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História Zhineyelf - Vai ser legal!


Escrita por: N_Zhineyelf

Notas do Autor


Essa é a primeira história que escrevo, então agradeço se puderem me dar dicas, sugestões e me avisar no caso de notarem algum erro.
Obrigada, e espero que gostem da leitura!!!

Capítulo 1 - Vai ser legal!


 

Vai ser legal!

Afirmações como essa além de: “Vai ser divertido!”,”Vamos criar boas recordações!" entre outras, geralmente são usadas para te convencer a fazer algo que você provavelmente vai se arrepender depois, e quando minha amiga Emi disse “Vamos  sair com o pessoal depois da aula? Vai ser legal!”, eu sabia que não deveria ir. E como uma pessoa racional e adolescente incontrolável é óbvio que eu respondi “Sim, por que não?”, ciente de que estava prestes a entrar numa grande encrenca.

Droga!

Eu tentava me convencer de que devia ter tomado alguma para ter aceitado participar disso.Mas eu sabia que estava muito consciente enquanto saiamos da única loja que vendia artigos pirotécnicos das proximidades. Enquanto eu passava os produtos no caixa usando documentos falsos.Ouvia os contínuos incentivos, incessantes ao ponto de ressoarem na minha mente até eu olhar envolta e me dar conta de que todos os outros estão em silêncio com seus próprios pensamentos ou dispersos em seus próprios assuntos levianos para se dar conta de minha inquietação cada vez mais intensa.

Aventura.

Essa ideia fazia cada fibra do meu corpo implorar por ação. A cada segundo de espera meu coração acelerava e uma sensação boa me tomando de uma forma difícil de descrever, como se eletricidade passasse através do meu corpo com uma intensidade assombrosa e insetos rastejassem pro meu tronco causando arrepios e apertando meu peito.

Sete.

Éramos sete adolescentes num parque arborizado fechado devido a noite que já havia chegado a algumas horas. Passamos por uma grade baixa, de uns dois metros de altura, fácil de escalar. Enquanto observava os quatro garotos posicionando todas as peças que se encaixavam como um quebra-cabeça, pensava em como nunca os tinha notado na escola apesar de andarem com minhas amigas. Descobri por Emi que dois deles estudaram na mesma sala que eu por dois anos e um deles sentava ao meu lado desde o começo do ano. Percebi que nunca havia olhado pro lado, concentrada demais em mim mesma.

Fogo.

Observei com expectativa enquanto Emi aproximava a chama tranquila ao pavio. De pronto a calma aquecida se transformou num turbilhão de fagulhas, se espalhando para todas as direções consumindo lentamente a fina linha.

Tum Tum!

Os projéteis dispararam pelo céu noturno numa reta surpreendentemente precisa para algo montado por um bando de adolescentes. A cada metro de altura ganha a minha pulsação aumentava. E quando o céu se acendeu numa chuva dourada e prateada já não sabia separar o som as explosões do palpitar frenético que atravessava.

Em um momento admirávamos, sob o som de assovios e gritos satisfeitos, as luzes que se desfaziam em estrelas, estas que pareciam se tornar pó luminescente deixado pelo brilho ofuscante de um momento atrás. Em outro momento ouvimos o ladro de cães se aproximando e vimos luzes de lanternas ao longe.

Tum! Tum Tum!

Em estado de êxtase iniciávamos uma corrida frenética por entre os cedros altos que permitiam um suave penetrar da luz da Lua propiciando pequeno vislumbre das formas a frente enquanto avançamos sobre as raízes que serpenteavam pelo chão. A cada passada sentia o corpo vibrar em liberdade. A sensação da adrenalina com risco de ser pega crescia conforme o som dos animais que nos farejavam se aproximava.

Tum Tum! Tum Tum!

Avistei a grade que nos separava da liberdade das ruas a poucos metros, todos apressamos o passo , ansiosos pelo brilharete que nos aguardava e a satisfação de escapar sem que conseguissem nos punir depois de nosso pequeno desafio. Uma pequena travessura, a qual mais tarde chamariam de sem sentido, mas naquele momento, para mim possuía um significado.Um significado que eu não conseguia explicar e sentia que de fato não poderia ser descrito.

Viva! Fazia-me sentir viva.

Tum ... ... Tum Tum Tum!

Ao sentir as folhas roçando-me o rosto meu coração falhou uma batida, então voltou a acelerar-se subitamente quando olhei em volta. As luzes se aproximavam rapidamente conforme os outros seis se apressavam ao escalar as grades.

Ninguém me ajudaria. Não esperava que o fizessem. Eu sabia desde o momento em que aceitei o convite que caso me encontrasse nessa situação seria assim, se fosse outro no meu lugar eu sequer olharia para trás. Não acreditava que nenhum deles valesse o risco e sabia que nenhum deles acreditava que eu valesse tampouco.

Me pus de pé em um estante sentindo os olhares nas minhas costas.

—Pare ai mesmo!

A ordem chegou aos meus ouvidos como um alerta. Voltei a corrida frenética mais veloz que antes como se um interruptor tivesse sido acionado em mim. Senti como se flutuasse sobre o chão a medida que a distancia entre mim e a grade desaparecia. Com um pulo alcancei p alto da grade quando senti uma mão envolvendo firmemente o meu tornozelo. Sem olhar para meu captor juntei minhas forças remanescentes e num forte impacto senti a cartilagem se rompendo sob minha bota e a pegada se afrouxar me libertando. Saltei do alto da grade e continuei a correr sem sequer olhar para os outros com quem cheguei ou verificar o estrago que causei. Me lancei na noite escura. A lembrança do “quase” permanecia na minha mente causando um sorriso sapeca que teimava no meu rosto apesar da certeza da enrascada na qual poderia ter entrado momentos antes.

