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História Yuri!! On Hell - Sexto Programa Dois Natais e Um Ano Novo


Escrita por: Makoshida

Notas do Autor


Então, peço imensas desculpas pelo atraso, mas tive muitos problemas, como já avisei.
Ficou um dos maiores capítulos e sim é o final,porém tem extras, para explicações, fechamentos de ciclos e lindamente um extra sobre o Alexis para sua fic, sim ele terá um fic romantica.

Obrigada por todos que leram, e aguardaram esse desfecho, espero que tenham gostado e possam ler outros trabalhos meus.

Capítulo 6 - Sexto Programa Dois Natais e Um Ano Novo


Fanfic / Fanfiction Yuri!! On Hell - Sexto Programa Dois Natais e Um Ano Novo

 

 Os homens de terno estavam encarando o loiro, não pareciam que eles iriam recuar de suas posturas ofensivas um milímetro sequer falavam em japonês com suas vozes graves, características dos japoneses da reputação deles, Yuri havia visto nos filmes, falando algo que Yuri não conseguia entender, trocavam informações entre si, apontavam para ele e até um deixou a arma a mostra, talvez se ele corresse poderia voltar pela porta e descer as escadas buscar ajuda, quem sabe a polícia. Impossível, qualquer movimento que ele fizesse seria notado por eles, seriamente acreditava que levaria tiros pelas costas e iria parece uma peneira de tantos furos que levaria. O loirinho olhou ao redor, o seu companheiro de apartamento não estava ali, aquilo era mal, como não sabia nem “bom dia” no idioma dele, cogitava implorar pela vida. Ainda apreensivo, percebeu que a ausência do seu amante era algo a se preocupar. “Será que algo havia acontecido com ele? ”  Perguntou-se mentalmente agora ficando ainda mais aflito. Observou um dos homens falando algo na mão, talvez um daqueles pontos de seguranças, assentiu para os outros homens de terno e estes curvaram-se falando algo para Yuri. Guardaram suas armas e voltaram para onde estavam antes dele chegar. Uma mudança brusca de tratamento muito suspeita para ele, não estava confortável de estar ali, podia sentir suas unhas curtas furando a carne das palmas das mãos de tanto que as apertava.

Longos e intermináveis minutos de um silêncio constrangedor foram quebrados por passos suaves no andar de cima e depois nas escadas. Yuuri apareceu ali, usava apenas uma calça de algodão preta e camiseta, regata que deixava ver bem seu dragão rodeando o braço definido e magro. Não tinha a melhor das caras, parecia extremamente mortal, na boca tinha um cigarro o qual fumava com certa impaciência e no ouvido um telefone, falou algo em japonês, parecia que estava brigando com alguém, sua maneira de falar com os seguranças era tão rude que eles encolheram-se repetindo o gesto de se curvar e falar a mesma palavra, talvez fosse um “desculpe” em japonês. Yuuri terminou de descer as escadas, ele não deixou de notar que o japonês fumava, e ainda discutia no telefone, desta vez em um bom e audível russo, esbravejando e quase esmagando o aparelho nas mãos.

― Não acredito nisso! Você é desgraçado desleixado, eu estou puto da vida, vou matar todos eles, sabe disso... NÃO ME FALE PARA ACALMAR PORRA!!! Foda-se seu russo de merda! AHOKA!! BAKA!!! BAKA!! ― misturava ele os idiomas, de relance Yuri viu o japonês o encarar e suspirar. ― Espere ai, disse para esperar caralho!

Ele parecia estar à beira de um colapso nervoso enquanto falava com alguém, em japonês, depois russo, voltando ao japonês.  Ofegando ele tirou o aparelho do ouvido e jogou na mão de Yurio que o pegou assustando-se com o ato.

― Yuri está aqui, vou pôr no viva voz, falaremos em russo.

― Yuri! Você está bem?

― Viktor?  ― surpreendeu-se ele ao saber que era com o outro russo que ele falava, mas nem tanto, sabia das brigas que eles tinham, discussões violentas ― Ah sim, estou e você? Sua voz está estranha, tudo bem com você?

― Vou bem melhor, foi de raspão, fiquei preocupado, Yuuri me falou que nada aconteceu ai. Você notou algo estranho?

― Não estou entendendo, ― ele olhou para Yuuri que estava massacrando outro cigarro nos lábios, parecia mesmo enfurecido. ― Aconteceu algo com você? Aqui está tudo parado, nada de estranho, Viktor? Só o Yuuri que parece irritado...

― Merda, não foi nada grave...

―  Nada grave, ele diz, nada absolutamente grave FALOU OVELHO BABACA!!! Yurio, sabe o que aconteceu, vou lhe contar. Tentaram sequestrar o filho dele, na porra da Rússia QUE DEVERIA SER SEGURO POR SER SEU LOCAL DE INFLUÊNCAI CARALHO!! E como desgraça pouca é refresco, a porra de um atirador acertou o braço do Viktor de raspão quando ele estava no aeroporto, ele está preocupado que venham atrás de mim, consequentemente de você.  EU ME PERGUNTO QUE MERDA VOCÊ TEM NA SUA CABEÇA SEU... ― e mais uma vez ele alterou o idioma agora quase agarrando o celular das mãos dele e o batendo no chão tamanha sua raiva. A discussão em japonês foi a um nível dos gritos enquanto o moreno estava a caminho da cozinha.

 

O tom rude e as vezes alto sugeria que eles estavam brigando, mas brigando e muito, o japonês explodido agora para inglês, russo e japonês, e Yuri sentia que não seria boa hora de tentar acalma-lo. O loiro estava chocado, pelos acontecimentos, tiroteio, sequestro e principalmente pela quantidade de seguranças ali presentes, pareciam estatuas ou robôs, além disso estava estarrecido  por saber que Viktor tinha um filho.  Fazia sentido, não se subia na organização se não tivesse boas relações, mas um filho era algo que Yuri não podia sequer sonhar, afinal conhecia as preferências de Viktor, ele era amante aberto de Yuuri, e seu, bom não seu, final ele ainda era de menor e envolver-se com um cara tão mais velho daria problema para ambos, mesmo que Yurio já soubesse bem o que quer da vida e fosse mais adulto que Viktor em quase 70% da relação. Viktor era um bobo a maioria das vezes.

Outro ponto chamava a atenção dele e o preocupava imensamente. Viktor estava ferido, coisas que ele não entendia, mas era logico que um grande chefe na Rússia deveria ser protegido e ainda sim, havia recebido a notícia que Viktor estava ferido e que sofrerá uma tentativa de sequestro. Se alguém como Viktor pode ser ferido, talvez ele estivesse em perigo também, então tudo isso explicava aqueles homens, estavam protegendo Yuuri e também havia uma carga negativa vindo do japonês, ele parecia consumir as sombras da casa, e tornar-se ainda mais perigoso. Era uma sensação sufocante.

“ ―Você não tem medo dele não Yuratchka? ” ― o loirinho olhou para os seguranças, tinha certeza que algum deles havia falado, mas em russo? E ainda sim o chamado com um apelido carinhoso? Algo estava estranho ali, continuou olhando para ele, curioso com quem quer que tivesse falado com ele, um talvez estivesse apenas imaginando coisas. O estresse do momento o fazia pensar em coisas, já havia ocorrido antes, na verdade essa voz sempre lhe acompanhava, desde que Ivanov havia violentado seu corpo que seus pensamentos eram conturbados e debatia dentro de si mesmo várias situações, contudo nunca foi tão audível como agora.

Levantando-se foi colocar a mochila no canto ele sentou-se em um dos sofás, os olhos dos homens de terno seguiam ele a onde quer que fosse e isso incomodava Yuri, sentia-se intimidado e pelo que ele havia pesquisado na internet orientais de terno eram sempre da máfia japonesa, parecia que era um consenso estarem bem vestidos com os seus chefes. Sabia bem que Yuuri fazia parte de uma dessas organizações, o moreno havia admitido que sua família toda era da Yakuza, então aqueles eram homens de Yuuri? Nunca havia cogitado que alguém tão jovem pudesse mandar em caras com aparência de serem mais velhos, chegava a ser bizarro se não assustador. O moreno voltou para sala, falando alguma coisa em japonês, os seis curvaram-se em reverencia, parecendo rígidos demais rapidamente saindo e uma um pelas portas dos fundos da casa, que era uma saída pela cozinha, direto para a rua, fora dos terrenos da escola. Viktor havia explicado que não podia depender sempre de passar pelos territórios da escola e aquela parte do prédio tinha calçada e janelas para a rua. O loiro viu o moreno jogar-se no sofá, suspirar e esfregar o rosto.

“― Oh acho que ele está mesmo irritado Yuratchka, que tal você chupar ele?” ― Yuri ignorou aquele pensamento de merda e aproximou-se do outro, acariciando-lhe os fios negros.

― Yuuri, como...

― Viktor está bem e o filho dele também, foi mais um susto mesmo, tentaram levar o pequeno da escola, mas os professores alertaram a segurança, Viktor ficou puto, viajou para Rússia imediatamente, quando chegou lá, foi ver a esposa e filho, no meio do caminho foi alvejado. Obviamente uma emboscada.

― Nossa...Eu estou... filho? Esposa? Hum... eu achei que Viktor fosse.. E o que são esses homens? Tipo eles são...

― Meus homens, sim, Viktor surtou lá e acha que podem me atacar, pedi que os rapazes viessem para dar um reforço nos dois... Espera por que está tão chocado com o fato do Viktor ter filho e ser casado?

― Eu achei que ele era casado com você, bom mais suspeitei que ele deveria ter um relacionamento formal na Rússia, por ser da máfia e bom Viktor com um filho, tipo como foi que ele fez um filho?

― Hum... ― Yuuri tirou o cigarro da boca e apagou no cinzeiro, que estava lotado de bitucas. Suspirando olhou para o teto e coçou o rosto, olhando para Yuri de maneira séria, quase sem expressão. —Primeiro um homem e uma mulher deitam-se nus em uma cama, daí ele enfia o pau nela, bem na boce...

― EU SEI COMO SE FAZEM BEBÊS!!! ― Yurio ficou vermelho, baixando um pouco o tom de voz e pigarreando― O que quis dizer é que, Viktor não parece o tipo de cara que transa com mulheres.

― Ah, fala da “viadagem” excessiva dele, esse casamento foi arranjado e Viktor teve que comparecer no ponto algumas vezes, não é que seja difícil transar com mulher, bom para o Viktor deve ter ido, ele gosta exclusivamente de homens, mas a pessoa faz esforço e existem remédios para isso. Além do mais, ele gosta da esposa, mas ela entende as preferencias dele, na verdade Alexandra e eu somos bons amigos... E não é como se Viktor só transasse com homens, mas ele ultimamente só tem estado comigo e obviamente com você.

― Já sei é uma história complicada. E ainda acho estranho você falar disso tão normal, não se sente traído?

― Não muito, se eu não soubesse que ele faz ou deixa de fazer, eu me sentiria traído, pela falta de confiança, já o caso da Alexandra...bem... Ela flagrou o pai dela violentando o próprio marido e entendeu que era filha de um monstro, desde então ela é nossa aliada, gosto dela.

