ah o maravilhoso mundo do balé que idolatra a Companhia Bolshoi de Balé. Yuuri sorriu de lado e Yurio ficando vermelho acenou afirmativamente, vendo as meninas jogarem perguntas de como foi? Como eram os treinos e quem foi que educou ele.

― Sabe... ― disse Yuuri atraindo os olhares delas.Eu recebi dicas de balé e treinamento de Natalia Bestemianova e do seu marido Igor Bobrin, eles são...

―O Meu Deus, do Bolshoi on Ice! ― disse uma das bailarinas no meio das outras.

― Eu... treinei por seis meses com patinadores russos, medalhistas e estudei um ano no Bolshoi.

― Você também? Viktor me empurrou lá, que ano você estava.

― Ah eu tinha treze anos.

― Eu sai antes...

 As meninas ficaram eufóricas, batendo palmas e sorrindo, a professora suspirou chamando a atenção delas e indicando que fossem se alongar. Ambos tiraram as roupas, ficando de roupa coladinha, ambos com roupas negras, Yuuri ostentava uma camisa de mangas três quartos e deixava ver que tinha uma tatuagem no braço esquerdo.

― Você tem tatuagens? ― Yuuri olhou para o loiro e concordou, falando em russo e de maneira calma, Alongando o braço e depois o outro.

― Faz parte da máfia japonesa, ter marcas pelas mortes, cada escama do meu dragão é uma morte, ele já está com quase todas as escamas, ele serpenteia meu antebraço até o ombro.

― Yuuri...Não havia notado antes...

― Geralmente eu cubro com maquiagem o braço, para não aparecer nas apresentações, mas não estamos nos apresentando hoje então...Hey Yurio. Eu disse que não era boa pessoa, além disso eu sou mais russo que japonês, mas gosto mais das tatuagens japonesas, passei parte da adolescência treinado coma yakuza

― Tudo bem falar disso comigo? E Viktor também...

― Não importa muito, Viktor não disse que você era ele, pertencia a Brativa, se está com Viktor isso é o mínimo que tem que saber e não. Victorio, o pakhan dele não permite que a pele dele seja maculada por tatuagens. É Complicado explicar assim.

Ele estava no chão alongando as pernas em uma abertura horizontal, indo para esquerda e direita, já Yurio estava com a perna erguida e apoiado na barra, frente aos espelhos. Não foi uma tarde ruim, ambos executaram com perfeição as ordens da professora, que encantada com disciplina e potencial deles, convidou-os para entrar no balé da escola, coisa que ambos recusaram, afinal a dedicação total era a patinação. E assim aquela semana aconteceu, entre aulas, exercícios e alguns assédios de alunos, principalmente a Yuuri que parecia ter um magnetismo pessoal enorme.

◊― ◊―◊―◊

 

Yurio estava arrumando sua mochila, havia deixado alguns livros no vestiário e estava saindo do local de treino da patinação, passando pelo dojô de luta quando parou para observar os meninos treinando. Gostava de pensar que nos meses que ficou naquela escola fez tantos amigos quanto pode, era de fato um novo mundo que se abria para ele e Yuri o abraçava com prazer, agora em dezembro, sua mente girava em torno do que fazer para as festas, certamente voltar para Rússia, ver sua tia, mas só o fato de pensar em Ivanov lhe fazia retrair a pele.  O tempo em solo americano, em sua nova vida havia voado, muito mais rápido do que ele pensava.

