História Zombie - Stanly

Zombie

Capítulo 4 — Stanly

Por Teylla

Só se sobrevive em um mundo louco... aceitando a loucura.

— Fear the Walking Dead, Victor

†

♪

Sasuke havia trocado o CD e posto Nirvana para tocar, precisava daquela dose para aguentar o que estava por vir, já estavam próximos do seu destino e isso o aliviou, queria descansar um pouco, sua mente precisava descansar ou ficaria mais louco do que já estava.

Começou a tocar Where did you sleep last night, uma de suas músicas preferidas, uma das que mais o relaxava.

— My girl, my girl, don't lie to me — começou a cantar junto ao Kurt, o som do toque do violão era maravilhoso.

Avistou a placa que mais ansiava ver desde ontem, “Bem-vindo a cidade feliz de Stanly”, que sinceramente, de feliz não havia mais nada, isso se já havia existido alguma vez.

Entrou sorrateiramente na cidade, tentando não chamar atenção, não sabia o que poderia esperar ali, apenas havia feito seus cálculos, mas poderia estar errado e tornar aquilo tudo perigoso, e bom, ele não queria aquilo.

Abaixou o som do carro e sentou-se de modo mais confortável no banco, precisava olhar todos os pontos necessários, fechou todas as janelas, aquilo era importante no momento.

Olhou para o lado e viu Sakura ainda dormindo como se nada tivesse acontecendo, pobre coitada, quando acordasse, provavelmente estaria de volta ao inferno que era sua vida agora, só esperava que ela não atrapalhasse.

Ele dirigia bem devagar, evitando fazer barulhos desnecessários, como havia imaginado, as casas estavam todas arrombadas, corpos se encontravam no chão, e agradeceu por ter fechado as janelas, o cheiro deveria estar podre e horrível.

Avistou um posto de gasolina e se direcionou para lá, aproveitou para repor o que precisaria para a próxima viagem, estacionou e saiu do carro, deixando a porta aberta, deu meia volta e retirou algumas vasilhas enormes para por álcool e gasolina, já que seria importante ter algumas reservas.

Sakura se mexeu no banco e espreguiçou-se, notou que haviam parado e ergueu as sobrancelhas.

— Hm? — Bocejou, pondo a mão na boca, esfregou os olhos e mexeu no cabelo, retirou o cinto e abriu a porta, precisava esticar as pernas.

Saiu do carro e avistou Sasuke vindo de uma direção oposta, carregando duas vasilhas cheias de gasolina — foi o que havia presumido —, o mesmo estava sem sua jaqueta, expondo bem seus músculos, e nossa, que músculos, estava um pouco suado, talvez pelo peso que carregava e que não era pouco.

Sakura encostou-se no carro, para admirar aquela bela paisagem. Como seria se ambos não estivessem em um apocalipse zumbi? O que será que ele fazia? Ela estava duplamente curiosa, ou talvez mais do que duplamente.

Os fios negros do cabelo dele balançavam de acordo com o vento, que visão dos céus. Era quase um pecado pensar em coisas assim enquanto estavam no meio de um apocalipse, olhou para seu lado e viu mais algumas vasilhas cheias e ficou surpresa, ele já havia carregado tudo aquilo? Uau!

Ele olhou para ela e a mesma fugiu o olhar, desviou para a primeira coisa que viu, que era uma plaquinha escrita “Stanly” com um sorriso, mas a mesma estava toda velha e quebradiça.

— O que você tanto estava olhando? — perguntou quando se aproximou, por que ele era sempre tão direto? Sakura corou.

— Nada demais, só estava procurando por você — respondeu, dando de ombros. — Então aqui é Stanly?

— Acho que não preciso te responder isso — respondeu, pondo as duas vasilhas no chão, a blusa marcava bem seu abdome e costas.

— Hm… sobre isso, é, realmente não precisa — retrucou. — Nós iremos ficar por aqui? — perguntou olhando o local.

Sasuke arqueou a sobrancelha, ela estava querendo ficar com ele? Ela realmente não achou que ele a abandonaria? Que tola.

— Talvez — respondeu. — Estou pegando os suprimentos importantes.

Sakura assentiu e entrou de volta no carro, ela não tinha utilidade ali mesmo. Lembrou-se de sua amiga Ino, será que ela estava bem? Estava preocupada com isso.

Queria ter ido com ela na missão, mas sabia bem que Kiba nunca deixaria que isso acontecesse, preferia vê-la morta do que ver sua Ino falecer, e ele deixava isso bem claro, mas também, ele a amava mais que tudo, perdê-la era como perder uma parte de si.

E não, não o culpava por isso, era totalmente compreensível.

Ele se mataria por ela.

♪

Estava tão presa em seus pensamentos que nem notou que Sasuke se aproximava, ele abriu a porta do carro e se jogou de qualquer maneira no banco do motorista, um pé estava dentro e o outro fora, o mesmo estava com um saco de M&M na boca, abrindo-o.

Ele parecia ter esquecido de sua presença ao lado, e como se lesse os pensamentos dela, olhou-a pelo canto do olho, ele era um tanto egoísta com suas coisas, mas… talvez ela estivesse com um pouco de fome.

Mas por que ele se preocuparia com isso, não é?