Yuri arregalou os olhos para a informação, o japonês nem parecia abalado, apenas recostou-se no sofá arfando e parecendo recordar algo, seus olhos castanhos vagavam pela sala ele suspirou para depois coçar o cabelo. O loirinho ainda processava as informações, Viktor violentado, como ele, agora fazia sentido todo o cuidado que ele tinha com o loiro, na cabeça de Yuri, Viktor queria algo em troca e no entanto ele estava apenas ajudando-o, sabia o que era ser abusado como ele foi, mas ainda sim Viktor? Não, deveria ser engano, ele parecia tão forte, e poderoso, como alguém poderia sequer abusar dele. As imagens de Viktor na cabeça de Yuri eram sempre tão bonitas, ele era de fato um homem legal, sorridente, as vezes até infantil em algumas coisas, possuidor de um sorriso apaixonante, tentar sequer imagina-lo sofrendo era difícil.

― Como...c-como foi q-que ele permitiu isso?

― Viktor é ou foi, não sei dizer bem, escravo sexual do sogro desde os dezessete anos, dezoito acho, o velho faz o que bem entende com o corpo de Viktor, bom já foi bem pior, ele está bem velho agora, por isso Viktor está assumindo tudo, ai que entra a história do casamento, Victorio, o dono do Viktor, fez ele se casar coma própria filha, Alexandra, que era fã do Viktor. Por capricho mesmo, para mostrar a total submissão do Viktor ao poder dele. Eles curtiram um casamento normal por alguns meses, mas Victorio é o pior tipo de praga que existe na vida, ele sempre manteve Viktor na rédea curta.

― Por que? Ele chantageava o Viktor?

― Eles fizeram um acordo, Viktor tinha um amante, eram noivos e tudo, mas alguém que trabalha para Victorio, sem autorização do velho, mandou matar o amante do Viktor e sequestrou Viktor, como vingança nosso russo delicia vendeu sua alma e corpo para Victorio.

Yuri ficou pesando sobre as informações e o discurso do treinador Maximillian fez algum tempo, agora encaixava as peças do quebra-cabeça que era a saída do mais velho do mundo da patinação, Viktor pertencia a alguém da máfia quando deixou de patinar, ele já não era dono de seus próprios desejos. Não entendia bem a ideia de vingança que Viktor tinha, era demais se sujeitar a tanto por causa disso, mas talvez fosse um amor maior, algo que ele nunca entenderia. Não que não pudesse experimentar o mor agora, com eles, mas esse tipo de doação, de sacrifico? Yuri não conhecia anda assim em sua vida. Ele olhou para Yuuri que estava calmo, olhando-o atentamente, ele parecia aborrecido, meio triste, porém principalmente aborrecido, não com a história, mas com os fatos atuais. Yuuri sempre parecia ser sombrio, observando e por poucas vezes explodindo como agora, isso gerava duvidas n cabeça de Yurio. Será que Viktor amava Yuuri do mesmo jeito que amou o noivo, talvez até mais, quem sabe isso que é o tal do Amor. É algo tão louco e diferente. Yurio gostaria de provar dessa loucura nem que fosse um pouco, talvez desse sentido a sua vida.

― Você não...parece abalado. Na verdade está bem calmo me contando isso, tem certeza que poderia falar assim. Sobre esses assuntos?

― Eu? ― ele sorriu dando de ombros.Claro que posso falar sobre isso, ninguém me impede de fazer isso, mas eu não estou abalado? Bom acho que se deve a minha condição. Sou filho bastardo do meu pai, sabe quanto eu apanhei dos meus irmãos que eram legítimos? Eles treinaram suas “performances” sexuais, de merda, comigo, quando Viktor me tirou da custodia dos meus pais e me fez dele, eu já era a puta dos meus irmãos, acho que no fim eu iria virar um prostituto da yakuza, que os chefes comem para satisfazer desejos enquanto desfilam com suas esposas. Se isso fosse útil ao meu velho com toda certeza ele faria isso, é tão prova que ele me trocou para um contrato proveitoso, nem sequer me deixou despedir da minha mãe ou terminar meus estudos no Japão, só mandou fazer minha mala e me chutou para ficar com Viktor. Como um cachorro.

― Yuuri...

― Viktor me salvou, mesmo que eu fosse estragado e quebrado, ele confiou em mim e me defendeu quando Victorio tentou abusar do meu corpo, foi...Assustador ver como ele era tratado, não sei como... Como aquele velho desgraçado poderia bater no Viktor, ele é tão bonito, não falo só do rosto ele é...

― Um amor de pessoa.

― Isso define bem, um amor.

Ambos olharam para os dedos das mãos, Yuuri parecia interessado demais no esmalte preto que descascava de suas unhas bem feitas, o japonês parecia mesmo estar preocupado com seu amante, mesmo que fosse forte, o que Yuri não duvidava em um único segundo, sabia que ele tinha um coração frágil quando se tratava de Viktor. O loirinho moveu o corpo magro pelo sofá e sentou-se no colo dele, o japonês o recebeu abraçando a cintura magra, erguendo o rosto e recebendo um beijo calmo nos lábios.

― Ele vai ficar bem. ― disse ele dando outro beijo na boca de Yuuri, depois descendo no rosto e pescoço.

― Eu sei, só não gosto dele na Rússia, sabe, Victorio está lá mesmo que Viktor seja forte ele vai seguir seu plano.

― Hum, parece que ele amava muito esse homem que foi assassinado.

― Muito é uma palavra que não descreve o tamanho do amor dele por Alexis, o filho do Viktor se chama Alexis sabe? Quando eu era mais novo tinha inveja do cara morto, Viktor faz tudo por causa dele, mas quando comecei a amar realmente eu entendi que eu faria o mesmo. Não descansaria se quem tivesse matado meu Viktor não estivesse recebendo o castigo devido.

Yuri olhou para os olhos de Yuuri, eram frios apesar da cor quente de mel com chocolate que eram aqueles olhos. A face de um assassino presumiu Yuri e isso não o incomodava, o que era estranho. Constantemente o loirinho perguntava-se se por todas as coisas que viveu e foi obrigado a fazer, seu senso de bem e mal haviam sido distorcidos. Possivelmente. A confusão mental que se instalava na sua cabeça as vezes o fazia desejar coisas que tinha certeza não pertencer a sua personalidade, ao menos a personalidade que estava acostumado a mostrar aos outros, secretamente ele desejava fazer coisas horríveis com as pessoas que eram ruins com eles. Assim como desejava agrada as pessoas que eram boas com ele, Yurio beijou a boca de Yuuri mais uma vez, lambendo os lábios dele e ajeitando melhor em seu colo, abrindo as pernas e sentando nas pernas dele. As delicadas mãos foram para a barrica, por baixo da camiseta, alisando apele macia e dividida.

― Quem foi... a primeira pessoa que você matou? ― aqueles olhos verdes focaram-no rosto do oriental, que estava com os olhos focados no russo. Yurio sentiu o rosto esquentar, talvez corando. Uma das mãos de Yuuri foi para aquele rosto bonito, tocando a parte que havia enrubescido, desenhando a boca fina e pondo o polegar na boca dele, sendo imediatamente chupado.

― Hum... um garoto da minha escola, ele não me tratava bem, achava que eu era um lixo e fazia bullying comigo. Cara, Touru me irritava até os fios do cabelo do meu saco. Dizia coisas ruins ao meu respeito para todos na escola, jogava lixo quando eu passava.

― C-como fez?

― Empurrei ele do prédio da escola, depois gritei por socorro e disse que tentei impedir ele de se jogar, mas ele não quis. Sou bom ator, espere, tem alguém te perturbando?

― Bom, não. Aqui não tem nada que eu realmente me irrite, não sei se eu seria capaz de...

― Matar? Não é difícil, o problema de se matar não é o ato, quanto mais raiva, mais fácil você mata, é o remorso que te corrói, o amanhã sempre é ruim.

Yuri passou as mãos nos cabelos loiros coçando um pouco o casco branco dos fios. Era tudo tão perigoso. Yuuri aproximou-se do loirinho, pegando suas mãos as beijando, depois aproximando os rostos, sendo afastado pelo loiro que virou a cara, negando suavemente, aquela confusão na sua mente estava lhe dando agonia, sentia-se bem, realmente bem falando de mortes e estar excitado? Podia estar de maneira normal, falar com um assassino e ainda sim sentir-se duro pelo desejo de ser possuído?

― O que foi?

― O que somos?

― Hum?

― Um cara me chamou para sair, Joshua, do conselho, só me chamou depois que eu disse que não éramos namorados mas... estamos sempre nos beijando e você faz coisas comigo, me toca e alivia. Por que faz isso? Aliás, por que fazemos isso? Agora mesmo eu estou duro só de ouvir você falando de mortes.

― Hum, suponho que por você ser gostoso, legal, bonito, interessante, esperto, gentil, divertido...

Yurio o olhou atordoado, tencionando se levantar do colo do outro mais sendo impedido pois seu quadril foi segurado e o japonês rocou a própria ereção nele.

― Eu não sou tudo isso, não minta Yuuri...

― Quem disse que não é? Você está morando em um país estrangeiros, sem ninguém por você, isso tem que ser um grande traço de coragem, você é um dos melhores da turma, seu desempenho na patinação é muito foda, caramba garoto! Você deveria ser no mínimo um gótico introvertido ou um desses meninos que se matam, tendo em vista por tudo o que você passou, mas você é forte. Eu gosto disso em você, Viktor gosta da sua força também, dentre outras qualidades, e ainda sim, você é generoso.

Yuri sorriu para ele, era tão fácil conviver com Yuuri, apesar de tudo o que sabia que ele estava envolvido, era um rapaz tão divertido. Fazia-o sorrir, e o acolhia quando tinha seus pesadelos com Ivanov, que havia consideravelmente diminuído nesses meses. Sorriu ainda mais quando recebeu um afago nos cabelos Inclinou o corpo sobre o dele, dando um beijo suave e recebendo um beijo quente.

― Você quer fazer? ― perguntou o loirinho, afagando os fios negros da nuca do oriental.

― Sim. ―Yuuri sorriu voltando a beija-lo devagar, apreciando aquela boca fina e o cheiro dele. As mãos finas de Yurio foram para a própria calça, anda era a do treino, um tecido justo e abaixou até a metade das coxas, puxando a de Yuuri no processo, sentando nas coxas do patinador japonês, esfregando os sexos de ambos juntos.

― Yuri, olha pra mim.

Os olhos verdes ergueram-se das genitálias para os do outro, estavam brilhantes, convidativos. O russo ofegou fechando os olhos, mordendo a boca ao sentir a mão do outro em si.

― Não... desvie o olhar, Yuri, me olhe. ― ele o fez sendo sentado no sofá, onde Yuuri tomou a posição de ficar por cima dele, abaixando para um beijo delicioso, abaixando os beijos pelo pescoço. ― Yuri... não desvie o olhar.

― E-Eu estou com vergonha de que fique ahhh Yuuri...

O moreno abocanhou o loiro, chupando a cabeça e depois lambendo até base, olhando sempre, vendo suas expressões mudarem, enquanto os olhos de ambos estavam conectados. Yuuri sorriu um pouco, voltando a abocanha-lo com vontade, tocando a si mesmo, bombeando rápido e chupando rápido também. As mãos finas foram aos cabelos negros, segurando-os, arqueando as costas no sofá, fitando o teto e depois vendo tudo embaçado pelas lágrimas que saíram durante o orgasmo.

― Você é lindo. Vamos subir, tomar um banho, quero entrar em você um pouco.

― Yuuri, acabamos de...

― Preliminares, apenas.

