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História Zero - A lacuna deixada no bar


Escrita por: Meliorismo

Notas do Autor


eu demoro mas eu volto viu ratos

Capítulo 6 - A lacuna deixada no bar


Chanyeol bebia praticamente todos os dias.

Era impressionante como ele sempre parecia estar com uma cerveja nas mãos desde os treze ou quatorze anos, que fora quando as identidades falsas começaram a surtir algum efeito nas feições que sempre o deixaram parecer mais velho do que era de verdade. E, mesmo que bebesse todos os dias ou quase todos, a facilidade que tinha em ficar bêbado ainda era notável.

Quando subiu para o cortiço e encontrou um Sehun com um monte de perguntas, resolveu que não responderia nenhuma. Sentou no sofá e viu o amigo falando um monte de coisas que nem fez muita questão de ouvir e entender, quem dirá responder. As falas de Baekhyun ecoavam pela sua cabeça, se repetindo como orações xiitas. Sehun era perigoso, ele era um mal a ser combatido.

"Pra onde o turista tava querendo ir mesmo?" Sehun desistiu de manter uma conversa ao ver que não estava recebendo a mínima atenção de Chanyeol, então só sentou ao lado dele no sofá e tomou um gole da cerveja que ele tinha nas mãos.

"Pro centro." Mentiu. "O idiota tinha um mapa e nem assim conseguia chegar." Sehun deu uma risada meio estranha e o amigo o encarou. "Que foi?"

"Tu é meio merda com endereço também, nem sei como conseguiu ensinar." Chanyeol o empurrou e ele sorriu debochado enquanto caía pelo sofá, esparramado e preguiçoso.

"Eu já teria te matado se tu não fosse bonito." O ruivo disse meio rosnado enquanto caía por cima do amigo no sofá. Sehun tinha um cheiro tão bom que era quase viciante, e Chanyeol o beijou na curva do pescoço, lugar que sabia arrancar risadas. "Te comprei chocolate, tu nem viu."

"Tua voz fica pertinho assim…" O mais novo começou a rir do nada antes de levantar meio vermelho indo para a cozinha atrás do chocolate que havia ganhado. Chanyeol resolveu tomar o resto da cerveja que tinha sido deixada lá e pensou que mal havia superado uma ressaca e já estava planejando a próxima.

Não conseguia imaginar em que área Sehun possa ter sido um homem ruim. Desde que o encontrou ainda pequeno não conseguia ver um resquício sequer de maldade nele para nenhuma área. Mesmo sendo um liso fodido ele nunca havia feito mal a ninguém atrás de dinheiro, coisa que até mesmo o próprio Chanyeol já havia feito. Sehun estava sempre pensando nos outros e sendo bom bom bom. Beirava o irritante.

"Hun." Ele vinha da cozinha se arrastando como um gato preguiçoso, macio e com o olhar forte por onde passava, sentou ao lado do amigo e mordeu o chocolate que Chanyeol trouxe. "Você se acha uma pessoa ruim?" Foi pego de surpresa. Terminou de comer o chocolate bem vagaroso e o ruivo sentiu uma vontade absurda de tocá-lo.

"Não sei." Respondeu por fim. De fato não sabia. "Por que tá me perguntando isso?" Chanyeol parecia um pouco hipnotizado por Sehun, então o beijou com força. Beijou os olhos dele, o nariz, os lábios e o maxilar meio torto. Passou uma das mãos no cabelo dele e o puxou de leve, fazendo Sehun sorrir e esquecer do que havia perguntado.

Mas Chanyeol não esqueceu.



"Achei que não viria." Baekhyun passou a língua entre os dentes e bebeu mais uma dose. Não parecia ser a primeira e muito menos a última. Chanyeol não se importou e sentou na mesma mesa, pedindo ao garçom mais um copo e ele lhe olhou torto certamente por lembrar da confusão que Sehun causou noites atrás. Não o culpava.

"Tive que esperar Sehun dormir para poder sair de casa." Chanyeol falou com normalidade por aquilo ser mesmo rotineiro entre eles, mas Baekhyun parecia bastante ofendido com suas bochechas vermelhas e o deboche entre os dentes. Bateu com o copo na mesa com mais força do que precisava. Encarou Chanyeol e em nada ele lembrou a criança boba que havia conhecido. Queria aquele Baekhyun de volta.