O que tinha de mais maravilhoso era que estava voltando a Rússia a convite de Viktor, isso deveria lhe garantir uma certa proteção, certo? Voltando a olhar a sala de treinos, pode perceber que a maioria dos que ali treinavam eram todos altos e fortes, algumas meninas estavam por lá, compenetradas e decididas igualmente como os rapazes. Olhando com atenção, aquele lugar claro, ele lembrou-se da surra que Ivanov levou de Yuuri. Será que o japonês treinava alguma coisa e ele nunca via? Todo esse tempo as únicas coisas que sabia de Yuuri era sua ligação com a máfia, que ele havia preenchido seis escamas do dragão e que havia posto piercing nas orelhas, argolas negras. Outra coisa que intrigava Yuri era que o japonês treinava patinação com tanta dedicação e seriedade que ficava difícil imaginar ele fazendo outro esporte, e até mesmo luta. Contudo, Yuri sabia que ele tinha responsabilidades dentro do “trabalho” que ele fazia, as vezes Yuuri saia a noite, pela porta dos fundos do apartamento e voltava pela manhã, antes de todos acordarem. Sabia tão pouco nesse ano que havia morado com ele, porém não se importava muito, estava feliz, estava sendo amado, seja por ele ou por Viktor ou por ambos, Yuri sentia-se muito feliz, talvez...não, certamente estava apaixonado por seus dois amantes, embora nada fosse dito oficialmente, Yuri sorria, como se ele fosse uma mocinha para ter algo oficial, entretanto, ele sabia que não era um caso qualquer, tanto Viktor quanto Yuri e Yuuri haviam se confessado várias vezes, ainda não conseguia acreditar quando ouviu o eu te amo de ambos, havia chorado. Sim, como uma menininha, mas não de tristeza, de pura felicidade. Era o melhor ano da sua vida.

― Posso ajudar? ― Yurio olhou para quem falava com ele, despertando-se de seus pensamentos sobre como sua vida havia mudado, a sua frente estava Joshua, um dos gêmeos, o que menos falava, tinha os olhos verdes e era do conselho. Ele vestia um kimono de luta azul escuro e uma faixa azul escura estava na cintura dele.

― Ah oi! Hum, não eu hum, só estava passando e fiquei vendo o treino, parece puxado.

O rapaz sorriu levando as mãos aos cabelos e coçando, mostrado o local em um vago movimento de mãos. Tinha os dedos enfaixados e ao mover os cabelos pode ver a orelha deformada de que praticava muito a luta no solo, um desperdício na opinião de Yuri.

― É bastante, mas eu vi seus treinos com o outro Yuuri.

― Viu? Mesmo? O que achou?

― Claro que vi, gostei muito, cara aqueles saltos, e giros no gelo, vocês vão muito rápido, quando caem deve doer muito. Não tem proteção no chão como o nosso, que apesar de doer, puxa nem deve se comparar a de vocês. Eu também achei absurda a resistência de vocês, parece fácil pra quem olha, mas se que não deve ser.

― Ah sim, eu corro toda manhã antes das aulas e além disso tem balé e academia, estou sempre me exercitando para ter esse folego, Yuuri é bem mais resistente que eu, mas ele tem um regime de treinos puxado também, sobre as quedas, doem bastante, o importante é não bater a cabeça e se deixar cair sem por o braço, para não quebrar.

― Entendo, como no judô... oh Yuri, você consegue dar um salto daqueles fora do gelo.

― Às vezes, geralmente treino as coreografais antes de entrar no rinque. De regra treinamos os saltos básico e passos artísticos de balé, jazz, ou qualquer outro ritmo do programa, fora do rinque, pra depois adaptarmos ao gelo e tem também a flexibilidade.

― Legal... Tipo você é flexível... é muito flexível? Tipo, não dói nada, eu vi você se alongando no gelo estava com o celular e a perna lá no alto.

― Ah isso, ah eu meio que me esqueci dela lá...Não, não dói mais, consigo pôr o pé na cabeça, pelas costas, acho que depois disso não deve mesmo doer nada.

Eles riram um pouco e Yuri desviou os olhos, fitando os treinos e depois para Joshua, ele parecia mesmo interessado na vida da patinação e isso era legal, eram perguntas divertidas de se responder. Yuri sentia-se muito bem naquela escola. Repetiria para si mesmo, todos os dias e todos os momentos “o melhor ano da minha vida!!!”

― Porra, isso deve ter doido, muito quando começou.

― Bom eu comecei com três nos de idade, não lembro bem disso. Então...

― Ah... hum...  hey, hum, eu e o pessoal vamos dar uma festa na casa do Dawson, Erick Dawson. Vai ser legal, os pais deles abriram a casa para receber uma galera dos esportes amigos dele. Chama o Katsuki também.

― Oh, vou perguntar a ele, mas... bom parece que vamos viajar, será uma visita para minha família na Rússia

― Oh mesmo, meus parabéns! Viajar assim para ver a família, meus pais estão em Nova York, também vou vê-los, mas depois do natal.

― Ah obrigado. Sinto por isso, por que não antes?