 

 

 

Viktor sentia seu braço formigar, aquele sentimento de que várias forminhas passeando pelo seu corpo estava começando a lhe irritar. Apesar da sua cura rápida, fingir estar com o braço machucado requeria muito do seu poder para de fato, permanecer com ele machucado. Não iria parecer um freak Magic só para exibir seus poderes. Era uma amolação que devia passar, mesmo com tanto poder, que ele tinha consciência que possuía, ainda não tinha habilidades necessárias para usa-los em sua plenitude e desperdiçar com uma cura rápida só para não sentir incômodos passageiros era supérfluo. Tudo tinha sua hora e tempo, disso ele sabia, e cada coisa caminhava para um desfecho esperado. Ele moveu-se na cama suspirando um pouco, tinha que encontrar-se com alguns associados, procurar que era o imbecil que tentou mata-lo e sequestrar seu filho. Apesar de tentar mata-lo, esse não era o grande problema para Viktor, mas levar seu filho, ah isso ele não iria perdoar, nem esperar por uma vingança lenta, seria enérgico e brutal.

A porta do quarto de Viktor foi aberta com força, fazendo-a bater na parede, o loiro olhou para ela e apenas vislumbrou um furacão prateado que corria para Viktor, pulando em seu colo e derrubando-o de costas na cama, por dois segundos nada aconteceu até que os grandes olhos azul acinzentados, como o céu em dias de tormenta, de Alexis estavam brilhantes e avermelhados do choro, seus longos cabelos, que eram da mesma cor do fios do pai também estavam desalinhados e na bochecha ele tinha um “band-aid” chorando ele sacudiu as mãos na frente do rosto, secando as lágrimas com as mangas da camisa.

― Papa!! Papa!! ― ele tremeu o lábio e afundou o rosto no peito do mais velho, apertando-o e chorando, era um choro tão desconsolado que lhe molhava a camisa de alfaiataria. Viktor rodeou seu pequeno nos braços e cheirou seus cabelos limpinhos e macios, odiava ver seu filho daquele jeito. Com toda certeza do mundo iria pegar aqueles desgraçados.

― Calma, meu amor calma, papa está bem, e você está bem?

― Eles eram “homem” ruins... eu não fui.

― Muito bem, quem você deve confiar Alexis?

― Na mama, no papa e no dyadya[1] Yuuli e o Sasha.

― Por que?

― Homem mal levar Alexis “pá” longe. Ai fico sem mama e papa

― Muito bem meu amor, viu, você está seguro. Ninguém vai te pegar meu amor.

― Hunf medo... fiquei com medo.

Viktor afastou os cabelos dele de seu rosto e lhe sorriu, seu menino estava com as bochechas molhadas e rosadas pelo choro, o medo em seus olhos de tempestade enchia o coração de Viktor do mais puro ódio, apesar de tudo ele era simplesmente lindo, parecia uma miniatura dele mesmo, só que era tão doce que chegava a doer em seu peito pensar em perde-lo, além disso Viktor sentia uma forte energia vindo do garoto, talvez tivesse herdado algum poder dele, porém, só a sua beleza era algo maravilhoso.

― Alexis, seu pai está machucado...

Alexandra entrou no quarto, tirando o par de luvas e deixando o casaco cair pelo chão, atrás dela uma jovem garota apanhava tudo e corria para guardar, ela veio em seus altos finos, elegante como sempre e subiu na cama, beijando Viktor na boca, apenas um selinho e depois tirando Alexis do colo do pai, pondo-o no seu próprio, elegantemente ela sentou ajeitando a saia esvoaçante dela, consolando seu pequeno tesouro. O garotinho parecia mais consolado agora enquanto estava no colo de ambos os pais, que o mimavam. Em francês os dois falavam entre sorrisos e carinhos, Viktor e sua esposa, Alexandra eram bons amigos, confidentes e escolheram a língua dos amantes para poderem falar livremente, uma vez que ninguém que os cercava falava aquele idioma, exceto talvez Alexis

― Você está bem mesmo querido? Fiquei tão preocupada com o que aconteceu cm Alexis e lhe chamei, e aconteceu isso, me desculpe.

― Você fez bem Alex, é nosso filho e eu estou, fiquei preocupado com ele, como puderam?

― Não sei, mas iremos acha-los, cada um deles, contudo, deixe-me dizer que temos problemas mais tristes, Ele está vindo aqui, já chegou aos ouvidos dele, e também está irritado com os ocorridos, afinal foi uma afronta não só a sua vida e de Alexis, mas ao status dele.

― Porcaria, não vai desgrudar de Alexis não é Alexandra? Nem por um segundo, mantenha a babá perto dele sempre que você não estive re um segurança.

― Não, Viktor fique calmo, ele não vai fazer nada com nosso bebê, com aquele doente no mesmo teto, eu sempre reforço tudo porém... ele vem por você, não é?

― Provavelmente, acho que ele ama o garoto no fim. Mas sei que ele também quer falar comigo. Ficará para as festas? Sei que não comemoramos natal, mas Alexisi merece ter todas as festas que nós não tivemos. Terei que trazer os dois Yuri para cá agora, não os quero tão longe, podem estar declarando uma guerra... Droga.

― Viktor, fique calmo, ― ela inclinou-se para ele o beijando na boca novamente, devagar, fazendo-o fechar os olhos e suspirar. – Fique calmo, nervoso você só comete erros... Então, quer dizer que adotou outro na sua lista de bons meninos que não são tão bons assim.

― Alex... ― ele riu um pouco devolvendo o carinho nela, afagando seus cabelos longos e depois puxando-a para deitar-se com o seu filho no meio deles dois. -  Esse é diferente, de fato é um menino bom, mesmo passando por tudo o que eu sofri, se mantém tão generoso, tão puro.

― Oh querido, é mesmo?

― Apenas dezesseis anos.

― Que lástima, protege-o também Viktor. Sei que pode proteger a ele assim como nós protege e estamos aqui por você, sabe disso não é?

― Claro que sei ― ele sorriu para ela que apertou o menor nos braços, Alexis ergueu a mão mexendo no rosto do pai com o dedo, atraindo os olhares para ele.

― Mamãe...fome, quero bolo. ― eles sorriam para seu pequeno, que coçava aos olhos, talvez o choro tivesse liberado todas as forças dele, deixando-o sonolento, mas a verdade era que ele poderia dormir quando se sentia seguro. Viktor levantou-se da cama, tomando seu menino no colo, rumando para a cozinha do apartamento. A acompanhante de Alexandra, Lilim, estava ali, e logo que o viu curvou-se para recebe-lo.

― Meu filho quer bolo, apenas bolo Alexis?

― Leite com “chotolate”

― Você ouviu, Lilim? E certifique-se de provar cada coisa antes de dar a ele, de bebida a comida.

― Sim senhor, algo mais.

― Prepare uma massa com molho de carne e queijo para mim a senhora, vinho branco, gelado, e vamos ter bolo para sobremesa

― Sim senhor o farei. Com licença.

Ela o cumprimentou e ele saiu dali, Viktor voltou a sala com seu pequeno o colocando sobre o chão, ele correu para a sala onde pegou controle e deu ao pai. Sua esposa estava sentada já sem os sapatos, agarrada ao computador e ao telefone, falando com os homens da sua organização, ambos eram poderosos, mas ela tinha também seus contatos.

― Que ver desenho? ― ele assentiu e Viktor ligou a TV procurando um canal qualquer, deixando em um volume comum enquanto falava com sua esposa, sempre em francês, idioma que os empregados nem faziam ideia de como começar a pronunciar.

― Yuuri está bem?

― Sim, não houve nada lá, ele deixou seus homens de prontidão para qualquer eventualidade.

― Bom, estou vendo com os chefes das gangues quem possa ser o mais interessado. Bristoniv disse que talvez tenha dedo de Serguei nisso.

― Serguei?

― Pessoalmente, acho que ele não é tão burro assim Viktor, porém estou checando mesmo assim. Estou checando papai também, não confio nele então está na lista.

― Sobre o sequestro?

― Sobre tudo, você sabe que ele é doente, não me admira que ele queria fazer algo com você.

Alexis sorriu um pouco e puxou a manga da camisa de Viktor, apontando a TV, o mais velho bagunçou os fios da cor prata, perdendo minutos para ver o desenho com ele, era de fato engaçado, apesar de não entender bem por que o garoto não tirava a touca e falava com aquele cachorro amarelo e como aquele elefante, Dona Tromba, cabia na casinha. Desperdício de torta no fim da cena.

― Se ele estiver envolvido...

― Eu mesma irei queimar ele com um ferro em brasa, meu filho não será levado por aquele animal, não deixarei jamais que ele seja um brinquedo prostituido

― Como eu?

― Viktor eu não quis...

― Tudo bem, nada a desculpar aqui. Sei bem o que eu sou. Já você mudou, está feroz.

― Tudo o que vivemos mudou a pessoa que fui, eu amo Alexis, não deixarei nada, nem mesmo meu pai machuca-lo, sei bem do que ele...

― Não fale disso na presença dele.

Alexis olhava interessado na conversa, bem mais do que no desenho, quando Viktor pediu que Alexandra se calasse, ele arregalou os olhinhos e sorriu, voltando a ver a TV. De todo modo aquela criança estava ali, ouvindo tudo.

― Entendo, desculpe.  Hum recebi um e-mail, parece que a arma é de numeração raspada, mas foi usada em um assassinato, as estrias batem.

― Certo... Mudando radicalmente de assunto, pois tem alguém aqui muito interessado na nossa conversa ― Viktor encostou o pé descalço dele nas costas de Alexis e o empurrou pra frente, fazendo o garoto curvar-se e sorri para ele, caindo e ambos brincando com os pés, de empurrar.― Como foi o evento?

― Foi chato, as pessoas vieram falar de você, dizendo que o acontecido estava ligado a importância que você tem no mundo financeiro da grande mãe russa afinal ainda sou apenas uma mulher muito rica filha de alguém poderoso casada com alguém poderoso, nada seria para me atingir diretamente.

― Você é poderosa.

― Nessa sociedade machista? Querido você sabe muito bem como é que a música toca. Sabemos disso, muito bem até, afinal estamos casados pela conveniência, porém gosto que achem que sou fraca por ser mulher. Me diverte quando fazem cumprimentos ao Boris, nas reuniões dos sindicatos e dos associados, achando que ele é O “Alex”.  Tem que ver, ele fica sempre sem graça coitado.

A empregada de Alex entrou no local, ela empurrava um carinho com as comidas. Alexis sorriu para ela e foi saltitando para o carrinho, esperando-a comer e beber de sua comida para só então ele receber um prato com gostosuras, indo sentar no tapete para ver outros desenhos. Viktor fez uma cara de dor ao se mover para pegar alguns relatórios, olhando para a sua esposa que apenas negando reprovando-o por não estar descansando. Viktor iria dizer algo, mas seu telefone tocou, ele olhou a tela de viu o número de Yuuri nele, atendendo rapidamente.

― Alô? Yuuri?

― Estamos indo para Rússia.

― O que, aqui não é seguro e como assim estamos?

― Alô, Viktor?

― Yurio?

― Hum, sim, nós estamos indo ai, não queremos ficar longe de você e bom, nossas aulas estão no fim, temos boas notas podemos viajar antes.