"Ele te colocou num cabresto mesmo pelo visto, huh?" Baekhyun perguntou sendo retórico. O ruivo rangeu os dentes e pensou se deveria deixar aquela passar já que ele não parecia mentalmente apto a opinar sobre qualquer coisa que fosse. Chanyeol sorriu como se não ligasse e bebeu uma dose. Ele ligava. "Eu bem que deveria saber."

"Tem ciúme dele?" Perguntou com uma das sobrancelhas erguidas enquanto encarava Baekhyun. Ele odiava ser encarado antigamente, mas agora parecia mais uma disputa de quem conseguiria sustentar o olhar por mais tempo. A gargalhada que o mais velho deu foi alta e chamou a atenção de outras mesas.

"Você acha mesmo que eu viajei pra caralho pra ficar fazendo cena por conta daquele traste?" Baekhyun falou com os dentes cerrados e maxilar travado a ponto de trincar. Chanyeol se perguntou se ele era um bêbado violento e se deveria socá-lo. "Eu vim porque gosto de tu. Quero que você se saia muito melhor do que eu me saí."

"Do que tá falando?" Chanyeol desencostou da cadeira e colocou os cotovelos da mesa, sentindo o cheiro de álcool casa vez mais perto. Baekhyun parecia tão bêbado que era difícil de entender o que ele dizia ou como se portava, mas bêbados não mentem. O ruivo acha que não.

Baekhyun sorriu como se o outro fosse um completo cego estúpido.

"Notou que quando eu sumi, o Sehun morava tão perto da minha casa…" Seus olhos fechavam e abriam como se estivessem pesados. Ele bocejou e continuou ao ver a atenção de Chanyeol totalmente voltada para si. "Ele morava tão perto de mim e nunca disse nada. Nunca me ajudou a voltar."

"Você nunca pediu ajuda." Chanyeol rebateu.

"Tu sabe que não pedi?" Baekhyun devolveu a pergunta e parecia por cima de toda a situação. Como se houvessem coisas que o outro não sabia. "Por que tu acha que eu voltei sozinho? Eu nem sabia ler direito seu porra e ele me ensinou a pegar o ônibus certo pelo número." Ele parecia amargo enquanto contava. Seu rosto se retorcia como se as palavras doessem para sair e o ruivo começou a se sentir sufocado pelo que ouvia. "O teu Sehunzinho me ensinou o ônibus errado de propósito. Ele era o mais esperto e ele lia direito, você sabe que ele lia."

"Ele não fez isso." Chanyeol não perguntou e nem vacilou enquanto dizia. Era convicção. Sehun jamais faria isso. Quando olhou para Baekhyun, ele estava chorando.

"Ele fez. E eu fiquei tentando voltar pra casa pegando outros e outros e…" Algo engasgou enquanto ele tentava falar. Bebeu mais uma dose e Chanyeol sentiu como se fosse morrer. "Alguém me achou, e não eram os meus pais e muito menos a polícia." Não fora preciso nada além disso. Chanyeol se levantou e deixou duas notas na mesa.

"Eu preciso ir embora." A voz saiu em um fio. Baekhyun ainda chorava e era um som tão perturbador que ele só queria sair e estar distante a ponto de não ouvir nunca mais.

"Só queria que tu soubesse, Chanyeol, que o Sehun não é nada do que tu pensa." O menor disse meio enrolado e sorriu um pouco, como se houvesse feito uma grande coisa.

"E onde foi que tu teve todo esse tempo?" Chanyeol gritou muito alto, e Baekhyun se assustou, parecendo lembrar de algo que não deveria, abrindo portas e demônios dentro de si muito mais difíceis de se controlar do que qualquer outra coisa. A respiração ficou rasa e quando ele fez menção de falar alguma coisa, caiu inconsciente no chão e Chanyeol deu um passo para trás.

"Você!" O mesmo garçom de antes apontou para o ruivo, que levantou as mãos em sinal de rendição. "Saia daqui agora! Você só causa confusão. Agora!" O homem gritou e Chanyeol deixou o bar correndo ao ver que ele pegava uma espingarda atrás do balcão.

Chanyeol foi para casa chorando.


Notas Finais


desculpem a formatação de merda. são tempos negros, perdoem mesmo. @evanmelion


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