Ao chegar a frente da casa de classe média alta de aparência arrojada afastada das outra, olhei para minhas roupas. As botas e pernas cobertas por terra e folhas espalhadas por toda a extensão de meu corpo. A jaqueta antes preta de couro resistente se encontrava com regiões marrons e um enorme buraco no cotovelo que se formara. Verifiquei as horas. 01:30. “Não deve estar acordado.” Me permiti pensar numa fagulha de esperança de evitar o sermão que me aguardava porta adentro.

Girei a maçaneta lentamente percebendo que a porta estava aberta sentindo um pouco da esperança se esvair. “Talvez ele tenha esquecido de trancar a porta...” indaguei para mim mesma menos convicta observando as luzes da sala acesas.

—A onde você esteve até agora?— paralisei ao ouvir as palavras pronunciadas de forma lenta e calma.

—Sai com alguns amigos. — respondi me dirigindo ás escadas.

—E foram rastejando pra você ficar nesse estado?

—Eu tropeceiecainocaminhodecasa.—falei rápido demais o que me fez imaginar se ele tinha entendido, ainda mais com meu tom me traindo.

Observei atentamente as reações do garoto a minha frente em busca de uma oportunidade para escapar do assunto. Senti meu corpo relaxar com o som de seu suspiro que demonstrava que não estava disposto a insistir.

—Só vou deixar passar dessa vez porque estou com sono e pelo menos dessa vez não recebi nenhuma ligação da policia.—começou a subir as escadas, porém hesitou e se voltou para mim novamente.— E por favor... não faz isso de novo.— com esse pedido terminou de subir as escadas entrando em seu quarto e fechando a porta ao passar.

Terminei de subir as escadas e me demorei um pouco olhando sua porta. Maxx era meu irmão, mais novo por onze meses, nascido no ultimo mês do ano enquanto eu nasci no primeiro. Estávamos na mesma sala mas não andávamos muito juntos na escola. Ele tinha cabelos pretos lisos até o queixo com uma franja que lhe cobria o olho direito. Seus olhos eram peculiares, o contorno da íris preto e de cores diferentes e pigmentadas sendo o esquerdo dourado como mel e o direito prateado. O olho prateado e a pele pálida eram provavelmente as únicas características notáveis que tínhamos em comum. Ele sempre agira de maneira responsável. Eu possuo uma inteligência acima da média, entendia que eu fazia coisas que não devia melhor do que qual quer um, mas escondia isso. Escondia até a minha inteligência e deixava que as pessoas achassem que eu não entendia nada de nada, simplesmente pelo fato de existirem coisas que eu gostaria de, de fato, não entender. Meu irmão continuava a me tentar me ensinar o certo e o errado me lembrando das consequências de meus atos constantemente, mas eu já sabia de tudo isso. Mas lembrar da sensação que me proporcionava me impedia de me arrepender. Durante a fuga eu não precisava realmente entender nada, não precisava pensar. Só bastava me entregar aos instintos...

    ... e sobreviver...

Entrei no meu quarto pegando meu pijama e indo direto para o banheiro bem iluminado. Me despi e entrei embaixo da água morna sentindo uma ardência pelos arranhões que ganhei durante a corrida. Meus músculos doloridos pelo esforço enquanto tentava tirar as folhas presas sãos meus cabelos azuis com mechas brancas.

A cor do meu cabelo variava, hora mais num tom azul claro, hora mas brancos... Sempre foram assim e as pessoas custavam acreditar que eram naturais e eu preferia deixa-los pensar que eu os pintava constantemente do que tentar explicar algo que eu também não sabia como era possível.

Desliguei o chuveiro, me sequei e me vesti. Ao sair do banheiro me deparei com um furacão de roupas e livros espalhados por todo o cômodo. “Droga... Se Maxx ver isso ele vai me fazer passa o fim de semana inteiro arrumando...” Caminhei lentamente até minha cama, que só fui capaz de encontrar devido a familiaridade com o trajeto, e comecei a retirar os objetos que a cobriam para abrir espaço suficiente para eu dormir.

Maxx e eu vivíamos sozinhos desde que nos lembramos. Quando éramos crianças nosso tio mandava alguns empregados pra cuidar de nossas refeições e da casa  mas conforme crescíamos e aprendíamos a nos virar ele foi parando de manda-los.

“Então foi aqui que coloquei meu mp3...”

Um sujeito misterioso esse tio. Nunca o vimos pessoalmente. Sabíamos que era muito rico pois nos mandava uma grande quantia em dinheiro, suficiente para manter uma vida de luxo, todo mês. Também sabíamos que ele era nosso único parente vivo, informação que recebemos por meio de cartas que ele nos enviava raramente perguntando se estávamos precisando de algo. Algumas vezes respondemos as cartas com perguntas sobre os nossos pais. “Não ganhamos nada de bom em remexer no passado”, Essa reposta insistente que recebíamos a cada tentativa, nos desencorajou com o passar do tempo, percebemos que não conseguiríamos a informação que procurávamos. Talvez no máximo  o aborreceríamos e ele pararia de nos ajudar.

Quando finalmente cheguei aos cobertores embaixo das montanhas de tralhas me deixei cair exausta na cama e adormeci assim que encontrei uma posição confortável, pensando em uma forma de esconder essa bagunça de meu querido e perfeccionista irmão mais novo. 


Notas Finais


Vou tentar postar todo final de semana!!
No próximo capítulo coisas estranhas começam a acontecer...
Até aproxima!!!


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