― Eu não acredito que vocês estão mesmo cogitando vir aqui, agora nesse momento. ― Viktor exaltou-se tanto que teve que gemer de dor, e depois viu o rosto de seu filho assustado. Ele olhou para o pequeno, acariciando seu rosto e cabelo, saindo da sala para ir ao quarto, em sua privacidade ele apertou o telefone no ouvido. ― Yurio, passe para o Yuuri.

― Está no viva-voz.

― O que você está pensando? Que merda! Provavelmente aqui vai se tornar uma guerra...

― E é por isso que quero ficar perto de você porra! Não posso deixar Yurio aqui com meus homens, ele é lindo demais...

― Yuuri...não...diga isso.

― E não posso deixar você sem mim, eu te amo Viktor. Você entende que eu não posso deixar você?

Viktor sentou-se na cama, apoiando um dos braços no joelho e na mão a cabeça. Não podia mesmo ser diferente, Yuuri sempre foi louco por ele. E ele era louco por seu japonês, amava-o e sabia o que era ficar longe de quem se ama, sentia-se dependente dele.

― Viktor?

― Sim Yurio?

― Eu também acho que te amo o suficiente para querer estar perto de você, desculpe... mas estou mesmo preocupado com você. Não posso suportar te perder, você se tornou parte de mim e eu me tornei seu. Estou apaixonado, não quero mais perder aquilo que amo por medo.

Ah sim, havia ainda seu mais novo amor, aquele pequeno russo frágil de olhos verdes que havia, aos poucos, conquistado um espaço significativo no seu coração. Viktor sorriu, estava tão derrotado pelos Yuri’s que nem podia negar um pedido desses.

― Yuuri?

― Que?

― Você promete que vai cuidar de si e do Yurio?

― Vá tomar no cú! Você sabe que sim! Quero você nos meus braços Viktor... Por favor, me receba, não melhor. Nos receba.

― Venham.

― Ok, estamos embarcando agora, iriamos mesmo que você não desse aprovação.

― O que? Como assim embarcando? Vocês petendiam vir mesmo se eu...

― Nos vemos depois Viktor, estão chamando nosso voo. Nos vemos em breve. Sayonara!

― Do svidaniya!!

― Alô!? ALÔ!?? Esse...

O som do telefone sendo desligado foi a única resposta que Viktor teve, ficou um tempo ali olhando o aparelho, mal acreditando que se deixou manipular por aqueles dois. Ergueu o olhar e sua esposa estava na porta, escorada no batente e de braços cruzados o olhando, não parecia muito feliz apesar de estar rindo dele.

― Vamos para A Mansão, esse apartamento vai ficar pequeno com eles dois.

― Meu pai vai estar na mansão, quer mesmo dividir o teto com ele?

― Nós teremos mais segurança lá, aliás bem mais do que se dividirmos nossas forças, quanto a ele, bom, eu tomo conta dele.  Lá estaremos seguros.

― Você não precisa “tomar conta dele”, ele já está velho, não acredito...

― Ele ainda é muito respeitado pelos seus soldados.

― Viktor? Você não precisa...

― Não vou discutir isso Alexandra, Alexis tem que ficar seguro, e lá, ao menos eu posso controlar seu pai. Ele não vai tocar em Alexis sem que estejamos por perto, ele não vai tocar nunca no nosso filho, vamos estar lá por eles, ninguém esteve por mim, mas eu estarei lá. Além disso, Yuuri vai estar lá também.

Ela foi até ele o abraçando, afagando seus cabelos o fazendo se calar. Por mais que Viktor fosse forte, ele ainda sim era jovem, Alexandra não sabia o tamanho do poder dele, nem da loucura que habitava seu coração, mas tinha fé que Viktor conseguiria tudo o que sempre quis.

― Se é o que quer, mandarei fazer as malas.

 

 

Yuri olhou para a enorme mansão em que estava entrando. Parecia um palácio tirado dos livros de história dos czares russos. As paredes eram sólidas, de pedra e mármore, parecia que nem mesmo um tanque conseguiria derruba-las, em compensação, as janelas eram altas, reforçadas de metal e pelo que Yuuri havia dito, os vidros eram a prova de balas, do tipo que perfura helicópteros. O chão era formado por um mármore na cor marrom com extensos desenhos de flores, serpenteando o piso, formando mandalas coloridas e enormes haviam colunas vermelhas com a base em ouro e muitos quadros que pareciam caros, com molduras muito bonitas e douradas, aliás, os dourados sobressaia ali, tudo ostentava luxo e a riqueza imperial. A escada do meio era linda, vinha em caracol descendo dos andares superiores até o centro do andar que estavam Suntuosa e negra com detalhes dourados nas bordas, possuía um tapete vermelho de camurça bem alinhado e limpo, com a cor forte, indicando que era novo. O moveis eram robustos, pareciam antigos, apesar de sua maioria serem modernos uma mistura entre antigo e o moderno, sem falar que mesmo com toda aquela decoração e aquelas paredes pintadas por afrescos, assim como partes do teto, haviam decorações em estilo oriental, como na casa de Nova York que Yurio visitou, ali era onde realmente pessoas ricas morava e haviam tantos seguranças ali. Muitos deles vestidos de terno, contudo, não sendo japoneses com os que Yurio viu na escola, possivelmente homens de Viktor.

― É tudo tão...

― Eu sei, o velho comprou essa “gaiola” para o Viktor. Depois fez uma mega reforma, vivi aqui alguns meses antes de ser mandado para o Japão, de novo. Odiei aqui, foi onde fui machucado até a beira da morte...

― O que?

― YULLI!!! ― um pequeno furacão de longos cabelos brancos veio correndo e jogou-se nos braços do japonês, fazendo com que este recuasse alguns passos e caísse por cima das próprias malas, porém protegendo o corpo pequeno que estava em seus braços. O pequeno ergueu o rosto e sorriu largamente, faltava alguns dentes naquele sorriso, era como ver uma miniatura de Viktor. O garotinho começou a falar, e ser respondido por Yuuri, ambos falavam rápido, sobre algo, desenhos, animações brinquedos e brincadeiras, Yuuri parecia empolgado e muito atento a cada palavra dele e depois o menor voltou seus olhos azuis para Yuri, abriu a boca e visivelmente corou. Escondeu o rosto na camisa de Yuuri e puxou ele para dizer algo o ouvido.

― Ahh, esse aqui não é uma menina Alexis, é o tio Yuri também, Yuri esse é Alexis, o filho do Viktor.

― Ah, muito prazer, sou Yuri Plisetsky, sou amigo do seu pai e do Yuri Katsuki. ― o loiro estendeu a mão e o menor apertou, olhando e ficando corado.

― Alexis Nikiforov...você ...hum...Yulli Plist...Plisetkli...Yulli...hum... ― ele corou mais uma vez, abaixando os olhos azuis, suspirando e o encarando. ― É MUITO LINDO COMO UMA FADA DO PETER PAN!

E saiu correndo do colo de Yuuri, sumindo pela casa, os cabelos prateados podiam ser vistos fazendo uma curva em outra sala. Yurio ficou olhando para onde ele deveria estar e depois para o riso largo de Yuuri.

― Mas o que...

― Bem... acho que ele se apaixonou por você, “Tinkerbell”.

― O QUE? Eu não...

― Yuri’s!! ― Viktor descia as escadas, ao lado dele havia uma mulher de cabelos negros, soltos e de lado dos ombros, tina olhos azul escuro, muito espertos e andava como uma rainha, elegante e discreta. Aqueles olhos azuis meia noite eram tão espertos e sagazes, com os de uma pantera.

― Viktor! ― Yuuri aproximou dele, levantando-se do chão rápido, o abraçando, tirando de Viktor um gemido de dor, para depois abafa-lo com um beijo demorado. Depois ele estavam testa com testa, falando algo em japonês. A mulher do lado de Viktor apenas ignorou a cena, parecia acostumada demais com aquilo, enquanto eles ficavam em seu mundo, ela aproximou-se do loiro e o olhando sorriu de modo predatório.

― Alexandra Gruzinsk Nikiforov. ― ela estendeu a mão para ele e ele a pegou ficando vermelho, então ela era a esposa de Viktor, muito bonita e não era muito magra como o marido, tinha curvas generosas apesar de ser bem alta, o que o tornava uma mulher forte, não gorda, nunca gorda. Como uma guerreira, uma amazona.

― Yuri Plisetsky, prazer em conhece-la senhora Nikiforov.

― Oh por Deus, Viktor! Eu o amo, ele me chama de senhora Nikiforov! Viktor! Você é uma gracinha, mas pode me chamar de Alexandra ou Alex se preferir, a “senhora Nikiforov” é o japonês ali.

Yuri olhou para onde ela apontava e viu o outro Yuuri abraçado e com o rosto escondido no peito de Viktor, parecia emocionado demais para larga-lo. O menor olhou a cena, sabia que também queria estar ali, contudo, deixou que o japonês tivesse seu momento.  Não queria ser um estorvo, por mais que eles estivessem saindo juntos, não precisava compartilhar tantos momentos assim, afinal ele era apenas o terceiro de uma relação que já existia, estava feliz por ter vindo e visto seu amante bem, tinha ficado com medo de perde-lo. Resignado, ele pretendia perguntar onde se instalaria, até o momento em que Viktor o olhou.

Yurio sentiu seu interior tremer, como se sua alma fosse tomada de seu corpo e estivesse sendo puxada para fora, melhor, sua essência de vida foi firmemente abalada por aqueles olhos de gelo que estavam brilhantes pela emoção em vê-lo. Com cuido para não machucar o braço, ele estendeu a mão para o lado, apoiando a cabeça de Yuri com a esquerda e estendendo a direita para o loiro.

― Com licença... Eu...também sou Yuri no fim. ― Yuri murmurou para a mulher ao seu lado e correu um pouco jogando-se no abraço, fazendo Viktor gemer pela dor. Foda-se, ele não ligava para isso, fazia algum tempo que ele queria mesmo segurar aquele russo nos braços ele tinha seu amante nos braços, estava vivo, salvo, inteiro. Yuri não havia se dado conta do tamanho do sentimento que estava carregando até aquele momento, suas pernas ficaram fracas e ele teria caído se braços fortes não o tivessem abraçado pela cintura, e uma mão gentil e quente lhe afagasse os cabelos. Os três apoiavam-se um no outro e ele e Yuri apoiavam Viktor.

― Eu tive tanto medo...

― Estou bem agora.

― Ual Viktor! ― os três olharam para Alexis que sorria amplamente para eles. ― Você foi rápido com o rapazinho, nem tive tempo de tentar conquista-lo, você gosta mesmo do nome Yuri.

― Não posso fazer muito, eles são meu fraco.

Os três sorriam e ela continuou rindo, parecia mesmo que ela aceitava bem aquele tipo de relação. Tirando os cabelos negros do ombro, ela fez uma cara muito séria, e depois suspirou.

― Não o deixe perto de papai, sabe que ele é um desgraçado, vai acabar fazendo mal ao seu novo Yuri.

Viktor apertou Yurio em seu abraço, assentindo para ela, a mesma coisa fez Yuuri, resmungando alguma coisa que o loiro já sabia ser um palavrão. A mulher olhou para onde Alexis havia ido e rumou para lá, dando um breve aceno para eles. Sozinhos agora, Viktor os soltou e acariciou o rosto de ambos.

― Teimosos, deveria ter ficado a salvo.

― Já disse que não iria deixar você só, e seu braço?

― Bem melhor, quase curado.