― Bom, eles estarão trabalhando, espero que faça boa viagem com seu namorado, deve ser legal passar um dia especial com alguém especial.

― Namo...rado? AH NÃO! Não, quero dizer, o Yuuri não é meu namorado! Bom, não somos namorados oficialmente...eu...

― Não precisa se explicar, vocês estão em um lance?

― Sim, absolutamente, ele namora o Viktor, sabe o da apresentação cabelos brancos? Do começo do ano letivo, lembra? Mas... Yuuri e eu...

Era difícil explicar a relação deles, Yuuri nunca disse para ele negar, mas também não para dizer algo. Ele preferiu se calar.

― Ah sim, ele. Nossa, que garoto de sorte, esse tal de Viktor é... hum bem... Srte demais, ele tem aquele cara mais velho e também te monopoliza...que injusto.

― A vida nunca é justa Joshua...me desculpe eu...não posso mesmo sair com você como um encontro, mas se der poderia a festas, como amigo?

― Ah ok,mas eu não garanto que eu não vá fazer ciúmes ao seu japonês.

Yuri arregalou os olhos, Joshua parecia meio envergonhado, tinha um rubor no rosto e desviou o olhar. O loirinho olhou para o lado e depois suspirou, iria responder que não era gay, mas que ficava lisonjeado, só que ai ele lembrou de Ivanov, lembrou de tudo o que fez com ele, lembrou de ter ficado excitado com Viktor e Yuuri em seu sonho. Dos beijos.

― Eu... nunca pensei que alguém fosse querer algo comigo Joshua.

― Se-sério? É que você...

― Pareço uma menina, eu sei, mas não, nunca fiquei com um cara como você antes. Não tenho boas experiências e bom, Yuuri está sendo bom para mim, espero que encontre alguém que seja bom para você também.

― Não é por você parecer uma garota, acho que você não tem nada de garota, é só que você é um cara legal e bem bonito... Entendo que o Katsuki goste de você, mas como disse antes, não tem nada que me impeça de fazer ciúmes a ele.

 

Ele baixou o tom de voz e pareceu ficar ainda mais vermelho. Yuri só conhecia brutalidade, exceto é claro nós momentos que teve com Yuuri e Viktor, mas ainda sim, eles nunca avançaram em Yuri, nunca o forçaram a nada. Apesar do tamanho de Joshua, ele parecia ser... Carinhoso e legal, provavelmente muito legal tendo em vista que estava convidando outro cara para sair. Yuri ainda não conseguia aceitar que podia mesmo ter relacionamentos normais, que as pessoas podiam gostar dele, por ele mesmo.

― Bom, podemos sair, prometo que vai ser só sair. Cinema? Gosta de cinema? Amigos?

― Claro. Gosto muito de cinema, seremos amigos.

― Josh!!! Vamos, nossa vez.

― Okay, tenho que ir, nos vemos então. Das...

Yuri sorriu para ele e sussurrou o cumprimento em russo, que o rapaz repetiu e foi treinar. Caminhando para fora do complexo de treinos, Yuri sentia-se bem. No fim de tudo, passar seus dias ali o fazia se esquecer da realidade ou do seu passado, ele sabia que ir para esta escola poderia ser bom para ele, não sabia que mudar tão radicalmente de vida seria o melhor. Ainda com a cabeça nas nuvens ele entrou no apartamento, anunciando a chegada mas logo vendo que tinham visitas, alguns homens de terno e visivelmente japoneses o encararam. Moveram-se pondo a mão dento de seus ternos, Yuri petrificou na sala quando viu armas apontadas para ele, seus olhos estavam arregalados enquanto eles falavam em japonês com o jovem russo. Era difícil respirar, muito mais difícil ainda quando foi pego por um deles e levado ao centro da sala.

 

Fim do quinto programa

 

 

[1] http://cafesempo.com.br/10-curiosidades-sobre-o-tango/  9- No princípio, o universo do Tango era quase completamente masculino, tanto que a dança originalmente era com dois homens, daí vem a origem do rosto virado no Tango.

[2] Aumentei pra abrilhantar a historia.

[3] https://www.youtube.com/watch?v=jvipPYFebWc

[4] https://www.youtube.com/watch?v=QLgS0EvYArw



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...