— Quer um pouco? — perguntou com sua voz fria, ele estava apático como sempre.

Sakura arqueou as sobrancelhas, surpresa de fato. Ela engoliu em seco e assentiu, estava com um pouco de fome, mesmo que aquilo não fosse enchê-la, enrolaria seu estômago.

Sasuke segurou o pacote em sua frente, como se estivesse esperando ela abrir a mão, o que a mesma fez, ele derrubou algumas e ela começou a comê-las.

O Uchiha fechou a porta do carro e consertou-se no banco, iria procurar uma casa que desse pra passar ao menos uma noite. Trocou a marcha e começou a dirigir, deu de ré e nem se preocupou com que lado estava, não teria carro passando por ali mesmo, de qualquer forma.

Estava dirigindo bem devagar, era estranho não ter achado ao menos um zumbi na cidade em que se encontrava, isso era muito estranho.

Virou pra direita, entrando em uma ruazinha bem simples, as casas estavam reviradas, parecia que um furacão tinha passado por elas. Achou uma que parecia ser bastante segura e decidiu entrar ali.

Estacionou na frente da mesma e parou ali para observar.

— Você — disse, olhando para a Haruno que devolveu o olhar surpresa, aliás, sempre se surpreendia quando ele falava com ela.

— Eu? — questionou, como uma idiota.

Sasuke fingiu que não escutou a pergunta tola proferida pela garota ao seu lado e prosseguiu.

— Saia — ordenou, com a voz fria, sem nenhuma mudança ou um pingo de piedade.

— Como é que é? — fez uma pergunta retórica, não tentou esconder sua expressão de surpresa e de indignação.

Novamente ele não respondeu e só apontou para fora do carro, ele se mantinha sem expressão.

— Não acredito que está me obrigando a fazer isso — resmungou para si, ela retirou o cinto e abriu a porta silenciosamente e cuidadosamente, desceu e ele fechou a porta e o vidro.

Sakura cerrou os punhos, então ele também iria deixá-la? Não deveria confiar em ninguém mesmo, só nela, e a mesma já teve provas o suficiente disso, por que achou que com ele seria diferente? Riu para si e cruzou os braços, que tola.

Mas ele também nunca disse que trabalharia com ela ou que ficaria com ela, então não o culpou totalmente.

Ela fez a volta e parou em frente a ele.

Sasuke abaixou o vidro e apoiou seu antebraço na janela, pondo um pouco da cabeça para fora e encarou-a.

— Feliz? — indagou, descruzando os braços. — O que quer que eu faça aqui?

O Uchiha ainda continuava analisando a situação, não havia realmente nenhum zumbi ali? Era impossível! O que estava acontecendo?

Ele bufou, indignado, abriu a porta do carro e saiu.

— Hm — disse como resposta e fechou o carro junto com as janelas, pegou alguns sacos atrás e as jogou pelo muro, logo após subiu e olhou para a rosada. — Não vai subir também? — questionou, dando de ombros e demonstrando que se ela subisse ou não, não faria diferença para ele.

Inacreditável! pensou Sakura Ele é realmente inacreditável.

— Você realmente acha que eu consigo subir isso? — Encarou-o, ela não tinha tamanho para isso e nem disposição.

— Bom, você pode dar um jeito, há coisas que você tem que aprender a fazer por si só — disse ao dar de ombros e pulou.

— Porra! Que belo cavalheiro — resmungou, para ele ouvir, ele apenas riu, baixo e saiu.

Ela deu um pulo e tentou subir, tentou tantas vezes até conseguir, sentou-se no muro e observou a cidade, a visão que podia ter era única, notou que a mesma estava vazia demais, silenciosa demais e isso era muito estranho.

Sakura desceu do muro e prosseguiu até dentro da casa, onde Sasuke havia sumido.

O Uchiha estava olhando cada cômodo cuidadosamente, logo após desceu as escadas encontrando Sakura sentada no sofá. Estava tudo limpo, o que era mais estranho ainda.

— Você não acha estranho estar tudo silencioso e vazio? Estava olhando do muro, não há sinal de zumbi e nem de pessoas, o que será que aconteceu aqui? — perguntou para ele, cruzou as pernas e tombou a cabeça para trás, demonstrando cansaço.

A realidade é que nem Sasuke que sempre sabia tudo teve resposta para aquela pergunta, ele parou no meio da sala e pôs as mãos no bolso, retirou a esquerda e passou a mão no cabelo, bagunçando-o.

Sakura admirou cada movimento do homem, estava se sentindo uma pervertida, mas ele parecia mais uma personificação de algum Deus grego, se ele realmente não fosse um.

— Eu não sei — respondeu-a, surpreendendo-a novamente, achou que ele apenas ignoraria sua pergunta, como fez das outras vezes, mas ele parecia estar visivelmente cansado, tanto mentalmente, quanto fisicamente. — Isso realmente é estranho — comentou e se sentou no sofá, tombou a cabeça para trás e passou as duas mãos pelo rosto, empurrando seu cabelo para trás, para logo após, ele voltar ao lugar, porém, mais bagunçado.

Sakura estava tentando ligar os pontos, uma cidade assim, mesmo que com pouca população deveria ter nem que fosse um zumbi.

Estava tendo algo estranho ali, e ela queria muito descobrir.