― Tão rápido?

Eles olharam para Yuri, que tocava no braço de Viktor, observando com cuidado, querendo ver se tinha manchado de sangue ao apertar ele no abraço. Ambos suspiraram, um dia teriam aquela conversa com ele e naquele minuto parecia mais apropriado esclarecer as coisas do que esconde-las. Viktor beijou a ambos na boca, de maneira lenta e carinhosa, depois indicou para que o seguissem. Subiram pelas escadas que Yuri havia achado bonitas até o outro andar de muitas portas e paredes bem pintadas, ao fundo de um corredor ele abriu uma porta, havia um quarto enorme, talvez do tamanho do apartamento da escola, uma cama elevada parecia do estilo imperial.

― Vocês dois vão dividir, Yuuri sabe bem por que e já conhece esse quarto não é? É o seu.

― Ah você o manteve? Ual os pôsteres ainda estão ali, VIKTOR!!!

Yuuri correu para parede e viu um enorme pôster de tamanho natural do russo, usava uma roupa negra com um saiote de interior avermelhado. O japonês tocou com certo cuidado, estava sorrindo de lado com alguma lembrança.

― Achei que tinha jogado fora...

― Eu gostava de ir aqui depois que Victorio...bem, era um bom refúgio, sabia que era amado.

― Por que vamos dormir juntos?

― É mais seguro, Victorio, o pai da Alexandra, sogro do Viktor e avo do Alexis é um velho pervertido, quando ele botar os olhos em você vai querer te foder, literalmente.

― Há há, que piada, sério acho que tem mui...

― Não é piada ― disse Viktor com um semblante sério. ― Ele vai tentar forçar você, se for ficar aqui, nunca saia de perto do Yuuri ou de mim, não fique só e não beba nada que ele lhe der, Alexandra faz o mesmo com Alexis, não se pode confiar naquele mostro e nem mata-lo, triste realidade.

Yuri olhou para ambos, não pareciam bem ali, pela primeira vez ele considerava o fato de ter vindo um erro, talvez se ele fosse embora, talvez pudesse dar menos trabalho.

― Por hoje, Victorio ainda não viu você nem vai tentar nada, ele tem a mim.

― O que? Ele está na casa?

― Chegou algumas horas, está dormindo pela viagem. Por isso Alex e eu estamos sempre com Alexis.

― Que idade ele tem?

― Quem?

― Alexis.

― Três anos, vai fazer quatro anos dia 26 de dezembro, um dia depois do meu anivesário,por que?

― Victorio tentaria algo com ele? Sendo tão jovem?

Viktor passou as mãos nos cabelos, suspirando um pouco e concordando. Yuri sentiu lágrimas nos olhos, um verdadeiro nojo e horror crescendo dentro dele. Não conseguia compreender a loucura do homem, e nem tão pouco esse tipo de insanidade, estava enojado. Yuuri estava jogado na cama, havia tirado um maço de cigarros do bolso da jaqueta e acendia com um isqueiro, o loiro não entendia por que não se livraram de Victorio, era tão simples não era? Yuuri mesmo podia fazer serviço. Tal pensamento chocou Yuri, a ponto dele levar as mãos a boca e não se reconhecer, nunca pensou que cogitaria matar outra pessoa como solução para algo.

― Yuri? ― Viktor tomou suas mãos, podia ver seu rosto assustado, o loiro negou e afastou do toque dele, abraçando-se, tremia de medo do que queria fazer a um outro ser humano, mesmo sendo alguém tão ruim.

― “E você é alguém bom, latrina de esperma! ”

― Cala boca... Cala boca...

― O que disse, Yuri eu não falei...

― N-não não é com você eu só... Eu tive um mal pensamento...algo dentro de mim queria que matassem ele para serem livres mas... eu não sou assim sou? É como se não fosse eu... E essa voz fica falando que eu sou sujo...

― Yuri... você não é sujo, que voz é essa? Você consegue dizer qual é?

― É uma voz ruim, parece a do Ivanov só que mais velha, ela as vezes...quando eu vejo isso, essa coisa ruim que acontece sabe quando eu estou com medo eu escuto ela... acho que é minha consciência.

― Quando começou a ouvir isso, lembra daprimeia vez?

― Depois que Ivanov me... era só um sussurro, eu estou ficandolouco Viktor?

― Claro que não, vem ― Viktor o abraçou e olhou por cima de sua cabeça para Yuuri na cama, ele negou e apagou o cigarro.

― Olha só... Yurio, ainda não podemos mata-lo, se é o que quer saber.

― Porque não? Eu sei que podem vocês dois são tão poderoso...

Viktor passou a mão novamente no cabelo, parecia frustrado, olho para ele e suspirou soltou-se de Yurio e o beijou na testa para em seguida sentar-se na cama, imediatamente sendo abraçado por trás por Yuuri.

― Acho que adiamos demais essa conversa...

― Viktor...

―Do que estão falando?

Viktor olhou para o japonês e depois para o russo a sua frente e falou tudo. Contou de sua história com Alexis, e de como foram mortos, contou como conheceu Yuuri e o que ocorreu com ele para se tornar quem ele era, contou como Alexandra descobriu o pai que tinha, vendo através da porta do closet o que seu pai fazia com seu marido, contou sobre eles serem entidades, deuses por assim dizer, e da melhor forma possível explicou a relação que os ligava. Yuri apenas absorveu as palavras, calado, friamente passivo a toda informação. Até certo momento.

― Vocês...são loucos! Você está querendo me dizer que... ― ele colocou a mão na cabeça, um zumbido se formando― Você é a própria Luxúria, a entidade que governa todo desejo carnal no universo e você se supõe que é A Morte o grande ceifador de vidas, aquele cara da foice grande e roupa preta com capuz?

Yuri soltou uma risadinha demente mostrando o espaço ao seu redor e depois batendo palmas com vigor.

― Vocês realmente acham que eu vou acreditar nessa merda toda? Não!! Sabe o que vocês são? Doidos de pedra, vocês foram tão fodidos, tão estuprados e espancados, devem ter sido drogados por tanto tempo que foderam com suas mentes e agora vocês... Você... estão me deixando louco ― ele apontou pra cabeça quase cravando o dedo nela, empurrando enquanto gritava de maneira insana aproximando-se de Viktor e de Yuuri ―  A porra de dois loucos, vocês estão me enlouquecendo também, o que estão dando pra mim? Drogas na água, na comida essa voz na minha cabeça é culpa de vocês!!!!  DE VOCÊS!!

Yuri arregalou os olhos para Viktor, ele estava com os olhos brilhando em uma azul gelado, sua pele branca, mais que o normal, parecia tão pura como a neve, rasgada de veios azuis, subindo-lhe pelo pescoço e abraçando seu rosto como uma grande tatuagem tribal de gelo, seus lábios eram vermelhos da cor do sangue e ele parecia muito mais delicado, os cabelos prateados havia crescido na cintura e seu rosto era belo, ainda mais do que na forma normal, como um anjo, que parecia nitidamente irritado e cruel. Um maldito anjo com um Eros que fazia o corpo de Yuri deseja-lo ali mesmo, de qualquer maneira, podia sentir seu membro dentro da calça estourando de tesão.

“― Não gosto que digam que sou louco, embora prazer possa enlouquecer e até mesmo matar.”

E por segundos a voz de Viktor pairou pelo ambiente, solene, sensual e firme, mesmo que ele não tivesse movido a boca para nada, a voz ecoou pelo ambiente sendo como meu quente para os ouvidos dele, causando um prazer doentio em seu corpo que estava à beira de um orgasmo. Para depois toda aquela visão sumir, dando lugar ao belo homem de camisa negra em gola “V” de mangas compridas e calça caqui, Viktor ofegou um pouco levando as mãos à cabeça e caindo na cama, Yurio segurando-o e dando leves batinhas no rosto dele. Yuri ofegava, sua mente não estava funcionando bem, talvez ele estivesse em coma depois da surra que levou de Ivanov e ele estava penas achando uma fuga em um mundo alternativo surreal, talvez fosse isso, no entanto, bem lá no fundo ele sabia que não, que estava mesmo diante de dois grandes deuses, inclusive era amante de ambos. Era tão difícil respirar assim?

― Yuri... nós somos os mesmos, te amamos demais e vamos protege-lo, não estamos com nossas forças plenas ainda, somos ainda fracos pois fomos despertos da prisão só a alguns anos.

Viktor sentou-se na cama, parecia meio atordoado e de fato estava, não havia controlado aquela breve transformação, apenas fora possuído pela raiva de não ter suas palavras creditadas por seu amante, tentou se aproximar dele, sendo rejeitado por Yuri que apenas pediu para ele não se mover, era tão difícil de respirar pelo nariz daquele jeito? Ele arquejava, sim, arquejava em busca de uma explicação lógica, de alguma cosia para o que viu e sentiu e nada vinha a sua mente, tudo era apenas uma palavra escrita em vermelho neon com letras garrafais pulsando na sua mente. “DEUSES”

― Vo-vocês são...Eu sinto que estou ficando louco...Por que contaram isso achavam mesmo que eu iria... Oh meu Deus... Espera, isso não faz sentido eu estou chamando um Deus que... ele existe? Vocês existem, ele existe todos os desus existem?

― Isso não é algo que você queira saber.

Yuuri respondeu friamente, levantando-se da cama, indo o banheiro depois voltando com as mãos lavadas secando-as na calça, aproximou-se de Yuri e o mesmo afastou-se, sendo pego em seguida pelo japonês que o beijou na boca, depois o colocou no chão enquanto ele se debatia. Depois de curtos minutos assim, o largou e levantou-se o deixando deitado no chão fitando o teto onde havia um pôster de uma banda de rock japonesa, roupas góticas e um cara com um short minúsculo e coxas bem bonitas a mostra.

― Mudou alguma coisa seu pirralho russo de merda?

― Yuuri...

― Não Viktor, não! Eu estou farto já disso, mudou alguma cosia? Não sentiu o tanto que te amo quanto de te beijei? Você é amado por dois, não um, mas dois deuses, pode ser que não sejamos aqueles dos filmes ou dos desenhos da Disney, mas estamos aqui fadinha...

― Não sou uma fad..

― Somos carne e ossos, sangue e veias, amamos como qualquer um e o motivo de suportar certas coisas é pelo amor, Viktor se tornou isso por causa do que houve com Alexis, ele inda não teve sua vingança e a alma dele não pode descansar, não é tão simples matar um pelo outro, os mortais acham que é olho por olho mas não é! Alexis morreu em agonia, sofrendo de dores que nenhum humano poderia suportar, ele sofreu no último segundo de sua vida e só vai repousar quando aquele que o matou sofrer o mesmo tanto. E não existe sofrimento maior que ver seu amor sendo morto nos seus braços por um erro seu e foi isso que Alexis viu, aliás ele viu Viktor ser usado e gritando em agonia pelos tiros que levou nas pernas e morreu sem nem ter consciência que estava morrendo. Quando Viktor aceitou ser de Victorio ele empenhou a palavra de deus dele, que até se vingar plenamente ele seria de Victorio, aquele velho babaca tem um deus nas mãos e não sabe disso.

― Por que não o mata?

― Eu poderia, não é tão difícil eu só preciso estalar meus dedos e as pessoas morrem, a alma dele iria pedir por vingança, é tão complicado ser A Morte, não é tão simples na verdade é um saco cheio de regras de merda para lamber o cu do Destino aquele idiota. Quando Viktor cumprir sua vingança, ele vai ser livre e quando ele for livre, ai Victorio morre, até lá se Victorio morrer, no além tumulo ele pode pedir pela ajuda de alguém, lá ele vai saber de tudo, vai ter a iluminação da sabedoria por morte, se ele pedir pro Viktor ele vai ser obrigado a ajudar por causa do laço...

― E se a alma dele descobrir que Viktor é um deus ele pode pedir algo muito ruim...

― Isso.

―É tão complicado.

― Não é, tanto do protocolo, parece até uma repartição pública de país fracassado.

― Viktor eu sinto pelo que falei... E-eu...

― Tudo bem, acredite está mais perto do que nunca de ser livre desse maldito laço. Contudo... estou preocupado com essa tentativa de assassinato e sequestro.

 

Alguns dias depois...

Viktor estava atrás da grande mesa do escritório dele, lia e-mails das empresas legais e alguns documentos sobre as compras de armas que estavam vendendo para os rebeldes da Criméia. Além é claro dos relatórios sobre a investigação de quem tentou levar seu filho e mata-lo, tinha uma possível dor de cabeça se formando atrás do olho dele. Desviou o olhar dos papeis e focou em seu filho brincando com blocos educativos no tapete, perto das almofadas egípcias, nunca pensou que amaria algo tanto quanto seu filho, assim como nunca imaginou que amaria alguém depois de Alexis, só que agora, estava amando dois Yuri's e um menininho mais lindo do mundo. Viktor sorriu feliz com aquela ideia de ter um filho, seu pequeno e precioso mine-se era todo perfeito, e Viktor perguntava-se se parte da sua essência divina tinha feito o trabalho ali. Com toda certeza, Alexis tinha um charme muito forte, um magnetismo que o fazia ser amado e desejado também, o que era perigoso demais, Viktor ensinaria ele a controlar tal poder.

 

A porta do escritório foi aberta sem ser batida, nela Viktor pode ver Victorio entrando com dois de seus seguranças, Misha e Mikail, conhecia bem os dois e não tinha nada contra os primos, eles olharam Viktor e depois desviaram o olhar para a criança, Mikhail saiu imediatamente dali, parecendo preocupado com algo.

― Dedushka!!  ― Gritou ele ainda sentado no tapete, poucos segundos depois Alexis sorriu levantando-se e correndo para o avô, com os braços abertos, o mais velho o pegou e rodopiou, dando-lhe beijinhos nos cabelos, falando besteiras que ele sempre falava, de como o menino era forte e bonito, que quebraria corações como todo bom russo. O velho colocou a criança no chão, afagando seus cabelos longos e depois passando o dedo na bochecha dele, descendo para os lábios. Inclinou-se devagar para o sorridente garotinho

 

― Bonito... -- Viktor levantou-se imediatamente, fazendo-se notar, encostando o quadril na mesa e cruzando os braços. A movimentação fez com que o laço fosse quebrado e Victorio piscou um pouco, olhando para Viktor e sorrindo Alexis voltou a se sentar no chão, brincando com os blocos, enquanto estava sob o olhar atento de Victorio e Viktor.

― A que devo a honra?

― Vitya, soube que tem novo brinquedo. Em todos esses dias eu ainda não tive o prazer de brincar com ele. ― ele se aproximou da bebida ali no bar e serviu-se de uma dose de vodka, bebendo e servindo-se de outra. ― Vai emprestar ou tenho que ir como fui com o seu japonês?

― Ele não é meu, nem está envolvido com nada, é colega de sala de Yuuri. Inclusive a família dele vem jantar conosco hoje, gostaria que você tivesse o mínimo de humanidade.

― Colega de sala ele diz, que engraçado. ― Victorio andou até ele, ainda bebendo a terceira dose de vodka, chegando perto o suficiente para invadir o espaço alheio. Tocou o corpo de Viktor, descendo as mãos para o meio das pernas dele. ―  Por que o trariam aqui? Quando soube que tinham tentado te matar, eu fiquei tão puto, ninguém tenta quebrar meu brinquedo favorito e sai impune.

― Não sabíamos que você estaria aqui ou que esses eventos iriam acontecer, o garoto não é para ser tocado.

Ele sorriu bebendo a vodka e acariciou o rosto de Viktor, depois aboca, abrindo-a e pondo o polegar ali dentro, depois desceu a mão até a barriga de Viktor, juntando os corpos um pouco mais para em seguida apertar na região genital, causando desconforto no mais novo que olhou para seu filho que brincava agora de desenhar algo no seu bloco de papel para desenhos. Os olhos azuis de Viktor voltaram-se para os de Victorio implorando a ele que se contivesse.

― Na frente do meu filho não. ― ele riu, voltando a beber e indo para trás da mesa, olhando os papeis de Viktor.

― Tem três minutos para colocar o pirralho para fora ou ele participa da brincadeira nem que seja de Voyer.

― Alexis, papai tem que trabalhar. - Ele pegou o menino nos braços, pegando o bloco, e as canetinhas, beijando no cabelos brancos, o menor ficou sem entender as coisas, mas Viktor o acalmava falando baixo para ele ir para fora brincar no jardim com os tios Yuri's, colocou a cabeça fora da sala e avistou a babá acompanhada de Mikhail, que assentiu para ele. Ela estava esperando no corredor, a chamou e instruiu que levasse ele para o jardim e que não saísse de perto, e chamasse o japonês para ir com ela. Feito isso ele a viu sair e fechou a porta a chave, virando-se para olhar Victorio. Andou até ele, passando para trás da mesa, desafivelando o próprio cinto e virando, de costas para o mais velho, abrindo o próprio zíper e deitando-se na mesa, recebendo o toque do outro na sua bunda.

― Gosta de boxer preta não é Vitya?

Apenas faça logo.

― Que apressado ― ele derramou Vodka gelada na bunda do outro e sentado na cadeira abaixou para lamber ali

Um dos seguranças olhou para a porta quando um grito de Viktor passou por ela, depois olhou para seu colega primo que deu de ombros, ambos ignorando o que acontecia ali, afinal eles estavam acostumados com aquilo. Um deles inclusive estava digitando uma mensagem para Sasha.

"Chefe brincado como seu, traz o KIT SOS pro seu chefe."

Ele apertou o “send” e aguardou, ouvindo agora outros sons, de mobília batendo, alguns gemidos e outro grito.

― Odeio esse velho...

― Eu também, mas ele paga contas.

 

 

Yuri estava sentado no jardim, Alexandra lia um livro e estava com um bonito chapéu daqueles de madame, cobrindo-lhe boa parte do rosto, o tempo ali estava muito frio, podia ver a neve rodopiando em flocos grandes dançando pele o vento, por isso, a melhor opção era ficar no jardim de inverno era como uma estufa, aquecido a uma temperatura tropical, com lindas flores enquanto através dos vidros havia neve caindo. Uma grande sala de vidro, cheia de flores das mais diversas. Uma visão muito bonita de se ver, parecia um grande quadro ou uma cena dos filmes americanos, aquelas onde a princesa esperava o príncipe no grandioso jardim. Yuri se sentia tão nostálgico, ou um pouco triste, os invernos na Rússia eram assim, seus dias curtos causavam essa sonolência dos sentidos, onde todos tornavam-se mais pensativos.

― Mama! ― Alexandra levantou o rosto deixando imediatamente o livro de lado, recebendo Alexis no colo e vendo-o apontar o desenho que havia feito, Yuuri inclinou-se vendo alguns rabiscos estranho, e algo que parecia ser uma pedra. Não tinha muito talento para desenho, muito embora ele houvesse conversado com Alexandra e ela tivesse dito que o menino, mesmo tão jovem, gostava bastante de piano. Talvez um prodígio do instrumento, contudo, Yuri suspeitava que tal aptidão estivesse ligada a quem o pai dele era. O russo sentiu-se incomodado com algo, uma suave pressão em sua cabeça, ignorando-a por completo, focando-se na conversa ao seu lado.

― Que bonito Alexis, pode me explicar?

― “Ati” é o papa, ele tá “colendo”, aqui é o bolinho.

― Bolinho é o pugg dele.

― Ah... ― disse Yuri tentando acompanhar o raciocínio do garoto de dizer que a pedra na verdade era um cachorro. De fato, ele desenhava mal, olhou novamente os rabiscos e conseguiu ao menos entender eu a pedra, que era um cão corria atrás do palito de cabelos arrepiados, ah ali estavam os cabelos cinzas. Fazia sentido agora.

― Bolinho tá colendo “pá” pega o papa.

―- Por que?

― Papa não deu o “brinquedo” do bolinho.

― É bem a cara do Viktor mesmo, aliás cadê o papai? Você estava passando um tempo com ele.

― Dedushka tá trabalhando com papa, botou eu “pá” brincar “ati” e dedushka ficou lá.

Alexandra apertou o menino um pouco no colo e depois sorriu de lado, totalmente falso para Yuri. Seus olhos azuis estavam queimando de ódio, então ela beijou os cabelos de seu pequeno, escondendo-o dentro do chapéu.

― Então... ― falou ela suavemente, deixando-se ouvir para Yuri, de um modo tão amável que assustava a ele. ― Não vamos perturbar o papa e o Dedushka, sempre quando eles estiverem juntos, vamos deixá-los sozinhos.

Yuri sentiu-se incomodado, sabia que Viktor estava com o velho maldito, como dizia Yuuri, e sabia que tinha um motivo muito forte para isso, ele mesmo e o pequeno nos braços da mãe. Era incômodo, ser cuidado, amado, protegido. Yuri levou a mão a têmpora, sentindo o incomodo formando-se maior na sua cabeça

“― Sua culpa o que está rolando, por sua causa, deveria se matar.”

Yuri pressionou a lateral da cabeça, a maldita vozinha incomodando outra vez, repetindo que era culpa dele, cada coisa ruim que acontecia aos que o cercavam era culpa dele. Olhando para os dois, ele viu o riso bonito de Alexis e sentiu-se incomodado com aquilo, não pelo garoto sorrir, mas por saber que tinha alguém querendo pegar aquele menino lindo. Alexandra havia tirado o enorme chapéu e ela sorria também, não com os olhos, eles estavam aflitos, ela sentia-se flita pelo marido. Como deveria ser para ela sabendo que o pai era um monstro?

“― E vai ser sua culpa se o pegarem, vai ver, tudo isso é sua culpa, você estragou a vida dos seus pais, da sua tia e agora a deles. Lixo, sujo, maldito!”

Yuri fechou um pouco os olhos, as palavras ecoando na sua cabeça, repetidas e gritantes, tornando-se tão alta quanto o zumbido que as acompanhavam, era um zumbido frio e agudo, irritante. Deixava seus ouvidos doendo e não podia mais uvir os risos de Alexis que anto gostava, apenas o zumbido insistente  e dolorido.

― Hum...

― Yuri? Você está bem? Yuri, está me ouvindo, Yuri! Yuri!

― Mama, tio Yuli tá dodói?

― Não sei meu amor, Yuri!?

O loirinho sentiu o zumbido e os gritos aumentarem ainda mais e jogou a mão para lado, tentando afastar a sombra que se achegava ao seu coração pelo seu lado direito, miseravelmente ele bateu a mão no copo de suco que bebia o jogando do outro lado da estufa.

Alexandra e Alexis se assustaram, tendo ela levantando e ficando com seu filho no colo, apertando-o para mantê-lo em segurança. Com o barulho do copo quebrando e o fato de Yuri estar arfando e contorcido nas próprias pernas, sentado na poltrona,  curvado sobre o próprio corpo gemendo como se tivesse raiva, começou a assustar Alexis que por fim começou a fungar e chorar.

― Calma... Alexis calma... você, chame Yuuri, rápido! ― a empregada correu dali, indo procurar pelo outro rapaz, sabia que ele não estava longe pois havia visto ele em outro local da casa quando saia do escritório. O choro de Alexis tornou-se alto, cheio de soluções enquanto Yuri apertava a cabeça, vendo seus pés baterem no chão do jardim interno, a voz agora estava gritando que ele era um lixo e junto a primeira voz podia ouvir outras falando o quanto ele era ruim, lixo desprezível. Havia uma guerra de gritos na sua cabeça.

― Cala a boca... cala a boca, cala a boa CALA A BOCA! ― Gritou ele enfurecido olhando para Alexis e subitamente se assustando com a grosseria que havia falado, agora o zumbido na sua cabeça havia acabado, e apenas a risada baixa ecoava, até tudo ficar em silêncio. Sua mente estava em branco, seus olhos apenas focavam em Alexis que ainda estava chorando, mas fechava a boca tentando se conter, os olhos acinzentados como uma tempestade estavam brilhantes pelas lagrimas abundantes, estavam assustados.

― Desculpe eu...

― O que aconteceu com você Yuri?

― Eu... não sei eu...

― Você está com a mão cortada. Seu rosto e cabelo estão sujos.

 Yuri olhou para uma das mãos e havia um caco de vidro ali, puxou o mesmo sem sentir ele sair de sua mão tamanho era seu estado de torpor o sangue escorregou por seus dedos, pingando no piso branco, assustado ele levou as mãos aos cabelos, podia sentir que estavam sujos ali, meio húmidos e o cheiro do sangue invadiu suas narinas.

― Eu... não sei o que...eu...

― Yuuri!

O loiro olhou para trás e viu o japonês parado, observando-o, não sabia o que falar, aquela voz havia vindo do nada, estava um silencio sombrio dentro da mente dele agora, mas sentia-se envergonhado, nunca havia sentindo-se tão mal pelos seus atos idiotas.

― Yuuri eu...

― Tudo bem, vem comigo, vamos limpar esse corte, você está sobre pressão não é, Ivanov vem hoje, sua tia, não vamos deixar você só.

― Eu assustei ele, ele está com medo não é, desculpe...

― Tudo bem, venha.

Yuuri abriu os braços para ele e o apoiou na caminhada para o outro local. Os dois seguiram por um corredor até a cozinha, lá chegando Yurio sentou-se no banco do balcão, olhando a mão que ainda sangrava e pensando em tudo, ele tinha tanta raiva, tanto ódio acumulado, estava tão louco dentro de si que ele não se reconheceu. Quando começara a perder-se? Lembrou que havia ouvido alguém rir dele quando estava no hospital, depois que foi violado, achou que era a TV, mas sempre havia essa presença com ele, que desaparecia quando patinava.

― Assustei Alexis... ― a culpa o corroía, ele era louco então? Ouvir vozes não era algo de alguém em bom estado. Curioso, ele não havia ouvido a voz quando estudava, apenas uma risada no fundo da consciência, sonhos absurdos. Por que apenas agora? Ah sim, Ivanov estava vindo lhe ver. Será que ele tentaria algo? Será que Yuri deveria ceder sem lutar? Talvez se o fizesse, ele não fosse descoberto na casa, era tão grande, Yuri podia levar Ivanov para um dos quarto se fecha a porta, eles poderia transar ali...

― Ele vai esquecer, o que houve, aqui vai arder. ― a voz de Yurio trouxe para o presente, tirando da imagem dele  sexo que seria obrigado a ter com seu tio.

― Viktor está com Victorio, aii ai , dói, dói! Está ardendo...― ele assoprou a mão e sacodiu, vendo que Yuuri estava muito sério, quase homicida, certamente ele sabia onde Viktor estava.

― Eu sei, hoje à noite com o jantar com sua família, vai ser tudo normal, até lá Alexis esqueceu tudo.

― Viktor vai fica bem?

― Sim. ― Yuuri passou um pano molhando nos cabelos do loiro, depois ergueu seu rosto o beijando suavemente na testa, depois na têmpora, bochecha e boca. ― Está mais calmo?

― Sim...

― Você ficou nervoso com o que acontece agora com Viktor e está nervoso com o que talvez possa acontecer com você e Ivanov.

― Sim.

― Viktor sabe se cuidar e Ivanov não vai fazer nada.

― Promete que ele não vai me machucar?

― Ele não vai fazer nada enquanto eu estiver com você, nós te protegemos não é?

― Sim.

#

Naquela noite Yuri sentiu-se muito mais leve do que em toda sua vida já esteve. Não conseguia nem por um segundo relaxar, mesmo tenho feito sexo com Yuuri, ainda estava tenso. Seus olhos não paravam de analisar aquela cena familiar, Yuuri e Alexis brincando no tapete enquanto Vitor e Alexandra conversavam com sua tia e Ivanov, Victorio estava sentado bebendo e seus olhos focavam-se em Viktor, ele percebia que por mais familiar que a cena fosse, tudo ali era cruel demais. Sabia que Yuuri estava com o pequeno para protege-lo, sabia que Viktor estava desviando a atenção de Victorio e de Ivanov para ele, sendo ajudado por Alexandra.

O loiro olhou para o copo que tinha na mão. Russos não comemoram o natal, eles apenas ficam com seus familiares, apenas veem a televisão e voltam ao trabalho no outro dia, mas ali Viktor e Alexandra estavam empenhados em fazer boas memórias para Alexis. Um zumbido se fez ouvir Yuri temeu outro ataque mental dele, olhou para Yuuri que tinha o rosto levantado para as janelas, assim como os outros, então o zumbido não era só na sua cabeça? A explosão que se sucedeu fez toda casa tremer, Alexandra e sua tia gritaram junto com Alexis, que foi abraçado por Yuuri.

― Que foi isso? ― Ivanov perguntou olhando ao redor, depois cruzando o olhar cm Yuri, não se fixando muito nele. Poucos segundos para que aporta fosse aberta e Sasha, o segurança pessoal de Viktor entrasse com arma em punho, indo para lareira e batendo na cabeça de urso que havia ali. Abrindo uma pequena porta na lateral da parede, o qual ele empurrou.

― Sasha?!

― Tem um tanque lá fora, estão invadindo a casa, por favor apressem-se. ― Yuri sentiu seu corpo tremer, invadindo a casa? Tanque? Aproximou-se de todos e recebeu Alexis em seus braços, segurando o pequeno e o abraçando enquanto ele segurava o choro.

Aqui senhor, por favor ― ele indicou para Victorio entrar ali e o velho o fez seguido por dois seguranças, a porta foi lacrada em seguida.

― E nós! ― perguntou Ivanov alterando a voz. Sasha o olhou e bateu mão em uma águia que estava entalhada na outra ponta da lareira. ― Por que dividiu os caminhos?

― Não quero que todos sejam pegos, temos que dividir, esse era um castelo da família real, tem vários túneis...

Outra explosão na sala e Yuri sentiu a força do impacto os ossos, arremessando ele e Alexis de encontro ao túnel, ele podia ver as chamas lambendo a sala, depois Ivanov e Alexandra entrando no túnel com ele, junto com sua tia que mancava. A porta foi selada com ambos ali dentro e na escuridão que os rodeou ele sentiu a mão de Ivanov em seu corpo, não o pegava como antes, para sexo e sim para mover ele daquele local. O túnel tremeu quando surgiu outra explosão, e os passos inseguros de todos eram guiados por Alexandra que ao que parecia, conhecia o túnel, mesmo no escuro.

―Aqui... ― Yuri ouviu algo ser clicado e por fim, várias luzes acenderam no topo da cabeça deles, iluminando o caminho, era um túnel de pedra, com um pouco de umidade.

― Você conhece aqui bem?

― Sim, meu pai sempre me ensinou todas as saídas de todas as casas que tivemos, a cinco quilômetros tem um galão de gasolina, e mais dois à frente um carro, podemos por nele a gasolina e dirigir para longe daqui, estamos indo ao sul por essa rota.

― Mama...

― Alexis, meu amor, dê Yuri, ele deve pesar.

― Tudo bem Alex, eu consigo carregar. Mas... ele está com medo, pegue. ― Eles trocaram o menino de braço e Yuri ajudou sua tia, andavam devagar ainda ouvindo as explosões. —Viktor e Yuuri....

― Eles vão ficar bem, Sasha já estava abrindo o piso para eles, vou adorar descobrir quem foi o imbecil que fez isso, muito embora usar um tanque deixe rastros melhores de descobrir quem o fez.

Caminharam por um longo tempo até que sua tia pediu para descansar, Yuri olhou o pé dela e estava muito inchado, ele abaixou-se, pegando o cachecol que usava e enfaixando o pé dela bem apertado, como fazia nos treinos para poupar as articulações.

― Vai ficar bem tia, assim poderá caminhar sem muita dor, depois vamos ao médico...

Yuri ouviu o engatilhar de uma arma e virou para onde veio o som, Ivanov estava com uma arma apontada para Alexandra e outra para onde ele estava com sua tia. Ele arregalou os olhos e viu a frieza na face dele, a mesma que ele tinha quando matava alguém, quando abusava dele, quando cobrava dinheiro.

― Ivanov... ― o som da arma atirando reverberou pelo túnel e Yuri sentiu o ouvido estralar, depois o calor na sua nuca, olhando para trás ele viu o corpo mole da sua tia e percebeu que o calor era seu sangue que havia lhe sujado. Não teve tempo de gritar de desespero, outro tiro foi ouvido e desta vez Yurio olhou para o corpo de Alexandra caindo com Alexis em seus braços, ele correu e pegou o menino que gritava e chorava. A criança estava suja de sangue e chorava forte.

― Você seu filho da puta, não se mova. ― Yuuri viu ele guardar uma das armas e tirar uma seringa do bolso, puxou a tampa com a boca e cuspiu, aproximando-se de ambos.

― Não... Não via injetar nada nele. ― Ivanov botou a seringa na boca e socou o rosto de Yuri com força o fazendo deixar os braços frouxos, sentiu o peso de Alexis sair de seus braços e poucos minutos depois o choro dele cessou.

― Criança irritante, agora dorme ai merda... Levanta lixo! ― ele chutou Yuuri que despertou totalmente, cuspindo o sangue dos lábios cortados.

― Por que?

― Você sabe a sorte que eu tive quando vi você com Viktor? Merda moleque eu tive que me conter, trabalho para Serguei, ele havia me dito que meu alvo seria alguém do alto escalão, mas quando ele me disse e me mostrou quem era, eu rachei de rir e falei tudo sobre você. Sobre como aquela bicha de merda estava comendo seu rabo.

― Você é doente...

― Pode até ser, mas você também não é? Fez os exames? Deu positivo também? Limpa essa boca, você não pode cuspir seu sangue sujo no garoto, ele tem que ir sem doenças. Carrega ele!

Yuri cuspiu novamente, não tinha que informar ao bastardo que era aquele homem que por um milagre seus exames deram negativos para HIV, tivera sorte, penas acreditava isso, não tanta como sua tia, que havia lhe dito que era portadora do Vírus por causa do marido. Yuri pegou o menino, ajeitando seus cabelos e o levando elo caminho, podia sentir o frio da saída.

― Vai me matar também?

― Não.

Yuri viu o carro a sua frente e parou, Ivanov abriu a porta com a chave que havia pego de um prego na parede, indicou para que colocasse o menino no banco de trás e amarrasse bem. Yurio fez e depois ficou parado do lado de fora do carro olhando para ele. O que ele iria fazer? Ivanov levou a mão ao cinto da calça e o loiro arregalou os olhos, ele tirou o cinto e guardou a arma no cós da calça, avançando em Yuuri pegando suas mãos e pondo atrás das costas, usando o cinto para amarra-lo com força, cortando sua carne.

― O que está fazendo? Ahnn está machucando.

― Vou foder você depois agora eu só vou levar esse moleque para o Serguei, pegar minha grana e cair fora daqui.

― Não vai me matar?

― O que? Não, você vai ser minha bichinha pessoal até morrer de tanto que eu vou foder você. ―Yuri se debateu e gritou, levando um tapa na cara e sendo jogando no porta malas do carro, depois sendo coberto com algo grosso. ― Não quero que fique doente.

― Não!! Não, Ivanov IVANOV!!! ME DEIXE SAIR!!! ― ele chutou e chutou o carro, sentindo se mover de todo jeito.

“― O que foi que eu disse sobre perder o menino? ” ― a risada na sua cabeça aumentou e ele gritou ainda mais se debatendo, machucando os pulsos até sentir o sangue fluir nos dedos. Ele era imprestável, um lixo e um fardo, e agora havia posto a vida do pequeno em perigo.

 

Yuuri retirou a espada do crânio inimigo, virando-se tempo de ver alguns homens correndo, ele sorriu de lado e as sombras rastejaram velozes por eles engolindo-os enquanto os gritos eram ouvidos. Viktor estava quebrando um pescoço quando olhou ao redor, a sala estava destruída, escombros sobre corpos e tripas decoravam o teto que pingava sangue, havia um pequeno carro militar com um canhão partido ao meio despedaçado de um lado, Sasha estava sentado em um dos lados, sua perna aparecia mesmo mal, mas ele ainda estava olhando para fora, arma em punho, de prontidão. Yuri estava recolhendo as sombras que cercavam o lugar e Viktor voltava ao normal, haviam mandado um exército.

― Viktor... ― Sasha apontou a porta de onde seu filho esposa e amante havia indo, o russo concordou e entrou ali, sendo seguido por Yuuri, ambos correndo pelo túnel, não pareciam cansados, de fato, Viktor quase sempre não usava seus poderes, nem Yuuri, mas quando o faziam estavam sempre muito fortes. A corrida não cansava.

― Sinto morte. ― Yuuri falou parando de correr e olhando atordoado para Viktor, ambos se olharam e dessa vez, sem desperdiçar tempo as sombras envolveram ambos, os fazendo surgir ali no túnel, onde os corpos da tia de Yuri e Alexandra estavam abandonados. Viktor correu para sua esposa a tomando nos braços.

― Ainda está viva!! Yuuri, pode ajudar?

― Se eu chegar perto ela vai morrer.

― Vik..

― Shii, não fale, Yuuri vá buscar ajuda!!!

― Sim!

― N-não... Viktor...Alexis...

― O que? Onde... ― ele olhou ao redor dando-se conta que faltavam Alexis e Yuri. Seus olhos azuis brilharam de ódio e ele olhou Yuri que estava com os dele negros, olhando ao redor, catando uma seringa no chão.

― Alexandra, o que houve?

― Yuri...o tio dele levou ambos, Serguei... ― ela tossiu sangue, ofegando em agonia, a respiração dele era sofrida e fazia m barulho estranho. ― Ele levou...fi...lho.

Ela se debateu um pouco procurando por ar e aquele som horrível soou de novo. Ele olhou para o peito dela, havia um buraco ali, não do lado do coração, mas abaixo do seio.

― Vi... ― ela agonizava no chão, os olhos grandes e opacos, podia ficar mais alguns minutos em agonia. Viktor baixou os lábios e a beijou na cabeça, afagando seus cabelos e depois chamando Yuuri para perto deles.

― Vou acha-los, Serguei terá tudo o que merece. Yuuri, leve-a para descansar.

Ela olhou para o oriental e ele apenas sorriu, abaixando-se perto dela, cobrindo-a com um manto negro, fazendo-a respirar melhor, ela lhe sorriu e ele a beijou, uma fraca luz saiu dela e se infiltrou nele, deixando o corpo desaparecer em poeira no colo de Viktor.

Quinze dias depois...

 

Yuri sentiu o corpo doer, estava naquela posição a horas, encolhido no canto da sua cela, senta frio e fome, mas principalmente dor. As vozes na sua cabeça repetiam e gritavam o quanto ele era sujo e um lixo, seus olhos verdes moviam-se pela escuridão da cela frenéticos, buscando por algo, sufocava um pouco na própria saliva acumulada na boca e depois abraçava seu corpo maltratado.

Quando viriam de novo? Quem viriam? Trariam animais? Trariam ferros, Ivanov ele viria até ele? Ou outro? Quantos, quantos? Quantos mais teria que suportar, porque não lhe davam comida?

Ele gritou agoniado e depois bateu no próprio rosto, coçando o braço, precisava de um pico urgente. Sim, quem sabe um pico o faria ficar bem, uma dose boa, uma cheirada no pó sim ele precisava disso.

― Que está ai??? Ah ninguém, estou sozinho apenas sozinho...AHHHHHHH

Ele gritou, de novo, puxando a corrente do pescoço sentindo a coleira cortar sua carne macia e depois voltou a se encolher, puxando os fios do cabelo loiro, quando a porá da sua cela foi aberta e a luz de fora queimar seus olhos.

― Yurio?

Os olhos verdes se abriram até arder e ele rastejou para as barras da cela sua mão escapando pelas frestas e seu corpo agro encostando-se o máximo que podia.

―Quem? Você me conhece? Quem é? Quem? O que quer? Foder? Trepar? o que quer? Preciso de algo, me de algo. Quem é?

Yuuri se aproximou da cela e sentiu nojo, ali fedia, e o que quer que fosse aquilo dentro não era sequer mais humano. Estava destruído.

 

Viktor estava sentado na poltrona de couro branco, não estava nada satisfeito de estar ali ,usava um terno bem cortado, tirava displicentemente um fio de poeira de seu terno, que sendo na cor branca deixava um destaque ainda maior na sala, limpou a manga e cruzou as pernas. Seus olhos azuis estavam focados nos olhos castanhos do homem a sua frente, Serguei.

― A que devo a honra da sua visita, Viktor. Não nós vemos desde... ah sim aquela reunião na sua casa, quando o embaixador da ONU foi assassinado.

― Soube que tem uma criança de olhos azuis acinzentados e cabelo prateado para vender. Soube que você tem trabalhado com um tal de Ivanov, que curiosamente sequestrou meu filho e amante, um jovem russo loiro de olhos verdes. Estou aqui, pacificamente para discutir cm você os termos da sua rendição, reaver meu filho e amante e talvez deixar você vivo.

Serguei deu uma risada de lado, que foi acompanhada por seus homens cera de quinze estavam na sala, alguns sentados, outros em pé, todos muito bem armados, Viktor apenas tinha Yuuri a seu lado, vestido da cabeça aos os de preto, portando apenas uma espada japonesa. O mais velho sorriu e pegou um charuto da sua caixa na mesa, cortou a ponta, acendeu e tragou apreciando o sabor.

― Merda, você acha que sabe muita coisa, mas esse seu ninja ai não daria conta de meus homens, tem peito garoto, muito peito de vir aqui assim. Victorio sabe disso?

― Ele não contesta a decisão de resgatar o neto.

Serguei franziu a sobrancelha, parecia que por um mero segundo havia esquecido esse pequeno detalhe, depois sorriu e apertou um botão na mesa, que fez soar uma campainha horrível. Uma porta nos fundos se abriu e uma mulher veio, segurando uma corrente, na outra ponta ela puxava o pequeno corpo de Alexis, assustado e ainda com as roupas do dia de festa, um suéter vermelho com renas e uma calça jeans preta. Os cabelos estavam uma bagunça. Ela entregou a corrente ao mais velho e ele puxou o menino que se debateu, sendo posto no colo do homem e tendo o pequeno rostinho erguido, vendo seu pai.

― Papa!!

― Bonito meu bichinho não é Viktor? Opa, opa, não se mova ou eu quebro o pescoço dele antes de você se mover até mim.

― Papa!!! Urgh... ― Serguei apertou o pescoço dele um pouco fazendo o menor gemer e seus brilhantes olhos acinzentados encherem-se de lágrimas.

Viktor apertou a mão firmemente, cravando as curtas unhas na palma, sentindo-a cortar. Yuuri por outro lado estava apenas parado, olhando tudo, parecia relaxado, mas seus olhos já haviam mudado de cor, de um castanho avermelhado para um preto, que ocupava aos poucos a esclera branca.

― Vamos fazer um acordo, você vai ceder todo o seu poder na Bratva...

― Você acha que eu vou fazer um acordo com você Serguei?

O russo mais velho sentiu o frio na espinha, a voz de Viktor era quase inumana, ele apertou um pouco mais o menor em seus braços, rodeando a cintura dele e segurando-o pelo pescoço.

― Eu tenho seu filho.

― É você tem. Alexis, feche seus olhos.

O pequeno fez isso, apertando os olhinhos azuis e sentindo a pressão do pescoço aliviar, assim como o corpo que fedia a alho não estar mais perto do seu, sentiu movimento e depois um abraço carinhoso, a voz do seu pai sendo o balsamo nos seus ouvidos.

― Faça o que for, ouça o que ouvir, não abra os olhos meu amor.

― Papa...

― Você entendeu Alexis?

O menor podia escutar gritos e tiros, mas sentia-se protegido nos braços do seu pai que cantava uma música de ninar antiga, que falava de um grande urso que viajava nas estrelas, o fundo da música era o som de tiros, balas ricocheteando e gritos de desespero, algo quente bateu no roto de Alexis, mas logo foi limpo pela mão gentil de seu pai.

E então.

O silêncio.

Apenas a voz de seu pai lhe acalmando, o menor abriu uma fresta dos seus olhos vendo um grande vulto negro movendo-se pela sala, tinha o roso coberto de espinhos e olhos flamejantes, mas então uma mão cobriu sua visão, uma mão com veios azuis e pálida, gélida.

― Disse para não olhar.

― Desculpe papai...

― Não por isso meu amor. Sabe onde está o Tio Yuri?

― Lá embaixo, papa, ele grita muito...

― Yuuri, vá buscar nosso garoto.

O oriental moveu-se pelas sombras que criava, fluindo pelas frestas da porta traseira e consumindo-se através dela percorrendo os corredores e descendo os vários níveis, no caminho sua fumaça negra entranhava-se em cada corpo que encontrava, vendo e lendo suas emoções, procurando alguém que soubesse exatamente onde Yurio estava.

Fim das apresentações.

[1] Aqui ele se refere o Yuuri Ktsuki como “tio”


Notas Finais


Extras:

A morte de Yuri Katsuki
A vingança de Yuri Plisetsky
e A flor de cerejeira ( uma historia de amor de Alexis) Ainda essa semana.


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